trabalho rev - Feevale
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CENTRO UNIVERSITÁRIO FEEVALE<br />
FERNANDO RICARDO GERLACH<br />
UM ESTUDO SOBRE AS FINANÇAS DE CASAIS SEM FILHOS:<br />
POR QUE É TÃO DIFÍCIL PLANEJAR?<br />
NOVO HAMBURGO, 2009.
FERNANDO RICARDO GERLACH<br />
UM ESTUDO SOBRE AS FINANÇAS DOS CASAIS SEM FILHOS:<br />
POR QUE É TÃO DIFÍCIL PLANEJAR?<br />
Centro Universitário <strong>Feevale</strong><br />
Instituto de Ciências Sociais Aplicadas<br />
Curso de Administração de Empresas<br />
Trabalho de Conclusão de Curso<br />
Professor Orientador: Ms. César Augusto Roth<br />
Novo Hamburgo, outubro de 2009.
FERNANDO RICARDO GERLACH<br />
Trabalho de Conclusão do Curso de Administração – Habilitação Administração<br />
de Empresas, com título UM ESTUDO SOBRE AS FINANÇAS DOS CASAIS<br />
SEM FILHOS: POR QUE É TÃO DIFÍCIL PLANEJAR? , submetido ao corpo<br />
docente do Centro Universitário <strong>Feevale</strong>, como requisito necessário para a<br />
obtenção do grau de Bacharel em Administração de Empresas.<br />
Aprovado por:<br />
___________________________________<br />
Prof. Ms. Cesar Augusto Roth<br />
Orientador<br />
___________________________________<br />
___________________________________<br />
Novo Hamburgo, outubro de 2009.
DEDICATÓRIA<br />
Dedico este momento à memória de meu pai<br />
Silfredo, pelos ensinamentos que me<br />
proporcionou enquanto esteve conosco, à<br />
minha mãe pelo seu amor, amizade, apoio e<br />
incentivo para que concluísse esta etapa da<br />
minha vida.
AGRADECIMENTOS<br />
Gostaria de agradecer a Deus, pela vida, pelo privilégio de ter condições para<br />
concluir a faculdade de Administração de Empresas.<br />
Agradecer aos meus pais, Silfredo e Maria pelos ensinamentos e conselhos<br />
para que eu me torne uma pessoa justa e com caráter.<br />
Aos meus familiares que sempre estiveram do meu lado nas horas difíceis.<br />
Colegas e amigos que eu fiz durante todos esses anos da faculdade.<br />
Os casais que me ajudaram nessa pesquisa, pela sua dedicação e paciência.<br />
Aos professores que eu tive ao longo da faculdade, que sempre me ajudaram a<br />
buscar os meus objetivos.<br />
Meu amigo, Mestre e professor César Roth que orientou meu <strong>trabalho</strong>, para<br />
que eu possa concluir meu curso.<br />
Enfim a todos que sempre me apoiaram um forte abraço.
A semana inteira fiquei esperando<br />
Pra te ver sorrindo<br />
Pra te ver cantando<br />
Quando a gente ama não pensa<br />
em dinheiro<br />
Só se quer amar<br />
Se quer amar<br />
Se quer amar<br />
De jeito maneira<br />
Não quero dinheiro<br />
Quero amor sincero<br />
Isso que eu espero<br />
Digo ao mundo inteiro<br />
Não quero dinheiro<br />
Eu só quero amar<br />
Tim Maia, “Não quero dinheiro”
RESUMO<br />
Este estudo tem como tema o planejamento financeiro de casais sem filhos.<br />
Percebe-se no cotidiano que as pessoas em geral não têm o hábito de fazer<br />
planejamento financeiro, nem de controlar seus gastos. Ao mesmo tempo, o<br />
número de divórcios no país vem crescendo, e uma das causas do término<br />
desses relacionamentos é o dinheiro – o excesso ou a falta dele. No entanto,<br />
as pessoas têm dificuldade de enxergar que o problema é o dinheiro, e acabam<br />
por mascarar o problema. Aliado a isso está a falta de diálogo entre os casais<br />
acerca do assunto. Conforme comprovado na pesquisa realizada, a maioria<br />
dos casais não costuma conversar sobre dinheiro, e quando o fazem a situação<br />
geralmente já não é de fácil solução. Dessa forma, busca-se ressaltar a<br />
importância do planejamento financeiro e da educação financeira, através da<br />
pesquisa realizada com dez casais sem filhos com renda entre dois e cinco<br />
salários mínimos. Esses casais responderam a um questionário, composto de<br />
quatorze questões abertas e fechadas, acerca de planejamento financeiro,<br />
controle de gastos e hábitos financeiros, em que se pode concluir que a maioria<br />
dos casais não faz planejamento financeiro, não elabora orçamento doméstico<br />
e não conversa sobre dinheiro. Para a realização da pesquisa foram utilizados<br />
conceitos de administração, contabilidade, finanças, economia, e até mesmo<br />
de psicologia, no que tange o comportamento dos casais em relação ao<br />
dinheiro. Nota-se que o assunto dinheiro ainda representa um tabu entre os<br />
casais, e que a entrada da mulher no mercado de <strong>trabalho</strong> provocou algumas<br />
alterações no orçamento doméstico, principalmente no que diz respeito ao<br />
pagamento das despesas do lar.<br />
Palavras-chave: planejamento financeiro; orçamento doméstico; dinheiro;<br />
casamento.
ABSTRACT<br />
This study takes the financial projection of couples as a subject without children.<br />
It is realized in the daily life that the persons in general are not in the habit of<br />
doing financial projection, not even of controlling his expenses. At the same<br />
time, the number of divorces in the country is growing, and one of the causes of<br />
the end of these relationships is the money – the excess or his lack. However,<br />
the persons have difficulty to see that the problem is the money, and mask the<br />
problem again. Allied to that is the lack of dialog between the couples about the<br />
subject. According to proved in the fulfilled inquiry, most of the couples do not<br />
usually talk on money, and when they do it the situation generally already is not<br />
of easy solution. In this form, it is looked to emphasize the importance of the<br />
financial projection and of the financial education, through the inquiry carried out<br />
with ten couples without children with income between two and five minimum<br />
wages. These couples responded to a questionnaire been composed of<br />
fourteen questions open and shut, about financial projection, control of<br />
expenses and financial habits, in which it is possible to end that most of the<br />
couples do not do financial projection, do not prepare domestic budget and it<br />
does not talk on money. For the realization of the inquiry there were even used<br />
concepts of administration, accountancy, finances, economy, and of<br />
psychology, in what it plays the behavior of the couples regarding the money. It<br />
is noticed that the subject money still represents a taboo between the couples,<br />
and that the entry of the woman in the labor market provoked some alterations<br />
in the domestic budget, principally what concerns the payment of the expenses<br />
of the home.<br />
Key-words: financial projection; domestic budget; money; marriage.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO<br />
O presente estudo tem com tema o planejamento financeiro, que é algo<br />
essencial a cada um de nós. Sem ele, não há organização das finanças e não<br />
se percebe quando o dinheiro entra ou sai da carteira. E muitas vezes ele sai<br />
mais rápido do que entra, o que inviabiliza projetos como a compra da casa<br />
própria, ou um plano de aposentadoria, ou ainda aquela viagem de férias.<br />
Para Silva Neto (2003), o planejamento financeiro deve ser encarado<br />
como um compromisso muito especial, ou até mesmo como uma necessidade<br />
e uma obrigação que cada um tem consigo e com seus dependentes.<br />
Sendo o planejamento financeiro algo tão importante para uma pessoa,<br />
é evidente que quando se tem uma família sua importância é potencializada.<br />
Planejar o futuro financeiro neste caso torna-se um assunto ainda mais<br />
delicado, pois cada decisão a respeito do que fazer com o dinheiro precisará<br />
contemplar os objetivos de todos os envolvidos, para que possa obter seu<br />
apoio.<br />
Para planejar a vida financeira a dois é preciso que o casal se conheça<br />
bem, não só financeiramente, mas também em relação aos sonhos e objetivos<br />
que cada um tem. Para Cerbasi (2004), se isto não ocorrer, os sonhos e<br />
objetivos de um, se tornarão empecilhos para a realização dos sonhos e<br />
objetivos do outro, e isto pode levar ao fim de um relacionamento.
Cerbasi destaca ainda que deve ser observado também o perfil de<br />
cada um. Se um é gastador, e o outro é poupador, por exemplo, os dois<br />
precisam de uma boa conversa para estabelecer objetivos comuns, e para que<br />
o poupador consiga convencer o gastador da importância de formar uma<br />
reserva financeira. Por outro lado, o gastador precisará convencer o poupador<br />
que o dinheiro por si só, não é um fim e sim um meio de se atingir<br />
determinados objetivos.<br />
Esta realidade reflete o problema de pesquisa deste estudo, que pode<br />
ser dado pelo seguinte questionamento: como casais, em que ambas as partes<br />
têm perfis diferentes de receitas, gastos e investimentos organizam o seu<br />
orçamento doméstico (quando organizam)?<br />
Nesse sentido, pode-se afirmar que o diálogo é essencial, não só na<br />
vida amorosa de um casal, mas também em sua vida financeira. O que se<br />
percebe, segundo Cerbasi (2004), é que os casais não costumam conversar<br />
sobre dinheiro quando as coisas vão bem. E quando vão mal, têm uma grande<br />
dificuldade em enxergar que o problema é financeiro. Se não saem para jantar,<br />
não é por falta de dinheiro, e sim de romantismo. Se não podem comprar<br />
roupas novas, o problema então passa a ser desleixo. E essas percepções<br />
errôneas culminam em discussões, que podem levar o casal inclusive ao<br />
divórcio.<br />
Desta forma, a hipótese apresentada é a de que se houver diálogo<br />
entre o casal, então a chance de sucesso do planejamento financeiro é<br />
bastante grande.<br />
A possibilidade de uma pessoa elaborar um planejamento financeiro<br />
em sua vida adulta é conseqüência, em parte, da educação que recebeu dos<br />
pais. Nesse sentido, Silva Neto (2003), Segundo Filho (2003) e Kiyosaki e<br />
Lechter (2000) destacam em suas obras a necessidade de se ensinar aos<br />
filhos desde pequenos como lidar com dinheiro. Eles defendem que a<br />
educação básica das crianças nas escolas deveria incluir aulas de<br />
administração financeira. Kiyosaki e Lechter (2000) destacam que como isso<br />
não ocorre, cabe aos pais ensinar a seus filhos sobre como lidar com o
dinheiro. Assim a criança acaba destinada a ter o mesmo futuro financeiro dos<br />
pais. Se os pais são pobres, as crianças quando adultas tendem a ser pobres.<br />
Por outro lado, Segundo Filho (2003), destaca que os pais ricos<br />
tendem a dar tudo que seus filhos querem, pensando que o fato de eles terem<br />
uma boa situação financeira, automaticamente fará com que seus filhos<br />
também sejam financeiramente bem sucedidos. Mas na maioria dos casos não<br />
é isso que acontece, e esses filhos acabam não aprendendo o verdadeiro valor<br />
do dinheiro. Não é raro encontrar empresas que não passaram da terceira<br />
geração, porque os herdeiros não souberam administrar o que receberam. Ou<br />
então, famílias que tradicionalmente possuíam muitos bens, e que com o<br />
falecimento dos pais, os herdeiros acabaram vendendo tudo por preços abaixo<br />
do mercado para cobrir uma situação financeira ruim.<br />
Dessa forma, a pesquisa proposta neste estudo torna-se indispensável<br />
à sociedade como um todo, pois se tornará um meio de difusão da importância<br />
do planejamento financeiro, considerando a dificuldade que muitas pessoas<br />
têm em administrar o que ganham.<br />
A pesquisa também dá sua contribuição ao meio acadêmico, tratando<br />
de um assunto talvez até bastante explorado nos mais diversos níveis<br />
acadêmicos, mas com uma ênfase diferente. A maioria dos <strong>trabalho</strong>s<br />
formulados se refere a finanças para uma pessoa individualmente. Já este<br />
<strong>trabalho</strong> se trata de planejamento financeiro para casais, pessoas que já não<br />
vivem mais sozinhas, que precisam planejar tudo para dois, a fim de que<br />
ninguém se sinta prejudicado pelas decisões tomadas. Visto que a tendência<br />
natural do ser humano não é viver sozinho, e sim constituir uma família, a<br />
pesquisa ganha uma importância ainda maior, pois não abrange apenas o lado<br />
financeiro da questão, mas também social e humano.<br />
Como já foi dito anteriormente, o planejamento financeiro, quando<br />
envolve um casal, precisa levar em conta as vontades de ambos para que<br />
possa atingir seus objetivos. Uma reportagem da <strong>rev</strong>ista Você SA de junho de<br />
2004, <strong>rev</strong>ela que 38% dos casais ent<strong>rev</strong>istados assumem que já brigaram por<br />
causa de dinheiro. Segundo a reportagem, os homens reclamam que as
mulheres gastam demais, e as mulheres discordam da decisão deles sobre<br />
como e onde investir o dinheiro.<br />
Sendo assim, este <strong>trabalho</strong> não aborda apenas a importância da<br />
elaboração do planejamento financeiro e do orçamento doméstico, mas<br />
também oferece alternativas para corrigir os problemas encontrados.<br />
Quando as contas não fecham, e o casal percebe que está gastando<br />
mais do que ganha, só existem duas alternativas: diminuir as despesas ou<br />
aumentar as receitas. Pequenas mudanças de hábitos do cotidiano, no sentido<br />
de economizar água, luz, telefone e controlar aqueles impulsos de consumo<br />
podem representar uma boa redução de despesas e equilibrar o orçamento. Ao<br />
mesmo tempo, pode-se procurar alternativas para aumentar as receitas, seja<br />
através de um negócio próprio ou da aplicação do dinheiro em ativos que<br />
possam gerar renda.<br />
A aplicação do dinheiro que sobra no mês, deve ser feita de acordo<br />
com os objetivos financeiros do casal. Existem diversos tipos de aplicações<br />
financeiras, cada uma com características diferentes que também devem ser<br />
consideradas no momento do investimento. Para que se possa tomar a melhor<br />
decisão, essas opções de investimento e suas características também são<br />
abordadas neste estudo.<br />
O objetivo geral deste <strong>trabalho</strong> é estudar o comportamento financeiro de<br />
10 casais sem filhos com renda entre 2 e 5 salários mínimos.<br />
A fim de possibilitar este estudo, são definidos os seguintes objetivos<br />
específicos:<br />
- conceituar planejamento financeiro;<br />
- apresentar um exemplo de planilhas de orçamento doméstico,<br />
Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado;<br />
- destacar a importância de poupar;<br />
- estudar os diferentes tipos de investimentos disponíveis no mercado;
- apresentar alternativas de redução das despesas domésticas e<br />
aumento das receitas do casal a fim de equilibrar as contas;<br />
A pesquisa foi desenvolvida através de monografia, com a aplicação de<br />
questionário para o levantamento dos dados.<br />
O <strong>trabalho</strong> está dividido em capítulos. No primeiro capítulo é destacada<br />
a importância do planejamento financeiro e da educação financeira. È<br />
apresentado também um modelo de planilha de controle de gastos, balanço<br />
patrimonial e demonstração de resultado que possam ser utilizados pelos<br />
casais. Além disso, procura-se transc<strong>rev</strong>er o que dizem os autores acerca do<br />
relacionamento dos casais com o dinheiro.<br />
O segundo capítulo apresenta alternativas para o equilíbrio das finanças.<br />
São apresentadas formas de economizar nos principais gastos do dia a dia,<br />
como alimentação, água, luz, telefone, higiene, saúde e cuidados pessoais.<br />
Também são apresentadas sugestões para o incremento das receitas.<br />
No terceiro capítulo, os principais tipos de investimento são<br />
apresentados e caracterizados. Como se pode notar, os capítulos estão<br />
ordenados de forma a justificar a importância do planejamento financeiro e da<br />
elaboração do orçamento doméstico, apresentado alternativas para a correção<br />
deste orçamento ao se apresentar formas de diminuir as despesas. Da mesma<br />
forma são apresentadas alternativas que possibilitem o aumento das receitas.<br />
Sobrando dinheiro, é possível fazer investimentos e para auxiliar nesta decisão<br />
são apresentados os tipos de aplicação financeira existentes no mercado ao<br />
alcance das pessoas físicas.<br />
No quarto capítulo é apresentada a metodologia utilizada para o<br />
desenvolvimento da pesquisa e no quinto capítulo os dados obtidos são<br />
apresentados e analisados.
1. PLANEJAMENTO FINANCEIRO<br />
No mundo atual, as pessoas vivem uma rotina agitada, de estresse,<br />
pressão no <strong>trabalho</strong> e ainda no caso das mulheres, a dupla jornada. Apesar<br />
disso, as pessoas tem tido uma vida cada vez mais longa, e isso proporciona<br />
maior tempo para descanso na velhice, mas ao mesmo tempo traz uma<br />
preocupação, pois nessa vida mais longa, muitos já não podem ou não querem<br />
mais trabalhar e sim aproveitar o momento tão esperado depois de longos anos<br />
de <strong>trabalho</strong>, que é o momento do descanso.<br />
Isso pode soar bem aos ouvidos de muitos, mas será que eles já<br />
pararam para pensar em como será esse momento? Com que recursos irão<br />
aproveitar esses momentos que deveriam ser de tranqüilidade? Para quem<br />
teve um bom planejamento financeiro durante sua vida de <strong>trabalho</strong> não há<br />
motivos para preocupação. O problema é que a grande maioria das pessoas<br />
não planeja suas finanças, e quando chega ao fim da vida acaba sofrendo por<br />
isso.<br />
Nesse sentido Silva Neto (2003) salienta a importância do planejamento<br />
financeiro. Para ele “(...) independente da nossa idade, nunca é cedo demais,<br />
ou tarde demais, para iniciar o planejamento financeiro.” (p. 78). O autor<br />
ressalta ainda a importância da educação financeira, que para ele deveria<br />
entrar no currículo básico das escolas.<br />
Já Segundo Filho (2003) ressalta a importância de os pais ensinarem os<br />
filhos a poupar desde pequenos. Segundo ele, não é pelo fato de a família ter<br />
dinheiro que se deve dar tudo aos filhos. Eles precisam aprender o valor do<br />
dinheiro e o quanto é difícil ganhá-lo. Muitos pais ricos pensam que sua fortuna<br />
automaticamente transformará seus filhos em adultos bem sucedidos, mas<br />
nem sempre isso acontece.
Kiyosaki e Lechter (2000) destacam que o mundo sofreu profundas<br />
transformações e que os conselhos que os pais davam antigamente a seus<br />
filhos, de que deveriam estudar e tirar boas notas para garantir um bom<br />
emprego já não servem mais. O que acontece na maioria dos casos, é que os<br />
jovens de hoje têm cartão de crédito sem nunca ter aprendido nada sobre<br />
dinheiro, afinal as escolas básicas não têm aulas de educação financeira, e os<br />
diálogos em casa a respeito também não são comuns. Além disso, o mundo<br />
atual, incentiva mais o consumo do que a poupança.<br />
Kiyosaki e Lechter relatam ainda o seguinte:<br />
O dinheiro é uma forma de poder. Mais poderosa ainda, entretanto, é<br />
a instrução financeira. O dinheiro vem e vai, mas se você tiver sido<br />
educado quanto ao funcionamento do dinheiro, você adquire poder<br />
sobre ele e pode começar a construir riqueza. O motivo pelo qual o<br />
simples pensamento positivo não funciona é porque a maioria das<br />
pessoas foi à escola e nunca aprendeu como o dinheiro funciona, e<br />
assim passam suas vidas trabalhando pelo dinheiro. 2000, p. 26<br />
A educação financeira é de fato muito importante. Provavelmente se<br />
tivéssemos aprendido algo sobre dinheiro na escola nos tornaríamos adultos<br />
mais inteligentes financeiramente, e adeptos de um planejamento financeiro<br />
impecável.<br />
Mas o que é de fato planejamento financeiro? Para responder essa<br />
questão será utilizada neste <strong>trabalho</strong> a definição dada por Victor G. Hallman e<br />
Jerry S. Rosenbloom apud Silva Neto (2003, p. 71).<br />
Planejamento financeiro pessoal é o desenvolvimento e<br />
implementação de um plano total, coordenado, para se chegar à<br />
condição financeira desejada. Os elementos essenciais desse<br />
conceito são o desenvolvimento de um plano que atenda a todas as<br />
necessidades financeiras de uma pessoa buscando atingir os<br />
objetivos financeiros totais de cada um.
Dinheiro realmente não é uma questão muito discutida nas famílias. E<br />
quando entra em discussão certamente não é porque está sobrando, e sim<br />
pelo contrário. A verdade é que a maioria das pessoas só se preocupa com o<br />
dinheiro quando ele falta. Para evitar que isso ocorra, é imprescindível a<br />
elaboração do orçamento financeiro, e antes ainda do planejamento financeiro.<br />
1.1 ELABORANDO O PLANEJAMENTO FINANCEIRO<br />
Para Cerbasi (2004) elaborar um planejamento financeiro não é tão<br />
difícil, e pode se tornar algo prazeroso. Ele aponta três razões para que as<br />
pessoas falhem neste planejamento. A primeira é a tendência natural que as<br />
pessoas têm de deixar sua vida pessoal em segundo plano, inclusive o<br />
planejamento financeiro. A segunda é a burocracia exigida na elaboração de<br />
um plano de gastos e investimentos. Com certeza esta atividade não é tão<br />
atraente, quanto inúmeras outras que poderiam estar sendo feitas naquele<br />
período. A terceira e última razão é a sedução do dinheiro. É difícil resistir às<br />
tentações do consumo, mesmo quando se está convencido da importância de<br />
poupar.<br />
Cerbasi (2004) ressalta que mais importante do que conquistar um<br />
padrão de vida é mantê-lo e é para isso que serve o planejamento financeiro.<br />
Poupar não se justifica por si só. É preciso haver um rumo, um objetivo. O<br />
dinheiro guardado não trará segurança, se você não souber quanto custa esta<br />
segurança. O autor lembra ainda que muitas pessoas não formam reservas<br />
em dinheiro e preferem fazê-lo adquirindo imóveis para deixar de herança aos<br />
filhos. Mas poucos são os filhos que usufruem o bem herdado, a maioria vende<br />
o imóvel abaixo do valor de mercado por estar em dificuldades financeiras.<br />
Enquanto isso, se a herança tivesse sido em dinheiro não se desvalorizaria a<br />
tal ponto.<br />
Segundo Silva Neto (2003) na elaboração de um planejamento<br />
financeiro, a primeira coisa a ser feita é uma avaliação da condição financeira,
para então traçar os objetivos. Cabe lembrar que estes objetivos devem ser<br />
compatíveis com a realidade de cada um. Por exemplo, se determinada pessoa<br />
tem renda de classe média, certamente colocar entre seus objetivos a compra<br />
de uma Ferrari pode fazê-la desistir rapidamente, uma vez que ela perceba que<br />
se tornará muito doloroso atingir este objetivo.<br />
O segundo passo é traçar um plano abrangente e completo que permita<br />
alcançar a condição financeira desejada. Este plano deve incluir tudo o que se<br />
precisa para ter uma vida confortável e garantir segurança a longo prazo.<br />
Este plano deve ser também coordenado, levando em conta as<br />
necessidades e desejos de curto, médio e longo prazo. Ainda assim, nenhum<br />
plano é definitivo, uma vez que sempre aparecem imp<strong>rev</strong>istos que podem<br />
acabar com o nosso planejamento. Por isso todo planejamento precisa ser<br />
constantemente ajustado.<br />
O autor destaca ainda que é importante estabelecer uma política de<br />
investimentos, a fim de delimitar e definir quais os investimentos que mais se<br />
adéquam aos objetivos estabelecidos no plano.<br />
A Cartilha Mulheres em Ação da Bovespa (2005), explica<br />
detalhadamente o que é necessário que se faça para elaborar um bom<br />
planejamento financeiro. A seguir são apresentadas essas sugestões.<br />
1) Defina os objetivos e estratégias: qual o projeto de vida?<br />
2) Reúna os familiares ou pessoas envolvidas para conhecerem os<br />
planos e negocie comprometimento de todos;<br />
3) Faça um levantamento detalhado da situação atual de todos os<br />
gastos e rendimentos líquidos, por três meses ou mais.<br />
4) Analise e discuta os gastos identificando os supérfluos e quais<br />
despesas a cortar que afetam o padrão de vida projetado.<br />
5) Definir os objetivos por ordem de prioridade, separando-os por curto<br />
prazo (um ano), médio prazo (cinco anos) e longo prazo (acima de
cinco anos).<br />
6) Elimine dívidas e inicie um programa de poupança, um mínimo por<br />
mês, para se educar na disciplina e começar a investir.<br />
7) Estude as melhores alternativas de investir a poupança acumulada.<br />
Observe os princípios: rendimento, liquidez e risco. Avalie a<br />
idoneidade e tradição das instituições financeiras ou emitentes de<br />
títulos.<br />
8) Ao investir considere aspectos tributários: Imposto de Renda Pessoa<br />
Física, Imposto de Renda na Fonte, IOF, Taxas de Administração e<br />
custos fixos dos bancos.<br />
9) Evite dívidas e compras a prazo com juros maiores que suas<br />
aplicações. Dívida de casa própria ou bens de grande valor devem<br />
estar cobertos com seguros.<br />
10) Periodicamente, de seis em seis meses, avalie a situação patrimonial<br />
e resultados alcançados, se necessário, reorientar a estratégia.<br />
A seguir serão apresentados modelos de planilha de controle de gastos,<br />
balanço patrimonial e demonstração de resultado, elementos que ajudam a<br />
definir e ajustar o planejamento financeiro.<br />
1.2 ORÇAMENTO FINANCEIRO PESSOAL<br />
Segundo Silva Neto (2003), para elaborar um planejamento financeiro é<br />
necessário saber quanto você ganha e gasta hoje. Ele propõe um modelo de<br />
planilha de controle de gastos e sugere que se acompanhem rigorosamente as<br />
despesas por três meses. Através desta planilha se torna possível saber<br />
exatamente em que você está gastando seu dinheiro, e assim fica mais fácil
saber onde estão os gastos que poderiam ser cortados ou diminuídos, gerando<br />
a possibilidade de poupar para investir e garantir um futuro financeiro tranqüilo.<br />
A planilha de gastos sugerida por Silva Neto está transcrita a seguir.<br />
Item R$ Item R$<br />
Academia<br />
Luz<br />
Água<br />
Médico / Farmácia / Saúde<br />
Combustível<br />
Poup. Aposentadoria<br />
Condomínio<br />
Poup. Curto Prazo<br />
Dentista<br />
Poup. Educação<br />
Diversão<br />
Restaurante<br />
Empregados<br />
Seguro de Vida<br />
Escola / Educação<br />
Seguro do Carro<br />
Gás<br />
Supermercado<br />
Impostos e Taxas<br />
Telefone<br />
Livros / Periódicos<br />
Vestuário<br />
Quadro 1: Planilha de Gastos<br />
Fonte: Silva Neto (2003)<br />
A planilha de gastos apresentada é apenas um modelo, uma sugestão.<br />
Cada um pode montar sua própria planilha, incluindo ou excluindo o que achar<br />
necessário. Pode-se perceber que alguns gastos são esporádicos, como o<br />
seguro e as despesas médicas, mas devemos estar preparados para eles<br />
assim que ocorrerem, daí a importância de constarem na planilha.<br />
Para Halfeld (2001) não basta apenas elaborar uma planilha de gastos.<br />
Mais do que isso é necessário controle sobre o seu patrimônio, para saber se<br />
ele está crescendo ou não. Para essa tarefa é necessário que se elabore um<br />
Balanço Patrimonial do indivíduo ou da família.<br />
O Balanço Patrimonial é composto pelo Ativo, pelo Passivo e pelo<br />
Patrimônio Líquido.
Ativo é o conjunto de bens e direitos de uma pessoa ou empresa.<br />
Incluem-se aí, por exemplo, saldo em conta corrente, aplicações financeiras,<br />
imóveis, saldo de FGTS e outros.<br />
O Passivo é o conjunto de dívidas e obrigações desta pessoa ou<br />
empresa. É composto por contas a pagar, empréstimos, financiamentos.<br />
Já o Patrimônio Líquido representa a riqueza que se possui, é obtido<br />
pela diferença entre Ativo e Passivo.<br />
A seguir é apresentado um modelo de Balanço Patrimonial.<br />
BALANÇO PATRIMONIAL<br />
ATIVO<br />
ATIVO DE CURTO PRAZO<br />
PASSIVO<br />
EXIGÍVEL A CUTO PRAZO<br />
Saldo na conta corrente R$ Cartão de crédito R$<br />
Fundo de Renda Fixa DI R$<br />
ATIVO DE LONGO PRAZO<br />
Saldo devedor de financiamento do<br />
automóvel R$<br />
Prestação com vencimento em<br />
menos de 1 ano R$<br />
Empréstimo concedido a alguém R$ EXIGÍVEL A LONGO PRAZO<br />
FGTS R$<br />
Prestação com vencimento após um<br />
ano R$<br />
ATIVO PERMANENTE SUBTOTAL R$<br />
Apartamento R$ PATRIMÔNIO LÍQUIDO<br />
Carro R$<br />
Ativo - Passivo Exigível = Patrimônio<br />
Líquido<br />
TOTAL R$ TOTAL R$<br />
Quadro 2: Balanço patrimonial<br />
Fonte: Halfeld (2001)<br />
Além do Balanço Patrimonial, Halfeld (2001) sugere ainda a elaboração<br />
de um Demonstrativo de Resultado, que possibilita a visualização de cada
despesa e cada receita e ainda da diferença entre ambas. Essa montagem nos<br />
permite perceber se sobra ou falta dinheiro e por que. Além disso, é possível<br />
enxergar a soma de todos os pequenos gastos realizados durante o mês,<br />
aqueles que você julga inofensivos, mas que somados se tornam uma ameaça<br />
ao seu planejamento financeiro.<br />
A seguir o modelo de Demonstrativo de Resultado sugerido por Halfeld.<br />
RESULTADO DO MÊS<br />
RECEITAS<br />
Salário líquido R$<br />
DESPESAS<br />
Gastos com alimentação R$<br />
Gastos com academia de ginástica R$<br />
Prestação de imóvel R$<br />
Automóvel (seguro, prestação, gasolina etc.) R$<br />
Lazer R$<br />
Plano de saúde R$<br />
Roupas e acessórios R$<br />
Subtotal R$<br />
Resultado disponível para investir R$<br />
Quadro 3: Demonstrativo de Resultado<br />
Fonte: Halfeld (2001)<br />
Uma vez elaborados todos esses instrumentos, já é possível perceber o<br />
que precisa ser corrigido para que se possa realizar aquele sonho antigo ou<br />
então formar um fundo de reserva para a aposentadoria. Mas, como<br />
normalmente as pessoas não vivem sozinhas, costumam constituir família, é<br />
imprescindível que todos se conscientizem e colaborem para a execução deste<br />
planejamento. Esse assunto será tratado nas próximas linhas.
1.3 PLANEJAMENTO FINANCEIRO EM FAMÍLIA<br />
Negócio de família – é assim que Silva Neto (2003) define o<br />
planejamento financeiro. Para que se consiga atingir os objetivos almejados no<br />
planejamento é essencial que todos colaborem em todas as fases do<br />
planejamento, pois este não um compromisso de apenas uma pessoa, mas de<br />
uma família inteira. Silva Neto (2003, p. 73) ressalta que se todos estiverem<br />
comprometidos “fica mais fácil gerenciar as tentações, minimizando até<br />
incompreensão e aumentando o senso de responsabilidade de todos”.<br />
Sobre planejamento financeiro e família o autor destaca ainda que:<br />
Planejamento financeiro e compromisso devem ser parceiros<br />
inseparáveis; sem um o outro nunca será efetivo e completo. Uma<br />
família é uma instituição muito importante, instabilidade financeira<br />
pode destruí-la; portanto, é do interesse dela própria garantir recursos<br />
suficientes para que tenha condições de existir e desenvolver-se.<br />
SILVA NETO, 2003, p. 74.<br />
Cerbasi (2004) também ressalta a importância do planejamento<br />
financeiro levar em conta os desejos e necessidades de todos os envolvidos.<br />
Segundo ele (2004, p. 13) “grande parte dos problemas de relacionamento<br />
entre marido e mulher começa no dinheiro – no excesso ou na falta dele”. O<br />
autor conta ainda que na maioria das vezes as pessoas não percebem que o<br />
problema é financeiro, e isso <strong>rev</strong>ela um problema bastante comum: não saber<br />
lidar com o dinheiro e torná-lo suficiente às necessidades.<br />
O autor destaca ainda que quando os casais possuem mais dinheiro,<br />
raramente conversam sobre como utilizá-lo, e passam a culpar um ao outro por<br />
qualquer motivo, e isso leva a confrontos que mais tarde podem acabar em<br />
separação.
Cerbasi (2004) esclarece que o problema é que ninguém conversa sobre<br />
dinheiro quando está tudo bem. Os casais deixam para conversar e buscar<br />
alternativas quando elas já não são mais tão simples.<br />
O autor também destaca que:<br />
(...) Hoje, a mulher não só conquistou uma posição social e<br />
profissional equiparada à do homem como passou a discutir e dividir<br />
o controle do planejamento e das finanças a família e dos negócios<br />
familiares. Essa nova realidade também gerou a necessidade de<br />
chegar a um acordo sobre a administração da renda familiar em<br />
parceria. CERBASI, 2004, p. 14<br />
Cerbasi (2004) esc<strong>rev</strong>e que assim como a vida amorosa de um casal, a<br />
vida financeira também precisa de muito diálogo. Mas não adianta apenas<br />
conversar. Os objetivos de cada um precisam ficar bem claros ao outro para<br />
que também possam ser atingidos. Se isto não acontecer, os sonhos de um<br />
podem acabar se tornando empecilhos para as conquistas do outro.<br />
1.4 CASAIS SEM FILHOS E O DINHEIRO<br />
Guimarães (2007) em sua dissertação intitulada “O seu, o meu e o<br />
nosso: o processo de construção conjunta do ‘compromisso financeiro’ do casal<br />
de dupla carreira na fase de aquisição do ciclo vital” faz um estudo a respeito<br />
dos fatores que envolvem o planejamento financeiro de casais sem filhos.<br />
Segundo ela, existem várias temáticas envolvidas quando o assunto é dinheiro<br />
no casamento, as quais se fará uma tentativa de transcrição neste <strong>trabalho</strong>.<br />
Em primeiro plano, a autora relata que homens e mulheres encaram o<br />
dinheiro de formas diferentes. Isso é reflexo do tratamento que recebem da<br />
família desde a infância, quando os meninos são estimulados a competir,
enquanto que as meninas são mais protegidas. Segundo a autora,<br />
historicamente, os meninos são criados para serem independentes e bem<br />
pagos, enquanto que as meninas ouvem de suas famílias que devem se casar<br />
com um homem que as sustente. Ainda assim, atualmente, as mulheres têm<br />
buscado a independência financeira, mas foram ensinadas que os homens<br />
entendem mais de dinheiro do que elas, e acabam por se tornar dependentes,<br />
ou por ouvir demais o que os outros pensam ou por não terem coragem de<br />
tomar suas próprias decisões.<br />
Dessa forma, pode-se entender que cada um traz consigo em um<br />
relacionamento uma bagagem em relação a dinheiro que irá afetar seu<br />
relacionamento conjugal e com o dinheiro diretamente.<br />
Para a autora:<br />
(...) Há diferenças ao se pensar no significado do dinheiro dentro de<br />
uma relação de casal. Tais diferenças <strong>rev</strong>elam-se em estilos, em<br />
modelos herdados das famílias de origem sob a forma de mitos,<br />
crenças, modelos culturais e sociais que exercem influência no modo<br />
de lidar com o dinheiro. GUIMARÃES, 2007, p. 38.<br />
Segundo Guimarães (2007), a mulher normalmente faz mais gastos com<br />
a casa e com os filhos, já o homem procura gastar mais consigo mesmo, pois<br />
para ele dinheiro significa poder.<br />
Segundo a autora, atualmente as pessoas muitas vezes não formalizam<br />
seu casamento, apenas decidem morar juntas. Nesse sentido, ela observa que<br />
entre os casais legalmente casados normalmente existe uma visão universal do<br />
dinheiro do casal, ou seja, o dinheiro não é meu, é nosso. Já no caso dos<br />
casais que não formalizaram o casamento, existe uma visão mais individualista<br />
do dinheiro, o que ocorre em razão de questionarem a durabilidade, o<br />
comprometimento e a ideologia da relação.
Ainda nesse sentido, a autora desc<strong>rev</strong>e dois sistemas adotados pelos<br />
casais no que tange a administração do orçamento doméstico.<br />
- Administração independente do dinheiro: essa administração<br />
independente significa, em resumo, que não existe nosso. Cada um dos<br />
parceiros tem uma conta bancária, a qual o outro não tem acesso, e gasta seu<br />
dinheiro sem dar satisfação ao outro. As contas da casa são divididas ao meio,<br />
e as economias são separadas.<br />
- Administração parcialmente conjunta do dinheiro: nesse sistema cada<br />
um dos parceiros possui uma conta individual no banco e mais uma conta<br />
conjunta, a qual ambos têm acesso. Na conta individual realizam seus gastos<br />
pessoais, normalmente sem questionar o outro. Na conta conjunta depositam o<br />
dinheiro para as despesas da casa. Também nessa conta fazem os<br />
investimentos conjuntos, em busca de algum objetivo, como a compra da casa<br />
própria, por exemplo.<br />
Para a autora o dinheiro é capaz de gerar muitos conflitos entre os<br />
casais, e, além disso, pode acabar desencadeando ou trazendo a tona outros<br />
conflitos existentes. E isso pode se tornar motivo, inclusive, para uma<br />
separação.<br />
Como o dinheiro mal administrado pode trazer tantos problemas, serão<br />
apresentados no próximo capítulo formas de administrar o dinheiro, seja pela<br />
diminuição das despesas, seja pelo aumento das receitas.
2. COMO MELHORAR AS FINANÇAS<br />
Ao elaborar o planejamento financeiro podemos nos deparar com duas<br />
situações: sobrou ou faltou dinheiro. Quando da elaboração do orçamento,<br />
foram elencadas todas as receitas e todas as despesas realizadas ou p<strong>rev</strong>istas<br />
no mês. Muitas vezes poderá ser observado que a pessoa está gastando mais<br />
do que ganha, utilizando o crédito rotativo oferecido pelo seu banco no cartão<br />
de crédito ou cheque especial e consumindo além de suas reais possibilidades.<br />
Isso é um problema e precisa ser corrigido.<br />
Da mesma forma, ao elaborar seu orçamento financeiro pessoal, podese<br />
perceber que sobrará dinheiro naquele mês. Então o que fazer? Convidar os<br />
amigos para aquela festa de arromba? Ou poupar aquele dinheirinho que vai<br />
sobrar para realizar algum dos objetivos estabelecidos no planejamento<br />
financeiro?<br />
Nas linhas a seguir, serão apresentadas sugestões de procedimentos<br />
em ambos os casos, o da sobra ou falta de recursos.<br />
2.1 GASTOS ACIMA DAS RECEITAS
Se uma vez elaborado o orçamento financeiro for constatado que você<br />
está gastando mais do que ganha, é hora de refletir. O primeiro passo é avaliar<br />
seus gastos. Aquela compra era realmente necessária? Em outros casos,<br />
como as contas de água e luz, por exemplo, há sempre a possibilidade de<br />
economizar para diminuir aquele gasto e fazer com que ele comprometa um<br />
percentual menor da sua renda.<br />
Ewald (2007) separa as despesas em oito categorias: morar, comer, ir e<br />
vir, vestir, estudar, lazer, saúde e despesas financeiras. O autor esclarece<br />
ainda que há despesas que são passíveis de redução, já em outros casos não<br />
existem muitas alternativas. São as chamadas despesas elásticas e inelásticas.<br />
2.1.1 Despesas com Moradia<br />
A moradia é um desses itens praticamente inelásticos. As principais<br />
despesas desta categoria são o aluguel de um imóvel ou o pagamento da<br />
prestação da casa própria, ou seja, para que haja redução desta despesa seria<br />
necessária a troca do imóvel por um de menor valor. Nesta categoria ainda se<br />
enquadram despesas com condomínio, impostos e taxas, manutenção,<br />
seguros, água, luz, telefone e internet.<br />
Quanto à despesa com condomínio é preciso estar atento. É de fato uma<br />
despesa praticamente inelástica, mas é preciso tomar cuidado com os abusos.<br />
Outra despesa que pode ter um custo alto e trazer muitos problemas é a<br />
despesa com manutenção da casa, que consiste na contratação de serviços de<br />
profissionais autônomos para resolver problemas de encanamento, energia<br />
elétrica ou fazer alguma reforma necessária. É preciso buscar informações e<br />
referências sobre o profissional que se pretende contratar, pois nesse mercado<br />
existe muita gente séria e honesta, mas também existem aqueles que só<br />
querem levar vantagem. Por isso buscar referências é sempre recomendado. O
mesmo deve ser feito quando da contratação da diarista que cuidará da<br />
limpeza da casa, e na contratação de outros serviços que envolvam o seu lar.<br />
Quanto aos impostos, a única coisa a fazer para diminuir a despesa é<br />
tentar pagar a vista para obter o desconto normalmente p<strong>rev</strong>isto nesse caso.<br />
Os seguros devem ser contratados com um corretor de confiança e uma<br />
seguradora séria que realmente cumpra com o contrato na hora de um sinistro.<br />
Outra despesa relevante no orçamento doméstico costuma ser com<br />
telefonia e internet. Segundo Ewald (2007) estas despesas são hoje, os<br />
maiores cupins do orçamento doméstico, principalmente em razão do uso de<br />
celulares. O autor recomenda evitar o uso do celular, e se o uso for necessário<br />
preferir os pós pagos, que são mais baratos que os pré pagos.<br />
Também é importante identificar os horários mais baratos junto à<br />
operadora, principalmente nos interurbanos, assim é possível economizar até<br />
75% nas ligações.<br />
A internet é outro problema, pois além do custo do telefone há também o<br />
custo do provedor. Ao optar por um provedor grátis, pode-se passar por alguns<br />
problemas de conexão, além daquelas propagandas que ficam piscando na<br />
tela do seu computador. Quanto ao custo da ligação, a melhor forma de<br />
redução é acessar a rede mundial de computadores nos horários em que a<br />
tarifa é mais barata.<br />
As despesas com água e luz também podem ser controladas através de<br />
pequenas atitudes do seu cotidiano, como será mostrado a seguir<br />
2.1.1.1 Economia de água<br />
A Corsan – Companhia Riograndense deSaneamento disponibiliza em<br />
sua página na web algumas sugestões que permitem a economia de água no
seu dia a dia, assim como a Cagepa – Companhia de Água e Esgotos da<br />
Paraíba.<br />
- Procure tomar banhos rápidos, e desligue o chuveiro ao se ensaboar.<br />
- Não exagere na quantidade de água para as plantas. Procure utilizar o<br />
regador ao invés da mangueira ao regar as plantas no jardim.<br />
- Ao escovar os dentes feche a torneira. Reabra só quando enxaguar a<br />
boca. O mesmo vale ao fazer a barba, ou lavar as frutas e verduras para<br />
preparar a comida.<br />
- Fique atento aos vazamentos. Caixas d’água, torneiras e descargas<br />
pingando podem ser sinais desse desperdício.<br />
- Para lavar a calçada, utilize a vassoura para tirar a sujeira mais grossa<br />
e depois jogue água com uso de baldes. Lavar a calçada com mangueira gasta<br />
4 litros de água por minuto.<br />
- Lave seu carro apenas uma vez por semana, e utilize balde para isso.<br />
A lavagem com a mangueira consome cerca de 300 litros de água.<br />
- Ao lavar a louça suja, deixe a torneira fechada. Ensaboe toda a louça<br />
primeiro e depois enxágüe.<br />
Pode-se perceber que com pequenas mudanças de comportamento é<br />
possível ao mesmo tempo ajudar o planeta, afinal a água é recurso nãorenovável,<br />
e economizar algum dinheiro para equilibrar o orçamento doméstico.<br />
2.1.1.2 Economia de Energia Elétrica<br />
No que tange economia de energia elétrica, tem-se no Brasil o Procel –<br />
Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, cujo objetivo é<br />
promover a racionalização da produção e consumo de energia elétrica. Estão
listadas abaixo algumas formas de economizar energia divulgadas no folheto<br />
“Dicas de economia de energia para um mundo melhor” do Procel.<br />
- Ao comprar aparelhos eletrodomésticos e eletroeletrônicos, procure<br />
aqueles que têm o selo de Procel de economia de energia.<br />
- Evite deixar esses aparelhos em modo de espera, pois eles<br />
apresentam um consumo considerável de energia mesmo nessa condição.<br />
- Evite o uso de benjamins, pois isso pode causar aquecimento e<br />
sobrecarga.<br />
- Ao fazer a instalação elétrica use fiação adequada e procure<br />
profissionais qualificados.<br />
- Utilize sempre fitas isolantes nas emendas de fios, pois emendas mal<br />
feitas aumentam as perdas elétricas.<br />
- Dê preferência aos chuveiros com múltipla regulagem e compre<br />
aparelhos adequados ao seu clima. Se possível utilize aquecedores solares,<br />
além de economizar energia, estará ajudando na preservação do meio<br />
ambiente.<br />
- Use resistências originais, verificando a potência e a voltagem correta<br />
do chuveiro.<br />
- Limpe periodicamente os orifícios de saída de água do chuveiro.<br />
- Verifique periodicamente se as resistências estão limpas.<br />
- Rebaixe as luminárias instaladas entre as vigas e o teto da garagem.<br />
Isso aumentará a intensidade da iluminação, e talvez permita a redução da<br />
quantidade de lâmpadas.<br />
- Onde for possível, use uma lâmpada de maior potência em lugar de<br />
várias de menor potência.<br />
- Evite pintar as paredes internas com cores escuras, pois isso exigira<br />
das lâmpadas maior intensidade de iluminação.
- Em ambientes externos procure substituir as lâmpadas existentes por<br />
lâmpadas a vapor de sódio a alta pressão ou lâmpadas multivapor metálico,<br />
que fornecem mais energia com menos consumo.<br />
- Utilize somente lâmpadas de tensão compatível com a da rede da<br />
concessionária.<br />
- Analise a possibilidade de instalar temporizadores ou fotocélulas para<br />
controle da iluminação.<br />
- Se não houver temporizadores para as lâmpadas dos corredores e da<br />
garagem no seu prédio, pode ser instalado um dispositivo chamado minuteria,<br />
que permite manter as luzes ligadas temporariamente, racionalizando o<br />
consumo de energia.<br />
- Não use lâmpadas incandescentes de bulbo fosco dentro de globos,<br />
prefira as de bulbo transparente. Como os globos eliminam o ofuscamento,<br />
podem diminuir a luminosidade, exigindo lâmpadas de maior potência.<br />
- Procure substituir lâmpadas incandescentes por lâmpadas<br />
fluorescentes compactas, nos corredores, no hall social e nas escadas.<br />
- Se possível, refaça a instalação dos interruptores para permitir o<br />
desligamento de lâmpadas em desuso.<br />
- Onde houver muitas lâmpadas, estude a possibilidade de desligamento<br />
alternado.<br />
- Se na garagem houver lâmpadas fluorescentes comandadas, em<br />
grupo, estude a possibilidade de instalar interruptores individuais, pois eles<br />
permitirão o desligamento parcial da iluminação, evitando o consumo pleno o<br />
tempo todo.<br />
- Nas garagens procure iluminar somente as áreas de circulação de<br />
veículos, e não os boxes diretamente.<br />
- Ao desativar uma ou mais lâmpadas fluorescentes, não esqueça de<br />
desligar também o reator, caso contrário ele continuará consumindo energia.
Cuidados com o condicionador de ar:<br />
- Dimensione o tamanho do aparelho ao tamanho do ambiente.<br />
- Evite o frio excessivo, regulando o termostato.<br />
- Desligue o aparelho quando o ambiente estiver desocupado.<br />
- Não tape a saída de ar do aparelho.<br />
- Instale o aparelho o mais alto possível. Proteja a parte externa da<br />
incidência dos raios solares sem bloquear as grades de ventilação.<br />
- Mantenha janelas e portas fechadas quando o aparelho estiver ligado.<br />
- Evite o calor do sol no ambiente, através de venezianas externas. Se<br />
não for possível mantenha cortinas e persianas fechadas.<br />
Cuidados com as lâmpadas:<br />
- Prefira lâmpadas fluorescentes compactas ou circulares.<br />
- Substitua lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes<br />
compactas ou circulares nos locais em que elas ficam mais de três horas<br />
acessas por dia. Além de iluminar melhor, elas duram até oito vezes mais.<br />
- Evite acender as lâmpadas durante o dia.<br />
- Apague as lâmpadas em ambientes desocupados.<br />
- Utilize iluminação direta para <strong>trabalho</strong>s manuais e leitura.<br />
- Limpe sempre lâmpadas, luminárias e lustres.<br />
Cuidados com o computador:<br />
- Acione o recurso de economia de energia do computador. Ele desliga o<br />
monitor quando não estiver sendo usado por muito tempo.<br />
- Não deixe os acessórios ligados sem necessidade.
Microondas:<br />
vez.<br />
- Aproveite melhor a energia, esquentando vários alimentos de uma só<br />
- Retire os alimentos antes do freezer, evitando descongelá-los no<br />
microondas.<br />
- Não obstrua a saída de ar do aparelho, a fim de evitar o<br />
superaquecimento e obter melhor rendimento.<br />
- Mantenha a superfície do forno sempre limpa, a fim de permitir um<br />
cozimento mais eficiente.<br />
Condomínio<br />
- Utilize sempre que possível a iluminação natural.<br />
- Desligue as lâmpadas em ambientes desocupados.<br />
- Limpe sempre as paredes, janelas, pisos e forro. Uma superfície limpa<br />
e clara reflete melhor a luz.<br />
- Limpe também as lâmpadas e luminárias, pois a sujeira pode diminuir a<br />
luminosidade.<br />
- Substitua os difusores mais amarelados e opacos por difusores de<br />
acrílico claro.<br />
- Substitua luminárias antiquadas ou quebradas, por novas mais<br />
eficientes e de limpeza fácil.<br />
Máquina de lavar roupa:<br />
- Acumule as roupas para lavar a maior quantidade de uma só vez.<br />
Regule o volume de água a quantidade de roupa.<br />
- Use a dose certa de sabão, para evitar a repetição dos enxágües.<br />
- Mantenha o filtro sempre limpo.
Geladeira e freezer:<br />
- Instale o aparelho em local bem ventilado, longe do fogão e procure<br />
manter distância mínima de 15 cm com os armários.<br />
- Não abra a porta sem necessidade ou por tempo prolongado.<br />
- Arrume os alimentos de forma que facilite sua localização, e mantenha<br />
espaço entre eles para facilitar a circulação do ar.<br />
- Não guarde alimentos líquidos e quentes, nem em potes sem tampa.<br />
ar.<br />
- Não forre as prateleiras da geladeira, pois isso dificulta a circulação do<br />
- Faça o degelo periodicamente, para evitar o acumulo de gelo.<br />
- Regule o termostato no inverno, quando a temperatura não precisa ser<br />
tão baixa.<br />
- Não use as serpentinas atrás do aparelho para secar roupas ou panos<br />
de prato e as mantenha sempre limpas.<br />
- Ao se ausentar da casa por tempo prolongado, esvazie o aparelho e<br />
desligue.<br />
- Verifique regularmente o estado das borrachas de vedação da porta.<br />
Televisão:<br />
- Desligue o aparelho quando ninguém estiver assistindo.<br />
- Evite dormir com a televisão ligada.<br />
- Desligue o modo de espera do aparelho, pois ele também gasta<br />
energia.<br />
Ferro Elétrico:<br />
- Acumule a maior quantidade de roupas e passe tudo de uma vez.
- Regule a temperatura de acordo com o tecido a ser passado.<br />
- Nunca esqueça o ferro ligado.<br />
- Não encoste o ferro no fio alimentador quando ele estiver em uso.<br />
- Não faça emendas no fio alimentador.<br />
Chuveiro Elétrico:<br />
- Quando não estiver fazendo frio, deixe a chave na posição verão.<br />
- Feche o registro ao ensaboar-se.<br />
- Procure tomar banhos rápidos.<br />
Com a apresentação destas dicas, pode-se notar que a mudança de<br />
alguns hábitos do nosso cotidiano pode fazer a diferença no orçamento sem<br />
representar um grande sacrifício pela sua realização.<br />
2.1.2 Despesas com comida<br />
Segundo Ewald (2007) as despesas com alimentação representam<br />
cerca de 25% dos gastos do orçamento doméstico. O autor salienta os<br />
supermercados são verdadeiros templos do consumo, assim como os<br />
shoppings e por isso especialistas em marketing. Os supermercados<br />
representam uma armadilha para o orçamento doméstico do consumidor que<br />
não estiver muito atento, pois lá tudo é preparado para você gastar mais.<br />
Provavelmente a maioria dos consumidores nunca pensou nisso, mas é<br />
só prestar um pouquinho de atenção para perceber que lá não há relógios,<br />
assim o consumidor gasta muito tempo distraído com as ofertas. Também não<br />
há janelas, para não dispersar a atenção do consumidor; o chão é escorregadio<br />
para que não se possa andar rápido e prestar atenção nas ofertas; os produtos<br />
mais importantes, de maior concorrência e melhor preço estão bem no fundo
do supermercado para obrigar o consumidor a passar por várias ofertas<br />
tentadoras até chegar lá.<br />
Para escapar dessas armadilhas, Ewald (2007) dá algumas dicas para<br />
economizar no supermercado, que não são novas, mas bastante eficazes.<br />
- Ir às compras somente após as refeições, pois quem está com fome<br />
gasta mais.<br />
- Fazer as compras uma vez por semana, de modo a aproveitar todas as<br />
ofertas semanais de tempo limitado.<br />
- O comprador da casa deve ser a mulher, que está mais acostumada.<br />
Os homens têm tendência a comprar mais desnecessariamente.<br />
- Deixar as crianças em casa, pois elas sempre querem algum<br />
presentinho, e se os pais não souberem dizer não, adeus orçamento<br />
doméstico.<br />
- Conferir os preços que estão na prateleira com aqueles que são<br />
cobrados no caixa, pois muitas vezes eles não conferem e a sua economia<br />
pode ser comprometida.<br />
- Como estratégia de marketing, os mercados costumam ser mais<br />
baratos de terça a quinta feira e nos domingos, para atrair mais clientela. Você<br />
pode se valer disso para economizar.<br />
- Levar sempre uma lista de compras bem organizada para economizar<br />
e aproveitar as ofertas. O autor aconselha ainda, organizar esta lista por seção<br />
do mercado e em ordem alfabética, para que se torne mais fácil controlar o que<br />
já foi comprado e o que ainda se precisa procurar. Com essa organização, o<br />
consumidor evita passeios entre as seções, e por conseqüência o consumo de<br />
supérfluos.<br />
Segundo o autor, também é de suma importância analisar bem as<br />
ofertas dos supermercados. Uma estratégia de marketing bastante comum é<br />
anunciar ofertas por tempo limitado apenas para alguns produtos. Se você for
um consumidor atento, vai perceber que as grandes redes anunciam ofertas<br />
para setores diferentes do mercado, de forma que se pode aproveitar todas<br />
elas, com alguma disposição e paciência. Isso é fundamental na vida de quem<br />
quer economizar, pois segundo Ewald (2007), essa estratégia aliada a<br />
estoques antecipados estrategicamente permite uma economia de até 20%<br />
sobre o total.<br />
Outra dica do autor é que nunca se deve acreditar plenamente nas<br />
promoções. Às vezes os anúncios mostram preços exorbitantes como se<br />
fossem uma pechincha, só para fazer o consumidor acreditar que o preço está<br />
realmente baixo. Consumidor atento não se deixa iludir.<br />
É preciso tomar cuidado também com os prazos de validade desses<br />
produtos em oferta. Muitas vezes o produto vence em uma ou duas semanas,<br />
de forma que aquele que compra uma quantidade muito grande acaba por<br />
perder o produto.<br />
Também é preciso estar atento para aqueles supermercados que<br />
oferecem “o melhor preço, ou seu dinheiro de volta”. Que devolvem o dinheiro<br />
é verdade, mas se o preço é realmente o melhor, isso é uma coisa para se<br />
conferir. Para fazer economia com essa promessa é preciso muita disposição<br />
para pesquisar os melhores preços. Mostrando encartes de outras lojas que<br />
tenham preço melhor, algumas redes de supermercados realmente devolvem a<br />
diferença.<br />
O autor ainda orienta tomar cuidado com ofertas do tipo “pague 4 e leve<br />
5”. É preciso fazer as contas, pois uma oferta desse tipo deveria representar<br />
um desconto de 20% em cada produto. Também é necessário examinar sua<br />
condição financeira antes de aproveitar uma oferta dessas. Se no seu<br />
orçamento está sobrando dinheiro, vale a pena aproveitar a oferta. Mas se<br />
você está utilizando o cheque especial sua intenção de economia pode trazer<br />
prejuízo, pois um desconto de 20%, com a taxa de juros do cheque especial<br />
em torno de 10%, só é interessante para produtos que fiquem em estoque por<br />
menos de dois meses.
O autor recomenda cuidado também nas compras nas feiras livres.<br />
Segundo ele existem alguns bons argumentos para se ir a feira, tais como a<br />
proximidade de casa, ter produtos sempre frescos e maduros, prontos para<br />
serem consumidos na hora. Só que isso tudo, normalmente acarreta em preços<br />
mais altos que o do supermercado, principalmente de manhã, quando os<br />
produtos são de melhor qualidade. Uma boa dica para economizar na feira é<br />
dar um passeio descontraído pela feira, observando os preços. Os<br />
comerciantes observam seus movimentos e, na volta, estão dispostos a<br />
negociar. Outra vantagem pode ser a prova das frutas. Na feira você pode ir de<br />
barriga vazia para degustar as frutas, e isto já representa algum ganho.<br />
Quanto às compras em açougues e peixarias, o autor ressalta que<br />
podem ser uma boa opção, pois os produtos são mais frescos, e se cria uma<br />
relação de confiança com o dono do estabelecimento e seus funcionários que<br />
pode dar abertura para pechinchar.<br />
2.1.3 Despesas com vestimenta<br />
Segundo Ewald (2007), a melhor forma de economizar com roupas e<br />
sapatos é aproveitar as liquidações, que geralmente ocorrem no final da<br />
estação, principalmente no outono e no inverno. É bem difícil convencer as<br />
mulheres a comprar depois que passou a moda da estação, mas aí vale ter<br />
consciência e gastar o sapato para pesquisar os melhores preços.<br />
2.1.4 Despesas com transporte<br />
Segundo Ewald (2007) a decisão de deslocar-se para o <strong>trabalho</strong> de<br />
carro implica alguns custos que no final do mês podem ser um rombo no<br />
orçamento. Além do gasto de combustível, cujo preço está sempre subindo, há
ainda o gasto com estacionamento, que é bastante alto. Para o autor, uma<br />
alternativa ao uso do carro é o metrô que é barato e garante pontualidade nos<br />
compromissos. As passagens de ônibus e vans também são mais baratas do<br />
que usar o carro, mas cabe avaliação pela questão dos constantes assaltos<br />
que esse tipo de transporte coletivo sofre.<br />
Já nos finais de semana, o carro inevitavelmente acaba rodando e isso<br />
implica gastos com oficina para <strong>rev</strong>isões periódicas e manutenção p<strong>rev</strong>entiva.<br />
Além desses gastos todos, há ainda a possibilidade de o motorista levar uma<br />
multa. Elas geralmente são caras e um desperdício de dinheiro, por isso vale<br />
dirigir com cuidado e respeitar a sinalização.<br />
E para quem quer garantir a segurança do veículo, há ainda o custo com<br />
seguro. Nas grandes cidades, principalmente, não é aconselhável não fazer<br />
seguro. Nesse caso, a melhor forma de economizar é fazer cotações com<br />
várias seguradoras e pechinchar para obter o melhor preço.<br />
2.1.5 Despesas com cuidados pessoais<br />
Nessa categoria estão incluídas as despesas com manicure, pedicure,<br />
depilação e cuidados com o cabelo. Nesse caso, Ewald (2007) recomenda ir<br />
ao salão de terça a quinta feira, dias em que há maiores descontos. Outra<br />
sugestão para as mulheres, é que podem fazer boa parte desses serviços em<br />
casa mesmo. E até os homens podem estender o período entre um corte de<br />
cabelo e outro. Já os gastos com xampus, cremes, hidratantes e outros<br />
cosméticos são praticamente inelásticos, pois as mulheres dificilmente abrem<br />
mão dessas regalias, e como os homens gostam das mulheres bem cuidadas,<br />
paciência.<br />
O autor classifica ainda nesse item os gastos com academia de<br />
ginástica. No caso de aperto no orçamento, esse gasto pode ser eliminado ou<br />
diminuído, trocando-se a academia por caminhadas na rua, ao ar livre. No caso<br />
da musculação, não existem muitas alternativas.
2.1.6 Despesas com estudo<br />
Segundo Ewald (2007), quem tem filhos pequenos e paga mensalidade<br />
escolar em colégio particular precisa passar por isso, pois o ensino nas escolas<br />
públicas deixa a desejar. Para economizar com esta despesa é necessário<br />
negociar os reajustes com a escola, e no caso de se ter mais de um filho<br />
matriculado naquela escola, usar seu poder de barganha para obter descontos<br />
nas mensalidades.<br />
Já na faculdade, a opção são os institutos federais que oferecem ensino<br />
de qualidade e são gratuitas. Mas para passar no vestibular é preciso estudar<br />
muito, e os pais precisam cobrar isso dos filhos, até porque as universidades<br />
particulares custam caro, e muitas vezes não oferecem qualidade de ensino tão<br />
boa quanto a das universidades federais.<br />
Há ainda as despesas com material escolar. E livros, que mudam quase<br />
todos os anos, impedindo que se aproveite os livros de um filho para o outro.<br />
Nesse caso, vale a pena reunir grupos de pais e alunos para obter bons<br />
descontos.<br />
Os jornais e <strong>rev</strong>istas também são importantes para uma boa educação,<br />
mas atenção na hora de comprar para levar aquilo que realmente interessa.<br />
Quanto aos livros, desde que sejam lidos, não devem ser considerados<br />
despesa e sim investimento.<br />
Os cursos de línguas e informática se tornaram praticamente<br />
indispensáveis nos dias atuais, mas é preciso exigir empenho dos filhos, pois<br />
senão serão dinheiro posto fora.<br />
2.1.7 Despesas com saúde
Segundo Ewald (2007) é indispensável a todos ter um bom plano de<br />
saúde, pois o governo não atende como seria preciso. O fato positivo, nesse<br />
caso, é que a maioria das empresas oferece aos seus funcionários algum tipo<br />
de plano de saúde, o que evita gastos com esse item tão importante do<br />
orçamento.<br />
O autor recomenda ainda, aqueles que tem filhos, fazer seguro de vida,<br />
para não deixar sua família desprotegida em caso de uma fatalidade. A<br />
vantagem de ter seguro de vida é que seu recebimento não implica inventário,<br />
basta apenas que o segurado tenha indicado seu (s) beneficiário (s), e no caso<br />
de sinistro este (s) recebe (m) a indenização cabível. Vale lembrar que é<br />
sempre bom procurar um corretor de confiança.<br />
No caso de tratamentos com psicólogos e fisioterapeutas que costumam<br />
se estender por longos períodos, vale negociar um desconto para o pagamento<br />
antecipado de um número de sessões.<br />
No caso de farmácias e exames, é importante pesquisar preços junto à<br />
empresas idôneas para evitar transtornos futuros.<br />
2.1.8 Despesas com lazer<br />
De acordo com Ewald (2007), no caso de despesas com TV por<br />
assinatura e clubes, é preciso observar se esses serviços são utilizados, senão<br />
são dinheiro desperdiçado.<br />
Já para despesas com cinema, o autor recomenda escolher os dias em<br />
que as sessões têm desconto, que em alguns casos pode chegar a 50%. Os<br />
teatros geralmente são mais caros, em especial nos finais de semana, mas<br />
também há dias com descontos interessantes, de forma que se o espectador<br />
se organizar pode aproveitar um bom espetáculo, fazendo uma boa economia.
Quanto aos shows de cantores famosos, estes muitas vezes podem ser<br />
vistos de graça, em promoções populares. O mesmo acontece com eventos e<br />
feiras que muitas vezes oferecem entrada gratuita.<br />
Gastos com CDs e DVDs só para quem tem dinheiro mesmo. Sempre é<br />
possível pegar emprestado ou fazer downloads gratuitos.<br />
Quando o interesse for por fazer uma viagem, é bom pesquisar bem os<br />
preços e vantagens oferecidas e poupar para pagar à vista.<br />
2.1.9 Despesas Financeiras<br />
Segundo Ewald (2007) essas despesas são cupins que corroem o seu<br />
orçamento e se deve fazer todo possível para diminuí-las. Quanto ao imposto<br />
de renda a pagar, trata-se de uma complementação ao imposto que já foi retido<br />
na fonte. Do leão não há como escapar, pague o que é devido e durma<br />
tranqüilo.<br />
Já os juros em empréstimos bancários, apesar de estarem em queda,<br />
ainda são muito altos. Ainda mais para quem está devendo no cartão de crédito<br />
ou no cheque especial, por isso deve-se evitar ao máximo recorrer a esse tipo<br />
de solução quando a situação financeira ficar muito difícil. Sempre existe um<br />
parente que possa te emprestar ou ainda é possível optar por linhas de crédito<br />
com taxas de juros mais baixas, como os empréstimos consignados, por<br />
exemplo.<br />
Quanto às tarifas cobradas pelos bancos, sempre é possível pesquisar e<br />
optar por aquele que cobrar taxas menores com uma qualidade de serviços<br />
adequada ao seu perfil. Se você utiliza somente a conta para receber seu<br />
salário pode optar por ter apenas uma conta para isso, para a qual o banco não<br />
pode cobrar tarifa nenhuma.
Já no que se refere às multas por atrasos diversos, a melhor forma de<br />
evitá-las é se organizar para não esquecer das datas de vencimento, pois um<br />
único dia de atraso pode pesar no seu bolso.<br />
2.1.10 Cuidados com as compras à vista e a prazo<br />
Para Ewald (2007) é necessário muito cuidado ao negociar compras à<br />
vista e a prazo. O pagamento de compras a prazo é sempre muito enfatizado<br />
nas ações de marketing de grandes redes de lojas, sendo possível em alguns<br />
casos, pagamento da primeira parcela só para noventa dias após a realização<br />
da compra, ou então parcelamento em “n” vezes “sem juros”. Os apelos são<br />
muitos, mas é preciso manter a consciência na hora de ir às compras. Esses<br />
parcelamentos facilitados muitas vezes acabam por fazer o consumidor<br />
comprar mais do que havia planejado, apenas porque vai poder parcelar em “n”<br />
vezes sem juros.<br />
Ewald (2007) recomenda que para tirar melhor proveito das compras a<br />
prazo é preciso fazer uma ampla pesquisa de preços e negociar descontos<br />
para pagamentos à vista. Em seguida deve-se percorrer os bancos em busca<br />
da melhor taxa de juros no Crédito Direto ao Consumidor. As taxas cobradas<br />
pelos bancos nessa linha de crédito, que financia o consumo, geralmente são<br />
menores que as lojas cobram em seus parcelamentos. Ao fazer a compra<br />
paga-se à vista na loja e toma-se o financiamento no banco que melhor<br />
convier.<br />
O autor também recomenda cuidado com as compras parceladas sem<br />
juros. Todos sabem que isso não existe, porque as lojas geralmente concedem<br />
desconto a quem paga à vista.<br />
Outra sugestão dada por Ewald (2007) é negociar o desconto para<br />
pagamento à vista. Os vendedores muitas vezes podem resistir em dar esses<br />
descontos, mas sabe-se que o pagamento à vista em dinheiro é bastante<br />
interessante para o consumidor, que ganha o desconto, e para a loja, que
escapa das taxas cobradas pelas administradoras de cartão de crédito e dos<br />
bancos, em uma eventual necessidade de antecipação do valor da compra. Por<br />
isso negociar o desconto é imprescindível, por mais que os vendedores<br />
resistam em concedê-los.<br />
2.2 COMO MELHORAR AS RECEITAS<br />
Halfeld (2001) enumera dez passos para atingir a independência<br />
financeira, e o primeiro deles é: ganhe mais dinheiro. Segundo Filho (2003)<br />
concorda ao afirmar que em alguns casos, as pessoas não conseguem poupar<br />
porque sua receita é insuficiente. Ambos os autores enumeram formas de fazer<br />
isso.<br />
Para Halfeld (2001), se você é um profissional liberal, uma forma de<br />
aumentar sua receita é dar mais atenção a seus clientes. Se você é dentista,<br />
por exemplo, pode mandar uma mensagem a seus clientes lembrando-os de<br />
fazer uma <strong>rev</strong>isão periódica, pois muitos esquecem desses exames rotineiros.<br />
Pequenas atitudes como essa podem lhe trazer um grande incremento da<br />
receita.<br />
Já se você é funcionário de uma empresa, procure contribuir para o<br />
crescimento do negócio do seu patrão. Quanto mais você deixar sua vontade<br />
de colaborar transparecer, maiores são as chances de uma promoção ou de<br />
um aumento salarial. Mesmo assim, existem casos em que já não é mais<br />
possível esperar um aumento de seu salário. Nesse caso, Halfeld (2001)<br />
aconselha pensar na possibilidade de um negócio paralelo, que não atrapalhe<br />
a sua atividade na empresa. Associe-se com familiares ou amigos para fazer<br />
algo que lhe de prazer e renda extra. Faça isso até o momento em que você<br />
puder abrir mão de seu emprego para se dedicar somente à essa nova<br />
atividade.<br />
Segundo Filho (2003) assinala que os negócios próprios são a maneira<br />
mais fácil e provável de alguém enriquecer. Segundo ele, dificilmente alguém
fica rico com o <strong>trabalho</strong> assalariado. As pessoas optam pelo negócio próprio,<br />
principalmente por causa da liberdade. Mas como em qualquer negócio, este<br />
também envolve algum risco. O autor enumera algumas vantagens de ter seu<br />
próprio negócio:<br />
- estar no controle do próprio destino<br />
- sua remuneração só depende de você mesmo<br />
- os assalariados pagam muito mais imposto de renda do que os<br />
empresários, porque não tem com reduzir sua carga tributária, já que a<br />
retenção é efetuada no próprio contracheque mensal.<br />
Kiyosaki e Lechter (2000, p. 80) concordam com Segundo Filho ao fazer<br />
a seguinte afirmação:<br />
A classe média se encontra em um estado de constantes<br />
dificuldades financeiras. Sua renda principal é gerada por salários e<br />
quando seus salários aumentam os impostos também aumentam.<br />
Suas despesas tendem a crescer no mesmo montante de seus<br />
salários (...). Consideram seu imóvel como seu principal ativo, em<br />
lugar de investir em ativos geradores de renda.<br />
Esses autores afirmam ainda que a maioria das pessoas trabalha para<br />
todo mundo, menos para si mesmas. Trabalham primeiro para as empresas,<br />
depois para o governo, pagando altos impostos e finalmente para os bancos,<br />
ao pagar os juros de empréstimos e financiamentos.<br />
Para Kiyosaki e Lechter (2000, p.121) “sua maior riqueza é o que você<br />
sabe. Seu maior risco é o que você não conhece”. Por isso, vale investir em<br />
cursos que lhe ensinem a ganhar dinheiro, seja, para investimentos ou para<br />
desenvolver uma nova habilidade que possa lhe trazer renda.<br />
Os autores<br />
aconselham a procurar um bom emprego mais pela oportunidade de<br />
aprendizado do que pelo salário.<br />
Esses autores ressaltam que para ganhar dinheiro é preciso inteligência<br />
financeira, e eles a definem como criatividade. Ver oportunidades que ninguém<br />
viu, conseguir dinheiro e organizar pessoas espertas que trabalhem para você.<br />
Para eles a inteligência financeira está simplesmente em ter mais opções. Se
as oportunidades não aparecem, o que mais se pode fazer? Não é o que<br />
acontece, mas quantas soluções diferentes você consegue pensar para<br />
enfrentar as adversidades e transformar um limão em milhões. Segundo esses<br />
autores existem algumas coisas que podem ser feitas para enriquecer mais<br />
rápido, entre elas:<br />
- Parar de fazer as coisas como sempre fez procurar novas idéias, novas<br />
formas de fazer.<br />
- Agir. Ação é fundamental, mas sem embasamento, sem filosofia pode<br />
ser uma ação precipitada.<br />
- Descobrir alguém que já fez o que você quer fazer é importante, pois<br />
esta pessoa pode lhe dar dicas a respeito do negócio.<br />
- Fazer cursos para aprender sempre mais, muitos deles são baratos ou<br />
de graça. Faça muitas ofertas. Persista.<br />
- Procurar novos lugares. Perceber as mudanças. Observar, questionar.<br />
- Procurar no lugar certo.<br />
- Pensar grande. Pessoas que pensam pequeno não conseguem<br />
grandes oportunidades.<br />
- Procurar pessoas que queiram comprar ou investir no mesmo que<br />
você.<br />
- Aprender com a história.<br />
- Agir é sempre melhor do que ficar parado.<br />
Para aumentar as receitas esses autores sugerem aplicar em ativos que<br />
lhe tragam renda. E classificam entre esses itens o negócio próprio, ações,<br />
imóveis que gerem renda (segundo eles a casa própria não é um ativo, e sim<br />
um passivo, principalmente quando financiada), além de títulos ou qualquer<br />
outra coisa que gere renda ou se valorize e tenha um mercado líquido.<br />
Os autores afirmam que é preciso cuidar bem do seu negócio. Pode-se<br />
ter um emprego, mas nunca se deve descuidar dos seus ativos. Chegará o<br />
momento em que se poderá abrir mão do emprego e viver só da renda gerada<br />
por esses ativos.
No próximo capítulo serão apresentadas opções de investimento que<br />
possam contribuir tanto para o incremento da receita, como para a formação de<br />
um patrimônio.<br />
3. COMO INVESTIR SEU DINHEIRO<br />
O primeiro passo para investir é poupar. Silva Neto (2003) explica que<br />
existe diferença entre poupar e investir. Para o autor, poupar significa apenas<br />
não gastar o dinheiro. Já o investimento se caracteriza pelo fato de<br />
comprarmos algo que nos trará resultados positivos no futuro. Além disso o<br />
autor destaca que o investimento remete a risco, pois qualquer investimento,<br />
por mais seguro que pareça é arriscado.<br />
Quanto maior o risco do investimento, maior a possibilidade de retorno.<br />
Tomemos como exemplo a poupança, conhecida por ser um investimento<br />
seguro. Realmente, as possibilidades de perda na poupança são mínimas, no<br />
entanto, seu retorno é estipulado pelo governo federal em 0,5% ao mês mais<br />
TR, ou seja, risco baixo, retorno baixo.<br />
Outro fator importante no momento de investir é a liquidez. Normalmente<br />
os investimentos com maior liquidez são os de menor retorno e menor risco.<br />
Nas linhas seguintes será dada a definição do trinômio risco, retorno e<br />
liquidez.
3.1 RISCO X RETORNO x LIQUIDEZ<br />
Para Gitman (2006, p. 184) “risco é a possibilidade de perda financeira”.<br />
Halfeld (2001, p. 71) define risco como “a parcela inesperada do retorno de um<br />
investimento”.<br />
Segundo Halfeld (2001) existem cinco tipos de risco aos quais um<br />
investimento é suscetível. São eles:<br />
- Risco do Negócio: é o risco de concentrar todo o seu dinheiro em um<br />
único investimento. A melhor forma de diminuir a exposição a este tipo de risco<br />
é a diversificação.<br />
- Risco do Mercado: é o chamado risco não-diversificável. Este tipo de<br />
risco é inerente a todo e qualquer investimento. São os chamados fatores do<br />
macro ambiente, tais como variação na taxa de juros, inflação, mudanças na<br />
política, economia, inclusive no ambiente internacional.<br />
- Risco de Crédito: é o risco de não receber seu dinheiro de volta.<br />
- Risco de Liquidez: o risco de liquidez tem a ver com o prazo necessário<br />
para transformar seus ativos financeiros em dinheiro. Imóveis, por exemplo,<br />
podem ser um bom investimento, mas quando você precisar transformar seu<br />
investimento em dinheiro, primeiro precisará arrumar um comprador, o que<br />
pode levar algum tempo para acontecer.<br />
- Risco de Perda do Poder de Compra – Inflação: é o risco da<br />
rentabilidade de seu investimento não acompanhar a perda do valor de compra<br />
da moeda. Se o seu investimento rende 8% a.a. e a inflação de um ano for de<br />
10%, você estará perdendo dinheiro com seu investimento.<br />
Definido risco, cabe-nos conceituar retorno. Para Gitman (2006, p. 184)<br />
“retorno é o ganho ou a perda total sofrido por um investimento em certo<br />
período”. Halfeld (2001) acrescenta ainda que a relação risco x retorno é direta,<br />
ou seja, quanto maior o retorno, maior será o risco.
Há ainda a questão da liquidez. Para Segundo Filho (2003), liquidez é a<br />
capacidade de transformar um investimento em dinheiro, a qualquer tempo,<br />
sem perda da rentabilidade. Quanto menos líquido for o investimento, maior<br />
deverá ser o risco.<br />
Dados esses conceitos, é possível estabelecer que para investir seu<br />
dinheiro, é necessária a observância de alguns fatores. Entre eles podem ser<br />
citados o horizonte de investimento, o seu perfil como investidor e o seu<br />
objetivo de investimento (compra de uma casa, reserva para a aposentadoria,<br />
trocar de carro). Considerar cada um desses fatores é importante, pois vai<br />
ajudá-lo a escolher o investimento ideal que lhe possibilitará obter o melhor<br />
retorno possível e assumindo o risco que você estiver disposto a correr.<br />
3.2 PERFIL DO INVESTIDOR<br />
O perfil do investidor diz respeito à forma como cada um encara o risco<br />
de um investimento.<br />
Gitman (2006) estabelece três comportamentos em relação ao risco:<br />
aversão, indiferença e propensão. Para o investidor avesso ao risco, o retorno<br />
exigido aumenta quando o risco se eleva. Para o investidor indiferente ao risco,<br />
o retorno exigido não varia quando o risco aumenta ou diminui. Já para o<br />
investidor propenso ao risco, o retorno exigido cai se o risco aumenta. Para o<br />
autor a maioria dos investidores é avessa ao risco.<br />
Já Segundo Filho (2003) classifica os investidores em quatro perfis:<br />
-perfil conservador: completamente avesso ao risco, prima pela<br />
segurança em seus investimentos.<br />
-perfil moderado: busca segurança em seus investimentos, mas aceita<br />
correr algum risco para obter maior retorno em seus investimentos.
- perfil arrojado: aceita correr um risco mais alto em busca de maiores<br />
ganhos a médio e longo prazo.<br />
- perfil agressivo: conhece o mercado e aceita correr riscos maiores para<br />
elevar seus ganhos.<br />
Para Cerbasi (2004) existem cinco tipos de comportamento em relação<br />
ao dinheiro: as pessoas podem ser poupadoras, gastadoras, descontroladas,<br />
desligadas ou financistas. Esses perfis são a seguir definidos.<br />
- Poupadores: são aqueles capazes de restringir ao máximo seus gastos<br />
para poder guardar dinheiro que lhe proporcione tranqüilidade e independência<br />
financeira, mas nem sempre tem objetivos bem definidos.<br />
- Gastadores: para estes o importante é viver bem hoje, e o amanhã a<br />
Deus pertence. Costumam gastar tudo o que ganham, às vezes até mais e não<br />
têm medo de financiamentos.<br />
- Descontrolados: estes não sabem quanto dinheiro entra e nem como<br />
ele sai. Estão sempre no vermelho, e não conseguem se organizar<br />
financeiramente.<br />
- Desligados: gastam menos do que ganham, e poupam o que sobra,<br />
mas nunca sabem exatamente quanto. Os extratos bancários e faturas vão<br />
para a gaveta sem serem abertos, e sempre acham cedo para pensar em<br />
aposentadoria.<br />
-Financistas: são bastante rigorosos com os gastos, a fim de<br />
economizar. Estão sempre fazendo planilhas e entendem de investimentos,<br />
juros e inflação.<br />
Uma vez conhecidos os perfis dos investidores, é preciso ainda<br />
considerar mais dois fatores: o horizonte e o objetivo de investimento.<br />
3.3 HORIZONTE E OBJETIVO DO INVESTIMENTO
O horizonte de investimento diz respeito ao tempo disponível para a<br />
aplicação. Já o objetivo se refere ao uso que se pretende fazer do recurso<br />
investido. Se por exemplo, você quiser investir algum dinheiro que tenha<br />
guardado, para, num futuro próximo adquirir sua casa própria, certamente não<br />
poderá optar por investimentos de maior risco, pois precisará dispor daqueles<br />
recursos no curto prazo. Já se o seu objetivo for poupar para a aposentadoria,<br />
seu horizonte de investimento é longo, e você pode se arriscar um pouco mais.<br />
Dadas essas definições, cabe agora a apresentação dos tipos de<br />
investimento.<br />
3.4 INVESTIMENTOS<br />
Para Segundo Filho (2003), existem investimentos para todos os tipos<br />
de investidores e também para os diferentes capitais a serem aplicados. Esses<br />
investimentos devem ser muito bem planejados para atender aos objetivos das<br />
pessoas, que podem ser o conforto, a segurança ou a independência<br />
financeira.<br />
Silva Neto (2003) destaca que para investir corretamente precisamos<br />
nos conhecer bem e saber exatamente porque estamos poupando. Se<br />
queremos guardar dinheiro para a aposentadoria, se queremos guardar<br />
dinheiro para uma viagem, ou se queremos ficar ricos, vai fazer muita diferença<br />
na hora de decidir como e em que investir.<br />
O autor também <strong>rev</strong>ela os principais riscos de cada tipo de aplicação.<br />
São eles:<br />
- Poupança: rentabilidade muito baixa.<br />
- Renda Fixa: risco de crédito (incapacidade do tomador do crédito lhe<br />
devolver o dinheiro).
- Renda Variável: alto risco.<br />
- Dólar: perde-se a oportunidade de ganhar juros.<br />
- Imóveis: liquidez, custos de manutenção.<br />
Segundo Filho (2003) observa que em um cenário otimista deve-se optar<br />
por investimentos em ações, que obtém maior rentabilidade nesse caso. Já em<br />
um cenário pessimista, o autor recomenda que os investimentos sejam feitos<br />
em fundos de investimento pós-fixados ou indexados ao dólar e em imóveis.<br />
O autor assinala que “o objetivo da administração de investimentos é<br />
atender às necessidades do investidor em termos de rentabilidade, risco e<br />
liquidez” (2003, p. 6).<br />
Segundo Filho (2003), observa que o ideal seria que todos os tipos de<br />
aplicações tivessem alta rentabilidade, baixo risco e boa liquidez, mas estes<br />
três fatores são mutuamente excludentes, sendo que o investidor precisa optar<br />
pelo que lhe é mais relevante.<br />
O autor estipula quatro regras para investir:<br />
1. Determinar de onde virá a sua renda (se do <strong>trabalho</strong> ou de<br />
investimentos).<br />
2. Converter a renda do <strong>trabalho</strong> em renda de investimentos.<br />
3. Não entrar em pânico.<br />
4. Investir constantemente.<br />
O autor ressalta que “os determinantes da rentabilidade de uma carteira<br />
são: trading, alocação dos ativos e seleção de ativos” (2003, p. 8).<br />
Ele define trading, como o processo de compra e venda de títulos.<br />
Comprar abaixo do preço de mercado e vender acima deste preço.<br />
Alocação de ativos é a composição da carteira, de acordo com a<br />
necessidade e o perfil do investidor a fim de maximizar a sua rentabilidade.
Seleção de ativos é a escolha dos ativos dentro de uma categoria. Por<br />
exemplo: investir em ações dentro da categoria renda variável.<br />
Assim, serão caracterizados agora alguns tipos de investimento.<br />
3.4.1 Renda Fixa<br />
Segundo Filho (2003), salienta que as aplicações em renda fixa<br />
apresentam baixo risco, portanto são indicadas para os investidores mais<br />
conservadores e para aqueles que vão precisar do dinheiro no curto prazo, ou<br />
seja, menos de cinco anos.<br />
Halfeld (2001) destaca que o investimento em renda fixa se torna<br />
interessante quando você deseja constituir uma reserva de emergência, ou<br />
quando você vai precisar do dinheiro no curto prazo. Além disso, também<br />
recomenda renda fixa para os idosos<br />
Como ativos de renda fixa são apresentados a poupança e o certificado<br />
de depósito bancário (CDB). Existem ainda muitos outros, tais como as<br />
debêntures e os títulos públicos, mas optou-se por apresentar apenas os mais<br />
comuns.<br />
3.4.1.1 Caderneta de Poupança<br />
Segundo Filho (2003) esclarece que a caderneta de poupança é o<br />
investimento mais procurado pela população. Rende juros de 0,5% ao mês<br />
mais a variação da TR (Taxa Referencial de Juros). É o ativo de menor risco na<br />
economia brasileira, mas sua rentabilidade depende das políticas econômicas<br />
do governo. O que atrai os investidores para a poupança é a suposta<br />
segurança da aplicação. Existe uma idéia geral de que todo o valor investido é<br />
garantido pelo governo federal, mas na verdade o governo garante apenas 60<br />
mil por pessoa por instituição financeira, incluídas outras aplicações e o saldo<br />
em conta corrente. Além disso, outro fator que atrai os investidores é a<br />
facilidade para aplicar, pois os bancos aceitam aplicações de valores baixos e<br />
o dinheiro aplicado não está sujeito à cobrança do imposto de renda e taxa de<br />
administração.
A caderneta de poupança é uma aplicação pós-fixada, em que só se<br />
conhece o rendimento no momento do resgate. Não há prazo mínimo para<br />
resgate, no entanto valores aplicados há menos de trinta dias não são<br />
corrigidos. Os juros são creditados na conta no dia de aniversário da aplicação.<br />
Os valores depositados nos dias 29, 30 e 31 recebem os rendimentos no dia 1º<br />
de cada mês.<br />
Há um fator a ser ressaltado no que tange a tributação. Historicamente,<br />
os rendimentos da caderneta de poupança nunca foram tributados, mas o<br />
governo federal anunciou em 13 de maio de 2009, que pretende tributar os<br />
rendimentos auferidos por cadernetas de poupança com saldo superior a<br />
cinqüenta mil reais a partir de janeiro de 2010. A cobrança ocorrerá quando a<br />
taxa Selic estiver abaixo de 10,5%. A tributação somente será calculada sobre<br />
os 0,5% do rendimento, ficando a TR isenta de tributação. Somente será<br />
tributado o rendimento do valor que exceder os R$ 50.000,00. A alíquota do<br />
imposto cobrado será a mesmo da tabela do imposto de renda, que varia de<br />
7,5% a 27,5%.<br />
Segundo o jornal Folha de São Paulo, a intenção do governo com esta<br />
atitude é evitar que os grandes investidores, mudem suas aplicações para a<br />
poupança com a queda da taxa Selic. Ainda segundo o jornal, somente os<br />
fundos cuja taxa de administração é inferior a 1,25% conseguem superar os<br />
rendimentos da poupança, neste momento em que a taxa está abaixo de 10%.<br />
3.4.1.2 Certificado de Depósito Bancário (CDB)<br />
Segundo Filho (2003) define CDB como títulos representativos de<br />
depósitos a prazo emitidos por bancos a curto prazo. Os rendimentos podem<br />
ser pré ou pós-fixados e acompanham os juros de mercado. O risco do CDB é<br />
o risco do banco. A grande desvantagem do CDB para os pequenos<br />
investidores é que os bancos costumam pagar taxas menores às aplicações de<br />
baixo valor.<br />
O CDB possui diferentes prazos e formas de remuneração. Quanto aos<br />
prazos de resgate eles são influenciados pelo tipo de remuneração, conforme<br />
quadro a seguir.
Forma de Remuneração<br />
TR ou TJLP<br />
TBF<br />
Índice de preços<br />
CDI ou Selic<br />
Prazo de resgate<br />
1 mês<br />
2 meses<br />
1 ano<br />
Não tem prazo mínimo<br />
Quadro 4: Prazos de Resgate do CDB<br />
Fonte: Fortuna (2008)<br />
Conforme pode-se observar no quadro anterior, os CDBs remunerados<br />
pela TR (Taxa Referencial) ou pela TJLP (taxa de juros de longo prazo)<br />
possuem prazo de resgate de 1 mês, ou seja, se a aplicação precisar ser<br />
resgatada antes, se está abrindo mão de parte do rendimento contratado. Os<br />
referidos índices podem ser facilmente conhecidos através de consultas a<br />
jornais de grande circulação, como o Jornal do Comércio, por exemplo.<br />
O mesmo ocorre nos demais casos, em que os CDBs remunerados pela<br />
TBF ou por índices de preços, como o IGP-M ou IPCA também possuem prazo<br />
mínimo para resgate, mas esses tipos de CDB são menos comuns. Quando o<br />
investidor vai ao banco investir em CDB, geralmente lhe são ofertados aqueles<br />
remunerados pelo CDI, ou um percentual dele, e nesse caso não há prazo<br />
mínimo para resgate.<br />
As taxas de juros do CDB podem ser pré ou pós-fixadas. No caso de<br />
CDBs remunerados pela TR, TBF, Taxa Selic e CDI, o investidor só conhecerá<br />
a remuneração no momento do resgate, pois estes índices são estabelecidos<br />
diariamente.<br />
A tributação do CDB é estabelecida no quadro a seguir:
Prazo da aplicação até o resgate<br />
% do IR sobre rendimento<br />
Até 180 dias 22,5%<br />
De 181 a 360 dias 20,0%<br />
De 361 a 720 dias 17,5%<br />
Maior que 720 dias 15,0%<br />
Quadro 5: Alíquotas de tributação IR<br />
Fonte: Receita Federal<br />
Além do imposto de renda pode haver também incidência de IOF sobre<br />
os rendimentos do CDB. Isso ocorre caso haja resgate antes de trinta dias. O<br />
IOF incide sobre o rendimento antes do IR. As alíquotas de incidência estão<br />
apresentadas no quadro a seguir.<br />
Número<br />
de<br />
% limite do<br />
Número<br />
de<br />
% limite do<br />
dias<br />
rendimento<br />
dias<br />
rendimento<br />
01 96 16 46<br />
02 93 17 43<br />
03 90 18 40<br />
04 86 19 36<br />
05 83 20 33<br />
06 80 21 30<br />
07 76 22 26<br />
08 73 23 23
09 70 24 20<br />
10 66 25 16<br />
11 63 26 13<br />
12 60 27 10<br />
13 56 28 06<br />
14 53 29 03<br />
15 50 30 00<br />
Quadro 6: Alíquotas do IOF<br />
Fonte: Caixa Econômica Federal<br />
Para aplicar em CDB é bastante simples e não é preciso um grande<br />
conhecimento acerca do mercado financeiro. Mas é importante procurar uma<br />
instituição com tradição e solidez na hora de fazer seu investimento, pois isso<br />
diminui bastante o risco da aplicação. Vale lembrar que os valores aplicados no<br />
CDB também são garantidos pelo FGC – Fundo Garantidor de Crédito até o<br />
limite de R$ 60 mil por CPF.<br />
3.4.2 Renda Variável<br />
Segundo Filho (2003) esc<strong>rev</strong>e que este tipo de aplicação é<br />
recomendado para quem quer investir a longo prazo, pois neste caso as<br />
aplicações em renda variável geralmente dão melhores resultados que os da<br />
renda fixa.<br />
Silva Neto (2003, p. 30) destaca que “os investimentos em renda<br />
variável apresentam maior risco e, portanto, maiores retornos. Eles estão muito<br />
vulneráveis às condições político-econômicas do país e do mundo, além de<br />
estarem diretamente relacionados às condições da empresa.
Os principais ativos de renda variável estão descritos a seguir.<br />
3.4.2.1 Ações<br />
Halfeld (2001, p.35) define ações como “títulos negociáveis, que<br />
representam a parcela mínima do capital de uma empresa”. Segundo Filho<br />
(2003) acrescenta que o detentor de ações é um proprietário da companhia e<br />
tem direito aos lucros distribuídos na proporção de suas ações.<br />
De acordo com a Lei 6.404/76, as ações podem ser preferenciais ou<br />
ordinárias. As ações preferenciais dão direito a preferência na distribuição dos<br />
dividendos, já as ações ordinárias dão direito a voto.<br />
Para Segundo Filho (2003) há dois tipos de ganhos que se pode obter<br />
com ações: os da empresa e os do mercado. Os ganhos da empresa são:<br />
-dividendos: parcela do lucro distribuído aos acionistas. Como este lucro<br />
já foi tributado pela empresa, para o investidor não há retenção de IR.<br />
-juros sobre o capital próprio: substituem os dividendos, com a vantagem<br />
de serem dedutíveis do lucro tributável da empresa. Como este resultado não<br />
foi tributado pela empresa, o valor pago ao investidor é tributado à alíquota de<br />
15% exclusiva e definitiva na fonte.<br />
-bonificação: ações novas distribuídas aos acionistas em número<br />
proporcional às já possuídas da empresa quando ela aumenta seu capital com<br />
reservas ou lucros acumulados.<br />
-alteração no valor nominal da ação: quando a empresa aumenta o<br />
capital com reservas ou lucros acumulados sem alterar o número de ações do<br />
capital social.<br />
-subscrição: é o direito de aquisição de novas ações pelos acionistas<br />
quando do aumento do capital com emissão de novas ações. Os acionistas que
já possuem ações podem adquirir as novas ações por preço inferior ao da<br />
bolsa.<br />
Os ganhos de mercado são os ganhos de capital, caracterizados pela<br />
venda do ativo a um preço superior ao da compra.<br />
De acordo com a Bovespa, o preço de uma ação é fruto das condições<br />
de mercado. A rentabilidade de uma ação é variável, e sobre ela incidem<br />
impostos e taxas.<br />
O ganho adquirido no Mercado de Ações está sujeito ao Imposto de<br />
Renda nos casos de Fundos de Ações ou Clubes de Investimento.<br />
Nas operações de “Day Trade” (compra e venda em um mesmo dia), o Imposto<br />
de Renda é de 20%, com 1% de IR retido na Fonte como antecipação. Nas<br />
Operações em Mercados à vista, opções, a termo e futuros, o Imposto de<br />
Renda é de 15%, com 0,005% de imposto de renda retido na fonte como<br />
antecipação; exceto em day trade e no exercício de opções.<br />
As operações mensais de até R$ 20 mil, para pessoas físicas em operação no<br />
mercado à vista, estão isentas do Imposto de Renda.<br />
Além do Imposto de Renda, existem outras taxas que influenciam a<br />
rentabilidade das ações, tais como:<br />
- Corretagem: A corretagem é a taxa de remuneração de um<br />
intermediário financeiro na compra e venda de títulos. A Bovespa possui uma<br />
tabela padrão utilizada como referência para a cobrança de corretagens, a qual<br />
é apresentada a seguir.<br />
Tabela de Corretagem<br />
Valor da operação % sobre o valor Taxa fixa<br />
Até R$ 135,06 0,00% R$ 2,70
De R$ 135,07 a R$<br />
498,62<br />
2,00% R$ 0,00<br />
De R$ 498,63 a R$<br />
1.514,69<br />
1,50% R$ 2,49<br />
De R$ 1.514,70 a R$<br />
3.029,38<br />
1,00% R$ 10,06<br />
Acima de R$ 3.029,39 0,50% R$ 25,21<br />
Quadro 09: Tabela de Corretagem<br />
Fonte: Bovespa<br />
- Custódia: a taxa de custódia é uma cobrança pela guarda dos títulos,<br />
feita pela CBLC (Cia. Brasileira de Liquidação e Custódia). É uma taxa fixa, que<br />
independe do número de títulos possuídos pelo investidor, e independe<br />
também do número de empresas da qual ele é sócio. O valor é próximo a R$<br />
10,00.<br />
- Emolumentos: são taxas cobradas pela Bolsa no momento da<br />
negociação. Para operações normais é de 0,0345% sobre o valor da operação.<br />
Nas operações day-trade é de 0,025% sobre o valor da operação.<br />
Segundo Filho (2003) destaca que nos países do primeiro mundo é<br />
comum as pessoas investirem em ações, mas no Brasil isto ainda é para<br />
poucos, não porque haja algum impedimento para isso, mas porque os<br />
investidores são muito conservadores.<br />
Para Halfeld (2001), muitos investidores perdem dinheiro na bolsa<br />
porque possuem poucas ações, não diversificam sua carteira de investimentos,<br />
e quando o preço destas ações cai, eles realizam seu prejuízo. Além disso,<br />
falta visão de longo prazo. Entram e saem do mercado com muita rapidez.
De acordo com o site da Bovespa, existem diversos órgãos<br />
responsáveis pela normatização e regulamentação do Sistema Financeiro<br />
Brasileiro. Dentre os participantes podemos destacar alguns de participação<br />
fundamental para o Mercado de Capitais: O Conselho Monetário Nacional<br />
(CMN), O Banco Central do Brasil (BCB), a Comissão de Valores Mobiliários<br />
(CVM), as Bolsas de Valores, as Corretoras e as Empresas de Liquidação e<br />
Custódia.<br />
- Comissão de Valores Mobiliários (CVM): A CVM é vinculada ao<br />
Ministério da Fazenda e é responsável pela atividade de fiscalização e<br />
normatização do mercado de valores mobiliários. Desenvolve estudos e<br />
pesquisas no intuito de definir políticas para promover o desenvolvimento do<br />
mercado de capitais.<br />
- Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA): Associação sem fins<br />
lucrativos, com a finalidade de manter local ou sistema de negociação<br />
eletrônico, adequados ao encontro de seus membros e à realização de<br />
transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, registrados na<br />
CVM, em mercado livre e aberto, especialmente organizado e fiscalizado pelos<br />
seus membros, pela autoridade monetária e, em especial, pela própria CVM.<br />
A auto-regulação da Bolsa de Valores visa a preservar elevados padrões éticos<br />
de negociação, e divulgar as operações executadas com rapidez, amplitude e<br />
detalhes.<br />
- Corretoras de Valores: São instituições financeiras membros das<br />
bolsas de valores, credenciadas pelo Banco Central, pela CVM e pelas próprias<br />
bolsas, e estão habilitadas, entre outras atividades nos mercados financeiro e<br />
de capitais, a negociar valores mobiliários com exclusividade no sistema de<br />
negociação das Bolsas. Para comprar ou vender títulos na BOVESPA, é<br />
necessário o intermédio de uma Corretora de Valores. O cliente investidor dá<br />
as ordens de compra ou venda e as Corretoras as executam.<br />
As Corretoras dão a assessoria necessária para que os investidores<br />
esclareçam suas dúvidas e saibam as tendências e oportunidades de mercado,<br />
possibilitando o alcance de melhores resultados, pois podem ajudar você a<br />
escolher as melhores opções de investimento, de acordo
com o seu perfil, já que elas contam com profissionais especializados em<br />
análise de mercado, de setores da economia e de companhias.<br />
As responsáveis por colocar as ações no mercado para negociação são<br />
as distribuidoras e corretoras de valores. As ações são negociadas inicialmente<br />
no mercado primário, em que as empresas vendem ações aos investidores,<br />
que passam a ser acionistas da empresa. Isso ocorre através do IPO, que é a<br />
oferta pública inicial de ações. No mercado secundário os acionistas que<br />
adquiriram suas ações no IPO, as negociam através da Bolsa de Valores.<br />
As corretoras participam obrigatoriamente do processo de compra e<br />
venda de ações. São elas que fazem a intermediação com as bolsas de<br />
mercadorias e valores. Elas também podem efetuar lançamentos públicos de<br />
ações, além de administrar carteiras de investimento, custodiar valores<br />
mobiliários e administrar clubes e fundos de investimento.<br />
Para comprar ou vender ações, é necessário procurar uma Corretora de<br />
Valores, uma Distribuidora de Títulos e Valores ou um Banco de Investimento.<br />
Existem várias formas de investir em ações. Pode-se investir<br />
individualmente, procurando um intermediário, preenchendo uma ficha<br />
cadastral e escolhendo as ações que se deseja adquirir.<br />
As ações são negociadas em um Lote Padrão, ou seja, uma quantidade<br />
mínima de ações negociadas. Abaixo desta quantidade, só podem ser<br />
negociadas no Mercado Fracionário. O Preço Último é o preço pelo qual foi<br />
realizado o último negócio da ação. É utilizado durante o Pregão da Bolsa<br />
como referência para novos negócios. O preço das ações está sujeito a<br />
variações. Essa oscilação é a variação percentual do preço da ação, dada pelo<br />
preço atual em relação ao preço de fechamento anterior.<br />
Durante o Pregão do dia, as ações sofrem alterações em seu preço,<br />
resultado das pressões de vendedores e compradores. O preço de Abertura é<br />
o primeiro preço pelo qual esta ação foi negociada. O preço máximo é o maior<br />
preço pelo qual essa ação foi negociada. O Preço Médio é calculado e<br />
divulgado pela Bovespa. O Preço Mínimo é o menor preço pelo qual a ação foi
negociada. Ao final do Pregão o Preço Último, se transforma no Preço de<br />
Fechamento do dia.<br />
Através dos intermediários, os Investidores podem obter informações e<br />
orientações sobre o mercado com profissionais qualificados. Os intermediários<br />
recebem as ordens dos investidores e as repassam aos operadores que têm<br />
acesso ao sistema de negociação das Bolsas. Os Investidores podem, ainda,<br />
enviar sua ordem de compra e de venda via Internet, por meio do site de seu<br />
intermediário, utilizando-se de seu Home Broker. O Home Broker possibilita<br />
maior facilidade para pequenos investidores, pois o investidor estará enviando<br />
sua ordem diretamente ao sistema da Bolsa, podendo operar nele Lotes<br />
Fracionários.<br />
O Home Broker é o instrumento que permite a negociação de ações via<br />
Internet. Ele permite que você envie ordens de compra e venda de ações<br />
através do site de sua corretora na internet. Para realizar operações via<br />
Internet, é necessário que você seja cliente de um banco de investimentos,<br />
uma distribuidora ou de uma Corretora que disponha do sistema Home Broker.<br />
De forma semelhante aos serviços de Home Banking, oferecidos pela rede<br />
bancária, os Home Brokers são interligados ao sistema de negociação da<br />
BOVESPA e permitem que o investidor envie, automaticamente, através da<br />
internet, ordens de compra e venda de ações.<br />
Para que o investidor possa acompanhar o mercado de ações de perto,<br />
a Bovespa divulga alguns índices que permitem ao investidor ter uma idéia de<br />
qual a real posição do mercado e da ação. Isso ocorre porque o preço das<br />
ações tem uma volatilidade grande, ou seja, varia bastante. São ao todo<br />
quatorze índices, dos quais apresentaremos apenas os dois mais conhecidos,<br />
conforme as características definidas no site da Bovespa.<br />
- Ibovespa: O Índice Bovespa é o mais importante indicador do<br />
desempenho médio das cotações do mercado de ações brasileiro. Sua<br />
relevância advém do fato do Ibovespa retratar o comportamento dos principais<br />
papéis negociados na BOVESPA e também de sua tradição, pois o índice<br />
manteve a integridade de sua série histórica e não sofreu modificações
metodológicas desde sua implementação em 1968. O Ibovespa representa o<br />
valor atual, em moeda corrente, de uma carteira teórica de ações constituída<br />
em 02/01/1968 (valor-base: 100 pontos), a partir de uma aplicação hipotética.<br />
Supõe-se não ter sido efetuado nenhum investimento adicional desde então,<br />
considerando-se somente os ajustes efetuados em decorrência da distribuição<br />
de proventos pelas empresas emissoras (tais como reinversão de dividendos<br />
recebidos e do valor apurado com a venda de direitos de subscrição, e<br />
manutenção em carteira das ações recebidas em bonificação). Dessa forma, o<br />
índice reflete não apenas as variações dos preços das ações, mas também o<br />
impacto da distribuição dos proventos, sendo considerado um indicador que<br />
avalia o retorno total de suas ações componentes. A finalidade básica do<br />
Ibovespa é a de servir como indicador médio do comportamento do mercado.<br />
Para tanto, sua composição procura aproximar-se o mais possível da real<br />
configuração das negociações à vista (lote-padrão) na BOVESPA.<br />
- IBrX 50: O IBrX-50 é um índice que mede o retorno total de uma<br />
carteira teórica composta por 50 ações selecionadas entre as mais negociadas<br />
na BOVESPA em termos de liquidez, ponderadas na carteira pelo valor de<br />
mercado das ações disponíveis à negociação. Ele foi desenhado para ser um<br />
referencial para os investidores e administradores de carteira, e também para<br />
possibilitar o lançamento de derivativos (futuros, opções sobre futuro e opções<br />
sobre índice). O IBrX-50 tem as mesmas características do IBrX – Índice Brasil,<br />
que é composto por 100 ações, mas apresenta a vantagem operacional de ser<br />
mais facilmente reproduzido pelo mercado.<br />
Considerando todas essas informações a respeito do investimento em<br />
ações, percebe-se que este é um investimento bastante arriscado, mas que no<br />
longo prazo pode trazer bons retornos. Por isso, se o seu objetivo de<br />
investimento permitir, são sempre uma boa opção.<br />
3.4.2.2 Fundos de Investimento
De acordo com Gallagher (2004) e Silva Neto (2003) o fundo de<br />
investimento é um conjunto de pessoas que aplicam seu dinheiro de forma<br />
condominial.<br />
Silva Neto (2003) ressalta que os fundos de investimento são populares<br />
porque para a maioria das pessoas é muito difícil aplicar diretamente em ações<br />
ou títulos públicos. Investir isoladamente, além de ser complicado para<br />
algumas pessoas, é também mais caro. O CDB, por exemplo, paga<br />
remunerações inferiores para pessoas com menor capital para investir. Assim<br />
os fundos de investimento se tornam uma boa opção para essas pessoas.<br />
Gallagher (2004) elenca algumas vantagens deste tipo de aplicação:<br />
- Ao fazer parte de um grupo, o investidor tem acesso a aplicações que<br />
isoladamente provavelmente não poderia almejar.<br />
- O fundo de investimentos possui administração profissional. O pequeno<br />
investidor certamente não tem o mesmo conhecimento do mercado que estes<br />
profissionais.<br />
- Ao participar de um Fundo de Investimento o investidor tem acesso a<br />
uma grande quantidade de produtos de investimento, de forma que ao aplicar<br />
seu dinheiro neste fundo, estará indiretamente comprando títulos públicos,<br />
CDB, ações, debêntures. Para um investidor isolado essa diversificação é mais<br />
difícil.<br />
- Não importa qual é o valor que o investidor aplicou. No fundo de<br />
investimento todos os cotistas recebem a mesma rentabilidade.<br />
- O desempenho do fundo pode ser acompanhado diariamente através<br />
dos jornais Gazeta Mercantil e Valor Econômico, em outras aplicações o<br />
acesso a esse dado pode ser mais difícil.<br />
Fortuna (2008) cita ainda outras vantagens de aplicar em fundos de<br />
investimento, entre elas a simplicidade de movimentação e a liquidez, pois é<br />
relativamente fácil aderir a um fundo de investimento, não há necessidade de
enovações e as cotas podem ser resgatadas a qualquer tempo sem perda da<br />
rentabilidade já apropriada.<br />
Fortuna (2008) destaca ainda que os recursos do fundo de investimentos<br />
são dos cotistas, de forma que a administração dos recursos do fundo deve ser<br />
separada da administração dos recursos da instituição financeira. Dessa forma<br />
se o investidor possui cotas de um Fundo Multimercado do Banco X, e este<br />
banco quebrar, o fundo não quebra, pois os patrimônios são separados. Por<br />
esse motivo os recursos aplicados em Fundos de Investimento não são<br />
garantidos pelo FGC – Fundo Garantidor de Crédito.<br />
Segundo Gallagher (2004), ao aplicar num fundo, o investidor adquire<br />
cotas de seu patrimônio. A cota é o valor mínimo que se pode adquirir de um<br />
fundo. Normalmente o valor da cota é calculado diariamente, através da divisão<br />
do total do patrimônio do fundo pela quantidade de cotas.<br />
Fortuna (2008) esclarece que o valor da cota precisa ser calculado<br />
diariamente em razão da Circular 2.654/96 que determina a marcação a<br />
mercado. A marcação a mercado significa trazer a valor presente o patrimônio<br />
do fundo diariamente. Isso impede a transferência de riqueza entre os cotistas,<br />
pois se não houvesse essa marcação, como o administrador do fundo saberia<br />
quanto valem as cotas daquele investidor naquele dia? Qualquer critério que<br />
ele utilizasse para calcular a cota do fundo, que não fosse o da marcação a<br />
mercado seria duvidoso, e este cotista receberia provavelmente valor maior ou<br />
menor que o devido, de forma a prejudicar o fundo.<br />
Segundo Fortuna (2008) existem fundos de investimento que gerenciam<br />
sua carteira com o objetivo de acompanhar um índice de referência, como a<br />
TR, o DI ou outros. Também existem fundos que estabelecem um índice e<br />
procuram superá-lo. Estes fundos normalmente cobram taxas de performance.<br />
Fortuna (2008) estabelece ainda que existem fundos abertos e fechados.<br />
Os fundos abertos permitem entrada e saída de cotistas a qualquer tempo,<br />
enquanto que os fechados têm datas estabelecidas para essas<br />
movimentações.
Os fundos podem ser ainda classificados em fundos de renda fixa e<br />
fundos de renda variável. Os fundos de renda fixa são compostos em sua<br />
maioria por aplicações em títulos que têm uma taxa de retorno fixa. Os fundos<br />
de renda variável são aqueles cuja composição é em sua maioria de aplicações<br />
em ações ou outros ativos com taxas de retorno variáveis.<br />
Ao aplicar seu dinheiro em fundos de investimento, é necessário estar<br />
ciente da taxas que podem ser cobradas pelo fundo. Elas estão listadas a<br />
seguir.<br />
- Taxa de administração: é cobrada pela administração da carteira em<br />
percentual diário sobre o patrimônio do fundo.<br />
- Taxa de ingresso: é a taxa cobrada do investidor ao ingressar no fundo.<br />
- Taxa de saída: pode ser cobrada na saída antecipada do fundo.<br />
- Taxa de performance: pode ser cobrada quando o fundo supera o<br />
rendimento do seu benchmark (índice de referência adotado pelo fundo).<br />
3.4.2.2.1 Classificação dos Fundos de Investimento<br />
Segundo Fortuna (2008), os fundos de investimento foram classificados<br />
de acordo com a formação da sua carteira. Essa classificação é apresentada a<br />
seguir.<br />
3.4.2.2.1.1 Fundo de Curto Prazo<br />
Os fundos classificados nessa categoria devem aplicar seus recursos<br />
exclusivamente em títulos públicos federais ou privados indexados à taxa Selic<br />
ou a outra taxa de juros, ou ainda em títulos indexados a índices de preços,<br />
com prazo máximo de 375 dias, e prazo médio ponderado da carteira de até 60<br />
dias. A utilização de derivativos é permitida somente para hedge (proteção). O<br />
fator de risco inerente a este tipo de fundo é a taxa de juros de curto prazo.
3.4.2.2.1.2 Fundo Referenciado<br />
Os fundos classificados nessa categoria devem identificar na sua<br />
denominação o seu benchmark, em função dos ativos integrantes da carteira. A<br />
formação da carteira deste tipo de fundo deve obedecer aos seguintes critérios.<br />
- ter no mínimo 80% do seu Patrimônio Líquido representados por títulos<br />
do tesouro nacional ou títulos privados de renda fixa, cujo emissor esteja na<br />
categoria de baixo risco.<br />
- ter no mínimo 95% da carteira aplicado em ativos que acompanhem<br />
direta ou indiretamente a variação do indicador de desempenho escolhido.<br />
- aplicação em derivativos somente para hedge.<br />
O fator de risco deste tipo de fundo é o seu indicador de desempenho<br />
(benchmark).<br />
3.4.2.2.1.3 Fundo de Renda Fixa<br />
Este tipo de fundo deve aplicar no mínimo 80% da carteira em ativos<br />
relacionados diretamente ou sintetizados via derivativos, ao fator de risco que<br />
dá nome à classe (renda fixa). Deve ter como principal fator de risco a variação<br />
da taxa de juros doméstica, ou índice de preços, ou ambos.<br />
3.4.2.2.1.4 Fundo Cambial<br />
Deve aplicar pelo menos 80% da carteira em ativos relacionados<br />
diretamente, ou sintetizados via derivativos, ao fator de risco que dá nome à<br />
classe (câmbio). Seu principal fator de risco deve ser a variação de preços da<br />
moeda estrangeira ou do cupom cambial.<br />
3.4.2.2.1.5 Fundo de Ações<br />
Deve ter como principal fator de risco a variação do preço das ações<br />
negociadas em bolsa ou mercado de balcão organizado. Seus limites de<br />
aplicação são:
- no mínimo 67% do patrimônio deverão estar aplicados em ações;<br />
bônus ou recibos de subscrição e certificados de depósito de ações; cotas de<br />
fundos de ações; cotas de fundos de índice de ações, BDR – Brazilian<br />
Depositary Receipt.<br />
- o valor que exceder os 67% do patrimônio pode ser aplicado em<br />
quaisquer outros ativos financeiros.<br />
3.4.2.2.1.6 Fundo Dívida Externa<br />
Deve aplicar no mínimo 80% do seu PL em títulos da dívida externa de<br />
responsabilidade da União. Os outros 20% podem ser aplicados em títulos de<br />
dívida de outras empresas, desde que nunca mais de 10% em uma mesma<br />
empresa. Os principais fatores de risco deste tipo de fundo são o risco cambial<br />
(pelo fato de os títulos negociados serem denominados geralmente em moeda<br />
estrangeira) e o risco de crédito dos emissores.<br />
Podem ser realizadas operações com derivativos para hedge de até<br />
10% do PL no exterior e 10% no Brasil.<br />
3.4.2.2.1.7 Fundo Multimercado<br />
Esses fundos devem possuir políticas de investimento que englobem<br />
vários fatores de risco, pois são multimercado, sem compromisso de<br />
concentração. Pode investir até 20% do seu PL em ativos financeiros no<br />
exterior, desde que autorizado pelo seu regulamento.<br />
3.4.2.2.2 Tributação<br />
Ocorre a incidência basicamente de dois impostos: o IOF e o IR. Para os<br />
fundos de ações a alíquota de IOF é zero, para os demais fundos a incidência<br />
se dá conforma tabela já apresentada quando se falou de CDB.<br />
O imposto de renda é pago sobre a diferença positiva em moeda<br />
nacional entre o valor do resgate e o da aplicação, deduzido algum IOF<br />
eventual. Para os fundos de renda fixa as alíquotas são semelhantes àquelas<br />
já descritas quando se falava sobre CDB.
Além do imposto de renda no resgate, existe ainda a tributação<br />
semestral, paga no último dia útil de maio e de novembro de cada ano. A<br />
alíquota é de 20% para os fundos de curto prazo e 15% para os fundos de<br />
longo prazo.<br />
Os fundos de ações são tributados somente por ocasião de resgate à<br />
alíquota de 15%.<br />
3.4.2.3 Imóveis<br />
Segundo Gallagher (2004) o brasileiro gosta de investir em imóveis, em<br />
especial as pessoas mais velhas. Para ela, isso ocorre porque “esse é um<br />
investimento simples de compreender, não é necessário conhecimento<br />
específico para entender que o imóvel pode render aluguéis e se valorizar com<br />
o tempo, além disso, é palpável” (2004, p. 89).<br />
Gallagher (2004) lembra ainda que a casa própria é o sonho de muitas<br />
pessoas, independente de sua cultura, raça ou crença religiosa. Segundo ela, o<br />
imóvel representa uma segurança emocional.<br />
Halfeld (2001) relata que os imóveis passaram a ser vistos como um<br />
bom investimento, pois entre os anos de 1940 e 1980 houve uma grande<br />
migração de pessoas do campo para a cidade no Brasil, e isso provocou a<br />
valorização dos imóveis nas cidades. Os imóveis ainda apresentavam a<br />
vantagem de ser uma proteção contra a inflação, e tiveram um bom rendimento<br />
durante os diversos planos econômicos que o Brasil enfrentou a partir de 1986.<br />
Mas a partir do plano Real, em 1994, eles passaram a se valorizar menos.<br />
Segundo Filho (2003) ressalta que os imóveis podem ser um bom<br />
investimento, mas também trazem despesas tais como, condomínio e IPTU,<br />
que no caso de o imóvel estar desocupado correm por conta do proprietário. O<br />
autor lembra ainda que o inquilino pode ficar inadimplente.
Silva Neto (2003) concorda que investir em imóveis acarreta alguns<br />
riscos. Nesse sentido, Halfeld (2001) faz algumas recomendações para os<br />
investidores que têm interesse em entrar nesse mercado.<br />
- Evite comprar imóveis sofisticados, pois os preços são muito<br />
influenciados por modismos.<br />
- Prefira imóveis menores, pois eles têm maior liquidez, são mais fáceis<br />
de alugar e são mais úteis no momento em que você enfrentar dificuldades<br />
financeiras.<br />
- Não se apaixone pelo imóvel. Procure enxergar todos os seus defeitos.<br />
Comprar um imóvel traz muitas preocupações, por isso é melhor avaliar bem o<br />
que se está comprando. E se você precisar vendê-lo algum dia, os futuros<br />
compradores serão bastante rigorosos. Seja exigente!<br />
- Procure um imóvel que atenda as necessidades de todos na família.<br />
- Pague à vista, pois isso aumenta o seu poder de barganha.<br />
Halfeld (2001) elenca ainda as vantagens de investir em imóveis:<br />
- Imóveis impõe disciplina ao investidor, pois têm baixa liquidez.<br />
- Podem ser tocados, são os chamados ativos reais.<br />
- Proteção contra inflação no longo prazo.<br />
- Satisfação de morar em sua própria casa.<br />
- Os aluguéis podem oferecer um complemento à aposentadoria, ou<br />
impulsionar a aquisição de outros imóveis a fim de aumentar seu patrimônio.<br />
3.4.2.4 P<strong>rev</strong>idência Privada
Gallagher (2004) destaca que em hoje em dia as pessoas vivem muito<br />
mais tempo e têm despesas cada vez maiores para se manter na velhice. A<br />
medicina permitiu que as pessoas vivessem mais, e com mais qualidade de<br />
vida, mas isso representa mais gastos por mais tempo. Além disso, os planos<br />
de saúde para idosos são bastante caros. Segundo ela, não é possível viver<br />
apenas com aquela aposentadoria recebida pelo INSS, é necessário um<br />
planejamento financeiro desde a juventude para garantir qualidade de vida e<br />
conforto na aposentadoria.<br />
Nesse sentido Halfeld (2001, p. 86) destaca que “pequenas quantias<br />
poupadas na juventude transformam-se facilmente em centenas de milhares de<br />
reais, ao fim de trinta anos.” Ou seja, mesmo que você não consiga guardar<br />
muito dinheiro, guarde, pois esse pouco pode fazer uma grande diferença no<br />
seu futuro.<br />
Fortuna (2008) define os planos de p<strong>rev</strong>idência privada como aplicações<br />
destinadas à complementação da aposentadoria de seu investidor a longo<br />
prazo.<br />
Para Halfeld (2001) existem dois tipos de plano de p<strong>rev</strong>idência privada,<br />
no que se refere aos benefícios:<br />
- Benefício definido: o valor que se vai receber no futuro é definido<br />
agora, independente do resultado que o fundo apresentar.<br />
- Contribuição definida: não há definição imediata sobre o valor do<br />
benefício que se receberá no futuro. São definidas as contribuições mensais, e<br />
o benefício depende da competência do administrador.<br />
Segundo Halfeld (2001), a p<strong>rev</strong>idência ainda pode ser aberta ou<br />
fechada. Os planos de p<strong>rev</strong>idência fechada são destinados normalmente a<br />
funcionários de uma empresa, que patrocina o plano. É o caso, por exemplo,<br />
da P<strong>rev</strong>i, que é o plano de p<strong>rev</strong>idência dos funcionários do Banco do Brasil. Já<br />
a p<strong>rev</strong>idência aberta, normalmente é oferecida por instituições financeiras a<br />
seus clientes, sem este tipo de restrição. Em alguns casos, o investidor não<br />
precisa nem mesmo ser cliente do banco.
Segundo Filho (2007) e Fortuna (2008) destacam três tipos de planos de<br />
p<strong>rev</strong>idência privada abertos.<br />
- FAPI (Fundo de Aposentadoria Programada Individual): tem forma de<br />
condomínio aberto, administrado por instituições financeiras, direcionado para<br />
pessoas físicas. As contribuições são dedutíveis do imposto de renda até 12%<br />
da renda bruta e pago no resgate.<br />
No FAPI, as aplicações dos recursos têm limite de até 100% em títulos<br />
públicos; até 80% renda fixa; até 40% renda variável. O risco desse<br />
investimento é o risco dos títulos da carteira.<br />
Este plano é ideal para pessoas que não dispõe de fundos de pensão,<br />
tais como os profissionais liberais, autônomos e empresários.<br />
- PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) e VGBL (Vida Gerador de<br />
Benefícios Livres): Segundo Gallagher (2004) o PGBL e o VGBL são produtos<br />
parecidos que diferem apenas na tributação, o que faz com que tenham um<br />
público alvo diferente. Ambos são planos de p<strong>rev</strong>idência privada, que não<br />
garantem rendimento mínimo, pois estão estruturados na forma de fundos de<br />
investimento.<br />
Existem três categorias de PGBL / VGBL, segundo Gallagher (2004) e<br />
Fortuna (2008).<br />
- Soberano: aplica 100% em títulos de emissão do Tesouro Nacional ou<br />
do Banco Central, por isso é o tipo que apresenta menor risco.<br />
- Renda Fixa: aplica 100% em títulos de renda fixa públicos ou privados<br />
(CDB, debêntures e letras de câmbio). Apresenta mais risco que o primeiro,<br />
mas sua rentabilidade também é majorada.<br />
- Composto: este tipo de plano pode aplicar até 49% dos ativos em<br />
renda variável (ações). Dado esse fator, apresenta um nível de risco mais<br />
elevado.
Segundo Gallagher (2004) em ambos os planos, a carência para resgate<br />
é de 60 dias. Também oferecem a contratação de seguros adicionais, com<br />
cobertura para morte e invalidez. As contribuições podem ser mensais ou<br />
esporádicas.<br />
As taxas cobradas para estes produtos são a de administração e a de<br />
carregamento. É importante atentar para elas antes de aplicar seu dinheiro em<br />
qualquer fundo, pois essas taxas afetam diretamente sua rentabilidade. A taxa<br />
de carregamento é cobrada em alguns casos por resgate antecipado das cotas,<br />
como uma forma de obrigar o investidor a permanecer no fundo pelo prazo<br />
contratado.<br />
A diferença básica entre o PGBL e o VGBL é que no primeiro caso,<br />
podem-se abater as contribuições ao fundo da base de cálculo para o imposto<br />
de renda até o limite máximo de 12% da renda bruta. Por isso o PGBL é<br />
indicado para pessoas que entregam a declaração do imposto de renda em<br />
formulário completo. Já o VGBL, por não apresentar esse benefício é indicado<br />
para aqueles que não declaram imposto de renda, ou declaram em formulário<br />
simplificado.<br />
Existe mais um diferencial: no resgate se você tiver um PGBL a<br />
tributação será calculada sobre o total do resgate, ou seja, capital mais<br />
rendimento. No caso do VGBL essa tributação incide apenas sobre o valor do<br />
rendimento.<br />
No momento em que o investidor ingressa no plano, há ainda a<br />
possibilidade de optar pelo tipo de tributação. Desde 2005 existem duas<br />
tabelas de imposto de renda para os planos de p<strong>rev</strong>idência que são a<br />
progressiva compensável e a regressiva definitiva. Ambas são apresentadas a<br />
seguir.<br />
Renda<br />
Alíquota IR<br />
Até 1.372,81 0%
De 1.372,81 a 2.743,25 15%<br />
Acima de 2.743,25 27,5%<br />
Quadro : Tabela Progressiva IR<br />
Fonte: Iniciante na Bolsa<br />
Prazo de acumulação dos recursos<br />
Alíquota IR<br />
Até 2 anos 35%<br />
De 2 a 4 anos 30%<br />
De 4 a 6 anos 25%<br />
De 6 a 8 anos 20%<br />
De 8 a 10 anos 15%<br />
Acima de 10 anos 10%<br />
Quadro : Tabela Regressiva IR<br />
Fonte: Andima<br />
A diferença básica entre as duas tabelas é que uma se baseia no valor<br />
resgatado e a outra no tempo de acumulação dos recursos. Deve-se ressaltar<br />
também que a tributação progressiva não é definitiva, pois no momento do<br />
resgate é feita a retenção de 15% de IR e há a possibilidade de redução do<br />
imposto a ser pago na declaração anual de ajuste do IR. Já a tributação<br />
regressiva é definitiva, sem possibilidade de ajustes na declaração de IR anual.<br />
Outra diferença é que na tabela regressiva não há faixa de isenção, já na<br />
progressiva existe essa possibilidade.<br />
Assim sendo, pode-se dizer que a tabela progressiva é aplicável aqueles<br />
que pretendem resgatar sua p<strong>rev</strong>idência privada em curto espaço de tempo, ou<br />
para aqueles que já se aproximam da aposentadoria. Já para aqueles que
estão começando suas contribuições e pretendem fazê-las por longo tempo a<br />
tabela regressiva é mais indicada.<br />
Ambos os tipos de plano permitem que o contribuinte escolha quanto e<br />
como contribuir. As contribuições podem variar e a forma de receber a renda<br />
ao decidir se aposentar também pode ser determinada pelo contribuinte entre<br />
as seguintes:<br />
- Renda mensal vitalícia: renda paga vitaliciamente ao participante, a<br />
partir da data de concessão do benefício.<br />
- Renda mensal por tempo determinado: consiste em renda paga<br />
temporária e exclusivamente ao participante. Cessa com o falecimento do<br />
participante ou o fim do tempo contratado.<br />
- Renda mensal vitalícia com prazo mínimo garantido: consiste em uma<br />
renda paga vitaliciamente ao participante, a partir da data de concessão do<br />
benefício. Caso o participante venha a falecer antes do prazo mínimo<br />
garantido, o benefício é pago aos beneficiários ou herdeiros até o prazo<br />
garantido.<br />
- Renda mensal vitalícia <strong>rev</strong>ersível ao beneficiário indicado: consiste em<br />
renda paga vitaliciamente ao participante, a partir da data de concessão do<br />
benefício, e no caso de morte deste, o percentual contratado na proposta de<br />
inscrição é <strong>rev</strong>ertido vitaliciamente ao beneficiário indicado.<br />
Com a descrição destes investimentos, pode-se agora decidir por algum<br />
ou alguns deles. Os autores, em sua maioria, recomendam a diversificação da<br />
carteira, ou seja, não aplicar todo o dinheiro no mesmo investimento, variar um<br />
pouco, experimentar formas novas de fazer as coisas. Normalmente as<br />
pessoas têm medo do desconhecido, mas quem não arrisca nunca pode saber<br />
o que está perdendo.<br />
Agora que já se conhece um pouco acerca de cada um deles fica mais<br />
fácil tomar a decisão de investimento mais adequada. O que não pode ser<br />
esquecido jamais é que para que se possa fazer investimentos é de suma<br />
importância poupar.
No próximo capítulo, será apresentada a metodologia utilizada para o<br />
desenvolvimento da pesquisa.<br />
4. METODOLOGIA<br />
Neste capítulo serão apresentados os meios para a realização da<br />
pesquisa proposta por este estudo.<br />
Segundo Vergara (2007), a pesquisa pode ser classificada quanto aos<br />
fins e quanto aos meios. Quanto aos fins esta pesquisa é descritiva, pois de<br />
acordo com Vergara (2007) e Gil (2002) a pesquisa descritiva é aquela que<br />
objetiva a definição das características de determinada população ou<br />
fenômeno. Neste caso, o objetivo é conhecer o comportamento financeiro de<br />
casais sem filhos.<br />
Quanto aos meios esta pesquisa se vale de dois métodos: além de ser<br />
um estudo bibliográfico, também se utiliza de questionário para a coleta das<br />
informações a serem analisadas.<br />
A pesquisa é bibliográfica, pois se vale de estudo desenvolvido com<br />
base em material publicado em livros, <strong>rev</strong>istas e internet. Esse procedimento é<br />
imprescindível, pois permite saber o que os autores dizem a respeito do<br />
assunto.<br />
Nesse sentido, Gil (2002) esclarece que a principal vantagem da<br />
pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao pesquisador a cobertura de<br />
uma gama de fenômenos muito maior do que aquela que poderia pesquisar<br />
diretamente. O maior problema deste tipo de pesquisa para Gil (2002) é que<br />
muitas vezes as fontes apresentam dados processados de forma equivocada,<br />
comprometendo a qualidade da pesquisa que se basear naquela fonte.
Já a aplicação do questionário é de suma importância para que se<br />
possa conhecer o comportamento dos casais em relação ao dinheiro. Para<br />
isso, utilizou-se um questionário misto, com perguntas abertas e fechadas.<br />
Gil (2002) destaca as vantagens e desvantagens desta forma de<br />
obtenção dos dados. Segundo o autor, entre as vantagens da aplicação de<br />
questionário estão o conhecimento direto da realidade, o baixo custo da<br />
pesquisa, a rapidez no levantamento dos dados e a possibilidade de se tabular<br />
os dados, para uma análise estatística dos mesmos.<br />
As desvantagens da aplicação do questionário como meio de obtenção<br />
dos dados são:<br />
- Ênfase nos aspectos perceptivos: o questionário recolhe os dados<br />
referentes à percepção que as pessoas têm de si mesmas. O problema é que a<br />
percepção é subjetiva, e existe grande diferença entre o que as pessoas fazem<br />
ou sentem e o que elas dizem.<br />
- Pouca profundidade no estudo acerca da estrutura e dos processos<br />
sociais: o questionário não é adequado à investigação profunda dos<br />
fenômenos, apenas permite obter uma grande quantidade de dados a respeito.<br />
No estudo aqui apresentado, isso implica em conhecer o comportamento dos<br />
casais sem filhos em relação a dinheiro, mas sem um estudo mais profundo<br />
acerca do que motiva esse comportamento.<br />
- Limitada apreensão do processo de mudança: o questionário oferece<br />
uma espécie de fotografia de determinado comportamento, mas não indica<br />
suas tendências de variação ou possíveis mudanças estruturais.<br />
Considerando esses fatores, Gil (2002) esclarece que a aplicação de<br />
questionários é muito adequada em pesquisas descritivas, e muito útil para o<br />
estudo de opiniões e atitudes.<br />
Uma vez aplicado o questionário, os dados foram tabulados em forma<br />
de gráficos e analisados a partir das afirmações dos autores utilizados para a<br />
elaboração do referencial teórico.
Os dados coletados foram analisados qualitativamente e<br />
quantitativamente, pois depois de obtidos foram tabulados e apresentados em<br />
forma de percentual. Em seguida foram estabelecidas comparações entre o<br />
comportamento dos casais e o que foi apresentado no referencial teórico do<br />
estudo. Esse procedimento é definido como método estatístico comparativo na<br />
definição de Marconi e Lakatos (2006).<br />
Para Marconi e Lakatos (2006) a análise qualitativa visa o<br />
aprofundamento das questões analisadas pela pesquisa, no trato do<br />
comportamento humano com o ambiente e a situação que está sendo<br />
investigada.<br />
Já a aplicação do método estatístico comparativo visa estabelecer<br />
semelhanças ou diferenças existentes no comportamento dos casais<br />
ent<strong>rev</strong>istados. Esses métodos se justificam, pois existem dados numéricos a<br />
serem analisados de forma que se possa obter conclusões a respeito do<br />
comportamento dos ent<strong>rev</strong>istados.<br />
No próximo capítulo os dados coletados são apresentados e analisados<br />
conforme descrito anteriormente.
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS<br />
Como já descrito anteriormente, os dados foram coletados através da<br />
aplicação de um questionário composto de 14 questões, entre as quais, havia<br />
questões abertas e fechadas. Os casais ent<strong>rev</strong>istados eram em sua maioria<br />
jovens com pouco tempo de união e rendas semelhantes, variando entre dois e<br />
cinco salários mínimos. As questões respondidas pelos casais estão elencadas<br />
a seguir, juntamente com as respostas obtidas.<br />
Neste estudo, serão analisadas as respostas dos dez casais para cada<br />
questionamento, através de gráficos e das contribuições dos autores utilizados<br />
para o desenvolvimento do <strong>trabalho</strong> em seu referencial teórico.<br />
Serão apresentadas as perguntas, juntamente com um gráfico<br />
representativo das respostas, e em seguida uma análise dos resultados<br />
obtidos.<br />
Pergunta: Vocês dividem os pagamentos das despesas? De que forma?<br />
20%<br />
Sim igualmente<br />
20%<br />
10%<br />
50%<br />
Ela paga<br />
Dinheiro<br />
conjunto<br />
Paga mais quem<br />
ganha mais<br />
Gráfico 1: Divisão do Pagamento das Despesas entre os Casais
Fonte: Elaboração própria do autor<br />
Quanto às respostas para a primeira questão feita a cada casal,<br />
observou-se, que em sua maioria as despesas do lar são pagas pelos dois<br />
membros do casal, divididas ao meio ou um valor aproximado. Assim cada um<br />
paga metade das despesas domésticas, e arca com suas despesas pessoais,<br />
sendo que não há conta conjunta em banco. Apenas 10% dos casais<br />
afirmaram que apenas um deles paga todas as despesas sozinho, enquanto<br />
que o outro nada contribui.Enquanto isso, 20% afirmaram que o dinheiro do<br />
casal é dos dois, e mantém conta conjunta em banco, sendo que neste caso,<br />
tanto as despesas quanto os investimentos são conjuntos. Outros 20%<br />
afirmaram ainda, que as despesas do casal são divididas, mas paga mais<br />
aquele que têm o maior salário. Curiosamente, neste caso, os investimentos<br />
são conjuntos.<br />
Essa realidade observada no cotidiano dos casais confirma o que diz<br />
Guimarães (2007) em sua dissertação de mestrado acerca do tratamento do<br />
dinheiro no âmbito do casamento. Os comportamentos apresentados pelos<br />
casais ent<strong>rev</strong>istados vão de encontro também ao que diz Cerbasi (2004) sobre<br />
o papel da mulher no orçamento dos casais atualmente.<br />
Pergunta: Vocês costumam fazer uma reserva (poupança) da renda<br />
mensalmente?<br />
10%<br />
30%<br />
Sim<br />
Não<br />
Sim,<br />
individualmente<br />
60%<br />
Gráfico 2: Hábito de poupar<br />
Fonte: Elaboração própria do autor
Pergunta: Vocês elaboram e controlam as receitas e despesas mensais<br />
em algum tipo de Planilha ou caderno?<br />
20%<br />
Sim<br />
Não<br />
80%<br />
Grafico 3: Hábito de Controlar o Orçamento Doméstico<br />
Fonte: Elaboração própria do autor<br />
Serão analisadas em conjunto as respostas obtidas a segunda e terceira<br />
questão, por tratarem-se de assuntos complementares, em que se observando<br />
um comportamento é possível entender outro.<br />
A segunda pergunta do questionário dizia respeito ao hábito de poupar<br />
mensalmente algum valor da renda auferida pelo casal. Apenas 30% dos<br />
casais disseram fazer uma economia mensal da renda, enquanto que 60%<br />
afirmam que não poupam, ou por não sobrar dinheiro, ou por não terem<br />
adquirido este hábito. 10% dos casais afirmaram que apenas um dos membros<br />
faz uma poupança regularmente, não mensal, mas sempre que possível.<br />
Com estas respostas é possível observar que os autores consultados<br />
para a elaboração do <strong>trabalho</strong>, entre eles Segundo Filho (2003), Cerbasi<br />
(2004), Halfeld (2001) e Silva Neto (2003) acertam ao afirmar que a maioria da<br />
população não tem o hábito de poupar, seja pelos apelos do marketing que<br />
incita o consumo, seja pela falta de hábito ou até mesmo de motivação. Esse<br />
comportamento pode ser atribuído também ao fato de 80% dos casais terem<br />
afirmado não elaborar um controle das receitas e despesas nem em rabisco,<br />
conforme respostas dadas a terceira pergunta feita aos ent<strong>rev</strong>istados.
Novamente, o comportamento observado entre os casais confirma o que<br />
dizem Silva Neto (2003) e Halfeld (2001) acerca da falta de controle do<br />
orçamento doméstico. Sem saber o valor das receitas e despesas mensais,<br />
realmente fica difícil poupar.<br />
Pergunta: Vocês têm algum objetivo de consumo de médio e de longo<br />
prazo? (compra casa própria, carro, aposentadoria, viagem)<br />
20%<br />
Sim<br />
Não<br />
80%<br />
Grafico 4: Existência de objetivo de médio e longo prazo<br />
Fonte: Elaboração própria do autor<br />
As respostas a quarta questão feita aos ent<strong>rev</strong>istados também ajudam a<br />
entender o comportamento relatado anteriormente. Quando perguntados<br />
acerca de possuírem objetivos de longo prazo, tais como a compra da casa<br />
própria, carro, realização de viagem ou formação de reserva para a<br />
aposentadoria, 80% dos casais afirmaram ter algum destes objetivos, sendo<br />
que 30% desejam a aquisição da casa própria e 50% desejam comprar um<br />
carro novo. Como estes objetivos normalmente não podem ser alcançados no<br />
curto prazo, pois exigem muita disciplina para poupar parte da renda auferida<br />
com o <strong>trabalho</strong> e a obtenção de bons resultados em seus investimentos para a<br />
compra do bem à vista, grande parte das pessoas têm recorrido a longos<br />
financiamentos para a realização destes objetivos. Assim, comprometem a<br />
renda com mais uma prestação a pagar e acabam por alegar que não sobra<br />
dinheiro para investir. Esse comportamento vai de encontro ao relatado por<br />
Gallagher (2004), ao tratar do investimento em imóveis e da aquisição da casa<br />
própria.
Por outro lado, não ter objetivos também implica na falta de motivação<br />
para poupar, conforme destaca Silva Neto (2003), ao tratar o planejamento<br />
financeiro como negócio de família. O estabelecimento de objetivos faz com<br />
que os envolvidos se sintam menos penalizados com certos cortes do dia-adia,<br />
ao saberem que seu sacrifício será recompensado com a aquisição de<br />
uma casa na praia onde possam passar suas férias, por exemplo.<br />
Pergunta: Vocês já recorreram ao cheque especial?<br />
60%<br />
40%<br />
Sim<br />
Não<br />
Gráfico 5: Utilização do Cheque Especial<br />
Fonte: Elaboração própria do autor<br />
No que diz respeito ao uso do cheque especial, 40% dos ent<strong>rev</strong>istados<br />
afirmaram que já recorreram a essa modalidade de crédito. Alguns por<br />
descuido (afinal não há orçamento doméstico), outros por emergência, mas o<br />
preocupante é que há alguns recorrentes, embora saibam das altas taxas de<br />
juros cobradas pelos bancos para esse tipo de crédito. Esse comportamento é<br />
classificado por Cerbasi (2004) como o descontrole financeiro, que ocorre<br />
quando não se tem controle das receitas e despesas, nem qualitativa nem<br />
quantitativamente. Essa observação é possível através do cruzamento das<br />
respostas às perguntas 2 e 5, que questionam acerca da habitualidade de<br />
poupar e do uso do cheque especial, afinal todos os casais que afirmaram já<br />
ter recorrido ao cheque especial, responderam também que não costumam<br />
poupar.<br />
Dessa forma, pode ser observado que a recíproca é verdadeira, pois<br />
apenas um dos casais que afirmou jamais ter recorrido ao cheque especial, diz
não poupar parte de sua renda. Este comportamento é apontado por Cerbasi<br />
(2004) como o de gastadores, que vivem bem o momento e não poupam a não<br />
ser para uma próxima viagem. Essa classificação também pode ser atribuída<br />
aos dois casais que disseram ter recorrido ao cheque especial eventualmente,<br />
pois gastam todo o salário, às vezes um pouco mais e gostam de ostentar.<br />
Também não se incomodam em recorrer a financiamentos.<br />
Ao mesmo tempo, 50% dos casais declararam não utilizar o cheque<br />
especial e ainda fazer uma reserva mensal da renda. Estes, para Cerbasi<br />
(2004) podem ser considerados desligados, pois gastam menos do que<br />
ganham e poupam o que sobra, mas não sabem exatamente quanto. Esta<br />
conclusão é possível, pois além de afirmarem não usar cheque especial e<br />
poupar parte da renda, a totalidade destes casais afirmou que não controla<br />
seus gastos mensais, ou seja, poupam quando podem, quando não podem e<br />
não têm dinheiro compram parcelado. Quando têm um valor mais expressivo<br />
na conta trocam de carro ou fazem uma viagem, mas sempre acham cedo para<br />
planejar a aposentadoria.<br />
Entre os casais ent<strong>rev</strong>istados não foram encontrados os outros dois<br />
estilos de lidar com o dinheiro, segundo a classificação de Cerbasi (2004), que<br />
são os poupadores (conhecidos como avarentos, mesquinhos) e os financistas,<br />
que são aqueles que mantêm um rigoroso controle dos gastos, fazem<br />
pesquisas de preços e entendem de juros, investimentos e inflação.<br />
Pergunta: Vocês se julgam gastadores ou poupadores?<br />
40%<br />
60%<br />
Gastadores<br />
Poupadores<br />
Gráfico 6: Perfil dos casais
Fonte: Elaboração própria do autor<br />
Os casais também foram questionados sobre o que acham do seu<br />
comportamento em relação ao dinheiro. Neste caso, 60% admitem ser<br />
gastadores, com alguma ressalva ou desculpa para justificar a resposta e 40%<br />
se disseram poupadores. Aqui é interessante observar que eles mesmos<br />
sabem que são gastadores em sua maioria, mas ao invés de procurar corrigir o<br />
problema, procuram desculpas para justificar seus gastos desordenados,<br />
comportamento este descrito por Segundo Filho (2003). Estas pessoas não se<br />
preocupam com o futuro e gostam de ostentar um padrão de vida mais alto do<br />
que aquele que realmente suportam. Já sobre os que se dizem poupadores,<br />
eles na verdade não sabem, mas são desligados, pois poupam sem traçar<br />
objetivos, sem controlar gastos. Poupam por poupar, e como diz Cerbasi<br />
(2004), o dinheiro não é um fim, e sim um meio. Poupar por si só não se<br />
justifica, é preciso ter ambições, investir em algo que traga felicidade ao casal.<br />
Pergunta: Já fizeram investimentos em ações ou pensam em investir?<br />
30%<br />
Sim<br />
Não<br />
70%<br />
Gráfico 7: Intenção de Realizar Investimento em Ações<br />
Fonte: Elaboração própria do autor<br />
A sétima pergunta procurou avaliar o grau de aversão ao risco dos<br />
participantes. Quando questionados acerca de investimento em ações, 70%<br />
dos casais disseram que nunca investiram nem jamais pretendem investir<br />
neste tipo de ativo. Em alguns deles até pode ser observado um sentimento de<br />
quase pavor ao ouvir a palavra ações. Por outro lado, 30% afirmaram já ter<br />
esse tipo de investimento ou pensar em fazê-lo. Esse comportamento confirma
a classificação de Gitman (2006) sobre propensão ao risco. Já diz ele, que em<br />
sua maioria, os investidores costumam ser avessos ao risco, em concordância<br />
com a avaliação de Segundo Filho (2003).<br />
É interessante observar que estes casais têm aversão ao risco de perder<br />
dinheiro com investimentos, mas não são capazes de perceber os desperdícios<br />
e extravagâncias que cometem no dia-a-dia, comportamento este que pode<br />
levar a perdas financeiras tão grandes ou ainda maiores do que as<br />
possivelmente obtidas com a desvalorização de uma ação.<br />
Pergunta: Fazem pesquisas de preço regularmente antes de irem às<br />
compras?<br />
50%<br />
50%<br />
Sim<br />
Não<br />
Gráfico 8: Hábito de pesquisar preços<br />
Fonte: Elaboração própria do autor<br />
Este comportamento pode ser observado se compararmos as respostas<br />
da sétima questão em relação às obtidas para a oitava, que se referia ao hábito<br />
de pesquisar preços antes de ir às compras. 50% dos casais afirmaram fazer<br />
pesquisas e outros 50% afirmaram não fazer pesquisas. Todos os casais que<br />
disseram não pesquisar os preços antes de ir às compras se declararam<br />
avessos ao investimento em ações, além de não fazer qualquer tipo de<br />
orçamento doméstico. Cerbasi (2004) explica que muitos casais não fazem<br />
planejamento financeiro porque isso acarreta horas controlando as despesas e<br />
traçando estratégias para investir e poupar, enquanto que este tempo poderia<br />
estar sendo empregado em outras atividades mais prazerosas. Ewald (2007)<br />
também destaca que pesquisar preços exige muito <strong>trabalho</strong> e esforço, e talvez
o comodismo de comprar mais perto de casa ou onde sempre se compra<br />
acabe desestimulando a pesquisa de preços antes da realização das compras.<br />
Pergunta: O que vocês pensam acerca de investimento em imóveis?<br />
20%<br />
Gostam<br />
Não gostam<br />
80%<br />
Gráfico 9: Opinião acerca do investimento em imóveis<br />
Fonte: Elaboração própria do autor<br />
Quando perguntados acerca de sua opinião sobre o investimento em<br />
imóveis, 80% declararam gostar deste tipo de investimento, pois ele possibilita<br />
um incremento da receita através dos aluguéis. Alguns também destacaram<br />
que este investimento mantém o valor do dinheiro, ou seja, não se desvaloriza<br />
ao longo dos anos. Para os 20% que declararam não gostar deste investimento<br />
a justificativa foi a baixa liquidez, pois se o investidor precisar se desfazer do<br />
imóvel para obter seu capital, primeiro precisará arrumar um comprador, e isto<br />
às vezes pode levar tempo, o que pode acarretar inclusive na venda do imóvel<br />
por um valor abaixo do mercado. Este comportamento vai de encontro ao<br />
descrito por Gallagher (2004), ao esc<strong>rev</strong>er que o brasileiro gosta do<br />
investimento em imóveis, principalmente por sua capacidade de preservar o<br />
valor do dinheiro e gerar renda extra através do aluguel.<br />
Pergunta: Costumam comprar à vista ou a prazo em relação às compras<br />
no mercado, roupas e eletro-eletrônicos?
20%<br />
20%<br />
20%<br />
40%<br />
À vista<br />
À vista só com<br />
desconto<br />
À vista só no<br />
mercado<br />
A prazo<br />
Gráfico 10: Forma de pagamento das compras<br />
Fonte: Elaboração própria do autor<br />
A décima pergunta foi a respeito da forma de pagamento das compras,<br />
se à vista ou a prazo. 40% declararam pagar as compras à vista. 20%<br />
declararam comprar à vista somente mediante a obtenção de um desconto.<br />
20% declararam comprar à vista apenas no mercado, e o restante (roupas e<br />
eletro-eletrônicos) parcelado. Outros 20% declararam comprar geralmente a<br />
prazo.<br />
Nesse sentido, Ewald (2007) esclarece que o ideal é pagar à vista e<br />
negociar o desconto, mas em caso de necessidade de pagar a prazo<br />
recomenda alguns cuidados. Pelo que pôde ser observado, a maioria dos<br />
casais segue este conselho, comprando à vista e pedindo desconto. No<br />
mundo atual, pelas tentações do consumo, é preciso muita cautela com as<br />
compras a prazo que podem se tornar vilãs do orçamento doméstico. No caso<br />
de não haver este orçamento, como declarou a maioria dos casais, é preciso<br />
cuidado redobrado, para evitar o completo descontrole das finanças do casal.<br />
Pergunta: O casal costuma conversar sobre dinheiro regularmente?
70%<br />
30%<br />
Sim<br />
Não<br />
Gráfico 11: Hábito de conversar sobre dinheiro<br />
Fonte: Elaboração própria do autor<br />
Em resposta a essa questão a maioria dos casais declarou não<br />
conversar regularmente sobre dinheiro, fato este que vai de encontro ao que<br />
esc<strong>rev</strong>e Cerbasi (2004). Segundo ele, a maioria dos casais não conversa sobre<br />
dinheiro, a não ser quando a situação financeira já está bastante crítica, e as<br />
soluções são mais difíceis. Para ele, o tema dinheiro é um tabu ainda maior do<br />
que o sexo entre os casais, e isso precisa ser superado, pois essa falta de<br />
diálogo pode levar a brigas que culminem com o fim do relacionamento.<br />
Guimarães (2007) em sua dissertação de mestrado também faz afirmações a<br />
este respeito. O diálogo é a melhor forma de um deixar claro para o outro quais<br />
são seus objetivos e o que é preciso fazer em termos de orçamento doméstico<br />
para atingi-los.<br />
Pergunta: Vocês têm aplicações em renda fixa (Fundos, poupança ou<br />
CDB)?<br />
40%<br />
60%<br />
Sim<br />
Não
Gráfico 12: Aplicações em renda fixa<br />
Fonte: Elaboração própria do autor<br />
Em resposta a esta pergunta a maioria dos casais afirmou ter algum tipo<br />
de aplicação em renda fixa. Os casais que afirmaram não ter aplicações deste<br />
tipo são aqueles que não conseguem poupar, gastam tudo o que ganham ou<br />
às vezes um pouco mais. As aplicações em renda fixa são as mais comuns,<br />
pois a maioria das pessoas é avessa ao risco, e em tese estas aplicações são<br />
as menos arriscadas que existem no mercado.<br />
Novamente pode-se ver confirmada a classificação de aversão risco<br />
dada por Gitman (2006) e Segundo Filho (2003), como já pode ser vista nas<br />
respostas à questão de número sete que perguntava acerca da possibilidade<br />
de investimento em ações. Como se pode ver as respostas a esta pergunta<br />
uma confirmam as análises feitas das respostas da outra.<br />
Para muitos autores, entre eles Segundo Filho (2003), Halfeld (2001),<br />
Silva Neto (2003) e Gallagher (2004), outro fator que propicia o investimento<br />
em renda fixa, em detrimento do investimento em ações é a facilidade de<br />
aplicação, a simplicidade deste tipo de investimento e o baixo valor exigido<br />
para as aplicações. Enquanto isso o mercado acionário parece muito<br />
complicado ao investidor brasileiro, que acaba sacrificando um maior<br />
rendimento por uma questão de comodidade.<br />
Pergunta: Costumam adotar práticas que levam a economia na conta de<br />
luz?<br />
60%<br />
40%<br />
Sim<br />
Não
Gráfico 13: Adoção de práticas para economia de energia elétrica<br />
Fonte: Elaboração própria do autor<br />
As respostas a esta pergunta <strong>rev</strong>elaram que a maioria dos casais<br />
ent<strong>rev</strong>istados não costuma adotar políticas de redução das despesas com<br />
energia elétrica, situação esta que já era p<strong>rev</strong>isível, uma vez que em sua<br />
grande maioria não fazem orçamento financeiro. Enquanto isso 40% dos<br />
ent<strong>rev</strong>istados afirmaram adotar algum tipo de prática que resultasse numa<br />
redução da conta de luz, entre elas a troca das lâmpadas da casa por outras<br />
mais econômicas, tomar banhos rápidos, desligar as luzes em ambientes que<br />
não estão sendo utilizados, desligar os aparelhos eletro-eletrônicos da tomada<br />
quando não estão sendo utilizados e outras do tipo. Estas práticas resultaram<br />
segundo os casais uma economia de até 40% na conta de luz. Como se pode<br />
ver, muitas destas práticas adotadas por estes casais estão listadas no Manual<br />
Dicas de Conservação de Energia, da Eletrobrás, do qual extraímos sugestões<br />
que proporcionam a economia com esta despesa. Estes casais estão no<br />
caminho certo, e com o conhecimento do conteúdo do Manual, que lhes foi<br />
disponibilizado, certamente passarão a economizar ainda mais. Já para<br />
aqueles que disseram não adotar nenhuma prática para a redução da conta de<br />
energia, também foi distribuído este material, para que eles comecem a pensar<br />
melhor nesta possibilidade, afinal são pequenas atitudes do cotidiano que<br />
acabam fazendo uma grande diferença no bolso.<br />
Pergunta: Cite algumas práticas adotadas pelo casal para economia de<br />
algumas contas mensais (Combustível, telefone, mercado e outros).
10%<br />
Sim<br />
Não<br />
90%<br />
Gráfico 14: Adoção de práticas de economia<br />
Fonte: Elaboração própria do autor<br />
Em resposta a essa pergunta, apenas 10% dos casais afirmou não<br />
adotar nenhuma prática no sentido de economizar nas contas mensais. Aos<br />
90% restantes que afirmaram adotar alguma prática neste sentido, foi pedido<br />
que dessem exemplos. Os exemplos dados pelos casais estão em<br />
concordância com as sugestões de Ewald (2007), como no caso do telefone,<br />
em que os casais afirmaram procurar planos de telefone mais barato,<br />
especialmente os empresariais, que apresentam uma parcela fixa baixa e cujo<br />
custo do minuto das ligações é algo em torno de quarenta centavos, com<br />
algumas variações de acordo com a operadora. Esta alternativa foi apontada<br />
por 50% dos casais para a redução dos custos de telefonia, especialmente com<br />
o celular. Outros 20% dizem que a forma encontrada para economizar com<br />
este custo é falar o mínimo possível ou em horários com tarifas mais baixas e<br />
evitar o uso do celular quando se tem um telefone fixo a disposição.<br />
Quanto à economia de combustível os casais em sua maioria se<br />
mostraram mais resistentes. Apenas 30% deles procura utilizar o transporte<br />
coletivo para se deslocar ao <strong>trabalho</strong>, como Sugere Ewald (2007). 10% dos<br />
casais afirmaram procurar os preços mais baixos na hora de abastecer o carro,<br />
e ainda procuram abastecer o carro com álcool, quando a relação com o preço<br />
da gasolina faz com este combustível de torne mais barato. Os 60% restantes<br />
afirmaram não adotar práticas para a redução desta despesa por uma questão<br />
de comodidade.
No que se refere às despesas com alimentação, 60% dos casais<br />
afirmaram procurar aproveitar as promoções e alguns deles até falaram em<br />
pesquisa de preços, mas em caráter eventual. Pode-se perceber que eles têm<br />
adotado as práticas sugeridas por Ewald (2007), mas este autor também<br />
sugere cuidados na hora de aproveitar estas promoções, como a observação<br />
da data de validade dos produtos, por exemplo.<br />
Quanto à economia de água, apenas 10% dos casais disseram adotar<br />
práticas nesse sentido. A forma encontrada para esta economia foi reaproveitar<br />
a água nas lavagens de roupa, tomar banhos rápidos, fechar a torneira ao lavar<br />
a louça e escovar os dentes, lavar a calçada com mangueira apenas uma vez<br />
por mês e lavar o carro com a utilização de baldes. Segundo o casal, estas<br />
práticas possibilitaram a redução de 20% na despesa com água. Estas práticas<br />
e muitas outras são listadas no site das Companhias de água do Rio Grande<br />
do Sul e da Paraíba, com a finalidade de economizar água, que é um recurso<br />
renovável. É possível que num futuro bem próximo, a economia de água não<br />
seja mais uma opção e sim uma obrigação de todos em contribuição para a<br />
conservação da vida no planeta.<br />
De um modo geral pode-se perceber que:<br />
- os casais ent<strong>rev</strong>istados costumam dividir as despesas da casa e o<br />
critério desta divisão geralmente é cada um pagar a metade.<br />
- não costumam fazer uma reserva da renda mensalmente, e nem<br />
elaboram um orçamento doméstico.<br />
- têm objetivos de longo prazo, como a compra da casa própria ou<br />
reforma daquela que possuem; a aquisição de um carro ou a troca do<br />
existente; a realização de uma viagem ou a formação de uma reserva para a<br />
aposentadoria, mas não tem disciplina para poupar, e no que se refere à estas<br />
aquisições acaba optando por longos financiamentos.<br />
- muitos deles já recorreram ao cheque especial, o que evidencia o<br />
descontrole financeiro destes casais, além deles próprios se julgarem<br />
gastadores, mas sem procurar alternativas e sim desculpas para tal<br />
comportamento.
- a maioria deles tem aversão ao risco de perder dinheiro com<br />
investimentos, por isso jamais teria investimentos em ações, preferindo a renda<br />
fixa.<br />
- metade dos casais afirma fazer pesquisas de preços antes de ir às<br />
compras e a maioria diz procurar fazer o pagamento à vista, com a exigência<br />
da obtenção de um desconto.<br />
- não costumam conversar sobre dinheiro regularmente e gostam do<br />
investimento em imóveis.<br />
- não adotam práticas de economia da despesa com energia elétrica,<br />
mas quase todos dizem adotar algum comportamento que reflita em economia<br />
das despesas domésticas, tais como supermercado, água, telefone e<br />
combustível.<br />
Assim sendo, a aplicação do questionário confirma um cenário conforme<br />
o apresentado por Cerbasi (2004). De acordo com ele, os casais não<br />
costumam conversar sobre dinheiro, nem elaborar orçamento financeiro. Em<br />
decorrência disso, gastam enquanto têm dinheiro na carteira e quando ele<br />
acaba nem perceberam. Isto faz com que precisem recorrer ao parcelamento<br />
das compras, e impossibilita qualquer tentativa de poupar parte da renda<br />
mensalmente. Para estes casais, é hora de começar a pensar no futuro e<br />
decidir o rumo das finanças do casal juntos, ainda que cada um faça isso<br />
individualmente. O importante é que cada um saiba dos objetivos do outro para<br />
que possam começar um planejamento financeiro que faça com que o dinheiro<br />
não se torne motivo para discussões seja pelo excesso ou pela falta, ou ainda<br />
pela forma de utilização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Ao término deste <strong>trabalho</strong> constata-se ao atendimento de seu objetivo<br />
geral, ou seja, estudar o comportamento financeiro de dez casais sem filhos<br />
com renda entre dois e cinco salários mínimos.<br />
Da mesma forma foram atendidos os objetivos específicos. Ao longo do<br />
estudo pode-se destacar a importância do planejamento financeiro e de poupar<br />
parte da renda mensalmente, a fim de formar uma reserva financeira. Também<br />
foram apresentados modelos de planilha de controle de gastos, balanço<br />
patrimonial e demonstração de resultados, que podem ser perfeitamente<br />
ajustados à realidade de cada casal.<br />
No segundo capítulo foram apresentadas alternativas para o equilíbrio<br />
do orçamento doméstico, através de redução das despesas ou do aumento das<br />
receitas. Uma vez equilibrado este orçamento, e tendo sobrado algum recurso,<br />
foram caracterizados os tipos de investimento disponíveis no mercado<br />
financeiro a fim de possibilitar que o dinheiro se multiplique e auxilie os casais<br />
na concretização de seus objetivos.<br />
Pode-se concluir várias coisas ao fim deste estudo. Primeiramente<br />
constata-se que o brasileiro em geral não costuma elaborar um planejamento<br />
financeiro para sua vida. Muitos até têm objetivos, como a compra de um carro<br />
do ano, ou da casa própria, mas não costumam planejar essas aquisições. Em<br />
decorrência disso, acabam recorrendo muitas vezes a longos financiamentos<br />
para a realização destes sonhos. Ou seja, fazem as coisas do jeito mais caro.<br />
É sempre mais barato e gratificante adquirir seus bens com <strong>trabalho</strong> e<br />
disciplina para poupar, o que se consegue através da elaboração do<br />
planejamento financeiro.<br />
Sem um planejamento financeiro, a pessoa ou o casal acaba perdendo o<br />
foco, nem começa a poupar para trocar de carro, porque acha que isso vai
demorar muito tempo para acontecer. E gastam o seu dinheiro com supérfluos<br />
ou mantendo um padrão de vida mais alto do que aquele que realmente<br />
possuem.<br />
Sendo assim, os casais não têm o hábito de poupar parte de sua renda<br />
mensalmente e nem de fazer um controle de gastos. Assim, continuam sem<br />
perceber seus erros e os sonhos que têm ficam cada vez mais distantes de se<br />
transformar em realidade. Sua realização passa a depender cada vez mais de<br />
empréstimos e financiamentos.<br />
Para isso também contribuem os apelos do marketing. É cada vez mais<br />
difícil poupar porque as estratégias de marketing das empresas estão cada vez<br />
mais ousadas. Ao mesmo tempo, o consumo imediato, ainda que ao custo de<br />
uma dívida se torna muito gratificante, enquanto que poupar requer alguns<br />
sacrifícios e disciplina, além de comprometimento consigo e com seus<br />
objetivos.<br />
A maioria das pessoas é desligada. Sem um controle de gastos e um<br />
planejamento financeiro, não sabem quanto entra e quanto sai da carteira nem<br />
quando isso ocorre. Se gastar um pouco mais, não tem problema, pois para<br />
isso existe o cheque especial. Se sobrar, guarda. Não existem compromissos<br />
nem regras, até porque a maioria das pessoas não gosta disso.<br />
O próprio casamento sofreu muitas transformações com o passar do<br />
tempo. Antigamente as pessoas casavam no civil e no religioso, com direito a<br />
aliança, padre, vestido branco e lua-de-mel. Atualmente, só vão morar juntas e<br />
isso já é considerado uma união estável, quase o mesmo que casamento. Em<br />
decorrência disso, e da entrada da mulher no mercado de <strong>trabalho</strong>, a divisão<br />
das despesas domésticas também mudou. Muitos casais dividem as despesas<br />
do lar igualmente, mas sem conta conjunta em banco. Na maioria dos casos,<br />
cada um tem sua própria conta e paga suas despesas pessoais. Antigamente,<br />
o homem trabalhava para sustentar a casa e a mulher cuidava do lar e dos<br />
filhos, e o dinheiro do marido era universal, assim como o regime de comunhão<br />
dos bens.
Outro fato que pode ser observado, é que os casais não costumam<br />
conversar sobre dinheiro. E quando o fazem geralmente ele está faltando, ou<br />
estão gastando além do que ganham. Sendo assim, o dinheiro acaba se<br />
tornando mais um motivo de briga para o casal, pois geralmente um coloca a<br />
culpa da situação no outro. Para o homem, a mulher está gastando demais<br />
com roupas, e para a mulher o homem é que não devia ter trocado de carro,<br />
por exemplo. Conversar sobre dinheiro nessas circunstâncias se torna algo<br />
realmente difícil e desgastante.<br />
Daí a importância de se conversar sobre dinheiro e sobre os objetivos<br />
que cada um tem. Isso possibilita além da elaboração do planejamento<br />
financeiro e do orçamento doméstico, o conhecimento mútuo entre o casal. Se<br />
o destino do dinheiro for decidido em comum acordo, o relacionamento do<br />
casal com o dinheiro pode ser otimizado, o que pode contribuir para uma<br />
melhoria inclusive do relacionamento amoroso entre ambos.<br />
Apesar de ter atingido seus objetivos, a pesquisa realizada tem suas<br />
limitações. A primeira delas é a quantidade limitada de casais. Talvez um<br />
número maior de casais poderia ter enriquecido esta pesquisa e demonstrado<br />
outras situações que não puderam ser avaliadas. A segunda foi o questionário<br />
ter sido composto na sua maioria por questões fechadas, em que os casais não<br />
podiam justificar suas opiniões ou dar explicações acerca dos fatos, o que<br />
permitiria uma análise mais profunda da situação.<br />
Apesar dessas limitações, a pesquisa foi bem sucedida quanto ao<br />
atingimento de seus objetivos e muito gratificante para o pesquisador, que<br />
pode ver comprovadas as realidades descritas pelos autores que deram<br />
embasamento teórico a pesquisa. Além disso, o <strong>trabalho</strong> possibilitou um<br />
grande aprendizado ao pesquisador, não só no ramo das finanças, mas<br />
também do relacionamento entre casais. Por outro lado, a partir da pesquisa os<br />
casais ent<strong>rev</strong>istados também se conscientizaram acerca da elaboração do<br />
planejamento financeiro e do controle de gastos, o que lhes proporcionará uma<br />
vida financeiramente mais tranqüila se souberem aplicar os conceitos<br />
apresentados. Fica evidente que cada um deveria ter noções de economia e<br />
finanças a fim de poder controlar melhor seu orçamento.
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