Homofobia & Educação – Um Desafio ao Silêncio - Cepac
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<strong>Homofobia</strong> & <strong>Educação</strong><br />
Deve-se reconhecer o valor de tal iniciativa, dada a ausência<br />
de questionamentos às normas de gênero e à naturalização<br />
da heterossexualidade nos livros didáticos. Entretanto, não<br />
podemos deixar de notar sua timidez, principalmente se<br />
comparada à abordagem das questões sobre racismo presentes<br />
no mesmo capítulo, e a sequência de exercícios de interpretação.<br />
Em relação <strong>ao</strong>s textos sobre racismo, são discutidos processos<br />
hierarquizantes de racialização em que práticas sociais cotidianas<br />
e naturalizadas atuam na subalternização dos sujeitos. O racismo<br />
é abordado de maneira clara: desconstrói-se a suposição de que<br />
a desigualdade racial não é um problema no Brasil e evidenciase<br />
sua presença em diversas práticas e espaços sociais, como na<br />
distinção corriqueira entre serviço de negro e serviço de branco,<br />
na experiência de discriminação pela cor da pele e pelo tipo de<br />
cabelo, e no sentimento de superioridade de brancas(os) em<br />
relação a negras(os), em qualquer classe social.<br />
POTENCIALIDADES E LIMITES DA INCLUSÃO EXPRESSA DA DIVERSIDADE<br />
SEXUAL NOS LIVROS DIDÁTICOS<br />
Os discursos heteronormativos presentes nos livros<br />
didáticos atuam como uma política do silêncio, gestando campos<br />
de exclusão na relação entre o que pode e o que não pode ser<br />
dito. O único livro didático da amostra analisada nesta pesquisa<br />
que faz referência à diversidade sexual destina uma página e meia<br />
a um debate marcado tanto pela timidez no desenvolvimento<br />
do tema quanto por um olhar relativamente heteronormativo.<br />
Nesse livro, a discussão proposta sobre Billy Eliot constrói um<br />
percurso interpretativo para o filme em torno do preconceito<br />
sobre as escolhas profissionais. Apesar de o exercício iniciar um<br />
questionamento do sexismo e da homofobia <strong>ao</strong> propor reflexões<br />
sobre as performances de gênero normativas, permanece o<br />
silêncio sobre a diversidade de orientações sexuais.<br />
Esse silêncio sobre a diversidade sexual aponta para<br />
um campo de significação heterossexista que invisibiliza outras<br />
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