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COMUNICAR, VERBO INTRANSITIVO Ensaio para uma ... - UFRJ

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“instável, impressão, rastro, vestígio, não é de um sujeito isolado, nem da linguagem sem<br />

sujeito, mas das coisas, da matéria, do encontro” (LOPES, 2007, p. 27). É essa angulação<br />

na experiência que vai mover o nosso terceiro autor, o comunicólogo francês Jean Caune, a<br />

reivindicar sua Estética da Comunicação, num livro em forma de manual publicado em<br />

1997.<br />

1.3 A experiência<br />

Caune faz da experiência estética o ponto de aproximação entre os dois campos,<br />

porque, como argumenta, ela também é composta por interações comunicativas. Em sua<br />

obra, ele elenca autores e conceitos que possam fundamentar a abordagem do vínculo social<br />

sensível através da dimensão comunicacional da experiência estética.<br />

Por isso, há um deslocamento da experiência estética como vinculada apenas a<br />

objetos artísticos, aproximando-a da vida cotidiana e das mídias. Tal pensamento é<br />

fortemente influenciado pelo conceito de experiência do filósofo pragmatista americano<br />

䆰 ϣ<br />

John Dewey (2005), que ressalta seu caráter relacional. A experiência é concebida como<br />

ação, como um fazer, e não meramente como padecimento. Para Dewey, qualquer<br />

experiência, se possui <strong>uma</strong> unidade e se for completa – ou seja, se constituir-se como <strong>uma</strong><br />

experiência –, pode ser estética. O cotidiano se torna o locus privilegiado da experiência<br />

estética, pois sua teoria reencontra <strong>uma</strong> continuidade entre experiência estética e os<br />

processos normais da vida. “Fazer <strong>uma</strong> experiência não significa nem simplesmente<br />

recorrer ao já sabido, nem adotar, imediatamente, o que é desconhecido: a experiência<br />

procura integrar o estranho ao familiar, mas alargando e enriquecendo aquilo que até então<br />

constituía o limite de todo real possível” (GUIMARÃES, 2006, p. 16). Este aspecto<br />

relacional fica então evidente na definição de experiência estética de Caune, que no seu<br />

Esthétique de la Communication afirma que<br />

a experiência estética é um segmento da experiência vivida, desenvolvida<br />

sob a forma de <strong>uma</strong> atividade sensível e inteligível, com <strong>uma</strong> unidade<br />

definida em um tempo e espaço sociais. A atividade, que fundou a<br />

experiência estética, estabelece <strong>uma</strong> relação entre um sujeito e um objeto<br />

ou entre indivíduos entre si. Esta atividade supõe <strong>uma</strong> percepção sensível

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