Sinpro - Revista Textual - reimpressao 13-11-12 - Sinpro/RS
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nal e de crescente envelhecimento da população, mas que se tornará<br />
problemática para o país somente entre 2040 e 2050, caso o<br />
crescimento econômico até lá não seja consistente.<br />
Infelizmente, como vimos na seção anterior, esses desdobramentos,<br />
apesar de improváveis, não estão de todo descartados.<br />
Mas, ainda na possibilidade de uma evolução mais positiva da crise<br />
na perspectiva brasileira, não se deve esquecer que o avanço dos<br />
países africanos na produção agrícola e mineral pressionará, nos<br />
anos 2020, os preços das commodities para baixo. Com relação à<br />
energia, é impossível hoje saber qual o ritmo das mudanças e quais<br />
alternativas energéticas poderão se impor em futuro relativamente<br />
próximo. A revolução energética, embora pareça inevitável, terá<br />
sua velocidade condicionada pelos preços das energias competidoras<br />
(e aqui, petróleo e derivados parecem ter boa margem de<br />
manobra para manter sua viabilidade econômica por bom tempo)<br />
e pela evolução tecnológica das alternativas energéticas. Tudo isso<br />
também condicionado pela velocidade de recuperação (ou não) da<br />
economia mundial. Daí resultará uma maior ou menor mudança na<br />
estrutura produtiva em médio prazo, com maior ou menor grau de<br />
adaptação tecnológica. Ora, essa tecnologia, quase certamente,<br />
não será detida por empresas brasileiras.<br />
Os exemplos acima mostram desafios inclusive em áreas onde<br />
estamos fortes e a necessidade, urgente, de aproveitarmos bem os<br />
recursos advindos de nossa inserção externa positiva para prepararmos<br />
uma melhora qualitativa futura. Para tanto, é imprescindível a<br />
manutenção e o avanço do parque industrial instalado no país.<br />
A forma da relação comercial entre Brasil e China dá exemplo<br />
dos desafios nessa área. Evidentemente, maiores exportações<br />
possibilitam maiores importações e isso é positivo. Assim, podemos<br />
notar que a corrente de comércio (exportações + importações)<br />
entre Brasil e China cresceu enormemente depois dos anos<br />
2000, representando 18% e 14% das exportações e das importações<br />
totais do país, respectivamente. A título de curiosidade, também<br />
podemos observar o mesmo movimento no comércio do<br />
Rio Grande do Sul – conforme gráficos às páginas 29 e 30.<br />
O deslocamento do eixo da produção industrial para a China implica<br />
que o crescimento da participação desse país no comércio mundial de<br />
manufaturados acaba por deslocar quase todos os demais países desses<br />
mercados. Ao mesmo tempo, é difícil manter os parques industriais<br />
domésticos, o que, no caso brasileiro, ainda foi reforçado por desastradas<br />
políticas comercial e de privatizações nos anos 1990, que acabaram<br />
por enfraquecer nossa base industrial. Assim, não é surpreendente que,<br />
em 20<strong>11</strong>, as principais mercadorias exportadas para a China sejam<br />
commodities minerais e agrícolas, enquanto os principais produtos<br />
importados daquele país pertençam às indústrias eletrônica e de máquinas,<br />
como podemos ver nos gráficos 3 e 4, na página 34.<br />
Esse comportamento exemplifica uma das principais preocupações<br />
que perpassa o país quanto ao seu futuro: seremos apenas<br />
exportadores de commodities? A resposta para isso é, sobretudo,<br />
Foto: Agência Brasil | Fernando Freder<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Textual</strong> • outubro 20<strong>12</strong> | Nº 16 - Edição 2 • O Brasil e as tendências para a economia mundial | pág. 28 a 35<br />
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