Ainda assim, com toda essa dificuldade, uma coisa é certa: aquantidade de doações estipulada por ano nunca é quebrada.“Essa é uma preocupação constante de nossa equipe. Zelamos porisso porque queremos que a pessoa seja doadora até a idade queela pode ser. Respeitar o limite de quatro doações para homense três para mulheres é também preservar a saúde e a imunidadedos doadores”, diz.Dona Maria Pereira dos Santos, 73 anos, faz parte desse grupode “sangue raro”, que necessita de transfusões fenotipadas. Seusangue é O positivo. Há mais de três anos ela apresentou umcaso de anemia profunda e vem de Jandaia do Sul a cada trêssemanas para receber seu “alimento”, como diz a filha Maria dosSantos. “O sangue é o alimento dela. Os médicos já disseram quese ela quiser viver precisa disso”, diz. Para a filha, que sempreacompanha Dona Maria, a doação voluntária é extremamenteimportante. “ Sangue é vida, sem ele ninguém vive.”Vidas diferentes,propósitos iguaisA professora de matemática Simone Xisto da FonsecaFontoura, 30 anos, faz parte desse seleto grupo de brasileirosque doa sangue regularmente. Doadora desde os seus 18 anos,ela conhece bem os dois lados do nobre gesto. Quando menosesperava, também precisou de uma transfusão de sangue.Recentemente, ela teve uma hemorragia grave ocasionadapor uma gravidez tubárea. “Chegueiao hospital muito mal. Minhapressão estava menor que cinco. Osmédicos realizaram uma cirurgia deemergência. Estava com hemorragiae não sabia a causa”, explica.“Precisei de muito sangue, ao todoforam quatro litros. Fiquei muitoinchada de tanto que recebi. Hojeme sinto uma nova mulher. Tivea oportunidade de voltar a viverrecebendo sangue de outras pessoasAlexandro RodriguesDans: “Doar sangue, alémde ser importante, fazum bem estar enorme.Sei que estou ajudandoalguém que precisa semao menos conhecer”que nem me conheciam, isso é muitobom. Minha família toda doa sanguee depois dessa experiência, pensoque nunca iremos parar”, afirma.Alexandro Rodrigues Dans, 36anos, é doador de sangue, plaquetase órgãos. Seu sangue também éfenotipado, ou seja, é como se ele fosse irmão de sangue deseus receptores. Seu maior prazer é fazer a aférese, doação deplaquetas. Esse processo pode ser realizado semanalmente,uma vez que a reposição ao doador é rápida e ocorre em 72horas. A coleta, ao contrário, demora um pouco mais queo processo comum de doação de sangue, chegando a levarduas horas pois permite a separação e a coleta específica deplaquetas. “Tive um irmão que morreu com 19 anos. Ele tevePPI, espécie de anemia europeia, uma doença autoimune emque o sangue não consegue produzir a série branca do sangue.Então sei o sofrimento de quem precisa. Isso, além de serimportante, faz um bem estar enorme. Sei que estou ajudandoalguém que precisa sem ao menos conhecer”, diz.José Luiz Alves Nunes, 51 anos, começou a doar sangue em1983 quando o Hemocentro Regional de Londrina aindaoperava numa casinha de madeira cercada pelos cafezais.Seu sistema de cadastro também era a moda antiga, a base deum fichário de papel. Essa dedicação de três décadas rendeua ele até homenagem. “Até medalha de jubileu de prata JoséLuiz já recebi por ser um doador fidelizado. Brinco com asmeninas que a medalha que recebi está com prazo errado,pois existe um hiato de três a quatro anos no período emque sou doador. A contagem do tempo foi realizada somenteapós a informatização do Hemocentro, que teve seu início emmeados de 1986. Sou da ficha do papel”, sorri.Um amigo que teve um câncer muito agressivo e não resistiufoi o responsável por iniciar José Luiz nessa caminhadaaltruísta. “Doo sangue porque gosto. Minha veia é fina e atéseria um problema, mas é o mínimo que posso fazer. Colocomeno lugar do outro e penso: ‘e se fosse eu quem estivesseprecisando?’ Quanto mais vezes eu doar é uma forma dealiviar o sofrimento das famílias”, analisa.16abril de 2013 | www.acil.com.br
PROFESSORA CONHECE OS DOIS LADOS DA DOAÇÃO: ELA JÁ PRECISOU DE SANGUELei trouxebenefíciosDoar sangue é um ato altruísta que não leva mais de 30 minutosentre o cadastro e a coleta e, desde 2011, quando houve aregulamentação da certificação dos doadores fidelizados previstana Lei Estadual 13.964 de 20/12/2002, trouxe benefícios. Pessoasque doam sangue mais de três vezes ao ano têm direito a pagarmeia entrada em eventos culturais como shows, teatros, jogos defutebol e no cinema. “Após a emissão do primeiro certificado,a condição de doador fidelizado é mantida se forem registradasmais duas doações nos 12 meses seguintes.Se você ainda não é um doador de sangue e tem receio de fazerisso pode agendar uma visita sem compromisso no HemocentroRegional de Londrina. “Convidamos as pessoas, os grupos deamigos para virem conhecer o hemocentro e se familiarizar como contexto da doação de sangue. Além de ser um ato solidário, éum ato de cidadania, o maior ato de amor ao próximo que podesalvar uma vida”, diz Eliana Palu Rodrigues.Ela também pede o apoio das empresas e a colaboração dosfuncionários para formarem grupos de oito a 10 pessoas. Nessescasos, o Hemocentro faz o transporte. “Se os patrões dispensaremseus funcionários duas horas mais cedo uma vez no mês ajudaráa manter os estoques em dia. Se conseguirmos duas empresas porsemana serão ao menos 20 doadores, o que equivale a uma coletaexterna”, finaliza.Serviço: O Hemocentro Regional de Londrina funciona desegunda a sábado das 8 às 17h30. Agendamentos de grupos:(43) 3371-2465.Quem pode doarIdade entre 16 anos e 68 anos (doadores entre 16 e 17 anos com consentimento formal do responsável legal);Peso acima de 50 kg;Se homem, não pode ter doado há menos de 60 dias;Se mulher, não pode ter doado há menos de 90 dias;Ter passado pelo menos três meses de parto ou aborto;Não estar grávida;Não ter ingerido bebida alcoólica nas últimas 12 horas;Não ter recebido transfusão de sangue nos últimos 12 meses;Não ter feito tatuagem, piercing ou acupuntura há menos de um ano;Não ser usuário de drogas;Hipertensos podem doar dependendo da situação avaliada em entrevista clínica;Diabéticos que não façam uso de insulina;Se você não teve Hepatite após os 10 anos de idade;Ter parceiro sexual fixoTENDO OBSERVADO ESSES CRITÉRIOS, O RESTO É MUITO SIMPLES:Pela manhã: tomar café leve e sem alimentos gordurosos;À tarde: doar duas horas após o almoço;Não se alimentar de refeições com alto teor de gordura;Fonte: Hemocentro Regional de Londrina – Dra. Tânia Hissa AnegawaAssociação Comercial e Industrial de Londrina 17