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A Reinvenção dos Territórios - Universidad Nacional Autónoma de ...

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populações socioculturalmente diferenciadas, como o seringueiros, os retireiros, as<br />

mulheres quebra<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> coco <strong>de</strong> babaçu, como se po<strong>de</strong> ver no Brasil, na Colômbia, no<br />

Equador, no México. Nesses casos, cada uma das diferentes territorialida<strong>de</strong>s vem se<br />

mantendo à margem das outras e, assim, a diferença ten<strong>de</strong> a per<strong>de</strong>r seu dinamismo como<br />

<strong>de</strong>corrência do próprio isolamento (gueto). Destaquemos que, entre nós latino-americanos e<br />

caribenhos, o se mover entre códigos é, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o gran<strong>de</strong> encontro <strong>de</strong> 1492, um componente<br />

estruturante <strong>de</strong> nossa formação mo<strong>de</strong>rno-colonial.<br />

Nessa tensão <strong>de</strong> territorialida<strong>de</strong>s o coletivo/comunitário se coloca, quase sempre,<br />

contrário à exclusivida<strong>de</strong> da proprieda<strong>de</strong> privada que, sendo espaço <strong>de</strong> uso exclusivo é, já<br />

aí, <strong>de</strong> exclusão, enfim a base <strong>de</strong> um espaço mutuamente exclu<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong> soberania absoluta,<br />

que subjaze ao conceito <strong>de</strong> território nas matrizes hegemônicas do pensamento mo<strong>de</strong>rnocolonial.<br />

Assim, é preciso que superemos a lógica dicotômica, a lógica do isso ou aquilo e,<br />

<strong>de</strong>finitivamente, aceitemos as lógicas relacionais, plurais e que nos apontem para<br />

territorialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> outros tipos.<br />

Nesses diferentes movimentos com potencial emancipatório é possível i<strong>de</strong>ntificar<br />

algumas características importantes, como (1) a luta pela apropriação das suas condições<br />

materiais <strong>de</strong> produção (água, gás, energia, biodiversida<strong>de</strong>, terra só para ficarmos com as<br />

explicitadas) assim como da criação das condições para sua própria reprodução simbólica<br />

(escolas, universida<strong>de</strong>s livres, rádios comunitárias, posses <strong>de</strong> rappers). Na junção <strong>de</strong>ssas<br />

duas dimensões é que a invenção <strong>de</strong> territórios ganha sentido, na exata medida em que<br />

comporta as dimensões material e a simbólica geograficamente conformadas. Além disso, a<br />

formação social que enseja a existência <strong>de</strong>sses movimentos implica, como vimos insistindo,<br />

(2) a conformação simultânea <strong>de</strong> grupos, segmentos, classes, etnias, comunida<strong>de</strong>s,<br />

estamentos, camadas, enfim, distintas formações <strong>de</strong> sujeitos sociais que buscam se realizar<br />

por meio <strong>de</strong> diferentes escalas e conformações territoriais. Walter Mignolo (Mignolo, 2003)<br />

caracterizou essa multi-escalarida<strong>de</strong> como histórias locais e projetos globais que se<br />

conformaram reciprocamente.<br />

Aqui, nessas experiências <strong>de</strong> conformação <strong>de</strong> novas territorialida<strong>de</strong>s a partir <strong>de</strong><br />

diferentes topoi e suas diferentes epistemes, há uma mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> sofrida que, como tal,<br />

comporta uma dimensão <strong>de</strong> emoção que a razão mo<strong>de</strong>rna hegemônica com suas abstrações<br />

objetivistas mantém separada. Nelas há uma exigência <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> – ‘somos<br />

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