A Reinvenção dos Territórios - Universidad Nacional Autónoma de ...
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consi<strong>de</strong>rar o lugar das relações <strong>de</strong> parentesco, a reciprocida<strong>de</strong> e outras formas <strong>de</strong> ajuda<br />
mútua, enfim, <strong>dos</strong> valores comunitários oriun<strong>dos</strong> seja do campesinato, ou <strong>dos</strong> povos<br />
originários, estes sobretudo nos países on<strong>de</strong> é gran<strong>de</strong> a proporção <strong>de</strong> populações originárias<br />
– Paraguai, Bolívia, Equador, Colômbia, Peru, Guatemala, México, na Amazônia brasileira<br />
e no sul Chile. É comum nessas aglomerações sub-urbanas se reproduzirem bairros das<br />
comunida<strong>de</strong>s camponeses e indígenas <strong>de</strong> origem, on<strong>de</strong> as relações <strong>de</strong> parentesco<br />
conformam comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vecinos. São ruralida<strong>de</strong>s que se reinventam nos espaços suburbanos<br />
fundamentais na re-territorialização <strong>de</strong>ssas populações. Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego<br />
informais, mutirões para construção <strong>de</strong> casas e famílias ampliadas conformam <strong>de</strong> tal forma<br />
re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> socialização primárias que até mesmo um sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sui generis, o <strong>de</strong><br />
médico <strong>de</strong> família, foi <strong>de</strong>senvolvido a partir <strong>de</strong> Cuba e, hoje, se difun<strong>de</strong> por vários países.<br />
Assim, mais do que o Estado que, na Europa, assumiu a gestão da saú<strong>de</strong>, por aqui o Estado<br />
vem se apoiando nessas relações sociais primárias fundamentais. Gran<strong>de</strong> parte da<br />
resistência que se vê em La Paz e El Alto, na Bolívia, em outubro <strong>de</strong> 2003, por meio das<br />
comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vecinos, não se compreen<strong>de</strong> fora <strong>de</strong>sse quadro <strong>de</strong> conformação <strong>de</strong> novas<br />
territorialida<strong>de</strong>s sub-urbanas.<br />
Nessas mesmas cida<strong>de</strong>s, entretanto, vemos um contra-urbanismo <strong>de</strong> espaços fecha<strong>dos</strong><br />
<strong>de</strong> shoppings centers e <strong>de</strong> condomínios fecha<strong>dos</strong> das classes médias e burguesas. A unida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ssas cida<strong>de</strong>s se mantém por meio <strong>de</strong> relações sociais e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r injustas que se agrava,<br />
ainda mais, com a crise das relações tradicionais <strong>de</strong> dominação com a implementação das<br />
políticas <strong>de</strong> ajuste estrutural e o seu supranacionalismo constitucionalista. As políticas<br />
sociais ancoradas em direitos sociais, coletivos e trabalhistas, ainda que precárias sob os<br />
regimes políticos tradicionais, são substituídas por políticas focalizadas em gran<strong>de</strong> parte<br />
intermediadas por organizações não-governamentais. O aumento da pobreza associado a<br />
reformas do Estado mais preocupadas com a pessoa jurídica do que com a pessoas física,<br />
diferença específica entre o liberalismo clássico e o neoliberalismo atual, tem ensejado um<br />
enorme crescimento <strong>de</strong>ssas organizações neo-governamentais posto que ‘hay pobres para<br />
to<strong>dos</strong>’ (Alberto Soto).<br />
primeira experiência do que, <strong>de</strong>pois, viria ser conhecido como política neoliberal, se <strong>de</strong>u no Chile após o<br />
massacre que se seguiu à experiência do governo <strong>de</strong>mocrático-popular e socialista <strong>de</strong> Salvador Allen<strong>de</strong>.<br />
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