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HORTO DO CAMPO GRANDE <strong>MAGAZINE</strong> 06<br />
H.C.G.M.: O que se pretende com a realização da rede de ciclovias<br />
J.S.F.: Todos os dias vejo pessoas a andar de bicicleta e por isso acredito que<br />
será uma iniciativa à qual Lisboa irá aderir muito bem, principalmente à rede de<br />
bicicletas de uso partilhado. É um projecto que ainda tem muito trabalho pela<br />
frente e que terá de ser muito bem divulgado, mas que apresenta boas perspectivas<br />
de sucesso.<br />
H.C.G.M.: Numa outra vertente, que destaque merece o projecto das hortas<br />
sociais<br />
J.S.F.: Vamos fazer uma grande aposta nos parques hortícolas enquanto parte<br />
integrante dos Corredores Verdes, que passará pela sua valorização em diversas<br />
valências – ambiental, social e cultural. Nesta perspectiva, não serão espaços<br />
de acesso exclusivo a quem os cultiva porque a ideia passa exactamente<br />
por envolver também a população. Estes parques hortícolas têm uma importância<br />
imensa na medida em que os seus responsáveis encontram naquela actividade<br />
não só um hobby, mas também uma forma de sustento que potencia o<br />
empreendedorismo. Por outro lado, a manutenção é assegurada pelos próprios<br />
e assim temos a garantia de que as hortas são conservadas e se mantém uma<br />
actividade económica.<br />
Por exemplo, vai iniciar-se agora a obra num vale muito bonito em Chelas que<br />
tem cerca de 10 ha. Este parque hortícola não ficará isolado porque já estamos<br />
a pensar na sua ligação ao Campo de Golfe e à Bela Vista Sul.<br />
H.C.G.M.: O Parque Urbano Oeste, na Alta de Lisboa, inaugurado recentemente<br />
e um dos maiores da cidade, é um exemplo de um projecto criado de<br />
raiz. Que características inovadoras o distinguem ao nível da fruição pelo público<br />
e da aposta na sustentabilidade<br />
J.S.F.: Um dos maiores desafios na concretização deste grande parque urbano<br />
público foi sem dúvida a criação da bacia de retenção, o que permite o aproveitamento<br />
das águas pluviais, posteriormente utilizadas na alimentação dos lagos, na<br />
rega do relvado e na manutenção sustentável do parque. No que respeita à respectiva<br />
fruição, o espaço funciona, maioritariamente, como um ponto de encontro<br />
para a população da zona norte de Lisboa que abrange o Lumiar, a Ameixoreira,<br />
a Charneca, Carnide e Benfica. A conclusão das ligações e a aposta<br />
em mais equipamentos de apoio (cafetaria, quiosque, esplanada), mobiliário<br />
urbano de estadia e parque infantil, potenciarão ainda mais a sua vivência.<br />
H.C.G.M.: A manutenção é um dos desafios, se não o maior desafio que se<br />
apresenta aos espaços verdes públicos<br />
J.S.F.: Sem dúvida. É crucial haver um maior investimento no que diz respeito<br />
à manutenção e, quando se projecta, esta deve ser uma preocupação primordial.<br />
Neste momento, a câmara não dispõe de um número suficiente de jardineiros<br />
pelo que os serviços de manutenção são maioritariamente assumidos<br />
em regime de out-sourcing. No meu ponto de vista, é importante que a autarquia<br />
reforce a contratação de jardineiros para criar uma espécie de ‘brigada’<br />
de intervenção.<br />
“Em Lisboa, o caminho não é só<br />
arranjar o jardim. É das ligações<br />
que depende uma eficaz vivência<br />
do espaço público e uma visão<br />
conjunta da cidade.”<br />
H.C.G.M.: Mas concorda que parte desta manutenção também<br />
pode e deve ser assegurada pela boa utilização dos cidadãos que<br />
usufruem dos espaços<br />
J.S.F.: Acredito que as pessoas estão mais sensibilizadas para<br />
o facto de que os jardins são um bem comum e todos desempenham<br />
um papel importante na sua preservação. Mas a sensibilização<br />
nunca é demais. Especificamente para Lisboa, temos<br />
vindo a realizar várias campanhas de sensibilização, concretizadas<br />
em vários meios de comunicação como rádio, televisão, distribuição<br />
de panfletos. Temáticas ligadas aos resíduos, à limpeza,<br />
ao comportamento das pessoas nos locais que frequentam. É<br />
determinante.<br />
Daí que a aposta em equipamentos de apoio nos parques e jardins<br />
seja uma boa opção também neste âmbito. Ninguém gosta<br />
de ver sujo e degradado o local onde tem o seu negócio. Os concessionários<br />
chamam a atenção de quem polui ou estraga e isso<br />
já se revela uma óptima contribuição.<br />
H.C.G.M.: Mas mesmo em out-sourcing, há que fazer a escolha certa…<br />
J.S.F.: Precisamente. É um facto que o know-how das empresas especializadas<br />
na área é uma mais-valia, no entanto, existem sempre empresas competentes e<br />
outras nem tanto. É necessário saber delegar bem a responsabilidade deste tipo<br />
de trabalhos para que as manutenções estejam efectivamente garantidas.