A Reinvenção dos Territórios - Universidad Nacional Autónoma de ...
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nacional, é global. Assim, o efeito da ação <strong>dos</strong> que se sustentam com essa matriz energética<br />
atinge até mesmo quem ainda não nasceu 50 e a to<strong>dos</strong> em qualquer lugar, estejam on<strong>de</strong><br />
estiverem. Mudam, assim, as relações <strong>de</strong> tempo e <strong>de</strong> espaço, enfim, as relações políticas.<br />
Novas territorialida<strong>de</strong>s se fazem necessárias. Ainda aqui, há soluções que se colocam na<br />
perspectiva hegemônica e, outras, emancipatórias.<br />
As hidrelétricas, até os anos 80 largamente financiadas pelo Banco Mundial, têm sido<br />
responsáveis pela inundação e <strong>de</strong>salojo <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> famílias <strong>de</strong> ribeirinhos, camponeses,<br />
indígenas e afro<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, muitos <strong>de</strong>sses, inclusive, que haviam se refugiado em épocas<br />
pretéritas nas áreas acima das quedas d’água procurando proteção contra os que os queriam<br />
aprisionar e escravizar (quilombos no Brasil e pallenques, na Colômbia, por exemplo).<br />
Também aqui tem sido gran<strong>de</strong> a resistência <strong>de</strong>ssas populações.<br />
Diante <strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>rrotas, tudo indica que esteja em curso uma nova estratégia do capital<br />
pelo controle da produção <strong>de</strong> energia 51 . Trata-se da produção <strong>de</strong> biomassa que, sob relações<br />
sociais e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r capitalistas, ten<strong>de</strong> a ser uma produção social e politicamente<br />
insustentável 52 , como já se po<strong>de</strong> observar com a recente investida do capital por meio <strong>de</strong><br />
enormes latifúndios produtivos <strong>de</strong> biomassa no Brasil, na Argentina, na Bolívia e no<br />
50 - Não nos escu<strong>de</strong>mos dizendo que é assim mesmo posto que, ao contrário <strong>de</strong> nossos avós sabemos, hoje,<br />
alguns <strong>dos</strong> efeitos do que estamos fazendo. E os efeitos conheci<strong>dos</strong> não são efeitos quaisquer e a socieda<strong>de</strong><br />
contemporânea já mereceu até mesmo a caracterização <strong>de</strong> ‘socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> risco’ por parte <strong>de</strong> alguns cientistas<br />
como Gid<strong>de</strong>ns e Beck. As implicações do sistema técnico tornam, hoje, presentes não só os riscos <strong>dos</strong> seus<br />
próprios efeitos como, também, daqueles que prometeu superar, como a fome e a peste, cujo <strong>de</strong>cantado<br />
sucesso é controverso. Exigir o direito <strong>de</strong> fazer hoje o que as gerações <strong>de</strong> burguesias <strong>de</strong> alguns países na<br />
Europa e nos EUA fizeram no passado, como parece exigir as burguesias <strong>de</strong> alguns países emergentes com<br />
seu <strong>de</strong>senvolvimentismo, se torna um verda<strong>de</strong>iro absurdo. Mahatma Ghandi (1869-1948) havia alertado-nos<br />
com a afirmação: Para <strong>de</strong>senvolver a Inglaterra foi necessário o planeta inteiro. O que será necessário para<br />
<strong>de</strong>senvolver a Índia<br />
51 - Além <strong>de</strong> a curto prazo procurar controlar as fontes fósseis como tem sido claro com a guerra pelo controle<br />
da Ásia Central – Afeganistão e Chechênia; pelo controle do Oriente Médio – Iraque; pelo controle da<br />
Nigéria, na África e, ainda, pelo controle <strong>dos</strong> países andinos – o Plano Patriota é expansão do Plano Colômbia<br />
além <strong>de</strong> uma pedra no dominó geopolítico que envolve o apoio à oposição à Hugo Chávez Frias, na<br />
Venezuela, e aos movimentos sociais que levaram Evo Morales Ayma ao governo na Bolívia (Guerra da<br />
Água, em Cochabamba, em 2000, e a Guerra do Gás, em 2005).<br />
52 - O capital, por meio do dinheiro, procura se abstrair da materialida<strong>de</strong>, sempre qualitativamente distinta, e<br />
se refugiar na quantida<strong>de</strong>. Confun<strong>de</strong>, e nos confun<strong>de</strong>, a medida da riqueza com a riqueza. Que o dinheiro,<br />
enquanto medida da riqueza não seja a riqueza mesma, prove-o tentando comê-lo ou bebê-lo em vez <strong>de</strong> ter<br />
acesso à riqueza na sua materialida<strong>de</strong> na forma <strong>de</strong> milho, <strong>de</strong> trigo, <strong>de</strong> arroz, <strong>de</strong> mandioca, <strong>de</strong> água. O capital,<br />
por meio do dinheiro, procura se abstrair da materialida<strong>de</strong>, sempre qualitativamente distinta, e se refugiar na<br />
quantida<strong>de</strong>. Confun<strong>de</strong>, e nos confun<strong>de</strong>, a medida da riqueza com a riqueza. O capital não tem pátria porque<br />
não quer limites. Mas limites, livremente instituído, é a essência da política. Não olvi<strong>de</strong>mos que um homem<br />
privado, em to<strong>dos</strong> os senti<strong>dos</strong> da palavra, não po<strong>de</strong> ser livre.<br />
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