14.11.2014 Views

COMUNICAR, VERBO INTRANSITIVO Ensaio para uma ... - UFRJ

COMUNICAR, VERBO INTRANSITIVO Ensaio para uma ... - UFRJ

COMUNICAR, VERBO INTRANSITIVO Ensaio para uma ... - UFRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

34<br />

movimentos modernistas. Não por acaso, <strong>uma</strong> das questões fundamentais <strong>para</strong> Guimarães é<br />

a pergunta “o que ainda podemos esperar da experiência estética?” (2006), já que Seel<br />

afirma que a sua dimensão utópica – nos moldes herdados pelo romantismo/idealismo<br />

alemão (como função formadora) e pelo modernismo/marxismo (como função política) –<br />

foi perdida quando ela foi transportada à vida cotidiana e aos pequenos gestos. Para<br />

Guimarães, a resposta pode estar na própria vida ordinária e suas transformações: “O<br />

mundo que constitui nossa tarefa, portanto, não é outro senão este daqui, desdobrado e<br />

transformado esteticamente” (GUIMARÃES, 1006, p. 24).<br />

Uma outra resposta a essa inquietação de César Guimarães pode estar prefigurada<br />

no livro A Delicadeza: estética, experiência e paisagens, de Denílson Lopes, publicado em<br />

2007. Nele, o autor propõe <strong>uma</strong> nova abordagem estética dos produtos midiáticos,<br />

distanciando-se de teorias analítico-descritivas como a semiótica e a análise do discurso.<br />

Eis como resume sua proposta: “aproximação da arte a <strong>uma</strong> vida cotidiana, marcada pelas<br />

imagens midiáticas, fundamentais <strong>para</strong> entender a cultura contemporânea não só ao se falar<br />

das condições de produção e de recepção, mas na análise do que antes chamávamos<br />

mensagem, produto, obra” (LOPES, 2007, p.23).<br />

No primeiro ensaio do seu livro, intitulado Por <strong>uma</strong> Estética da Comunicação,<br />

眐 ϙ<br />

Lopes propõe <strong>uma</strong> estética centrada na experiência, reafirmando a “necessidade de resgatar<br />

o afetivo, o corporal, como possibilidade de comunicação” (ibid., p.24). Sua proposta opera<br />

muito mais como um modo de abordagem dos produtos midiáticos do que necessariamente<br />

<strong>uma</strong> reflexão sobre os fundamentos teóricos <strong>para</strong> se pensar <strong>uma</strong> estética da comunicação.<br />

Por esse motivo, seu livro se configura como um fazer, como um exercício de compreensão<br />

dos objetos contemporâneos, como <strong>uma</strong> narrativa que ressalta os aspectos sensíveis,<br />

afetivos, patêmicos, enfim, estéticos, dos processos comunicativos – restaurando, portanto,<br />

a dimensão utópica que havia sido posta em questão por autores como Habermas (2002) e<br />

Seel (1993). O objetivo de <strong>uma</strong> estética da comunicação seria o de<br />

implodir a dialética e/ou a dualidade entre arte e sociedade, bem como ir<br />

além dos estudos de representações sociais, radicalizando as aberturas<br />

realizadas pelo debate sobre articulações, mediações, circuitos num fluxo<br />

de discursos, imagens e processos que transitam social e temporalmente,<br />

como <strong>uma</strong> narrativa que traduz a experiência contemporânea (LOPES,<br />

2007, p.25).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!