Homofobia & Educação – Um Desafio ao Silêncio - Cepac
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Rogério Diniz Junqueira<br />
[...] podemos privá-los de uma educação decente, sem que nossos<br />
sentimentos sejam afetados”. 58:187 Todavia, o convívio com a<br />
diversidade pode comportar certo desconforto para algumas<br />
pessoas: ela coloca em evidência questões e situações das quais,<br />
com frequência, se prefere desviar e diante das quais se procura<br />
calar e, conscientemente ou não, adotar estratégias de negação.<br />
O reconhecimento valorizador da diversidade pode<br />
permitir alterar esse quadro aparentemente intransponível, <strong>ao</strong><br />
favorecer tanto a tematização do que é comumente recusado,<br />
recalcado, reprimido, deslocado, abafado e silenciado quanto<br />
o questionamento das razões que costumam levar a isso. Ao<br />
promover uma cultura de reconhecimento e de respeito à<br />
diversidade, ensejam-se novas formulações acerca do que<br />
também pode ser pensado e conhecido (ou ignorado), bem<br />
como novas formas de aprender, reconhecer, ser, agir, pensar e<br />
sentir. Procura-se favorecer o acolhimento de curiosidades que,<br />
da ótica (hetero)normativa, soem como impertinentes, pois não<br />
facilmente domesticáveis. Louro observa:<br />
[...] Sem a sexualidade não haveria curiosidade e sem curiosidade<br />
o ser humano não seria capaz de aprender. Tudo isso pode levar a<br />
apostar que uma teoria e uma política voltadas, inicialmente, para<br />
a multiplicidade da sexualidade, dos gêneros e dos corpos possam<br />
contribuir para transformar a educação num processo mais<br />
prazeroso, efetivo e intenso. 20:28,21:72<br />
Assim, parece desejável perceber a diversidade (inclusive<br />
a sexual) como um recurso social oxigenador, dotado de alta<br />
potencialidade transformadora e libertadora, em termos tanto<br />
pessoais quanto coletivos. De resto, estudos recentemente<br />
divulgados pelas Nações Unidas mostram que a luta contra a<br />
pobreza não será vencida enquanto os países não trabalharem<br />
para que suas sociedades sejam culturalmente diversificadas e<br />
inclusivas. 59 A valorização da diversidade e, portanto, o empenho<br />
pela construção de uma sociedade mais solidária e pluralista, sem<br />
preconceitos, discriminações e violência, configuram-se fatores<br />
de fortalecimento da própria sociedade.<br />
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