10.07.2015 Views

Das proibições de prova no âmbito do direito processual penal – o ...

Das proibições de prova no âmbito do direito processual penal – o ...

Das proibições de prova no âmbito do direito processual penal – o ...

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CLÁUDIO LIMA RODRIGUES Proibição <strong>de</strong> <strong>prova</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>do</strong> <strong>direito</strong> processo <strong>penal</strong>: escutas telefónicas e da valoração da <strong>prova</strong> proibida pro reo : 3crimi<strong>no</strong>sos e, <strong>de</strong> outro la<strong>do</strong>, o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> assegurar um processo <strong>penal</strong> justo, associa<strong>do</strong> à i<strong>de</strong>ia<strong>de</strong> fair trial, àquele que por ele se vê envolvi<strong>do</strong>, apesentan<strong>do</strong> assim as <strong>proibições</strong> <strong>de</strong> <strong>prova</strong>,segun<strong>do</strong> KAI AMBOS, uma dimensão individual <strong>de</strong> protecção <strong>do</strong>s <strong>direito</strong>s fundamentais(protegen<strong>do</strong> o investiga<strong>do</strong> da utilização <strong>de</strong> <strong>prova</strong>s ilegalmente obtidas contra si) e umadimensão colectiva <strong>de</strong> preservação da integrida<strong>de</strong> constitucional, “particularmente atravésda realização <strong>de</strong> um processo justo” 2 . Daí que a temática das <strong>proibições</strong> <strong>de</strong> <strong>prova</strong> se ligue àprópria concepção <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> em vigor a cada momento histórico e em cada localgeograficamente <strong>de</strong>limita<strong>do</strong> 3 , caben<strong>do</strong> a esse mesmo Esta<strong>do</strong> “uma dupla funçãoestabiliza<strong>do</strong>ra da <strong>no</strong>rma: o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve estabilizar as <strong>no</strong>rmas jurídico penais não só através<strong>de</strong> uma persecução <strong>penal</strong> efectiva, mas também, em um mesmo pla<strong>no</strong>, através da garantia<strong>do</strong>s <strong>direito</strong>s fundamentais <strong>do</strong>s investiga<strong>do</strong>s por meio <strong>do</strong> reconhecimento e, principalmente,aplicação das <strong>proibições</strong> ou vedações <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> <strong>prova</strong>s […] ” 4 . Por outro la<strong>do</strong>, <strong>de</strong>veter-se por afastada a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que as <strong>proibições</strong> <strong>de</strong> <strong>prova</strong> contradizem o princípio dainvestigação. Tal contradição é meramente aparente 5 . Ao dispor aquele princípio que otribunal or<strong>de</strong>na oficiosamente to<strong>do</strong>s os meios <strong>de</strong> <strong>prova</strong> cujo conhecimento se lhe afigurenecessário à <strong>de</strong>scoberta da verda<strong>de</strong> e à boa <strong>de</strong>cisão da causa (por ex. art. 340.º, n.º 1 <strong>do</strong> CPP),tem <strong>de</strong> se ter presente que o fim <strong>de</strong> investigar e punir os crimes, embora sen<strong>do</strong> um valor <strong>de</strong>elevada importância, não po<strong>de</strong> ser sempre e sob quaisquer circunstâncias o valor prevalentenum Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong>mocrático.1.1. <strong>–</strong> DO FUNDAMENTO JURÍDICO DAS PROIBIÇÕES DE PROVA E IDENTIFICAÇÃO DASMESMASI. A matéria das <strong>proibições</strong> <strong>de</strong> <strong>prova</strong> <strong>no</strong> <strong>âmbito</strong> <strong>do</strong> Direito Processual Penal apresenta,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, um fundamento jurídico-constitucional, uma vez que o art. 32.º, n.º 8 da CRPdispõe que: “São nulas todas as <strong>prova</strong>s obtidas mediante tortura, coacção, ofensa da2Cf. KAI AMBOS / MARCELLUS LIMA, O processo acusatório, 2009, cit., pp. 82 e 83.3Como <strong>no</strong>ta KARL-HEINZ GÖSSEL [“Las prohibiciones <strong>de</strong> prueba como límites <strong>de</strong> la busqueda <strong>de</strong> la verda<strong>de</strong>m el Proceso Penal - aspectos jurídico-constitucionales y politico-criminales” (trad. por Polai<strong>no</strong> Navarrete),El Derecho Procesal Penal en el Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Derecho, Tomo I, Bue<strong>no</strong>s Aires: Rubinzal-Culzioni Editores, 2007,cit., p. 146], o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> polícia, com os seus meios ilimita<strong>do</strong>s po<strong>de</strong> perseguir e punir os crimi<strong>no</strong>sos <strong>de</strong> formamais eficaz que o Esta<strong>do</strong> liberal, mas naquele surge o perigo <strong>de</strong> se verem con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s i<strong>no</strong>centes, mostran<strong>do</strong>-seassim a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combate à criminalida<strong>de</strong> contraproducente, conduzin<strong>do</strong> a redução da criminalida<strong>de</strong>privada à “criminalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>”.4Cf. KAI AMBOS / MARCELLUS LIMA, O processo acusatório, 2009, cit., p. 83.5No mesmo senti<strong>do</strong>, cf. KARL-HEINZ GÖSSEL, “El principio <strong>de</strong> investigación <strong>de</strong> oficio en la praxis <strong>de</strong>lProceso Penal alemán” (trad. por Miguel Polai<strong>no</strong> e José António John), Obras Completas, Tomo I, Bue<strong>no</strong>sAires: Rubinzal-Culzoni Editores, 2007, cit., p. 87.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!