Percurso para a Quaresma 2012 - FEC
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8 de Abril | Domingo da Ressurreição<br />
DESENVOLVIMENTO COMO PASSAGEM<br />
se-á. Estranhamente, querendo viver, acontece que nos ligamos ao que nos faz morrer. Querendo o bem, muitas vezes,<br />
é o mal que preferimos. Gastamos tanta energia <strong>para</strong> atrair outros, mas acabamos, facilmente, por não suportar a sua<br />
presença. Amamos a humanidade, mas o pobre que encontramos na rua deixa-nos indiferentes. Aspiramos a muito<br />
e sonhamos alto, mas, contentamo-nos, facilmente, com demasiado pouco. Temos boas intenções, mas, muitas, não<br />
passam disso, de boas intenções. De um «admirável combate» se trata, entre a protecção de si, à custa dos outros, e<br />
a dádiva de si, incondicional, <strong>para</strong> o bem de qualquer outro. Nesta luta, quem não for passando, passo a passo, pela<br />
morte ao «seu próprio amor, querer e interesse», decidindo entregar-se, livremente, pela vida de um outro, resigna-se<br />
a fazer do sepulcro casa, mortificando o desejo íntimo de uma vida justa e de relações conseguidas. Mas, aquele que,<br />
reconhecidamente, acolher a graça do Ressuscitado que o restitui à vida, aprenderá, também ele, passo a passo, a gerar<br />
vida pelo dom que fizer de si. Dia-a-dia aprende com o seu Senhor que a única vida que vale a pena ser vivida é aquela<br />
que se dá. Nesta passagem, vive. E, deste modo, fará viver.<br />
IRMÃ ESPERANZA OSPINA<br />
GUINÉ-BISSAU<br />
Depois de 10 meses da minha chegada à Guiné-Bissau, não me atrevo a tentar descrever uma realidade pluricultural tão<br />
vasta, tão complexa que desafia a minha visão ocidental do mundo. Posso dizer que o percebo como um país que ainda<br />
não conseguiu recuperar das suas lutas de libertação seguidas da guerra interna que aconteceu há 13 anos; coexistem<br />
nele uma tradição fortemente enraizada e alguns vestígios de modernidade; um país com um índice de pobreza de<br />
70%, que tem acostumado muitos dos seus habitantes a limitar-se a estender a mão <strong>para</strong> receber as ajudas do primeiro<br />
mundo, ainda que tendo a terra mais fértil que tenho visto na minha vida, que com as primeiras chuvas começa a<br />
enverdecer de maneira milagrosa; com um clima privilegiado capaz de produzir quase qualquer produto. Um país com<br />
um alto nível de corrupção e impunidade, que se reflecte no receio e no temor de falar a verdade. Um país cuja capital<br />
conheceu o primeiro semáforo em Setembro do ano passado, e que no meio das suas ruínas começa lentamente a<br />
ressurgir.<br />
A partir de um olhar rápido e superficial, poder-se-ia dizer da Guiné Bissau, o que no seu tempo foi dito de Nazaré, “dali<br />
pode sair algo de bom?” E é neste contexto aparentemente hostil que Deus me vai mostrando uma via alternativa <strong>para</strong><br />
reconhecer os pequenos e grandes sinais de transformação e de Páscoa, que muitas vezes não se identificam com<br />
8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA <strong>2012</strong><br />
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