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A Reinvenção dos Territórios - Universidad Nacional Autónoma de ...

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tradicionais, não acostumadas à lógica do direito mas, sim, à lógica do favor, apelem para a<br />

violência aberta, como o <strong>de</strong>monstram os grupos paramilitares colombianos e o aumento da<br />

violência privada no Brasil, como vem ocorrendo nas regiões <strong>de</strong> expansão <strong>dos</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

latifúndios produtivos do agronegócio, como <strong>de</strong>monstram fartamente documentos da<br />

Comissão Pastoral da Terra (CPT, 2004). No primeiro ano do governo do Presi<strong>de</strong>nte Lula,<br />

cuja candidatura contou com apoio aberto do MST, não só aumentou a violência privada<br />

(número <strong>de</strong> famílias expulsas <strong>de</strong> suas terras, <strong>de</strong> assassinatos <strong>de</strong> trabalhadores rurais, <strong>de</strong><br />

pessoas ameaçadas <strong>de</strong> morte no campo) como, também, da violência (tida como) legítima<br />

por parte do Estado, agora com a particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma ação repressiva <strong>de</strong>scentralizada,<br />

por meio da ação <strong>dos</strong> po<strong>de</strong>res executivo e judiciário das unida<strong>de</strong>s político-administrativas<br />

<strong>de</strong> nível imediatamente inferior ao governo nacional (os esta<strong>dos</strong>, como são nomea<strong>dos</strong> no<br />

Brasil), com <strong>de</strong>staque para o estado <strong>de</strong> Mato Grosso, governado pelo maior produtor <strong>de</strong><br />

soja do mundo, on<strong>de</strong> foram registra<strong>dos</strong> os maiores índices <strong>de</strong> conflitivida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> violência<br />

privada e <strong>de</strong> violência do po<strong>de</strong>r público do país (Porto-Gonçalves, 2004).<br />

O MST mantém uma articulação política nacional com ampla capilarida<strong>de</strong> em todas as<br />

unida<strong>de</strong>s administrativas do país, seja por meio <strong>de</strong> acampamentos ou <strong>de</strong> assentamentos<br />

on<strong>de</strong>, além da apropriação da terra enquanto condição material da vida, criam por todo lado<br />

escolas <strong>de</strong> formação cultural e política e, assim, se apropriam das condições simbólicas <strong>de</strong><br />

produção. Há, pelo menos, duas dimensões territoriais da ação política do MST que<br />

merecem <strong>de</strong>staques. A primeira diz respeito à mobilização e recrutamento <strong>de</strong> populações<br />

sub-urbanizadas que constituem um universo sociogeográfico <strong>de</strong> enorme importância não<br />

só no Brasil, como no mundo todo. Ao que se saiba o MST é o primeiro movimento social<br />

que, enquanto tal, tenta promover uma inversão do fluxo migratório que vinha se fazendo<br />

em direção às gran<strong>de</strong>s aglomerações (Porto-Gonçalves, 1996). O MST, ao organizar<br />

politicamente um movimento que revaloriza a terra e o campesinato, vai ao encontro <strong>de</strong><br />

uma nova geografia do fenômeno urbano mundial nos últimos anos. Apesar da franca<br />

hegemonia da i<strong>de</strong>ologia <strong>de</strong>senvolvimentista eurocêntrica, não é nos países industrializa<strong>dos</strong><br />

que se encontra a maior parte da população urbana mundial. Hoje, <strong>de</strong> cada 10 habitantes em<br />

cida<strong>de</strong>s no mundo, 7 estão na Ásia, na África e na América Latina e Caribe e somente 3 na<br />

Europa, EUA e Japão! A i<strong>de</strong>ologia do urbano como ‘mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> civilida<strong>de</strong>’ não correspon<strong>de</strong><br />

à realida<strong>de</strong> cotidiana on<strong>de</strong> estão 70% da população urbana do planeta. Dos quase 3 bilhões<br />

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