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Romance romântico e teoria do romance: Lucinde, de ... - Eutomia

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98O repertório aqui é claro: Schlegel usa sua afiada veia irônica para <strong>de</strong>sacreditar comobárbara e <strong>de</strong> mau gosto a produção que será poucos anos <strong>de</strong>pois conhecida como literatura“rom}ntica”, no senti<strong>do</strong> amplo <strong>do</strong> termo, que inclui <strong>de</strong>s<strong>de</strong> contos <strong>de</strong> fada pag~os e crist~osaté a literatura <strong>de</strong> cunho subjetivizante e mesmo erótico. Ao mesmo tempo, esse repertórioé a base <strong>do</strong> que o próprio Schlegel enten<strong>de</strong>rá como poesia “mo<strong>de</strong>rna”. Como lembrou RenéWellek, um <strong>do</strong>s primeiros críticos contemporâneos a atentar para o peso da <strong>teoria</strong> <strong>do</strong><strong>romance</strong> em Schlegel, este enten<strong>de</strong> por poesia mo<strong>de</strong>rnauma produç~o artificial, ‘interessante’, (isto é, não <strong>de</strong>sinteressada, envoltanos fins pessoais <strong>do</strong> autor), ‘característica’,‘amaneirada’ (no senti<strong>do</strong> quedava Goethe à palavra, o qual contrasta a maneira subjetiva com o estiloobjetivo), impura na mistura e confusão <strong>do</strong>s gêneros, impura na suamescla <strong>do</strong> didático e <strong>do</strong> filosófico, impura por incluir até mesmo o feio, omonstruoso e anárquico, e em sua rejeição a leis. A literatura mo<strong>de</strong>rnasente o ‘terrível mas infrutífero <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> espalhar-se até o infinito, a se<strong>de</strong>ar<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> penetrar o individual.’(WELLEK, 1967, p. 308).É importante ressaltar ainda que, para o Schlegel da época da Athenäum, o emprego<strong>do</strong> termo “rom}ntico” e <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s coinci<strong>de</strong>, no mais das vezes, com seu conceito <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>rno. “Rom}ntico” (romantisch) congregava, ao mesmo tempo, significa<strong>do</strong>s diversos,embora integra<strong>do</strong>s, como romântico em oposição ao prosaico, como expressão <strong>do</strong>fant|stico e <strong>do</strong> exótico, ou mesmo como “estória <strong>de</strong> amor”, da mesma forma que apontapara a língua (romanço) e literatura românica popular da Ida<strong>de</strong> Média e Renascença (cf.EICHNER, 1972). O uso que Schlegel faz <strong>do</strong> adjetivo, frequente em seus textos entre 1797 e1800, aponta ainda para mais um significa<strong>do</strong>, o qual, em vez <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocar os anteriores,agrega-se a eles. Trata-se <strong>de</strong> “rom}ntico” referin<strong>do</strong>-se ao <strong>romance</strong> como o gênero mo<strong>de</strong>rnopor excelência. Schlegel consi<strong>de</strong>rou o <strong>romance</strong> o “fenômeno central” da poesia“essencialmente mo<strong>de</strong>rna”, a qual ele, por isso mesmo, passa a <strong>de</strong>nominar “rom}ntica”.São três, segun<strong>do</strong> Schlegel, as formas estéticas mais significativas para o mun<strong>do</strong> oci<strong>de</strong>ntal:“Três gêneros poéticos agora pre<strong>do</strong>minantes 1, tragédia entre os gregos 2, sátira entre osromanos 3 , <strong>romance</strong> ente os mo<strong>de</strong>rnos (SCHLEGEL, 1988, p. 88, v. XVI, grifo meu).Cabe ainda dizer que, à época <strong>de</strong> Schlegel, a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> significação <strong>do</strong> termo“<strong>romance</strong>” era bem maior. “<strong>Romance</strong>”(Roman) podia abarcar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o gênerorelativamente jovem e especialmente fluente na Inglaterra da segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século

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