TRANSFORMAÇÃO 8 ABRIL | DOMINGO DA RESSURREIÇÃO
8 de Abril | Domingo da Ressurreição DESENVOLVIMENTO COMO PASSAGEM REFERÊNCIAS • Act. 10, 34A. 37-43 • Col. 3, 1-4 ou 1 Cor. 5, 6B-8 • Jo. 20, 1-9 REFLEXÃO JOSÉ FRAZÃO, SJ FACULDADE DE FILOSOFIA DE BRAGA, UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA Fazendo caminho connosco e atravessando todos os lugares estreitos e perigosos da nossa existência, Jesus faz-Se passagem, Ele, nossa Páscoa, nossa esperança. Livremente, adianta-se e segue à frente e, assim, se diz como Palavra e se realiza como gesto de Deus entre nós. Expõe-se-nos, dando tudo de si <strong>para</strong> que vivamos segundo o desejo de Deus <strong>para</strong> nós. Dá a própria vida, não porque lhe seja roubada ou exigida, mas, porque, intimamente, o quer. E, assim, tão dado, vence todas as mortes, enxuga todas as lágrimas, cura todas as feridas. Na maior das solidariedades, desce, ele próprio, ao sepulcro das nossas mortes, fazendo brilhar, aí, a nova luz da confiança. Neste dia, tão feliz, «Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada». Estava vazio. Uma força prodigiosa marca a nossa história com um novo início. Um fermento novo já está a fazer nova a velha massa. Aquele que tinha sido abandonado na cruz está vivo. Vive, agora e <strong>para</strong> sempre, como Graça que salva a vida de cada homem e de cada mulher. Não a vida abstracta ou ideal, mas aquela de carne e de sangue que se narra e se decide no quotidiano de cada biografia e de cada grupo. Em Jesus de Nazaré, no seu gesto de nos dar a vida, Deus vence todas as nossas mortes. Da morte à vida, esta é a grande passagem que nos toca viver. Desde que nascemos, <strong>para</strong> todos, é esta a mais elementar das transformações. Passar do medo à confiança, da se<strong>para</strong>ção ao encontro, da insensibilidade à atenção, da frieza à ternura, do ressentimento ao perdão, da mesquinhez à grandeza de alma, da protecção de si, a todo o custo, à dádiva de si, sem condições. São estas as passagens mais vitais, porque são as que restituem, cada um, à verdade de si próprio e do seu estar no mundo. Mas, porque geram resistências viscerais, são, também, as mais dramáticas e as mais dolorosas. De facto, não há vida que não passe pela prova da morte a si próprio, porque quem se quiser conservar, esse, perder- 8 PASSOS NO CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO | QUARESMA <strong>2012</strong> 42