10.07.2015 Views

Das proibições de prova no âmbito do direito processual penal – o ...

Das proibições de prova no âmbito do direito processual penal – o ...

Das proibições de prova no âmbito do direito processual penal – o ...

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

VERBO jurídico Proibição <strong>de</strong> <strong>prova</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>do</strong> <strong>direito</strong> processo <strong>penal</strong>: escutas telefónicas e da valoração da <strong>prova</strong> proibida pro reo : 16significa que se está perante algo que na altura da audiência <strong>de</strong> julgamento não foi possívelreconhecer, ou por ser então totalmente <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong> que a <strong>prova</strong> fora obtida por méto<strong>do</strong>proibi<strong>do</strong> ou por ter muda<strong>do</strong> a lei, passan<strong>do</strong> a consi<strong>de</strong>rar proibi<strong>do</strong> certo méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> obtenção<strong>de</strong> <strong>prova</strong> que na altura era lícito” 52 . Assim sen<strong>do</strong>, só revela a utilização <strong>de</strong> <strong>prova</strong> proibida na<strong>de</strong>cisão con<strong>de</strong>natória, enquanto fundamento <strong>de</strong> recurso extraordinário <strong>de</strong> revisão, quan<strong>do</strong> severifique a a<strong>no</strong>malia probatória <strong>de</strong>pois da con<strong>de</strong>nação, o que segun<strong>do</strong> o acórdão <strong>do</strong> STJ <strong>de</strong>28/10/2009 justifica-se pela excepcionalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> recurso <strong>de</strong> revisão e pela ofensa que omesmo apresenta à figura <strong>do</strong> caso julga<strong>do</strong> 53 .Po<strong>de</strong> assim constatar-se, que tem si<strong>do</strong> entendimento da <strong>no</strong>ssa jurisprudência, quequanto ao momento em que se “<strong>de</strong>scobre” a utilização da <strong>prova</strong> proibida, este terá <strong>de</strong> serposterior à con<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> argui<strong>do</strong>. Nas palavras <strong>do</strong> acórdão <strong>do</strong> STJ <strong>de</strong> 08/04/2010 a<strong>de</strong>scoberta terá <strong>de</strong> ser posterior à con<strong>de</strong>nação transitada em julga<strong>do</strong> 54 , pelo que se antes <strong>do</strong>trânsito em julga<strong>do</strong> o argui<strong>do</strong> se apercebe que a <strong>de</strong>cisão que o con<strong>de</strong><strong>no</strong>u, numa <strong>de</strong>terminadapena, se fun<strong>do</strong>u em <strong>prova</strong> sob a qual impendia uma proibição <strong>de</strong> valoração, <strong>de</strong>ve recorrerordinariamente, sob pena <strong>de</strong> não o fazen<strong>do</strong> ver o recurso <strong>de</strong> revisão rejeita<strong>do</strong>.No entanto, cabe ainda uma outra questão. Se tem si<strong>do</strong> entendimento <strong>do</strong> STJ que orecurso <strong>de</strong> revisão só po<strong>de</strong> ser interposto quan<strong>do</strong> a <strong>prova</strong> proibida, que serviu <strong>de</strong> fundamentoà con<strong>de</strong>nação, tenha si<strong>do</strong> conhecida <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> a con<strong>de</strong>nação ter transita<strong>do</strong> em julga<strong>do</strong>, paraquem é relevante o <strong>de</strong>sconhecimento? Ou seja, será que a utilização <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> <strong>prova</strong>proibi<strong>do</strong>s têm <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s somente <strong>do</strong> tribunal (<strong>do</strong> processo) ou também énecessário o <strong>de</strong>sconhecimento <strong>do</strong> recorrente à data da dita con<strong>de</strong>nação? 55A este respeito, <strong>no</strong> or<strong>de</strong>namento jurídico alemão, segun<strong>do</strong> ROXIN, “foi-se per<strong>de</strong>n<strong>do</strong>,com as infracções aos §136 e §137, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpor recurso se o <strong>de</strong>fensor não52Cf. Ac. <strong>do</strong> STJ <strong>de</strong> 26/11/2009; Processo n.º 193/01.4TBBRG-G.S1; Relator: SANTOS CARVALHO.53Cf. Ac. <strong>do</strong> STJ <strong>de</strong> 28/10/2009; Processo n.º 109/94-8TBEPS-A.S1; Relator: OLIVEIRA MENDES. Segun<strong>do</strong>esta <strong>de</strong>cisão, “não basta, pois, à verificação <strong>de</strong>ste pressuposto <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong> sentença a ocorrência <strong>de</strong>con<strong>de</strong>nação baseada em <strong>prova</strong>s proibidas tout court. A imposição <strong>de</strong> que o uso ou utilização e valoração <strong>de</strong><strong>prova</strong>s proibidas só revela em matéria <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong> sentença quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>scobertos posteriormente, tem a suajustificação na excepcionalida<strong>de</strong> da revisão, na restrição grave que a mesma admite e estabelece ao princípio<strong>no</strong>n bis in i<strong>de</strong>m na sua dimensão objectiva, ou seja, ao caso julga<strong>do</strong> enquanto instituto que garante a segurançae a certeza da <strong>de</strong>cisão judicial […] ”.Assim, como <strong>no</strong>ta MAIA GONÇALVES, Código, 2009, cit., p. 1062, “trata-se aqui, manifestamente, <strong>de</strong><strong>prova</strong>s que não tenham si<strong>do</strong> apreciadas <strong>no</strong> julgamento, coerentemente com o que se dispõe na al. d) e comoresulta também da locução se <strong>de</strong>scobrirem, <strong>no</strong> início <strong>de</strong>sta alínea”.54Cf. Ac. <strong>do</strong> STJ <strong>de</strong> 08/04/2010; Processo n.º 12749/04.4TDLSB-A.S1; Relator: SANTOS CARVALHO.55A questão não é <strong>de</strong>spicienda, na medida em que se só for relevante o <strong>de</strong>sconhecimento <strong>do</strong> processo nadaimpe<strong>de</strong> que o agora recorrente que conhecesse a utilização da <strong>prova</strong> proibida antes <strong>do</strong> trânsito em julga<strong>do</strong> dacon<strong>de</strong>nação possa vir a interpor o dito recurso.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!