Percurso para a Quaresma 2012 - FEC
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8 de Abril | Domingo da Ressurreição<br />
DESENVOLVIMENTO COMO PASSAGEM<br />
os nossos ideais de êxito, bem estar, fama, poder; e que necessariamente passam pela casa dos pobres, excluídos e<br />
esquecidos deste mundo, que preferimos esquecer nos seus sepulcros, de maneira que não incomodem os nossos “bem<br />
ganhos estilos de vida”.<br />
Situo-me agora no Evangelho de Marcos, Capítulo 5, 1 - ss, que me levam a pensar nas ruínas que foram por mais de<br />
dez anos as instalações do antigo internato de Bor, que apenas podia evocar um passado de sofrimento, um presente<br />
de conformismo e um futuro desesperançados, que escondia entre as suas paredes, os “endemoninhados” pelo vício<br />
e pela delinquência, que devolviam violentamente o que violentamente receberam. E ver hoje neste mesmo lugar o<br />
que hoje é a Casa de Acolhimento Bambaran que foi sonhada pelo Bispo de Bissau e pelos “amigos do terceiro mundo”,<br />
provenientes de Itália, nascida oficialmente em 16 de Abril de 2011 <strong>para</strong> acolher e proteger meninos e meninas desde<br />
os 0 aos 14 anos, órfãos, abandonados, maltratados, é <strong>para</strong> mim um primeiro e claríssimo sinal de ressurreição. Porta<br />
de entrada, <strong>para</strong> os grandes e subtis milagres de transformação que vão acontecendo nesta pequena e invisível família<br />
Bambaran.<br />
O possesso de Gerasa é por excelência o marginal <strong>para</strong> quem nada nem ninguém se atreve a olhar ou a tocar, porque<br />
“passa as noites e os dias nos sepulcros dando gritos e golpeando-se com pedras” e ao qual um só gesto de amor,<br />
proximidade e acolhimento de Jesus o levou a reconhecer a sua humanidade, passando de condições desumanas a<br />
condições dignas de toda a pessoa humana, “sentado, vestido e no seu perfeito juízo”. Identifico-o com os rapazes que<br />
chegaram à casa Bambaran com quadros de desnutrição grave, com antecedentes de maus tratos físicos e psicológicos,<br />
que diante dos primeiros gestos de ternura, talvez desconhecidos <strong>para</strong> eles, reagiram com violência, choro, isolamento,<br />
mas que pouco a pouco os foi humanizando, primeiro um sorriso, uma palavra, até conseguir hoje cantos, risos, jogos,<br />
alegria…<br />
Identifico-o com o “menino irán”, denominado assim aquele que por ter nascido com uma enfermidade neurológica ou<br />
alguma malformação não é considerado pessoa, mas portador de desgraças <strong>para</strong> a sua família e que por conseguinte,<br />
deve ser eliminado, um menino hoje resgatado, protegido e amado, que é portador de boas notícias até pelo seu nome<br />
que significa “Deus connosco”.<br />
Vejo este ser marginalizado, no bebé recém-nascido, que foi abandonado num hospital, depois da sua mãe ter morrido,<br />
uma mulher estrangeira, portadora de HIV, totalmente sozinha…um bebé que na casa Bambaran cresce saudável, feliz…<br />
8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA <strong>2012</strong><br />
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