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MAQUILHAGEM: ANA CABRAL.<br />
tado.” Os bancos pediam garantias e Luísa provou que acreditava<br />
na sua ideia ao hipotecar a casa de família. Chegou então<br />
o primeiro financiamento. E a primeir a loja. As primeiras<br />
inovações. E um quarto filho: a Artisani. Há anos que os gelados<br />
eram produzidos numa fábrica de Santos, sem marca, para<br />
vários restaurantes e hotéis de luxo em Lisboa. Luísa deulhes<br />
uma marca, uma imagem e novos canais de distribuição,<br />
para boa notícia do públic o em geral, que começou por concentrar-se<br />
no espaço das Docas. Hoje tem já também a loja<br />
da Marginal, em Carcavelos, a de Cascais e a da A venida Álvares<br />
Cabral por onde escolher. Com a actual situação económica,<br />
almoçar fora é mais difícil para as famílias, “mas criámos<br />
todas as condições nas nossas geladarias para que possam<br />
passar aqui a tarde, confortavelmente, a comer um gelado”,<br />
contava Luísa, durante o fórum Empresas e Negócios: Enfrentar<br />
a Mudança.<br />
QUAL É O SEGREDO<br />
Em pouco tempo, apenas três anos, a marca “conseguiu impor-se<br />
como um dos melhores gelados do país, sendo já uma<br />
referência no mercado do gelado artesanal”. Qual é o segredo<br />
“Qualidade e inovação”, responde<br />
Luísa. A composição dos gelados está<br />
associada a duas reconhecidas marcas<br />
nacionais: Luso e Vigor. As receitas,<br />
cerca de cem, não são estáticas,<br />
tal como os formatos de gelado e os<br />
sabores gourmet. A formação é constante<br />
e, parte, feita em Itália. E os gelados<br />
são para todos, sem restrição.<br />
“Começámos a informar os clientes sobre a composição dos<br />
gelados, para que as pessoas que têm restrições alimentares<br />
à lactose e ao glúten, as sim como preocupações com a sua<br />
linha, possam, em consciência, escolher os sabores que melhor<br />
servem a sua condição. Em Portugal, nenhuma empresa<br />
de gelados fazia isto.”<br />
A época alta já passou, mas as encomendas persistem. Ainda<br />
há bem pouco tempo, foi preciso, por isso, reforçar o investimento<br />
para continuar a crescer. Luísa Lampreia voltou a arregaçar<br />
as mangas e a procurar novos caminhos. Encontrou<br />
um, o melhor: Business Angels (investidores). A empresária<br />
convidou um novo parceiro para sócio. Diogo Saraiva e Sousa<br />
tem sido um “anjo” que a tem apoiado “na gestão da empresa,<br />
dinamizando a actividade c omercial, e o seu know-how<br />
tem sido muito importante na negociação dos contratos mais<br />
importantes para a empresa”.<br />
"Acredito sempre que existe uma<br />
solução. Vivo a procurar soluções<br />
em vez de problemas e tento incutir<br />
isto na minha equipa diariamente”.<br />
“GOSTO DE INOVAR. DETESTO ROTINAS.”<br />
Profissionalmente, Luísa é, hoje, aos 36 anos, uma empresária<br />
de peso no nicho de mercado. Pessoalmente, tem características<br />
que a ajudaram no percurso: é “positiva e optimista.<br />
Mantenho facilmente a calma em situaç ões de stress.<br />
Acredito sempre que existe uma solução. Vivo a procurar soluções<br />
em vez de problemas e tento incutir isto na minha equipa<br />
diariamente”. Ajuda ainda o facto de ser “uma boa avaliadora<br />
de caracteres”, tendo, por isso, escolhido “uma boa equipa<br />
de trabalho. Todos vestem a camisola e, sem o seu esf orço,<br />
dificilmente teríamos conseguido estes resultados em apenas<br />
três anos de existência”. O empreendedorismo, na verdade,<br />
existe há mais tempo na sua vida. “Mesmo antes de ter a<br />
Artisani, sempre fui empreendedora. Quer no trabalho, quer<br />
na vida pessoal”, confessa.<br />
Antigamente, passava as férias a comer gelados, com toda a panóplia<br />
de pinças e c ones que os pais incluíam na bagagem e<br />
atraía os amigos à hora do lanche. Na adolescência, trabalhava<br />
um mês no Verão a fazer e a servir gelados. Hoje, nos meses<br />
de calor, Luísa chega a ter 36 empregados para dar conta do<br />
recado. No Inverno, o cenário abranda e as rotinas familiares entram<br />
na ordem. “Pelas 19 horas, saio do escritório e vou buscar<br />
a minha filha à escola. O meu marido vai buscar os rapazes ao<br />
treino de ténis. A família reúne-se por volta das 20 horas.” Lá<br />
em casa, “todos acreditamos que a Artisani vai ter sucesso”.<br />
Luísa encontrou a sua vocação. A falta de disponibilidade para a<br />
família é o sabor mais amargo da geladaria, mas os filhos compreendem.<br />
É por um bom motivo. A mãe faz gelados!<br />
Caixa Woman 19