COMUNICAR, VERBO INTRANSITIVO Ensaio para uma ... - UFRJ
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movimentos modernistas. Não por acaso, <strong>uma</strong> das questões fundamentais <strong>para</strong> Guimarães é<br />
a pergunta “o que ainda podemos esperar da experiência estética?” (2006), já que Seel<br />
afirma que a sua dimensão utópica – nos moldes herdados pelo romantismo/idealismo<br />
alemão (como função formadora) e pelo modernismo/marxismo (como função política) –<br />
foi perdida quando ela foi transportada à vida cotidiana e aos pequenos gestos. Para<br />
Guimarães, a resposta pode estar na própria vida ordinária e suas transformações: “O<br />
mundo que constitui nossa tarefa, portanto, não é outro senão este daqui, desdobrado e<br />
transformado esteticamente” (GUIMARÃES, 1006, p. 24).<br />
Uma outra resposta a essa inquietação de César Guimarães pode estar prefigurada<br />
no livro A Delicadeza: estética, experiência e paisagens, de Denílson Lopes, publicado em<br />
2007. Nele, o autor propõe <strong>uma</strong> nova abordagem estética dos produtos midiáticos,<br />
distanciando-se de teorias analítico-descritivas como a semiótica e a análise do discurso.<br />
Eis como resume sua proposta: “aproximação da arte a <strong>uma</strong> vida cotidiana, marcada pelas<br />
imagens midiáticas, fundamentais <strong>para</strong> entender a cultura contemporânea não só ao se falar<br />
das condições de produção e de recepção, mas na análise do que antes chamávamos<br />
mensagem, produto, obra” (LOPES, 2007, p.23).<br />
No primeiro ensaio do seu livro, intitulado Por <strong>uma</strong> Estética da Comunicação,<br />
眐 ϙ<br />
Lopes propõe <strong>uma</strong> estética centrada na experiência, reafirmando a “necessidade de resgatar<br />
o afetivo, o corporal, como possibilidade de comunicação” (ibid., p.24). Sua proposta opera<br />
muito mais como um modo de abordagem dos produtos midiáticos do que necessariamente<br />
<strong>uma</strong> reflexão sobre os fundamentos teóricos <strong>para</strong> se pensar <strong>uma</strong> estética da comunicação.<br />
Por esse motivo, seu livro se configura como um fazer, como um exercício de compreensão<br />
dos objetos contemporâneos, como <strong>uma</strong> narrativa que ressalta os aspectos sensíveis,<br />
afetivos, patêmicos, enfim, estéticos, dos processos comunicativos – restaurando, portanto,<br />
a dimensão utópica que havia sido posta em questão por autores como Habermas (2002) e<br />
Seel (1993). O objetivo de <strong>uma</strong> estética da comunicação seria o de<br />
implodir a dialética e/ou a dualidade entre arte e sociedade, bem como ir<br />
além dos estudos de representações sociais, radicalizando as aberturas<br />
realizadas pelo debate sobre articulações, mediações, circuitos num fluxo<br />
de discursos, imagens e processos que transitam social e temporalmente,<br />
como <strong>uma</strong> narrativa que traduz a experiência contemporânea (LOPES,<br />
2007, p.25).