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Percurso para a Quaresma 2012 - FEC

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11 de Março | III Domingo da <strong>Quaresma</strong><br />

POR UM DESENVOLVIMENTO MAIS JUSTO<br />

Estas interrogações refletem-se a vários níveis. Relativamente aos programas de apoio ao desenvolvimento, é muito<br />

frequente nos seus objetivos de fundo não estar claro um programa de desenvolvimento estrutural de competências<br />

e infraestruturas básicas que capacitem indivíduos e comunidades locais numa lógica gradual emancipatória. Sem<br />

formação adequada, sem capacitação ajustada às necessidades face a recursos parcos e contextos adversos, as injeções<br />

de financiamento revelam-se muitas vezes limitadas e aquém da promoção do desenvolvimento estrutural necessário<br />

a uma dinâmica de sustentabilidade. Além do mais, o intervencionismo é um processo bidirecional, onde importa a<br />

atuação do agente interventivo ou doador, mas também dos agentes nos países recetores ou de acolhimento. De facto,<br />

as dificuldades a nível local são bem conhecidas. A corrupção que grassa ao nível das elites políticas e económicas em<br />

muitos países em desenvolvimento, bem como no denominado norte desenvolvido, minam esforços no sentido de<br />

desenvolvimento de programas de inclusão e com expressividade num contexto social e político alargado. Em muitos<br />

casos, a perpetuação de dinâmicas de exclusão ou mesmo de dominação, impedem também, do lado dos recetores, a<br />

promoção de políticas emancipatórias. Estas dinâmicas favorecem injustiças quer pelas disparidades que alimentam, quer<br />

pelas lógicas de exclusão que impõem. Além do mais, contribuem negativamente <strong>para</strong> um continuum de dificuldades<br />

estruturais que em nada dignificam a pessoa humana. Os problemas associados à tradução de princípios acordados e<br />

assinados em documentos oficiais no seio das Nações Unidas e de outros organismos em práticas concretas aponta <strong>para</strong><br />

a necessidade de um novo mandamento: agir segundo os princípios formalmente acordados e os objetivos definidos<br />

<strong>para</strong> uma prática responsável face aos mesmos.<br />

Destas linhas de reflexão parece claro que a busca pelo poder, influência e benefícios materiais têm estado em muitas<br />

circunstâncias à frente de princípios ordenadores de cariz cosmopolita, representativos e com base em equidade. Os<br />

novos ‘deuses’, traduzidos na busca incessante por mais poder, influência e benefícios materiais, minam sociedades<br />

fragilizando a sua coesão através das clivagens sociais que criam. Ainda, em quadros de fragilidade institucional,<br />

questionam mesmo o princípio de prossecução das funções básicas do Estado, extremamente vulneráveis à intervenção<br />

externa e incapazes de assegurar ordem e estabilidade internamente. É importante no entanto sublinhar que um quadro<br />

de equidade ao nível da representação ou da justiça, não deve ser lido numa óptica utilitarista socialista marxista. Ou seja,<br />

é importante sublinhar que igualdade não significa uniformidade. Os limites muito claros do modelo socialista marxista<br />

na preconização de uma sociedade justa, que se revelou profundamente injusta na precariedade das condições de vida,<br />

na ausência de capacidade de decisão e participação das populações, na ingerência no quotidiano, são exemplo (nesta<br />

matéria ver Carta Encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII sobre a condição dos operários).<br />

8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA <strong>2012</strong><br />

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