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BLOCO 1 - FC01 - Ana

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Vazão específica: trata-se de um caso particular de regionalização, em que se considera que<br />

toda a bacia contribui de forma homogênea, ou seja, cada quilômetro quadrado em média<br />

gera a mesma vazão de referência. É uma técnica extremamente simples, porém tem<br />

aplicabilidade restrita, de acordo com a relação entre a área de drenagem da estação de<br />

monitoramento e do local de interesse. Além disso, não pode ser aplicada em bacias que<br />

apresentam transição no regime de chuvas, como por exemplo bacias litorâneas do nordeste,<br />

que atravessam semiárido, agreste, zona da mata etc;<br />

Simulação chuva-vazão: em casos específicos, pode ser usada esta ferramenta, que se baseia<br />

no fato de que séries de precipitação em geral têm maior disponibilidade espacial e temporal<br />

do que séries de vazão. Estudos específicos feitos na SRE/ANA utilizaram os modelos CN-<br />

3S (Freitas e Taborga, 1987) IPH2 (Tucci, 1998), IPHMEN (Tucci, 1998), SMAP (Lotufo et<br />

al. 1982) e MGB (Collischonn, 2001).<br />

Um modelo chuva-vazão em particular, desenvolvido por Silveira et al. (1998), tem sido<br />

muito aplicado em pequenas bacias de cabeceira nas proximidades do Distrito Federal. Este<br />

modelo requer a realização de pelo menos três medições de vazão no manancial de interesse,<br />

durante um mesmo período sem ocorrência de chuvas, para caracterização da recessão<br />

(estiagem) do rio. Esta abordagem preenche as lacunas das demais técnicas, uma vez que a<br />

regionalização de vazões em geral não é aplicável em bacias com área de drenagem inferior<br />

a 100 km².<br />

A disponibilidade hídrica que se quer referir neste manual é aquela vazão ou volume de água que,<br />

tomados como referência e analisados sob aspectos técnicos e processuais, possibilitam a emissão<br />

das respectivas outorgas de direito de uso de recursos hídricos demandadas pelos diversos usuários<br />

requerentes.<br />

1.2 Vazões de referência<br />

1.2.1 Vazões sazonais<br />

Como mencionado, há uma variedade de regimes hidrológicos no país, sendo que boa parte das<br />

regiões apresentam sazonalidade nas vazões naturais, ou seja, existem épocas específicas no ano em<br />

que as vazões são mais baixas (normalmente de julho a outubro), enquanto os meses de verão têm<br />

vazões mais altas. Sendo assim, a ANA considera natural que a vazão de referência deve refletir<br />

esta característica, permitindo uma demanda maior nos meses mais úmidos e restringindo mais nos<br />

meses mais secos. Sempre que possível, a ANA tem adotado vazões Q 95 mensais, ao invés da Q 95<br />

anual. Para isso, basta ordenar todas as vazões ocorridas no mês de janeiro e identificar a Q 95<br />

apenas deste mês, e repetir o procedimento para os demais meses.<br />

A adoção de vazões sazonais é importante, pois está ligada ao tempo de desatendimento a que o<br />

usuário pode estar submetido. Ora, pela própria definição da curva de permanência, a garantia de<br />

95% representa um risco de 5% do tempo. Em média, isto significa cerca de 18 dias por ano em<br />

que a vazão natural é inferior à Q 95 . No entanto, ao comparar-se a Q 95 anual com as séries<br />

históricas, observa-se que, em geral, esta vazão pode não ocorrer durante dois ou três anos seguidos,<br />

porém a cada três ou quatro anos, o rio passa até dois meses, ou sessenta dias, com vazões abaixo da<br />

Q 95 anual. Para um usuário de irrigação, o não-atendimento durante um tempo desta magnitude<br />

certamente acarretará a perda do cultivo. Com isso, efetivamente ocorre uma perda a cada 3 ou 4<br />

anos, o que corresponde a um risco muito superior aos 5% que se pretende.<br />

Por outro lado, esta abordagem permite a alocação de vazões bem mais altas nos demais meses do<br />

ano. Isto permite ao órgão gestor uma maior flexibilidade e uma efetiva otimização do uso da água.<br />

No rio Javaés (MT/TO), por exemplo, esta abordagem permitiu um uso mais intensivo de irrigação<br />

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