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A Reinvenção dos Territórios - Universidad Nacional Autónoma de ...

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sul e com a expropriação generalizada <strong>dos</strong> Sioux, Peles Vermelhas e tantos outros povos,<br />

que ainda seriam sataniza<strong>dos</strong> em pleno século XX pela cinematografia <strong>de</strong> Hollywood.<br />

Pouco a pouco se verá que essas elites brancas/criollas que se miram no progresso<br />

europeu não falam a mesma coisa. O argentino Juan Bautista Alberdi (1810-1884)<br />

afirmaria orgulhosamente que “po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>finir a América civilizada dizendo que é a<br />

Europa estabelecida na América. Nós, os que nos chamamos americanos, não somos outra<br />

coisa que europeus nasci<strong>dos</strong> na América” (Alberdi apud Zea, 1976: 102 e segs.). Embora<br />

Simon Bolívar tenha recebido armas <strong>de</strong> Toussaint <strong>de</strong> Loverture em seu breve exílio no<br />

Haiti, que também o aconselhou a que libertasse os escravos, a escravidão permaneceu nos<br />

esta<strong>dos</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes que nasceram sob seu comando.<br />

Nos albores da segunda mo<strong>de</strong>rno-colonialida<strong>de</strong>, o novo continente renomeia-se<br />

enquanto tal no mesmo movimento que constitui múltiplos territórios com nomes próprios,<br />

como mais tar<strong>de</strong> Simon Bolívar distinguiria a Pátria Gran<strong>de</strong>, a América, das pátrias chicas,<br />

os diversos esta<strong>dos</strong> territoriais que nasciam. O novo continente muito contribuiria para a<br />

débâcle do ancien regime e suas monarquias conservadoras ao <strong>de</strong>bilitar os antigos impérios<br />

ibéricos com suas lutas emancipatórias, ainda que a meias, como vimos.<br />

Com a única exceção do Brasil, as monarquias seriam rejeitadas do lado <strong>de</strong> cá do<br />

Atlântico em nome da República e até mesmo um país, o Haiti, instituiu a liberda<strong>de</strong> para<br />

to<strong>dos</strong> os cidadãos abolindo a escravidão. A Revolução Francesa <strong>de</strong> 1789 viria redimir em<br />

nome do cidadão, ainda que somente em parte, a <strong>de</strong>fesa exacerbada da proprieda<strong>de</strong> privada<br />

por parte <strong>de</strong> John Locke, na verda<strong>de</strong> a <strong>de</strong>fesa da proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconectada do trabalho e da<br />

necessida<strong>de</strong> em função <strong>de</strong> uma proprieda<strong>de</strong> em função da acumulação, ainda que mantendo<br />

o direito à proprieda<strong>de</strong> individual como um direito primordial (Hinkelammert, 2006). A<br />

forte presença <strong>dos</strong> sans cullottes e a reforma agrária indicam o caráter popular subjacente a<br />

essa Revolução, mas seu caráter burguês impediria que a liberda<strong>de</strong> <strong>dos</strong> escravos chegasse<br />

ao território francês <strong>de</strong> ultramar, o Haiti, o que nos dá conta da sobrevida da colonialida<strong>de</strong><br />

na segunda mo<strong>de</strong>rno-colonialida<strong>de</strong> que está se iniciando. Essa história <strong>de</strong> longa duração no<br />

habita aqui e agora, atuando. Enfim, é atual.<br />

O quadro geopolítico mundial se complexificou quando as elites criollas iniciaram os<br />

processos <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência que mudaram o mapa político do mundo trazendo, pela<br />

primeira vez, esta<strong>dos</strong> territoriais não imperiais e que se verão, exatamente por isso, alvo <strong>de</strong><br />

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