FOTOS: Miguel Serradas Duarte HORTO DO CAMPO GRANDE <strong>MAGAZINE</strong> 04
HORTO DO CAMPO GRANDE <strong>MAGAZINE</strong> 05 José Sá Fernandes Lisboa está mais verde, mais atractiva e merece ser mais vivida. É este o resultado das inúmeras apostas no âmbito da valorização do espaço público. Desafios que transformam Lisboa numa cidade de encontros, dinâmica, unida no seu conjunto. Em entrevista, José Sá Fernandes, vereador do Ambiente, fala-nos sobre o potencial dos espaços verdes urbanos da capital e a importância das suas ligações. HORTO DO CAMPO GRANDE <strong>MAGAZINE</strong>: Como tem vindo a ser repensado o conceito do espaço público urbano josé sá fernandes: Todo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nesta área tem por principal objectivo proporcionar à população uma melhor qualidade de vida. E o que define, em grande parte, esta qualidade de vida Querer sair de casa e poder passear a pé por toda a cidade, com segurança. As cidades existem para as pessoas, de qualquer faixa etária ou estrato social, se encontrarem, para conviverem. E os espaços verdes, tendo em conta os seus diversos interesses e valências – social, recreativa e cultural – funcionam como elementos dinamizadores disso mesmo. São importantes pontos de encontro que aproximam a população e que queremos se tornem cada vez mais agradáveis e procurados. Tem havido um investimento enorme na melhoria da qualidade do espaço público, visível também, em grande parte, na crescente aposta na criação dos Corredores Verdes pedonais que permitem unir a estrutura ecológica da cidade. Em Lisboa, o caminho não é só arranjar o jardim. É das ligações que depende uma eficaz vivência do espaço público e uma visão conjunta da cidade. H.C.G.M.: Que exemplo nos pode dar que traduza na prática a importância destas ‘ligações verdes’ J.S.F.: Estamos neste momento a realizar uma grande obra na Duque D’Ávila que consiste em pedonizar metade da avenida, dotá-la de esplanadas e tirar o máximo partido da alameda de árvores existente, que é muito bonita. É o inverso do que aconteceu nas últimas décadas em que se retirava passeios para construir estacionamento. Só com esta obra de pedonização vamos criar uma rede contínua de ligações: ligar Monsanto ao Palácio da Justiça, o Palácio da Justiça aos jardins da Gulbenkian, os jardins da Gulbenkian aos jardins do Arco do Cego, o jardim do Arco do Cego à Alameda D. Afonso Henriques, a Alameda D. Afonso Henriques à Bela Vista. H.C.G.M.: Lisboa está então no bom caminho enquanto cidade ambientalmente mais atractiva e sustentável J.S.F.: Todos os projectos seguem essa orientação. Qualquer jardim ou parque na cidade tem um papel preponderante para a melhoria da qualidade do ar uma vez que as árvores permitem diminuir a temperatura do ar e compensar as emissões de dióxido de carbono. Por exemplo, no Jardim Constantino, na Estefânia, chega a registar-se menos cinco graus do que na Almirante Reis, que é ali ao lado. A arborização das cidades é, sem dúvida, uma aposta decisiva em termos de sustentabilidade. H.C.G.M.: Das diversas intervenções no espaço público, quais as que destacaria J.S.F.: São variadíssimas as obras que já foram concluídas e que agora demonstram o imenso potencial das intervenções realizadas – o Jardim da Paiva Couceiro, o Jardim do Tourel, o Jardim Constantino, o Miradouro São Pedro de Alcântara, o Jardim do Príncipe Real, entre muitos outros. São espaços que se tornaram mais atractivos, não só pela sua nova imagem, mas também pelas condições que oferecem em termos de equipamentos de apoio e mobiliário urbano que serve as diferentes faixas etárias. É muito importante que, independentemente da localização ou dimensão dos jardins, as pessoas encontrem soluções que sirvam diferentes necessidades e sejam sinónimo de maior conforto: casas de banho, quiosques, esplanadas, parques infantis, ensombramento. Tudo isto vai atrair ainda mais a população e permitir uma maior dinamização dos espaços. A segurança é outra preocupação que também tem vindo a ser cada vez mais valorizada. Neste momento, já temos vigilância na maior parte dos parques e jardins de Lisboa.