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Romance romântico e teoria do romance: Lucinde, de ... - Eutomia

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97não está <strong>de</strong>limitada, a produção <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> Jena é voluntariamente orientada pelo <strong>de</strong>sejo<strong>de</strong> expressar “poeticamente” os princípios <strong>de</strong> uma nova posiç~o estética.<strong>Romance</strong> romântico e <strong>teoria</strong> <strong>do</strong> <strong>romance</strong>A personalida<strong>de</strong> controversa <strong>de</strong> Friedrich Schlegel, sua conversão ao catolicismo em1808 e sua fama <strong>de</strong> incompreensível (que seu ensaio sobre a ininteligibilida<strong>de</strong> aju<strong>do</strong>u aconfirmar) acabaram por ocultar um aspecto <strong>de</strong> sua obra teórica que diz respeitoimediatamente à <strong>teoria</strong> <strong>do</strong> <strong>romance</strong> mo<strong>de</strong>rno. Neste artigo, examinaremos a concepçãoque Schlegel tem <strong>do</strong> <strong>romance</strong> como gênero, concepção essa que vemos recuperada emLukács , Bakhtin e Walter Benjamin.É preciso traçar uma breve trajetória <strong>do</strong> programa estético <strong>de</strong> F. Schlegel, a partir <strong>de</strong>Estu<strong>do</strong> da Poesia Grega (Über das Studium <strong>de</strong>r Griechischen Poesie, 1795), até seus escritosprogramáticos publica<strong>do</strong>s principalmente na revista Athenäum, ápice da sua produçãocrítica e teórica sobre literatura. No Studiumaufsatz, como ficou conheci<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> sobre apoesia grega, Schlegel opõe o que reconhece como <strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> produção poética. Um<strong>de</strong>les, chama<strong>do</strong> “poesia natural”, produzida pela civilização da Antiguida<strong>de</strong>, cujo<strong>de</strong>senvolvimento cíclico segue a trajetória que vai da infância à senilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com asida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Homem. A ela se opõe uma “poesia artística ou artificial” (eine künstliche Poesie),criada a partir <strong>do</strong>s artifícios da razão, distinta, portanto, <strong>de</strong> qualquer experiência da or<strong>de</strong>m<strong>do</strong> natural. Para o Schlegel <strong>de</strong> 1795, a poesia artística sofre <strong>de</strong> uma heterogeneida<strong>de</strong><strong>de</strong>scaracterizante, <strong>de</strong>scrita sob a met|fora <strong>do</strong> “armazém estético”, no qual se alinhamprodutos poéticos varia<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> gosto duvi<strong>do</strong>so:Como em um armazém estético, encontram-se aqui la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong> a poesiapopular e a poesia <strong>de</strong> bom-tom, e mesmo o metafísico busca, não semsucesso, o seu próprio sortimento; epopéias nórdicas ou cristãs para osamigos <strong>do</strong> norte e da cristanda<strong>de</strong>; histórias fantasmagóricas para osaprecia<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s horrores místicos, e o<strong>de</strong>s iroquesas ou canibais para osaprecia<strong>do</strong>res <strong>de</strong> carne humana... (SCHLEGEL, 1988, p. 222) 22 Exceto quan<strong>do</strong> indica<strong>do</strong> o contrário, todas as traduções são da autora.

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