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Romance romântico e teoria do romance: Lucinde, de ... - Eutomia

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99XVIII como também Faerie Queene, <strong>de</strong> Spenser, Niebelungenlied, Orlan<strong>do</strong> furioso <strong>de</strong> Ariostoou mesmo as peças <strong>de</strong> Shakespeare, que para Her<strong>de</strong>r constituíam “<strong>romance</strong>s filosóficos”.Assim, romantisch qualifica-se, a um tempo, como express~o <strong>do</strong> “essencialmentemo<strong>de</strong>rno”, <strong>do</strong> romanesco, <strong>do</strong> poético e <strong>do</strong> prosaico. Para Schlegel, o gênero <strong>de</strong>ve conterem si to<strong>do</strong>s “os subgêneros possíveis, o drama e o épico, a poesia e a filosofia, o fantástico,o sentimental”; a crítica e a filosofia <strong>de</strong>vem unir-se { poesia, constituin<strong>do</strong> assim a “poesiauniversal”, em verda<strong>de</strong>ira “confus~o rom}ntica”.Não sem razão, o fragmento 116 da revista Athenäum é, possivelmente, um <strong>do</strong>s maisreproduzi<strong>do</strong>s, traduzi<strong>do</strong>s e cita<strong>do</strong>s, conheci<strong>do</strong> mesmo por aqueles que não têm especialinteresse nos estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Primeiro Romantismo Alemão. Ele contém ao mesmo tempo ofundamento e a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> uma mo<strong>de</strong>rna <strong>teoria</strong> da literatura, construída a partir da(superação da?) tensão entre uma noção clássica e ahistórica <strong>de</strong> poesia, e da consciência <strong>do</strong>advento <strong>de</strong> uma poesia universal progressiva, incompleta porque infinita, da qual só umacrítica voltada ao futuro po<strong>de</strong>ria dar conta. Enquanto outros gêneros já estão acaba<strong>do</strong>s (nãoé <strong>de</strong>mais lembrar que o termo aqui utiliza<strong>do</strong>, vollen<strong>de</strong>t, significa “termina<strong>do</strong>”, como umprocesso termina, ao mesmo tempo em que é sinônimo <strong>de</strong> “perfeito”), a poesia romântica émo<strong>de</strong>rna porque imperfeita e progressiva, aproximação infinita.A ativida<strong>de</strong> teórica, literária e crítica <strong>de</strong> Schlegel elegeu no fragmento e no <strong>romance</strong>os veículos favoritos <strong>de</strong> manifestação <strong>de</strong>ssa poesia progressiva. O texto <strong>do</strong> fragmento 116 égeneroso na alusão à performance que Schlegel <strong>de</strong>stinará a ambos. Seu próprio conceito <strong>de</strong><strong>romance</strong>, que legar| formalmente na “Carta sobre o <strong>romance</strong>”, também publicada naAthenäum, já se <strong>de</strong>lineia no fragmento 116, quan<strong>do</strong> se trata da mistura <strong>do</strong>s gêneros e daperspectiva épica:A poesia romântica é uma poesia universal progressiva. Ela se <strong>de</strong>stina nãoapenas a reunir to<strong>do</strong>s os gêneros separa<strong>do</strong>s da poesia e a pôr a poesia emcontato com a filosofia e a retórica. Ela quer, e também <strong>de</strong>ve, ora misturar,ora fundir poesia e prosa, genialida<strong>de</strong> e crítica, poesia artística e poesianatural, tornar a poesia viva e sociável, e a vida e a socieda<strong>de</strong> poéticas,poetizar o chiste e encher e saturar as formas artísticas com to<strong>do</strong> o tipo <strong>de</strong>substância sólida para a formação, animan<strong>do</strong>-a com as pulsações <strong>do</strong>humor. [...] Só a poesia po<strong>de</strong>, como a epopéia, se tornar um espelho <strong>do</strong>mun<strong>do</strong> inteiro em volta, uma imagem da época. Ela é capaz da formaçãomais aprimorada e universal, não só <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fora, como também <strong>de</strong>fora para <strong>de</strong>ntro. Para cada totalida<strong>de</strong> que seus produtos <strong>de</strong>vem constituir,

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