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Homofobia & Educação – Um Desafio ao Silêncio - Cepac

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Daniel Borrillo<br />

diferenças físicas entre os sexos. Ainda assim, existe um outro jeito<br />

de abordar a questão, exatamente desconfiando dessa evidência<br />

“natural”. As dúvidas se voltam para a maneira como a dicotomia<br />

masculino/feminino, considerada um obstáculo <strong>ao</strong> pensamento,<br />

organiza uma consciência de si e uma relação com o mundo<br />

absolutamente particulares.<br />

Convém, a partir deste momento, nos interrogar sobre a<br />

pertinência desse dado fisiológico na elaboração da lei. A opinião<br />

sobre a diferença entre os sexos se fundamenta na ideia de que<br />

a natureza biológica dos seres determina uma forma específica<br />

de atribuição social, de modo que a possessão de órgãos genitais<br />

masculinos ou femininos legitimaria um tratamento jurídico<br />

diferenciado. A partir dessa ideia, a mulher é definida como<br />

radicalmente distinta do homem e pensada em função de sua<br />

capacidade reprodutiva. Se a equivalência entre os órgãos é<br />

frequentemente evocada, é como prova de complementaridade,<br />

ou até mesmo de subordinação.<br />

Essa singular operação intelectual permite ordenar um<br />

dispositivo de papéis e status no qual os indivíduos se inseririam<br />

naturalmente. O ser biológico se divide em homem ou mulher<br />

com a mesma naturalidade com que a noite chega após o dia<br />

ou com que as estações se sucedem. Em consequência, somos<br />

naturalmente submetidos <strong>ao</strong> destino da natureza (macho/fêmea) e<br />

assumimos nossa vocação antropológica masculina ou feminina. O<br />

pensamento diferencialista tenta, assim, enraizar a diferença entre<br />

os sexos seja no biológico, seja no cultural: as mulheres, devido às<br />

suas capacidades maternais naturais, seriam mais altruístas, mais<br />

doces e menos ambiciosas que os homens; seriam também mais<br />

sensíveis e atenciosas para com os outros. Os homens, de natureza<br />

mais agressiva, seriam mais bem equipados para a vida exterior, o<br />

comércio e a política.<br />

Tudo isso são ideias que recebemos. Longe de<br />

representarem categorias naturais ou universais, o masculino<br />

e o feminino resultam de uma forma específica de socialização.<br />

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