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ATRAIR INVESTIMENTO
– o grande desígnio da economia portuguesa
No seu estilo frontal e descomprometido, por vezes mordaz,
Medina Carreira socorreu-se de vários gráficos para ilustrar
um diagnóstico assente na crueza dos números
e caracterizador de uma realidade, cuja inversão irá exigir elevados
desafios e sacrifícios.
«O facto de não se ter preparado o país para uma Europa
aberta num período de pós-globalização é uma das razões da
nossa desgraça», afirmou ao colocar a tónica na necessidade
de atrair investimentos.
De acordo com o antigo Ministro das Finanças do I Governo
Constitucional liderado por Mário Soares (1976-78),
a riqueza nacional cresce hoje 30 vezes menos do que nos
anos 70, o que – acrescentou – «significa que estamos tão
mal como nos princípios do século XX», com a despesa pública
e o endividamento nacional «a galopar» a partir da década
de 90.
«O défice orçamental pode ser corrigido, mas isso não chega
se a economia não arrancar», frisou, adiantando que, nos últimos
13 anos, a economia cresceu 2% enquanto a rubrica da
despesa com pessoal juntamente
com as protecções sociais registou um aumento de 4%.
«Temos de arrumar a casa...
e não fazer trampolinices»
Para Medina Carreira, para que a recuperação do país deixe
de ser uma miragem há que, em primeiro lugar, «arrumar a
casa», o mesmo é dizer pôr as contas em ordem, bem como
agilizar e aperfeiçoar o modelo organizativo e funcional da
administração pública, da educação e da justiça, pois só assim,
na sua óptica, é possível atrair investimentos capazes
de gerar exportações e assim fazer crescer a economia.
Em segundo lugar é «não fazer trampolinices», adoptando
uma cultura de seriedade que se pode resumir numa palavra:
honradez. Mas é também desejar – advogou – «que nós, portugueses,
estejamos abertos para perceber a situação real do
país», porque em regra – adiantou – «ainda só muito poucas
pessoas a perceberam».