09.05.2015 Views

Percurso para a Quaresma 2012 - FEC

Percurso para a Quaresma 2012 - FEC

Percurso para a Quaresma 2012 - FEC

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

11 de Março | III Domingo da <strong>Quaresma</strong><br />

POR UM DESENVOLVIMENTO MAIS JUSTO<br />

capacidade de melhorar condições materiais e humanas num quadro de participação, onde o ideal universal que<br />

o conceito preconiza, inclui claramente uma definição <strong>para</strong> além do simples crescimento económico. No Relatório<br />

do Desenvolvimento Humano das Nações Unidas de 1990 esta preocupação de um entendimento abrangente de<br />

desenvolvimento é evidenciada. E esta acepção de desenvolvimento global passa então por uma dimensão estrutural<br />

que visa condições básicas e dignas de sobrevivência, bem como a possibilidade de viver sem opressão num regime<br />

participativo e inclusivo; e também por uma dimensão de desenvolvimento individual onde a capacitação, formação<br />

e educação são princípios fundamentais, complementados por considerações relativas à dignidade do outro, a<br />

pressupostos associados à construção da paz e à cooperação <strong>para</strong> o bem comum (ver Carta Encíclica Populorum<br />

Progresso de Paulo VI sobre o desenvolvimento dos povos).<br />

Neste quadro, o surgimento do conceito de segurança humana, num alinhamento de desafio aos modelos<br />

positivistas, preconizava princípios de resposta a problemas estruturais relacionados com a dignidade da existência<br />

humana e o acesso a condições básicas de sobrevivência, além de sublinhar a necessidade do desenvolvimento<br />

individual, que se pressupõe seria construído com base nesta capacitação. Segurança humana surge assim na<br />

agenda internacional como uma nova abordagem, mais densa e aprofundada nas preocupações que engloba e nas<br />

respostas que pretende sejam dadas, com particular enfoque <strong>para</strong> situações de pós-violência armada, mas não só.<br />

Como sabemos, e no quadro atual de grave crise financeira, política e social, as necessidades básicas que no mapa<br />

europeu já não deveriam ser ‘básicas’, regressaram às preocupações, face aos problemas sociais que têm resultado<br />

de políticas nem sempre visionárias e estrategicamente orientadas <strong>para</strong> a promoção de um desenvolvimento<br />

sustentável. Mas voltando ao conceito de segurança humana, tem sido evidente um uso distorcido do mesmo<br />

<strong>para</strong> fins que não os originariamente pensados. As práticas de intervencionismo internacional e o princípio da<br />

‘responsabilidade de proteger’ têm, em algumas instâncias, ultrapassado os limites da legalidade e legitimidade,<br />

justificando intervenções com base em violações sistemáticas de direitos humanos, genocídio e crimes de guerra,<br />

resultando em ingerência interna, como o caso da Líbia ilustrou. Os critérios de intervenção, ou de decisão de não<br />

intervenção não são claros e uma linha de egoísmo tem prevalecido nas políticas e práticas de grandes estados<br />

no sistema internacional. O poder do material, do controlo de acesso a fontes e rotas energéticas, por exemplo,<br />

tem-se sobreposto ao valor da pessoa humana, o que tem tornado a questão da mercantilização das sociedades<br />

e das relações de interdependência no sistema internacional, uma questão preocupante. Por outras palavras, o ser<br />

humano vem sendo reduzido a uma quantificação material que não atende a princípios básicos estruturantes de<br />

sobrevivência e de qualificação e respeito pelo indivíduo enquanto pessoa.<br />

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA <strong>2012</strong><br />

21

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!