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Extensão de gratificação a servidores da ... - Revista do TCE

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evista <strong>do</strong> tribunal <strong>de</strong> contas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> minas gerais<br />

janeiro | fevereiro | março 2009 | v. 70 — n. 1 — ano XXVII<br />

Extensão <strong>de</strong> gratificação a<br />

<strong>servi<strong>do</strong>res</strong> <strong>da</strong> administração<br />

indireta e cômputo <strong>de</strong><br />

tempo <strong>de</strong> carreira para<br />

fins <strong>do</strong> art. 3º <strong>da</strong> EC n. 47/05<br />

RELATORA: CONSELHEIRA ADRIENE ANDRADE<br />

(...) em razão <strong>da</strong> forma fe<strong>de</strong>rativa <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> e<br />

consequente <strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r político,<br />

ca<strong>da</strong> ente <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração passa a ter autonomia<br />

para organizar a sua estrutura políticoadministrativa,<br />

nos limites estabeleci<strong>do</strong>s pela<br />

Constituição Fe<strong>de</strong>ral, sem qualquer interferência<br />

<strong>de</strong> uma esfera <strong>de</strong> governo em outra.<br />

Nessa vertente, ca<strong>da</strong> ente possui autonomia<br />

para, no seu âmbito <strong>de</strong> competência, criar os<br />

seus estatutos, cargos e carreiras, e gerir o<br />

seu regime próprio <strong>de</strong> previdência social, caso<br />

o institua. Desse mo<strong>do</strong>, resta clarivi<strong>de</strong>nte que<br />

as regras que irão reger as carreiras cria<strong>da</strong>s<br />

nos diversos entes <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração não serão<br />

coinci<strong>de</strong>ntes em face <strong>da</strong> menciona<strong>da</strong> autonomia<br />

político-administrativa <strong>da</strong> qual usufruem.<br />

CONSULTA N. 748.457<br />

EMENTA: Administração indireta — Servi<strong>do</strong>r — I. Remuneração — Extensão<br />

<strong>de</strong> gratificação concedi<strong>da</strong> a <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> <strong>da</strong> administração direta aos<br />

<strong>da</strong> indireta — Impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> — Fixação ou alteração <strong>de</strong> remuneração<br />

por meio <strong>de</strong> lei específica — II. Aposenta<strong>do</strong>ria com proventos integrais<br />

— Cômputo <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> carreira exerci<strong>do</strong> em outro ente <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração,<br />

órgão público <strong>de</strong> outro po<strong>de</strong>r ou setor priva<strong>do</strong> para fins <strong>do</strong> art. 3º, II, <strong>da</strong><br />

EC n. 47/05 — Impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

RELATÓRIO<br />

Versam os presentes autos sobre duas consultas formula<strong>da</strong>s por Auremir Barbosa<br />

Coelho, Diretor Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Previdência <strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res Públicos<br />

<strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Teófilo Otoni — SISPREV-TO, a fls. 01 e 08, protocoliza<strong>da</strong>s em<br />

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janeiro | fevereiro | março 2009 | v. 70 — n. 1 — ano XXVII<br />

conjunto, sob o n. 8.185-04, <strong>de</strong> 17/04/2008, e autua<strong>da</strong>s, por <strong>de</strong>terminação<br />

<strong>do</strong> Exmo. Conselheiro Presi<strong>de</strong>nte Elmo Braz, em processo único, sob o n.<br />

748.457, nos seguintes termos:<br />

1) Ten<strong>do</strong> em vista que a administração pública compreen<strong>de</strong> as administrações<br />

direta e indireta, po<strong>de</strong>m as gratificações concedi<strong>da</strong>s ao<br />

servi<strong>do</strong>r <strong>da</strong> administração direta por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>cretos e portarias, <strong>do</strong><br />

chefe <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Executivo, serem concedi<strong>da</strong>s a servi<strong>do</strong>r <strong>da</strong> administração<br />

indireta?<br />

2) O tempo <strong>de</strong> carreira exerci<strong>do</strong> em outro ente público (Esta<strong>do</strong>, União<br />

ou outro Município) ou em outro órgão público ou priva<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser conta<strong>do</strong><br />

para fins <strong>do</strong> art. 3º <strong>da</strong> Emen<strong>da</strong> Constitucional n. 47?<br />

A <strong>do</strong>uta Auditoria representa<strong>da</strong> nestes autos pelo Auditor Hamilton Coelho,<br />

opinou, a fls. 23 a 31, em preliminar, pelo conhecimento <strong>da</strong> consulta e, quanto<br />

ao mérito, que fosse <strong>da</strong><strong>da</strong> resposta negativa à primeira in<strong>da</strong>gação, visto que<br />

direito algum concedi<strong>do</strong> a servi<strong>do</strong>r <strong>da</strong> administração direta po<strong>de</strong>rá ser<br />

estendi<strong>do</strong> aos funcionários <strong>da</strong> administração indireta, fazen<strong>do</strong>-se necessária<br />

a previsão legal própria para concessão <strong>de</strong> direitos e vantagens<br />

aos <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> <strong>da</strong>s enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou órgãos públicos e, quanto ao segun<strong>do</strong><br />

quesito, que fosse <strong>da</strong><strong>da</strong> resposta positiva, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o tempo <strong>de</strong> serviço<br />

público, presta<strong>do</strong> à administração direta, fun<strong>da</strong>ções e autarquias totalize<br />

25 anos, sen<strong>do</strong> quinze anos <strong>de</strong> carreira e cinco anos no cargo em<br />

que se <strong>de</strong>r a aposenta<strong>do</strong>ria. O tempo restante po<strong>de</strong>rá ser proveniente<br />

<strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços no setor priva<strong>do</strong>.<br />

Este é o relatório.<br />

PRELIMINAR<br />

Preliminarmente, tomo conhecimento <strong>da</strong> consulta por ser legítima a parte,<br />

no escopo <strong>do</strong> art. 7º, X, alínea g, <strong>do</strong> Regimento Interno, e ser a matéria afeta<br />

à competência <strong>de</strong>sta Corte, para respondê-la, em tese, visto que a matéria<br />

nela articula<strong>da</strong> não cui<strong>da</strong> <strong>de</strong> caso concreto.<br />

MÉRITO<br />

O primeiro questionamento formula<strong>do</strong> cui<strong>da</strong> <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> as gratificações<br />

concedi<strong>da</strong>s aos <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> <strong>da</strong> administração direta, pelo chefe <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r<br />

Pareceres e <strong>de</strong>cisões<br />

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Executivo, por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>cretos e portarias, serem também concedi<strong>da</strong>s a<br />

<strong>servi<strong>do</strong>res</strong> <strong>da</strong> administração indireta.<br />

De início, cumpre registrar que o Esta<strong>do</strong> utiliza-se <strong>de</strong> formas organizativas<br />

diferencia<strong>da</strong>s para <strong>de</strong>senvolver as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s administrativas que lhe foram<br />

constitucionalmente conferi<strong>da</strong>s.<br />

Po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhá-las <strong>de</strong> forma centraliza<strong>da</strong>, por meio <strong>do</strong>s seus diversos órgãos,<br />

<strong>de</strong>stituí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> personali<strong>da</strong><strong>de</strong> jurídica e hierarquicamente vincula<strong>do</strong>s,<br />

que compõem a administração direta. A essa difusão <strong>da</strong>s funções administrativas<br />

entre os órgãos <strong>da</strong> pessoa fe<strong>de</strong>rativa, quer <strong>da</strong> União, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s, <strong>do</strong><br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral ou <strong>do</strong>s Municípios, dá-se o nome <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconcentração administrativa,<br />

que consiste, assim, numa espécie <strong>de</strong> subdivisão interna visan<strong>do</strong><br />

agilizar a atuação <strong>da</strong> administração.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, é possível que ca<strong>da</strong> ente fe<strong>de</strong>rativo crie outras pessoas jurídicas<br />

<strong>de</strong> direito público ou <strong>de</strong> direito priva<strong>do</strong>, a ele vincula<strong>da</strong>s e <strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />

autonomia, e transfira a estas <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s competências administrativas.<br />

Nesse caso, diversamente <strong>do</strong> que ocorre na <strong>de</strong>sconcentração, tem-se a execução<br />

<strong>da</strong>s tarefas administrativas por pessoas jurídicas diferentes <strong>da</strong>quelas<br />

que as criaram, que passam a integrar, <strong>de</strong>ssa forma, a <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> administração<br />

indireta.<br />

Para cumprir as tarefas administrativas que lhes são próprias, tanto a administração<br />

direta como a indireta servem-se <strong>de</strong> meios humanos para <strong>de</strong>sempenhar<br />

o exercício <strong>de</strong> suas funções, através <strong>de</strong> seus agentes, <strong>do</strong>s quais são<br />

espécies os <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> públicos estatutários, cuja relação jurídica funcional<br />

é regula<strong>da</strong> pelo estatuto funcional <strong>da</strong> pessoa fe<strong>de</strong>rativa; e os <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> públicos<br />

trabalhistas, regula<strong>do</strong>s pela Consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s Leis <strong>do</strong> Trabalho — CLT,<br />

também <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> celetistas.<br />

Os <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> celetistas integram, obrigatoriamente, as socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> economia<br />

mista e as empresas públicas, por força <strong>do</strong>s preceitos constitucionais<br />

conti<strong>do</strong>s no art. 173, § 1º, inc. II, e, facultativamente, as <strong>de</strong>mais enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

<strong>da</strong> administração indireta e os órgãos <strong>da</strong> administração direta, em face <strong>do</strong><br />

advento <strong>da</strong> reforma administrativa efetiva<strong>da</strong> pela Emen<strong>da</strong> Constitucional<br />

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n. 19, <strong>de</strong> 04/06/1998, que <strong>de</strong>sobrigou os entes <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> a<strong>do</strong>tarem<br />

um único regime em relação aos seus respectivos <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> 1 .<br />

As gratificações concedi<strong>da</strong>s ao servi<strong>do</strong>r público, argui<strong>da</strong>s pelo consulente,<br />

consistem, por sua vez, segun<strong>do</strong> José <strong>do</strong>s Santos Carvalho Filho, em espécies<br />

<strong>de</strong> vantagens pecuniárias, que são as parcelas pecuniárias acresci<strong>da</strong>s ao<br />

vencimento-base em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> uma situação fática previamente estabeleci<strong>da</strong><br />

na norma jurídica pertinente. (Manual <strong>de</strong> Direito Administrativo.<br />

17. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 625.)<br />

Nesse contexto, Hely Lopes Meirelles também conceitua tais gratificações<br />

como<br />

vantagens pecuniárias atribuí<strong>da</strong>s precariamente aos <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> que estão<br />

prestan<strong>do</strong> serviços comuns <strong>da</strong> função em condições anormais <strong>de</strong><br />

segurança, salubri<strong>da</strong><strong>de</strong> ou onerosi<strong>da</strong><strong>de</strong> (gratificações <strong>de</strong> serviço) ou<br />

concedi<strong>da</strong>s como aju<strong>da</strong> aos <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> que reúnam as condições pessoais<br />

que a lei especifica (gratificações especiais).(Direito Administrativo<br />

brasileiro. 24. ed. São Paulo: Malheiros, 1999, p. 437 e 438.)<br />

Frise-se, nesse senti<strong>do</strong>, que os <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> públicos estatutários são remunera<strong>do</strong>s<br />

pelo somatório <strong>do</strong> vencimento-base, que se relaciona diretamente com<br />

o cargo ocupa<strong>do</strong>, com as menciona<strong>da</strong>s vantagens pecuniárias a que fazem<br />

jus, <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong> situação funcional específica, <strong>de</strong>ntre as quais se inserem<br />

as gratificações ora questiona<strong>da</strong>s.<br />

Teci<strong>da</strong>s essas conceituações preliminares, por pertinentes, insta ressaltar<br />

que a resposta a ser <strong>da</strong><strong>da</strong> ao consulente se encontra na Carta <strong>da</strong> República,<br />

visto que tanto a administração direta como a indireta submetem-se ao princípio<br />

<strong>da</strong> legali<strong>da</strong><strong>de</strong> insculpi<strong>do</strong> no caput <strong>do</strong> seu art. 37, bem como aos ditames<br />

<strong>do</strong> seu inc. X, que assim preceituam, in litteris:<br />

Art. 37. A administração pública direta e indireta <strong>de</strong> qualquer <strong>do</strong>s<br />

po<strong>de</strong>res <strong>da</strong> União, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral e <strong>do</strong>s Municípios<br />

obe<strong>de</strong>cerá aos princípios <strong>de</strong> legali<strong>da</strong><strong>de</strong>, impessoali<strong>da</strong><strong>de</strong>, morali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

publici<strong>da</strong><strong>de</strong> e eficiência e, também, ao seguinte:<br />

1 Entretanto, em face <strong>da</strong> concessão, pelo STF, com efeitos ex nunc, <strong>da</strong> liminar pleitea<strong>da</strong> na ADI n. 2.135, publica<strong>da</strong> em 07/03/2008,<br />

vigora, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, a re<strong>da</strong>ção original <strong>da</strong><strong>da</strong> ao caput <strong>do</strong> art. 39 <strong>da</strong> Constituição Fe<strong>de</strong>ral, restaura<strong>da</strong>, <strong>de</strong>ssa forma, a obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> Regime Jurídico Único para os <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> civis.<br />

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(...)<br />

X − a remuneração <strong>do</strong>s <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> públicos e o subsídio <strong>de</strong> que trata o<br />

§ 4º <strong>do</strong> art. 39 somente po<strong>de</strong>rão ser fixa<strong>do</strong>s ou altera<strong>do</strong>s por lei específica,<br />

observa<strong>da</strong> a iniciativa privativa em ca<strong>da</strong> caso, assegura<strong>da</strong><br />

revisão geral anual, sempre na mesma <strong>da</strong>ta e sem distinção <strong>de</strong> índices;<br />

(grifo nosso).<br />

Da exegese <strong>do</strong> dispositivo legal em comento, não parece pairar dúvi<strong>da</strong> acerca<br />

<strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> lei específica para fixar ou alterar a remuneração <strong>do</strong>s<br />

<strong>servi<strong>do</strong>res</strong> públicos.<br />

Neste contexto, vale trazer novamente à baila a lição <strong>de</strong> José <strong>do</strong>s Santos<br />

Carvalho Filho, que assim afirma, enfaticamente: (...) na nova re<strong>da</strong>ção <strong>do</strong><br />

art. 37, X, <strong>da</strong> CF, o texto é claro e peremptório ao exigir que a remuneração<br />

<strong>de</strong> <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> (...) somente possam efetuar-se por lei específica. (grifo <strong>do</strong><br />

autor) (obra cita<strong>da</strong>, p. 625)<br />

Se já não bastassem as consi<strong>de</strong>rações até aqui expostas, vale enfatizar que<br />

esta Casa manifestou-se, recentemente, quanto ao tema, por meio <strong>da</strong> Consulta<br />

n. 727.149, na Sessão Plenária <strong>de</strong> 16/04/2008, <strong>da</strong> relatoria <strong>do</strong> Conselheiro<br />

Simão Pedro, cuja ementa, por si só, <strong>de</strong>slin<strong>da</strong> a questão sob exame:<br />

EMENTA: (...) V. CONCESSÃO DE DIREITOS E VANTAGENS A SERVIDORES<br />

PÚBLICOS. POSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO OU ALTERAÇÃO SOMENTE POR<br />

MEIO DE LEI ESPECÍFICA E SUJEIÇÃO AO ESTATUTO DOS SERVIDORES DO<br />

MUNICÍPIO. (...)<br />

Eluci<strong>da</strong><strong>do</strong>ras foram as palavras <strong>do</strong> nobre Conselheiro, naquela oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

ao lançar mão <strong>da</strong> relevante matéria <strong>do</strong>utrinária <strong>de</strong> Carmem Lúcia Antunes <strong>da</strong><br />

Rocha, Ministra <strong>do</strong> STF, lança<strong>da</strong> nestes termos:<br />

A lei — e apenas a lei — é fonte formal a fun<strong>da</strong>mentar o dispêndio legítimo<br />

<strong>de</strong> recursos públicos, inclusive com o pagamento <strong>de</strong> pessoal.<br />

(...)<br />

Logo, não se haveria sequer <strong>de</strong> cogitar <strong>de</strong> feitura <strong>de</strong> gastos públicos, a<br />

dizer, comprometimento <strong>do</strong> patrimônio público, sem o prévio consentimento<br />

livre <strong>do</strong> povo. E a este se chega por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate no qual são<br />

postos os termos <strong>do</strong> que se converte em lei, a obrigar as pessoas e as<br />

coisas com que atua o Po<strong>de</strong>r Público.<br />

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A legali<strong>da</strong><strong>de</strong> remuneratória <strong>do</strong> agente público é, pois, o que se tem<br />

expressamente na Constituição <strong>de</strong> 1988, como a norma introduzi<strong>da</strong><br />

pela Emen<strong>da</strong> n. 19/98, (<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> pelo) (...) art. 37, X. (...) (Princípios<br />

constitucionais <strong>do</strong>s <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> públicos. São Paulo: Editora Saraiva,<br />

1999. p. 286.)<br />

Em outra assenta<strong>da</strong>, na Sessão Plenária <strong>de</strong> 31/01/2007, colheu-se a seguinte<br />

lição, in litteris, <strong>da</strong> resposta <strong>da</strong><strong>da</strong> à Consulta n. 708.493, relata<strong>da</strong> pelo<br />

Conselheiro Wan<strong>de</strong>rley Ávila, que com brilhantismo tratou <strong>do</strong> tema ora em<br />

<strong>de</strong>bate:<br />

A Constituição <strong>da</strong> República <strong>de</strong>ixa, portanto, aos entes políticos <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração<br />

a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> assegurar a seus <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> outros benefícios<br />

além <strong>da</strong>queles previstos em seu texto. A sistematização <strong>do</strong>s direitos e<br />

<strong>de</strong>veres <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r e <strong>da</strong>s vantagens a que faz jus <strong>de</strong>ve estar conti<strong>da</strong> no<br />

estatuto <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r público municipal.<br />

A concessão <strong>de</strong> vantagens, aumento <strong>de</strong> remuneração, criação <strong>de</strong> cargos,<br />

empregos e funções ou alteração <strong>de</strong> estrutura <strong>de</strong> carreira, bem como<br />

a admissão ou contratação <strong>de</strong> pessoal, a qualquer título, pelos órgãos<br />

e enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> administração direta ou indireta, inclusive fun<strong>da</strong>ções<br />

instituí<strong>da</strong>s e manti<strong>da</strong>s pelo Po<strong>de</strong>r Público municipal somente po<strong>de</strong>rão<br />

ser feitas se estiverem em consonância com as seguintes exigências: as<br />

regras pertinentes à administração pública estatuí<strong>da</strong>s na lei orgânica<br />

<strong>do</strong> Município e no estatuto <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r público; as exigências previstas<br />

no § 1º <strong>do</strong> art. 169 <strong>da</strong> Constituição <strong>do</strong> Brasil, a saber: a) existência <strong>de</strong><br />

prévia <strong>do</strong>tação orçamentária suficiente para aten<strong>de</strong>r às projeções <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>spesa <strong>de</strong> pessoal e aos acréscimos <strong>de</strong>la <strong>de</strong>correntes; b) autorização<br />

específica na lei <strong>de</strong> diretrizes orçamentárias, ressalva<strong>da</strong>s as empresas<br />

públicas e as socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> economia mista; as regras previstas na Lei<br />

Complementar n.101/2000, com relação às <strong>de</strong>spesas com pessoal <strong>do</strong><br />

serviço público.<br />

Assim, à luz <strong>do</strong> que foi sinteticamente exposto, respon<strong>do</strong> negativamente<br />

ao primeiro quesito formula<strong>do</strong>, visto que apenas lei específica, observa<strong>da</strong><br />

a iniciativa privativa em ca<strong>da</strong> caso, po<strong>de</strong> subsidiar qualquer alteração ou<br />

fixação <strong>da</strong> remuneração <strong>do</strong>s <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> públicos. Lembro que a concessão <strong>de</strong><br />

vantagens pecuniárias <strong>de</strong>ve submeter-se, ain<strong>da</strong>, às regras dispostas na lei<br />

orgânica <strong>do</strong> Município, no estatuto <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r público, no § 1º <strong>do</strong> art. 169<br />

<strong>da</strong> Constituição <strong>da</strong> República, bem como na Lei Complementar n. 101/2000.<br />

O segun<strong>do</strong> questionamento cui<strong>da</strong> <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> o servi<strong>do</strong>r público contar<br />

como tempo <strong>de</strong> carreira, para fins <strong>do</strong> art. 3º <strong>da</strong> Emen<strong>da</strong> Constitucional<br />

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n. 47, <strong>de</strong> 05/07/2005, aquele exerci<strong>do</strong> em outro ente <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração (União,<br />

Esta<strong>do</strong> ou outro Município), em outro órgão público (<strong>do</strong> mesmo Município) ou<br />

no setor priva<strong>do</strong>.<br />

O art. 3º <strong>da</strong> Emen<strong>da</strong> Constitucional n. 47/2005, como é sabi<strong>do</strong>, estabelece<br />

regra <strong>de</strong> transição aplicável aos <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> que ingressaram no serviço público<br />

anteriormente à vigência <strong>da</strong> Emen<strong>da</strong> Constitucional n. 20/98, para efeito<br />

<strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria voluntária por tempo <strong>de</strong> contribuição, como se segue:<br />

Art. 3º Ressalva<strong>do</strong> o direito <strong>de</strong> opção à aposenta<strong>do</strong>ria pelas normas estabeleci<strong>da</strong>s<br />

pelo art. 40 <strong>da</strong> Constituição Fe<strong>de</strong>ral ou pelas regras estabeleci<strong>da</strong>s<br />

pelos arts. 2º e 6º <strong>da</strong> Emen<strong>da</strong> Constitucional n. 41, <strong>de</strong> 2003, o servi<strong>do</strong>r<br />

<strong>da</strong> União, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral e <strong>do</strong>s Municípios, incluí<strong>da</strong>s<br />

suas autarquias e fun<strong>da</strong>ções, que tenha ingressa<strong>do</strong> no serviço público até<br />

16 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1998 po<strong>de</strong>rá aposentar-se com proventos integrais,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que preencha, cumulativamente, as seguintes condições:<br />

I − trinta e cinco anos <strong>de</strong> contribuição, se homem, e trinta anos <strong>de</strong> contribuição,<br />

se mulher;<br />

II − vinte e cinco anos <strong>de</strong> efetivo exercício no serviço público, quinze<br />

anos <strong>de</strong> carreira e cinco anos no cargo em que se <strong>de</strong>r a aposenta<strong>do</strong>ria;<br />

III − i<strong>da</strong><strong>de</strong> mínima resultante <strong>da</strong> redução, relativamente aos limites <strong>do</strong><br />

art. 40, § 1º, inc. III, alínea a, <strong>da</strong> Constituição Fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong><br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong> para ca<strong>da</strong> ano <strong>de</strong> contribuição que exce<strong>de</strong>r a condição prevista no<br />

inciso I <strong>do</strong> caput <strong>de</strong>ste artigo.<br />

Parágrafo único. Aplica-se ao valor <strong>do</strong>s proventos <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>rias<br />

concedi<strong>da</strong>s com base neste artigo o disposto no art. 7º <strong>da</strong> Emen<strong>da</strong><br />

Constitucional n. 41, <strong>de</strong> 2003, observan<strong>do</strong>-se igual critério <strong>de</strong> revisão<br />

às pensões <strong>de</strong>riva<strong>da</strong>s <strong>do</strong>s proventos <strong>de</strong> <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> faleci<strong>do</strong>s<br />

que tenham se aposenta<strong>do</strong> em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com este artigo. (grifo<br />

nosso)<br />

Observa-se que o tempo <strong>de</strong> carreira sobre o qual se assenta a consulta, para<br />

fins <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria voluntária por tempo <strong>de</strong> contribuição, pela regra <strong>de</strong><br />

transição, apresenta-se como um <strong>do</strong>s requisitos a serem cumulativamente<br />

cumpri<strong>do</strong>s, quais sejam, trinta e cinco anos <strong>de</strong> contribuição, se homem, e<br />

trinta anos, se mulher; vinte e cinco anos <strong>de</strong> efetivo exercício no serviço<br />

público; quinze anos <strong>de</strong> carreira e cinco anos no cargo em que se <strong>de</strong>r a<br />

aposenta<strong>do</strong>ria, além <strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> mínima aludi<strong>da</strong> no inc. III <strong>do</strong> menciona<strong>do</strong><br />

art. 3º.<br />

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Antes <strong>de</strong> iniciar o exame <strong>do</strong>s dispositivos que regem a matéria, consi<strong>de</strong>ro<br />

pertinente esclarecer que cargo público é o lugar <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> organização<br />

funcional <strong>da</strong> administração direta e <strong>de</strong> suas autarquias e fun<strong>da</strong>ções públicas<br />

que, ocupa<strong>do</strong> por servi<strong>do</strong>r público, tem funções específicas e remuneração<br />

fixa<strong>da</strong>s em lei (...), segun<strong>do</strong> José <strong>do</strong>s Santos Carvalho Filho.<br />

Já o termo carreira, para o mesmo autor,<br />

é o conjunto <strong>de</strong> classes funcionais em que seus integrantes vão percorren<strong>do</strong><br />

os diversos patamares <strong>de</strong> que se constitui a progressão funcional.<br />

As classes são compostas <strong>de</strong> cargos que tenham as mesmas atribuições.<br />

Os cargos que compõem as classes são cargos <strong>de</strong> carreira, diversos <strong>do</strong>s<br />

cargos isola<strong>do</strong>s que, embora integran<strong>do</strong> o quadro (funcional), não ensejam<br />

o percurso progressivo <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r. (obra cita<strong>da</strong>, p. 528)<br />

Hely Lopes Meirelles, por seu turno, assim conceitua o termo em evidência,<br />

como a seguir transcrito:<br />

Carreira é o agrupamento <strong>de</strong> classes <strong>da</strong> mesma profissão ou ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

escalona<strong>da</strong>s segun<strong>do</strong> a hierarquia <strong>do</strong> serviço, para acesso privativo <strong>do</strong>s<br />

titulares que a integram, mediante provimento originário. O conjunto<br />

<strong>de</strong> carreiras e <strong>de</strong> cargos isola<strong>do</strong>s constitui o quadro permanente <strong>do</strong><br />

serviço <strong>do</strong>s diversos po<strong>de</strong>res e órgãos <strong>da</strong> administração pública. As<br />

carreiras iniciam-se e terminam nos respectivos quadros. (grifo nosso)<br />

(obra cita<strong>da</strong>, p. 372)<br />

Releva, igualmente, trazer a lume os conceitos dispostos nos incs. VI e VII e<br />

parágrafo único <strong>do</strong> art. 2º <strong>da</strong> Orientação Normativa <strong>do</strong> Ministério <strong>da</strong> Previdência<br />

Social MPS/SPS n. 1, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2007, a ser observa<strong>da</strong> pelos<br />

regimes próprios <strong>de</strong> previdência social <strong>do</strong>s <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> <strong>de</strong> cargos efetivos <strong>de</strong><br />

quaisquer <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res <strong>da</strong> União, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral e <strong>do</strong>s Municípios,<br />

incluí<strong>da</strong>s suas autarquias e fun<strong>da</strong>ções, nos seguintes termos:<br />

Art. 2º Para os efeitos <strong>de</strong>sta orientação normativa, consi<strong>de</strong>ra-se:<br />

(...)<br />

VI − cargo efetivo: o conjunto <strong>de</strong> atribuições, <strong>de</strong>veres e responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

específicas <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s em estatutos <strong>do</strong>s entes fe<strong>de</strong>rativos cometi<strong>da</strong>s<br />

a um servi<strong>do</strong>r aprova<strong>do</strong> por meio <strong>de</strong> concurso público <strong>de</strong> provas<br />

ou <strong>de</strong> provas e títulos;<br />

Pareceres e <strong>de</strong>cisões<br />

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evista <strong>do</strong> tribunal <strong>de</strong> contas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> minas gerais<br />

janeiro | fevereiro | março 2009 | v. 70 — n. 1 — ano XXVII<br />

VII − carreira: a sucessão <strong>de</strong> cargos efetivos, estrutura<strong>do</strong>s em níveis e<br />

graus segun<strong>do</strong> sua natureza, complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> e grau <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o plano <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> por lei <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ente fe<strong>de</strong>rativo;<br />

(...)<br />

Parágrafo único. Para os efeitos <strong>do</strong> disposto no inc. VII, será também<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como tempo <strong>de</strong> carreira o tempo cumpri<strong>do</strong> em emprego,<br />

função ou cargo <strong>de</strong> natureza não efetiva até 16 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1998.<br />

Expostas tais <strong>de</strong>finições, por pertinentes, haja vista integrarem o cerne <strong>da</strong><br />

questão em exame, resta esclarecer como o tempo <strong>de</strong> carreira <strong>de</strong>ve ser<br />

conta<strong>do</strong> para aposenta<strong>do</strong>ria voluntária por tempo <strong>de</strong> contribuição, com proventos<br />

integrais e pari<strong>da</strong><strong>de</strong>, nos mol<strong>de</strong>s <strong>da</strong> Emen<strong>da</strong> Constitucional n. 47, <strong>de</strong><br />

05/07/2005.<br />

Nos termos <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> quesito proposto, enten<strong>do</strong> que o consulente almeja<br />

saber, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, se tempo <strong>de</strong> carreira significa, necessariamente, tempo<br />

<strong>de</strong> serviço presta<strong>do</strong> em uma mesma carreira no Município ou, em caso negativo,<br />

se este tempo po<strong>de</strong>ria ser composto <strong>de</strong> carreiras diferentes ou, até<br />

mesmo, proveniente <strong>de</strong> entes distintos <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração.<br />

Ora, é possível <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r <strong>do</strong>s fun<strong>da</strong>mentos expostos que a carreira encontra-se<br />

diretamente afeta ao cargo efetivo e, assim sen<strong>do</strong>, na verificação <strong>do</strong><br />

implemento <strong>do</strong> requisito <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> carreira <strong>de</strong>verá ser computa<strong>do</strong> apenas<br />

aquele referente ao exercício <strong>de</strong> cargo <strong>de</strong> uma mesma carreira e no mesmo<br />

ente <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração.<br />

Dessa forma, a meu ver, as questões aventa<strong>da</strong>s pelo consulente merecem<br />

resposta negativa pelas razões que passarei a expor:<br />

É sabi<strong>do</strong> que uma norma jurídica <strong>de</strong>ve ser interpreta<strong>da</strong> em harmonia com<br />

o sistema no qual está inseri<strong>da</strong>, no intuito <strong>de</strong> revelar seu senti<strong>do</strong> e fixar o<br />

seu alcance. No caso em exame, não se po<strong>de</strong> olvi<strong>da</strong>r que estamos diante<br />

<strong>de</strong> uma exceção, <strong>da</strong><strong>da</strong> pela Emen<strong>da</strong> Constitucional n. 47/2005, que dispõe<br />

sobre uma regra <strong>de</strong> transição para aposenta<strong>do</strong>rias voluntárias por tempo <strong>de</strong><br />

contribuição, pelo que <strong>de</strong>vo lembrar que excepciones sunt strictissime interpretationis<br />

(as exceções são <strong>da</strong> mais estrita interpretação).<br />

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Nessa esteira, vale <strong>de</strong>stacar que a Constituição <strong>da</strong> República estabeleceu, em<br />

seu art. 2º, o princípio <strong>da</strong> divisão <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res e funções estatais, dispon<strong>do</strong> que<br />

são po<strong>de</strong>res <strong>da</strong> União, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e harmônicos entre si, o Legislativo, o<br />

Executivo e o Judiciário. Estabeleceu, outrossim, em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> <strong>de</strong>scentralização<br />

política, característica <strong>do</strong> regime fe<strong>de</strong>rativo, a autonomia <strong>do</strong>s entes que<br />

compõem a Fe<strong>de</strong>ração brasileira, nos termos <strong>de</strong> seu art. 18, caput, que dispõe,<br />

in litteris:<br />

Art. 18. A organização político-administrativa <strong>da</strong> República Fe<strong>de</strong>rativa<br />

<strong>do</strong> Brasil compreen<strong>de</strong> a União, os Esta<strong>do</strong>s, o Distrito Fe<strong>de</strong>ral e os Municípios,<br />

to<strong>do</strong>s autônomos, nos termos <strong>de</strong>sta Constituição.<br />

Lançan<strong>do</strong> mão <strong>da</strong>s palavras <strong>do</strong> nobre professor José <strong>do</strong>s Santos Carvalho Filho,<br />

a autonomia, no seu senti<strong>do</strong> técnico-político, significa ter a enti<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

integrante <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-organização, autogoverno e<br />

autoadministração. Acrescenta, ain<strong>da</strong>, o professor, com maestria, em sua<br />

relevante <strong>do</strong>utrina:<br />

No primeiro caso (auto-organização), a enti<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> criar seu diploma<br />

constitutivo; no segun<strong>do</strong> (autogoverno), po<strong>de</strong> organizar seu governo e<br />

eleger seus dirigentes; no terceiro (autoadministração), po<strong>de</strong> ela organizar<br />

seus próprios serviços.<br />

É este último aspecto que apresenta relevância para o tema relativo<br />

à administração pública. Dota<strong>da</strong>s <strong>de</strong> autonomia e, pois, <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> autoadministração, as enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rativas terão, por via <strong>de</strong> consequência,<br />

as suas próprias administrações, ou seja, sua própria organização<br />

e seus próprios serviços, inconfundíveis com o <strong>de</strong> outras<br />

enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s. (grifo nosso) (obra cita<strong>da</strong>, p. 5)<br />

Assim, em razão <strong>da</strong> forma fe<strong>de</strong>rativa <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> e consequente <strong>de</strong>scentralização<br />

<strong>do</strong> po<strong>de</strong>r político, ca<strong>da</strong> ente <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração passa a ter autonomia<br />

para organizar a sua estrutura político-administrativa, nos limites estabeleci<strong>do</strong>s<br />

pela Constituição Fe<strong>de</strong>ral, sem qualquer interferência <strong>de</strong> uma esfera<br />

<strong>de</strong> governo em outra. Nessa vertente, ca<strong>da</strong> ente possui autonomia para,<br />

no seu âmbito <strong>de</strong> competência, criar os seus estatutos, cargos e carreiras,<br />

e gerir o seu regime próprio <strong>de</strong> previdência social, caso o institua. Desse<br />

mo<strong>do</strong>, resta clarivi<strong>de</strong>nte que as regras que irão reger as carreiras cria<strong>da</strong>s<br />

nos diversos entes <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração não serão coinci<strong>de</strong>ntes em face <strong>da</strong> menciona<strong>da</strong><br />

autonomia político-administrativa <strong>da</strong> qual usufruem.<br />

Pareceres e <strong>de</strong>cisões<br />

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Nessa esteira, é possível afirmar que, mesmo na hipótese <strong>de</strong>ssas carreiras<br />

receberem <strong>de</strong>nominações semelhantes em entes diversos <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração, tratará,<br />

na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, ain<strong>da</strong> assim, <strong>de</strong> cargos e carreiras distintos, à vista <strong>da</strong>s<br />

peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> estatuto funcional e <strong>da</strong> vinculação <strong>do</strong>s cargos a entes<br />

diferentes.<br />

Um servi<strong>do</strong>r municipal, por exemplo, terá sua relação funcional regi<strong>da</strong> por<br />

um estatuto próprio, com regras específicas quanto à respectiva carreira,<br />

promoções e vantagens funcionais e, caso provi<strong>do</strong> para cargo <strong>de</strong> outro ente<br />

fe<strong>de</strong>rativo, passaria a ser regi<strong>do</strong> por regras <strong>de</strong> competência diversa que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>de</strong> coincidirem ou não em seu conteú<strong>do</strong>, ficarão com sua<br />

eficácia limita<strong>da</strong> à esfera <strong>da</strong> competência <strong>de</strong> quem as criou.<br />

A<strong>de</strong>mais, não po<strong>de</strong>rá o servi<strong>do</strong>r meramente transferir-se <strong>de</strong> um ente para<br />

outro, por enten<strong>de</strong>r tratar-se <strong>da</strong> mesma carreira. Ao contrário, <strong>de</strong>verá submeter-se<br />

a uma seleção <strong>de</strong> provas ou <strong>de</strong> provas e títulos, por meio <strong>de</strong> concurso<br />

público, nos termos <strong>da</strong> exigência conti<strong>da</strong> no inc. II <strong>do</strong> art. 37 <strong>da</strong> Carta<br />

<strong>da</strong> República, para concorrer ao novo cargo e investir-se, assim, na nova<br />

carreira.<br />

Diante <strong>do</strong> exposto e por esse viés, resta claro que, para a contagem <strong>do</strong> tempo<br />

<strong>de</strong> carreira exigi<strong>do</strong> pelo inc. II <strong>do</strong> art. 3º <strong>da</strong> Emen<strong>da</strong> Constitucional n.<br />

47/2005, não é possível computar-se o tempo <strong>de</strong> carreiras cria<strong>da</strong>s com regras<br />

próprias, por entes diversos, no seu campo <strong>de</strong> competência e autonomia<br />

e, por isso, diversas. Dessa forma, o tempo <strong>de</strong> carreira porventura gera<strong>do</strong><br />

somente produz efeitos perante àquele ente e àquele po<strong>de</strong>r ao qual esta<br />

carreira está legalmente vincula<strong>da</strong>.<br />

Situação diversa ocorre no tocante ao tempo <strong>de</strong> contribuição e ao tempo<br />

<strong>de</strong> serviço público, consistin<strong>do</strong> este no tempo <strong>de</strong> exercício <strong>de</strong> cargo, função<br />

ou emprego público, ain<strong>da</strong> que <strong>de</strong>scontínuo, na administração direta,<br />

autárquica, ou fun<strong>da</strong>cional <strong>de</strong> qualquer <strong>do</strong>s entes fe<strong>de</strong>rativos, nos termos<br />

<strong>do</strong> art. 2º, inc. VIII, <strong>da</strong> menciona<strong>da</strong> Orientação Normativa MPS/SPS n. 1, <strong>de</strong><br />

23/01/2007.<br />

No que tange ao tempo exerci<strong>do</strong> no setor priva<strong>do</strong>, também argui<strong>do</strong> pelo con-<br />

189 Pareceres e <strong>de</strong>cisões


evista <strong>do</strong> tribunal <strong>de</strong> contas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> minas gerais<br />

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sulente, po<strong>de</strong>rá ser conta<strong>do</strong> apenas como tempo <strong>de</strong> contribuição, nos termos<br />

<strong>do</strong> art. 201, § 9º, <strong>da</strong> Constituição <strong>da</strong> República, que assim <strong>de</strong>termina:<br />

Art. 201. A previdência social será organiza<strong>da</strong> sob a forma <strong>de</strong> regime<br />

geral, <strong>de</strong> caráter contributivo e <strong>de</strong> filiação obrigatória, observa<strong>do</strong>s critérios<br />

que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e aten<strong>de</strong>rá, nos<br />

termos <strong>da</strong> lei, a:<br />

(...)<br />

§ 9º Para efeito <strong>de</strong> aposenta<strong>do</strong>ria, é assegura<strong>da</strong> a contagem recíproca<br />

<strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> contribuição na administração pública e na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

priva<strong>da</strong>, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes <strong>de</strong> previdência<br />

social se compensarão financeiramente, segun<strong>do</strong> critérios estabeleci<strong>do</strong>s<br />

em lei.<br />

Nessa vertente, o tempo <strong>de</strong> carreira a que se refere o inc. II <strong>do</strong> art. 3º <strong>da</strong><br />

Emen<strong>da</strong> Constitucional n. 47/2005 <strong>de</strong>ve ser interpreta<strong>do</strong> como <strong>de</strong>termina<strong>do</strong><br />

pelos arts. 63, 65 e 66 <strong>da</strong> cita<strong>da</strong> Orientação Normativa MPS/SPS n. 1, <strong>de</strong> 23<br />

<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2007, que contém a resposta espera<strong>da</strong> pelo consulente, como<br />

a seguir transcrito, in litteris:<br />

Art. 63. Ressalva<strong>do</strong> o direito <strong>de</strong> opção à aposenta<strong>do</strong>ria pelas normas<br />

estabeleci<strong>da</strong>s nos arts. 53, 55, 61 e 62, o servi<strong>do</strong>r <strong>da</strong> União, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s,<br />

<strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral e <strong>do</strong>s Municípios, incluí<strong>da</strong>s suas autarquias e fun<strong>da</strong>ções,<br />

que tenha ingressa<strong>do</strong> no serviço público, <strong>da</strong> União, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s,<br />

<strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral ou <strong>do</strong>s Municípios, até 16 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1998,<br />

po<strong>de</strong>rá aposentar-se com proventos integrais, que correspon<strong>de</strong>rão à ultima<br />

remuneração <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r no cargo efetivo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que preencha,<br />

cumulativamente, as seguintes condições:<br />

(...)<br />

III − quinze anos <strong>de</strong> carreira, conforme art. 2º inc. VII e parágrafo único;<br />

e<br />

(...)<br />

Art. 65. Na hipótese <strong>de</strong> o cargo em que se <strong>de</strong>r a aposenta<strong>do</strong>ria não estar<br />

inseri<strong>do</strong> em plano <strong>de</strong> carreira, o requisito previsto no inc. IV <strong>do</strong> art. 62<br />

e inc. III <strong>do</strong> art. 63 <strong>de</strong>verá ser cumpri<strong>do</strong> no último cargo efetivo.<br />

Art. 66. O tempo <strong>de</strong> carreira exigi<strong>do</strong> para concessão <strong>do</strong>s benefícios previstos<br />

nos arts. 62 e 63 <strong>de</strong>verá ser cumpri<strong>do</strong> no mesmo ente fe<strong>de</strong>rativo<br />

e no mesmo po<strong>de</strong>r.<br />

Pareceres e <strong>de</strong>cisões<br />

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evista <strong>do</strong> tribunal <strong>de</strong> contas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> minas gerais<br />

janeiro | fevereiro | março 2009 | v. 70 — n. 1 — ano XXVII<br />

Assim, é lícito concluir que a resposta a ser <strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>de</strong>ve ser negativa, no que<br />

tange à possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contar como tempo <strong>de</strong> carreira <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r público,<br />

para fins <strong>do</strong> art. 3º <strong>da</strong> Emen<strong>da</strong> Constitucional n. 47, <strong>de</strong> 05/07/2005, aquele<br />

exerci<strong>do</strong> em outro ente <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração, em órgão público <strong>de</strong> outro po<strong>de</strong>r ou<br />

no setor priva<strong>do</strong>, visto que o tempo <strong>de</strong> carreira exigi<strong>do</strong> para a concessão <strong>do</strong><br />

benefício <strong>de</strong>verá ser cumpri<strong>do</strong> na mesma carreira, no mesmo ente fe<strong>de</strong>rativo<br />

e no mesmo po<strong>de</strong>r.<br />

Conclusão: diante <strong>do</strong> exposto, respon<strong>do</strong> negativamente ao primeiro quesito<br />

formula<strong>do</strong>, visto que apenas lei específica, observa<strong>da</strong> a iniciativa privativa<br />

em ca<strong>da</strong> caso, po<strong>de</strong> subsidiar qualquer alteração ou fixação <strong>da</strong> remuneração<br />

<strong>do</strong>s <strong>servi<strong>do</strong>res</strong> públicos, que <strong>de</strong>ve, ain<strong>da</strong>, sujeitar-se às <strong>de</strong>terminações conti<strong>da</strong>s<br />

na lei orgânica <strong>do</strong> Município, no estatuto <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r público, no § 1º <strong>do</strong><br />

art. 169 <strong>da</strong> Constituição <strong>da</strong> República e na Lei Complementar n. 101/2000.<br />

Em relação ao segun<strong>do</strong> quesito, respon<strong>do</strong> também negativamente em face<br />

<strong>da</strong> impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contar como tempo <strong>de</strong> carreira <strong>do</strong> servi<strong>do</strong>r público,<br />

para fins <strong>do</strong> art. 3º <strong>da</strong> Emen<strong>da</strong> Constitucional n. 47, <strong>de</strong> 05/07/2005, aquele<br />

exerci<strong>do</strong> em outro ente <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração, em órgão público <strong>de</strong> outro po<strong>de</strong>r, ou<br />

no setor priva<strong>do</strong>, uma vez que o tempo <strong>de</strong> carreira exigi<strong>do</strong> para a concessão<br />

<strong>do</strong> benefício <strong>de</strong>ve ser cumpri<strong>do</strong> na mesma carreira, no mesmo ente fe<strong>de</strong>rativo<br />

e no mesmo po<strong>de</strong>r, como <strong>de</strong>termina o art. 66, <strong>da</strong> Orientação Normativa<br />

MPS/SPS n. 1, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2007.<br />

Determino a notificação ao consulente, para ciência <strong>do</strong> <strong>de</strong>ciso, se assim for<br />

referen<strong>da</strong><strong>do</strong>.<br />

A consulta em epígrafe foi respondi<strong>da</strong> pelo Tribunal Pleno na Sessão <strong>do</strong> dia 27/11/08<br />

presidi<strong>da</strong> pelo Conselheiro Elmo Braz; presentes o Cons. subst. Gilberto Diniz, Cons. Simão<br />

Pedro Tole<strong>do</strong>, Cons. Eduar<strong>do</strong> Carone Costa, Cons. Wan<strong>de</strong>rley Ávila e Cons. Antônio<br />

Carlos Andra<strong>da</strong>, que aprovaram, por unanimi<strong>da</strong><strong>de</strong>, o parecer exara<strong>do</strong> pelo relator.<br />

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