Percurso para a Quaresma 2012 - FEC
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11 de Março | III Domingo da <strong>Quaresma</strong><br />
POR UM DESENVOLVIMENTO MAIS JUSTO<br />
Face a este cenário de difícil articulação entre promoção do desenvolvimento e efeitos adversos que resultam do mesmo,<br />
a dimensão normativa é fundamental e deveria assumir-se como preponderante no sistema internacional. O que fazer,<br />
então, <strong>para</strong> um horizonte mais justo? Regressando às leituras sugeridas, tal como Jesus no templo expulsa os ímpios,<br />
nas sociedades é preciso expulsar a corrupção e a hipocrisia materialista. Tal como sublinhado na Carta das Nações<br />
Unidas e documentos subsequentes sobre partilha de valores e princípios fundamentais, não chega apenas verbalizálos,<br />
é necessário concretizá-los. Muitos são os instrumentos à disposição num sistema de anarquia internacional, onde<br />
não existe autoridade suprema reguladora no ordenamento internacional. A existência de organismos como as Nações<br />
Unidas e outras organizações internacionais intergovernamentais, os regimes internacionais e o direito internacional<br />
devem constituir a base de construção de uma nova ordem assente em princípios de responsabilidade social e cuja<br />
aplicação vise uma ordem mais justa e mais equitativa. Mas a responsabilidade e ética na leitura e interpretação dos<br />
mesmos tem de ser uma constante que evite desvirtuamentos irremediáveis.<br />
Uma melhor (re)distribuição de poder e capacidades exige, no entanto, o assumir de políticas inclusivas, o que tem sido difícil<br />
num quadro estatocêntrico como inicialmente definido. Veja-se por exemplo a discussão em torno da reforma do Conselho de<br />
Segurança das Nações Unidas e como a dificuldade em avançar <strong>para</strong> modelos mais representativos espelha esta característica<br />
de manutenção e reforço de poder e benefícios materiais e de grande inflexibilidade que permeia o sistema internacional.<br />
Estamos assim perante um mundo onde princípios egoístas de promoção material se vão sobrepondo ao normativismo.<br />
Assim, e desta curta reflexão, três ideias fundamentais a reter <strong>para</strong> um desenvolvimento mais justo: primeiro, a<br />
necessidade de priorizar a dignidade humana como princípio básico e fundamental <strong>para</strong> o desenvolvimento na agenda<br />
internacional; segundo, uma leitura e implementação de políticas <strong>para</strong> o desenvolvimento assentes na capacitação<br />
efetiva <strong>para</strong> a emancipação social e libertação de dinâmicas de opressão e exploração, que deverá passar por regimes<br />
participativos, onde o indivíduo possa exercer a sua condição de cidadão e envolver-se nas actividades sociais e políticas<br />
da comunidade ‘com e pelos outros’ (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, Cap. V); e, terceiro, a premência de atuação<br />
concreta e firme com base em princípios de solidariedade e numa leitura competente de acordos e outros compromissos<br />
assumidos internacionalmente. O estabelecimento de programas comuns a nível internacional visando o bem comum,<br />
assente em princípios de solidariedade não é uma proposta irrealizável, veja-se por exemplo a mobilização internacional<br />
face a catástrofes naturais, é antes um objectivo que deve permear a construção das relações internacionais com base<br />
nos pressupostos de desenvolvimento e cooperação aqui avançados.<br />
8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA <strong>2012</strong><br />
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