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Anais do I Congresso de Bioetica e Bem-Estar Animal - Unoesc

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> I <strong>Congresso</strong> Brasileiro <strong>de</strong> Bioética e <strong>Bem</strong>-<strong>Estar</strong> <strong>Animal</strong> e<br />

I Seminário Nacional <strong>de</strong> Biossegurança e Biotecnologia <strong>Animal</strong><br />

MÉTODOS SUBSTITUTIVOS AO USO DE ANIMAIS VIVOS NO ENSINO<br />

O ENSINO DE CIRURGIA: DA TEORIA À PRÁTICA<br />

Julia Maria MATERA 34<br />

As características <strong>do</strong> paradigma antropocêntrico, a visão cartesiana <strong>de</strong> que os animais<br />

são máquinas insensíveis e a origem eclesiástica da universida<strong>de</strong> são aspectos básicos que<br />

<strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar, pois ainda hoje seus resíduos históricos permeiam nossa cultura. A<br />

análise <strong>de</strong>sses aspectos nos fará enten<strong>de</strong>r por que os animais ainda são vistos e trata<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

maneira ina<strong>de</strong>quada. Certos conceitos e comportamentos, em relação aos animais, não são<br />

mais aceitáveis para os estágios atuais <strong>de</strong> nossa razão e nem mesmo compatíveis com a<br />

busca <strong>do</strong>s patamares éticos que <strong>de</strong>seja-se conquistar (PRADA, 2007).<br />

Segun<strong>do</strong> Jeremy Benthan (1741-1832) no livro Introduction to the principles of<br />

morals and legislation, “a questão não é saber se os animais são capazes <strong>de</strong> raciocinar, ou<br />

se conseguem falar, mas, sim, se são passíveis <strong>de</strong> sofrimento. Por possuírem consciência<br />

e por serem sensíveis à <strong>do</strong>r.”<br />

Rego (2003) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a relação entre professores e estudantes <strong>de</strong>veria ser baseada<br />

no respeito mútuo e na consciência que o professor <strong>de</strong>ve ter no po<strong>de</strong>r que exerce sobre os<br />

estudantes. “No entanto, poucos são aqueles envolvi<strong>do</strong>s com o processo <strong>de</strong> ensino que<br />

possuem uma formação a<strong>de</strong>quada para exercer tal função”, conclui o referi<strong>do</strong> autor.<br />

Assim sen<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se pensa em modificar a meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> ensino na Medicina<br />

Veterinária, as palavras <strong>de</strong> Lara Marie Rasmussen são referência: “Eu acho que a maior<br />

limitação para os estudantes <strong>de</strong> veterinária é <strong>de</strong>ixar para trás a idéia <strong>de</strong> que algo é uma<br />

alternativa... temos que torná-la normal e típica, não uma alternativa”.<br />

A disciplina <strong>de</strong> Técnica Cirúrgica no curriculum da Medicina Veterinária tem<br />

por objetivo estudar as intervenções cirúrgicas, visan<strong>do</strong> o tratamento das afecções, as<br />

quais os animais <strong>do</strong>mésticos estão sujeitos. A fisiopatologia <strong>de</strong>stas afecções é ministrada<br />

na disciplina <strong>de</strong> Clínica Cirúrgica <strong>de</strong> Pequenos e Gran<strong>de</strong>s Animais. Mundialmente nas<br />

faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Medicina Veterinária, bem como no Brasil, a disciplina <strong>de</strong> Técnica Cirúrgica<br />

é obrigatória na gra<strong>de</strong> curricular <strong>do</strong> curso. É <strong>de</strong>ver das Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Medicina Veterinária<br />

ensinar a seus alunos os princípios da cirurgia e a sua prática. Os alunos <strong>de</strong>vem adquirir<br />

habilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>streza na realização <strong>do</strong>s principais procedimentos.<br />

A disciplina <strong>de</strong> Técnica Cirúrgica da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina Veterinária e Zootecnia<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (FMVZ/USP) é semestral, localizada no 8º semestre da<br />

gra<strong>de</strong> curricular, com carga horária <strong>de</strong> 90 horas, ministrada a 80 alunos, e são dividi<strong>do</strong>s<br />

em 4 subgrupos <strong>de</strong> 20 alunos para as aulas práticas.<br />

O conteú<strong>do</strong> programático teórico é composto pelos temas: • Conjunto<br />

Cirúrgico; • Profilaxia da Infecção; • Diérese – Hemostasia e Síntese; • Pré e Pós-<br />

Operatório; • Cirurgias da Pele; • Cirurgias <strong>do</strong> Olho e Anexos; • Cirurgias da Cavida<strong>de</strong><br />

Oral e Anexos; • Cirurgias <strong>do</strong> Aparelho Locomotor; • Vias <strong>de</strong> Acesso às Cavida<strong>de</strong>s<br />

Ab<strong>do</strong>minal e Torácica; • Cirurgias <strong>do</strong> Aparelho Digestório; • Cirurgias <strong>do</strong> Aparelho<br />

Urinário; • Cirurgias <strong>do</strong>s Aparelhos Genitais Feminino e Masculino; • Cirurgias <strong>do</strong><br />

Aparelho Cárdio-Respiratório.<br />

34<br />

Médica Veterinária, PhD, Professora Titular <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Cirurgia – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina Veterinária e Zootecnia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />

Paulo - USP, Av. Prof. Orlan<strong>do</strong> Marques <strong>de</strong> Paiva, 87 – CEP: 05508-270 – São Paulo/SP – e-mail: materajm@usp.br<br />

Sistema CFMV/CRMVs - Comissão <strong>de</strong> Ética, Bioética e <strong>Bem</strong>-<strong>Estar</strong> <strong>Animal</strong> e Comissão <strong>de</strong> Biotecnologia e Biossegurança

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