A Reinvenção dos Territórios - Universidad Nacional Autónoma de ...
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clamam por justiça social e participação política. Assinalo, entre tantas outras, as<br />
manifestações em Cauca, em finais <strong>dos</strong> anos 1990, que levaram o indígena Floro Tunubalá<br />
e seus “laboratórios <strong>de</strong> paz” ao governo do estado; o governo <strong>de</strong> “puertas abertas” <strong>de</strong> Gloria<br />
Cuartas em Urabá; a articulação <strong>de</strong> vários prefeitos <strong>de</strong> regiões <strong>de</strong> conflito em busca <strong>de</strong><br />
negociações <strong>de</strong> paz regionalizadas que o Governo <strong>de</strong> Álvaro Uribe Vélez inviabilizou; a<br />
<strong>de</strong>rrota do governo <strong>de</strong> Álvaro Uribe Vélez na consulta nacional, em 2004, quando propunha<br />
uma série <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> caráter neoliberal; a vitória do Pólo Democrático em várias<br />
eleições importantes para municípios; as manifestações <strong>de</strong> povos originários e<br />
afro<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> finais <strong>de</strong> 2008 e inícios <strong>de</strong> 2009. A socieda<strong>de</strong> colombiana vem, assim,<br />
dando <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> que dispõe <strong>de</strong> forças políticas significativas para construir<br />
caminhos <strong>de</strong>mocráticos com protagonismo <strong>de</strong> movimentos sociais que lutam por justiça e<br />
contra o imperialismo que, no caso específico colombiano, tem contribuído para<br />
perpetuação da militarização <strong>dos</strong> conflitos e, como tal, para inviabilizar a política no<br />
sentido forte do termo.<br />
Todavia, é importante assinalar que a presença histórica da insurgência, pela resistência<br />
até aqui <strong>de</strong>monstrada, a cre<strong>de</strong>ncia como força política necessária ao diálogo <strong>de</strong> superação<br />
da crise. Toda a questão resi<strong>de</strong> no fato fundamental posto a nu pela ciência política, qual<br />
seja, que a conformação <strong>de</strong> todo Estado Territorial Mo<strong>de</strong>rno-colonial se dá com o uso da<br />
força por alguma coalizão política e, na Colômbia, é essa questão que permanece em<br />
aberto.<br />
Tudo indica que não haja solução militar para o conflito colombiano e, nesse sentido, a<br />
própria presença militar estaduni<strong>de</strong>nse po<strong>de</strong> estar nos indicando, contraditoriamente, um<br />
sinal para a superação do impasse na medida em que nos aponta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maior<br />
envolvimento <strong>de</strong> outras forças políticas internacionais além das que já estão envolvidas no<br />
conflito 36 . Afinal, além das razões humanitárias por si só suficientes para que esse<br />
envolvimento se dê, consi<strong>de</strong>re-se todo o significado geopolítico da Colômbia, país<br />
amazô1nico, caribenho, pacífico e andino, além <strong>de</strong> suas enormes riquezas minerais<br />
estratégicas, como carvão e petróleo, além da diversida<strong>de</strong> cultural, biológica e <strong>de</strong> água.<br />
36 A partir <strong>de</strong> 2008 tanto o governo da Venezuela como do Brasil vêm se envolvendo <strong>de</strong> modo mais ativo na<br />
mediação do conflito interno colombiano sempre em <strong>de</strong>licadas negociações com o governo colombiano que<br />
tem mantido uma posição pouco aberta às negociações com a guerrilha, sobretudo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que Álvaro Uribe<br />
assumiu, em 2002.<br />
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