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Qualidade do leite e derivados - Pesagro-Rio

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MANUAL TÉCNICO, 37ISSN 1983-567137QUALIDADEDO LEITEE DERIVADOSProcessos,processamento tecnológicoe índicesRIORURAL


MANUAL TÉCNICO, 37ISSN 1983-567137QUALIDADEDO LEITEE DERIVADOSProcessos, processamentotecnológico e índicesEliane RodriguesAirton Antonio CastagnaMariana Tavares DiasMarcos AronovichNiterói-RJ 2013


PROGRAMA RIO RURALSecretaria de Esta<strong>do</strong> de Agricultura e PecuáriaSuperintendência de Desenvolvimento SustentávelAlameda São Boaventura, 770 - Fonseca - 24120-191 - Niterói - RJTelefones: (21) 3607-6003 e (21) 3607-5398E-mail: microbacias@agricultura.rj.gov.brGoverna<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de JaneiroSérgio CabralSecretário de Esta<strong>do</strong> de Agricultura e PecuáriaChristino ÁureoSuperintendente deDesenvolvimento SustentávelNelson Teixeira Alves FilhoRodrigues, Eliane<strong>Qualidade</strong> <strong>do</strong> <strong>leite</strong> e deriva<strong>do</strong>s: processos, processamentotecnológico e índices/Eliane Rodrigues... [et al.]. -- Niterói: Programa <strong>Rio</strong>Rural, 2013.53 p.; 30cm. -- (Programa <strong>Rio</strong> Rural. Manual Técnico, 37)Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável em MicrobaciasHidrográficas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro. Secretaria de Agricultura ePecuária.Projeto: Gerenciamento Integra<strong>do</strong> em Microbacias Hidrográficas <strong>do</strong>Norte-Noroeste Fluminense.ISSN 1983-56711. Leite - <strong>Qualidade</strong> - Processamento. 2. Leite - Rotulagem. I.Rodrigues, Eliane. II. Castagna, Airton Antonio. III. Dias, Mariana Tavares.IV. Aronovich, Marcos. V. Série. VI. TítuloCDD 637.1Editoração:Coordena<strong>do</strong>ria de Difusão de TecnologiaCDT/<strong>Pesagro</strong>-<strong>Rio</strong>Fotos:Arquivo CEPQA


Sumário1. Introdução ................................................................................................................42. Características <strong>do</strong> <strong>leite</strong>..............................................................................................53. Classificação <strong>do</strong> <strong>leite</strong>..................................................................................................64. <strong>Qualidade</strong> <strong>do</strong> <strong>leite</strong>....................................................................................................105. Produtos de origem animal e segurança alimentar..............................................126. Avaliação higiênico-sanitária <strong>do</strong> <strong>leite</strong>.....................................................................317. Processamento <strong>do</strong> <strong>leite</strong> e deriva<strong>do</strong>s.......................................................................328. Controle de qualidade na indústria........................................................................359. Deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>leite</strong>....................................................................................................4110. Influência <strong>do</strong>s diversos processamentos tecnológicosna qualidade nutricional <strong>do</strong> <strong>leite</strong>..........................................................................4411. Rotulagem <strong>do</strong> <strong>leite</strong> e deriva<strong>do</strong>s............................................................................4912. Referências.............................................................................................................50


QUALIDADE DO LEITE E DERIVADOSProcessos, processamento tecnológico e índicesEliane Rodrigues 1Airton Antonio Castagna 2Mariana Tavares Dias 3Marcos Aronovich 41. IntroduçãoNas últimas décadas, a alimentação tem si<strong>do</strong> motivo de preocupação emdiversos países e adequar a produção de alimentos em quantidade, qualidade eregularidade à demanda crescente da população tem si<strong>do</strong> um grande desafio.Com a globalização, e as mudanças no estilo de vida e hábitos alimentares,ficaram mais evidentes os problemas relativos à qualidade <strong>do</strong>s alimentos.Segun<strong>do</strong> a Organização Mundial de Saúde, somente no ano de 1998, cercade 2,2 milhões de pessoas morreram por diarreia, sen<strong>do</strong> grande parte dessasmortes atribuída à contaminação <strong>do</strong>s alimentos e da água. Entretanto, apesar deto<strong>do</strong>s os esforços, mesmo em países industrializa<strong>do</strong>s, a porcentagem de pessoasacometidas por <strong>do</strong>enças transmitidas pelos alimentos (DTA), por ano, é maiorque 30%.Da<strong>do</strong>s da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) revelam que, no Brasil,entre os anos de 2000 e 2011, foram notifica<strong>do</strong>s 8.663 surtos de DTA,acometen<strong>do</strong> 163.425 e levan<strong>do</strong> 112 pessoas a óbito. Entretanto, apesar dealarmantes, esses números parecem estar muito aquém da realidade <strong>do</strong> país,como se pode observar no mesmo estu<strong>do</strong> da SVS, em que a irregularidade dasnotificações, quan<strong>do</strong> comparadas às regiões <strong>do</strong> Brasil, é apresentada. Registrosoficiais apontam que daqueles 8.663 surtos, 42,1% foram notifica<strong>do</strong>s pelaRegião Sul; 37,3% pela Região Sudeste; 12,0% pela Região Nordeste; 5,2%pela Região Centro-Oeste e apenas 3,5% das notificações foram feitas pelaRegião Norte (BRASIL, 2011).A busca por alimentos saudáveis, por uma melhor qualidade de vida e poruma dieta mais adequada vem revelan<strong>do</strong> ao cenário mundial um aumento noconsumo de <strong>leite</strong> e deriva<strong>do</strong>s lácteos, ao la<strong>do</strong> de uma crescente preocupaçãocom a qualidade desses alimentos (SILVA; SOUZA, 2006).1 Farmacêutica, D.Sc., Pesquisa<strong>do</strong>ra da PESAGRO-RIO/Centro Estadual de Pesquisa em <strong>Qualidade</strong> de Alimentos.Alameda São Boaventura, 770 - Fonseca - 24120-191 - Niterói - RJ. E-mail: eli_rodrigues@terra.com.br2 Eng. Agrônomo, D.E., Pesquisa<strong>do</strong>r da PESAGRO-RIO/Centro Estadual de Pesquisa em <strong>Qualidade</strong> de Alimentos.3 Méd. Veterinária, D.Sc., Pesquisa<strong>do</strong>ra da PESAGRO-RIO/Centro Estadual de Pesquisa em <strong>Qualidade</strong> deAlimentos/EMATER-RIO.4 Zootecnista, D.Sc., Pesquisa<strong>do</strong>r da PESAGRO-RIO/Centro Estadual de Pesquisa em <strong>Qualidade</strong> de Alimentos.4


No Brasil, a indústria de laticínios é expressiva. No perío<strong>do</strong> de 2002 a2008, a produção nacional de <strong>leite</strong> passou de 21,6 para 27,5 bilhões de litros,correspondentes à variação de 27,43% e à taxa média de crescimento de 4,12%ao ano (DIAGNÓSTICO..., 2010). Dessa forma, a produção de <strong>leite</strong> e deriva<strong>do</strong>svem ganhan<strong>do</strong> espaço no cenário nacional e a participação da agricultura familiarvem sen<strong>do</strong> cada vez mais expressiva.A Região Sudeste detém 47% da produção de <strong>leite</strong> <strong>do</strong> País, ondepropriedades com menos de 100 hectares representam mais de 90% <strong>do</strong>sestabelecimentos rurais.A cadeia produtiva <strong>leite</strong>ira é um sistema forma<strong>do</strong> pela interdependência detodas as empresas envolvidas no setor produtivo. Conhecer as empresas, sejamelas de fomento, de pesquisa, de extensão ou indústrias beneficia<strong>do</strong>ras, e suasrelações, desde a produção até o consumo, torna-se imprescindível.Essas empresas vêm sen<strong>do</strong> estudadas como elementos de um conjuntomaior, no qual se inserem com suas funções e com dinâmica que só pode sercompreendida a partir da análise da cadeia em seu conjunto (LEITE, 2000).Esse conceito permite decompor a cadeia produtiva, discriminan<strong>do</strong> suacomplexidade, mas preservan<strong>do</strong> a característica sistêmica. O conceito de sistemafacilita a análise das estratégias <strong>do</strong>s atores, da influência <strong>do</strong> esquema globalsobre cada componente, <strong>do</strong>s processos de estruturação etc.Especificamente em relação à cadeia <strong>leite</strong>ira, depara-se com questões queenvolvem manejo <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>, alimentação, condições da ordenha, higiene <strong>do</strong>sutensílios, estocagem e resfrio <strong>do</strong> <strong>leite</strong>, transporte, processamento tecnológico,embalagem e comercialização, dentre outras.2. Características <strong>do</strong> <strong>leite</strong>O <strong>leite</strong> é um alimento de origem biológica, com sabor suave e próprio,agradável e ligeiramente a<strong>do</strong>cica<strong>do</strong>, largamente consumi<strong>do</strong> pela população e dealto valor nutritivo, pois contém grande quantidade de proteínas de alto valorbiológico, carboidrato, áci<strong>do</strong>s graxos, sais minerais, vitaminas e água (GOULARTet al., 2003; GARRIDO et al., 2001; SILVA et al., 2008).Segun<strong>do</strong> o Art. 475 <strong>do</strong> Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária deProdutos de Origem Animal (RIISPOA) , entende-se por <strong>leite</strong>, sem outraespecificação, o produto oriun<strong>do</strong> da ordenha completa, ininterrupta, emcondições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas (BRASIL,2008). Ainda de acor<strong>do</strong> com o RIISPOA, considera-se <strong>leite</strong> normal o produto queapresente as seguintes características:Teor de gordura mínimo de 3%; acidez em graus Dornic entre 15 e 20;densidade a 15ºC entre 1.028 e 1.033; lactose - mínimo de 4,3%; extrato secodesengordura<strong>do</strong> - mínimo de 8,5%; extrato seco total - mínimo de 11,5%; índicecrioscópico mínimo de -0,55ºC e índice refratométrico no soro cúprico a 20ºCnão inferior a 37º Zeiss.5


O produto pode ser facilmente impregna<strong>do</strong> de o<strong>do</strong>res e de saboresestranhos. Com frequência, algumas características <strong>do</strong> <strong>leite</strong>, como a acideztitulável, o ponto crioscópico e a densidade são utilizadas na verificação daqualidade <strong>do</strong> produto, tanto nas plataformas de recepção das usinas debeneficiamento como nas indústrias de processamento.3. Classificação <strong>do</strong> <strong>leite</strong>A Instrução Normativa nº 62/2011, <strong>do</strong> Ministério da Agricultura,estabelece a classificação <strong>do</strong> <strong>leite</strong> brasileiro (BRASIL, 2011).Os requisitos de qualidade estabeleci<strong>do</strong>s pela legislação retratam ascondições mínimas que o produto deve apresentar para ser enquadra<strong>do</strong> como<strong>leite</strong> tipo A, <strong>leite</strong> pasteuriza<strong>do</strong> ou <strong>leite</strong> cru refrigera<strong>do</strong>.Quanto ao processamento térmico● Leite cru refrigera<strong>do</strong> - produto refrigera<strong>do</strong>, transporta<strong>do</strong> em carro-tanqueisotérmico da propriedade rural para um posto de refrigeração de <strong>leite</strong> ouestabelecimento industrial adequa<strong>do</strong> para ser processa<strong>do</strong>. A espécie deve seridentificada quan<strong>do</strong> não for de origem bovina.A Instrução Normativa nº 62/2011 estabelece a temperatura máxima de7ºC para a coleta de <strong>leite</strong>, possível de ser atingida em tanque de refrigeração(BRASIL, 2011).É permitida a recepção de <strong>leite</strong> em latão até duas horas após o final daordenha. Pequenos produtores podem enviar o <strong>leite</strong> para as indústriasobedecen<strong>do</strong> à IN 62/2011 quan<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s os "Tanques Comunitários".A temperatura máxima de conservação <strong>do</strong> <strong>leite</strong> estabelecida é de 7ºC napropriedade rural/tanque comunitário e de 10ºC no estabelecimentoprocessa<strong>do</strong>r.As características sensoriais (aspecto e cor) devem ser verificadas, comolíqui<strong>do</strong> branco opalescente homogêneo, sabor e o<strong>do</strong>r característicos, isenção deo<strong>do</strong>res e de sabores estranhos.Tabela 1. Requisitos mínimos <strong>do</strong> <strong>leite</strong> cru refrigera<strong>do</strong>.RequisitosLimitesGorduraAcidez g. áci<strong>do</strong> lácticoDensidade relativa 15º CÍndice crioscópicoSóli<strong>do</strong>s não gordurososProteína totalTeor original com mínimo de 3,0 g/100g0,14 a 0,18/100ml1.028 a 1.034 g/ml- 0,530 a - 0,550º HMínimo de 8,4 g/100gMínimo de 2,9 g/100g6


● Leite pasteuriza<strong>do</strong> - é o <strong>leite</strong> líqui<strong>do</strong> que foi submeti<strong>do</strong> ao tratamentotérmico, com aquecimento à temperatura de 72 a 75°C, por 15 a 20 segun<strong>do</strong>s(processo rápi<strong>do</strong>), em equipamento de placas com termorregistra<strong>do</strong>r etermorregula<strong>do</strong>r automático, segui<strong>do</strong> de refrigeração imediata à temperaturaigual ou menor que 4°C, segui<strong>do</strong> <strong>do</strong> envasamento (BRASIL, 1996).Após a pasteurização, o <strong>leite</strong> deve apresentar os seguintes resulta<strong>do</strong>slaboratoriais:- Teste qualitativo para fosfatase alcalina - negativo.- Teste de peroxidase - positivo.- Contagem de coliformes a 30/35° - menor que 0,3 NMP/ml.Para a elaboração de deriva<strong>do</strong>s lácteos, é aceita a pasteurização rápida.Laticínios de pequeno porte podem a<strong>do</strong>tar a pasteurização lenta LTLT (lowtemperature, long time) na produção de <strong>leite</strong> para consumo e produção dederiva<strong>do</strong>s desde que:- os equipamentos atendam aos requisitos <strong>do</strong> RIISPOA;- o envase ocorra em circuito fecha<strong>do</strong> rapidamente;- a qualidade da matéria-prima atenda à legislação.A IN 62 classifica o <strong>leite</strong> pasteuriza<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com a matéria gorda em:- <strong>leite</strong> pasteuriza<strong>do</strong> integral;- <strong>leite</strong> pasteuriza<strong>do</strong> semidesnata<strong>do</strong>;- <strong>leite</strong> pasteuriza<strong>do</strong> desnata<strong>do</strong>.O envase deve ser feito com material adequa<strong>do</strong> para garantir proteção aoproduto contra contaminação.● Leite Longa Vida, Ultrapasteuriza<strong>do</strong> ou UHT - é o <strong>leite</strong> líqui<strong>do</strong>homogeneiza<strong>do</strong> que foi submeti<strong>do</strong> à temperatura entre 130 e 150° C, durante 2a 4 segun<strong>do</strong>s, mediante processo térmico de fluxo contínuo, e imediatamenteresfria<strong>do</strong> à temperatura inferior a 32° C, segui<strong>do</strong> de envasamento asséptico.● Leite Tipo A - produzi<strong>do</strong>, beneficia<strong>do</strong> (pasteuriza<strong>do</strong>) e envasa<strong>do</strong> emestabelecimento denomina<strong>do</strong> granja <strong>leite</strong>ira.De acor<strong>do</strong> com o teor de gordura, será denomina<strong>do</strong> como:- Leite pasteuriza<strong>do</strong> tipo A integral;- Leite pasteuriza<strong>do</strong> tipo A semidesnata<strong>do</strong>;- Leite pasteuriza<strong>do</strong> tipo A desnata<strong>do</strong>.O processo chama<strong>do</strong> de homogeneização, através <strong>do</strong> qual a gordura <strong>do</strong><strong>leite</strong> é uniformemente distribuída, evitan<strong>do</strong> a formação da nata e a separação dagordura, deve ser informa<strong>do</strong> caso o produto tenha si<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong> a ele.O Regulamento técnico RDC n o 62/2011 exige que o <strong>leite</strong> tipo A apresenteos seguintes resulta<strong>do</strong>s imediatamente após a pasteurização:- Teste qualitativo para fosfatase alcalina - negativo.- Teste de peroxidase - positivo.- Contagem de coliformes a 30/35° C - menor que 0,3 NMP/ml.7


O envase deve acontecer logo após a pasteurização e imediatamenteacondiciona<strong>do</strong> em câmara frigorífica à temperatura de 4º C até a expedição.Tabela 2. Requisitos físicos, químicos e microbiológicos <strong>do</strong> <strong>leite</strong> cru refrigera<strong>do</strong> tipo A.ComposiçãoRequisitoGorduraAcidez g. áci<strong>do</strong> lácticoDensidade relativa 15º CÍndice crioscópicoSóli<strong>do</strong>s não gordurososProteína totalEstabilidade <strong>do</strong> alizarol 72% (v/v)Mínimo de 3,0 g/100g0,14 a 0,18/100 ml1.028 a 1.034 g/ml- 0,530 a - 0,550º HMínimo de 8,4 g/100gMínimo de 2,9 g/100gEstávelContagem padrão em placas (UFC/ml) Máx. 1 x 10 4Contagem decélulas somáticas(CS/ml)01/01/2012 até 01/07/2014 atéApós 01/07/201630/06/201430/06/20164,8 x 10 5 4,0 x 10 5 3,6 x 10 5Tabela 3. Requisitos físicos, químicos e microbiológicos <strong>do</strong> <strong>leite</strong> pasteuriza<strong>do</strong> tipo A.RequisitoIntegralSemidesnata<strong>do</strong>Desnata<strong>do</strong>Gordura (g/100g) Mínimo de 3,0 0,6 a 2,9 Máximo de 0,5Acidez g. áci<strong>do</strong> láctico0,14 a 0,18/100 mlDensidade relativa 15º C1.028 a 1.034 g/mlÍndice crioscópico- 0,530 a - 0,550º HEstabilidade <strong>do</strong> alizarol 72% (v/v) EstávelSóli<strong>do</strong>s não gordurososMínimo de 8,4 g/100gTestesFosfatase alcalina Negativoenzimáticos PeroxidasePositivoContagem padrão em placas (UFC/ml) n=5; c=2; m=5,0x10 2 ; M=1,0x10 3Coliformes NMP/ml (30-35º C)n=5; c=0; m=


● Leite evapora<strong>do</strong> - é o <strong>leite</strong> que passa por processo de redução de água desua composição, resultan<strong>do</strong> em um <strong>leite</strong> concentra<strong>do</strong> e rico em nutrientes.Quanto à adição de outras substânciasLeite Funcional é o <strong>leite</strong> que, além de fornecer os nutrientes para oorganismo, contribui para melhorar a saúde das pessoas. É enriqueci<strong>do</strong> comsubstâncias capazes de reduzir os riscos de <strong>do</strong>enças e alterar funçõesmetabólicas <strong>do</strong> corpo humano.● Leite com ômega: ômegas são áci<strong>do</strong>s graxos poli-insatura<strong>do</strong>s que não sãoproduzi<strong>do</strong>s pelo organismo humano. Esses áci<strong>do</strong>s favorecem, principalmente, odesenvolvimento <strong>do</strong> sistema imunológico e contribuem para a redução <strong>do</strong>s níveisde colesterol e triglicérides, regulan<strong>do</strong>, assim, a fluidez <strong>do</strong> sangue e controlan<strong>do</strong>a pressão arterial.● Leite com lactose reduzida: contém to<strong>do</strong>s os nutrientes, porém com teorreduzi<strong>do</strong> de lactose. Algumas pessoas têm deficiência na produção da enzimalactase, normalmente presente no intestino. Essa deficiência causa intolerância àlactose, provocan<strong>do</strong> sintomas como flatulência, mal-estar e diarreia após aingestão de certa quantidade de <strong>leite</strong>.● Leite enriqueci<strong>do</strong> com vitaminas: pode conter as vitaminas A, D, B6, B12,C, E, além de elementos como o áci<strong>do</strong> fólico e a nicotinamida.● Leite enriqueci<strong>do</strong> com ferro: além <strong>do</strong>s nutrientes naturalmente presentes no<strong>leite</strong>, algumas empresas desenvolveram o <strong>leite</strong> enriqueci<strong>do</strong> com ferro, a fim deproporcionar ao consumi<strong>do</strong>r um alimento que seja fonte de ferro. Essaquantidade pode variar de 0,8 a 3 mg por 100 ml.● Leite enriqueci<strong>do</strong> com cálcio: dada a sua importância para o organismo,algumas empresas enriquecem o <strong>leite</strong> com maior quantidade de cálcio.● Leite enriqueci<strong>do</strong> com fibras: enriqueci<strong>do</strong> com inulina (composta porfrutose). Considera<strong>do</strong> fibra alimentar solúvel, é chamada de prebiótico devi<strong>do</strong> àação exercida no organismo humano (serve de alimento para bactériasintestinais). Ao ser adicionada ao <strong>leite</strong>, não altera seu aspecto e nem seu sabor.A inulina, por resistir à ação das enzimas gástricas, chega intacta ao intestino,influencian<strong>do</strong> diretamente a função intestinal. Alguns estu<strong>do</strong>s indicam que oconsumo de fibras também ajuda no controle <strong>do</strong>s níveis de colesterol sanguíneo.Por se tratar de produto importa<strong>do</strong>, a aquisição depende da autorização <strong>do</strong>sórgãos responsáveis, além de aumentar o preço final <strong>do</strong> <strong>leite</strong>.Quanto ao teor de gordura● Leite integral - contém, no mínimo, 3% de gordura.● Leite semidesnata<strong>do</strong> - contém 2,9 a 0,6% de gordura.● Leite desnata<strong>do</strong> - contém, no máximo, 0,5% de gordura.9


4. <strong>Qualidade</strong> <strong>do</strong> <strong>leite</strong>A obtenção <strong>do</strong> <strong>leite</strong> de qualidade começa ordenhan<strong>do</strong>-se apenas vacassadias. Alguns procedimentos fundamentais precisam ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s, comohigienização no processo de obtenção <strong>do</strong> <strong>leite</strong>, resfriamento <strong>do</strong> <strong>leite</strong> e controle damamite.A qualidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong> é muito importante para as indústrias e produtores,ten<strong>do</strong> impactos diretos tanto na produção de deriva<strong>do</strong>s lácteos quanto nasegurança alimentar e na produção de deriva<strong>do</strong>s. Por isso, é necessário conheceralguns conceitos sobre a qualidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong> referentes à composição e condiçãohigiênico-sanitária.No centro processa<strong>do</strong>r ou industrial, o <strong>leite</strong> é submeti<strong>do</strong> a testes deavaliação para verificar a sua qualidade. São efetuadas análises, conforme asnormas vigentes, visan<strong>do</strong> oferecer à população produtos seguros, que nãoponham em risco a saúde <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res.Para a manutenção <strong>do</strong>s níveis adequa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s componentes <strong>do</strong> <strong>leite</strong>, énecessária uma ração balanceada, rica em carboidratos, aminoáci<strong>do</strong>s essenciaise proteína de alta qualidade. Também afetam a composição <strong>do</strong> <strong>leite</strong> a raça <strong>do</strong>animal, a frequência de ordenha e a maneira de ordenhar.Fatores que afetam a qualidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong>AlimentaçãoAlimentação sadia e abundante é necessária para o funcionamento daglândula mamária e para a síntese de todas as substâncias que vão auxiliar aformação <strong>do</strong> <strong>leite</strong>. Quan<strong>do</strong> se ministra uma ração equilibrada, a composição <strong>do</strong><strong>leite</strong> não é alterada.Raça <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>A raça influencia o volume de <strong>leite</strong> produzi<strong>do</strong> e a riqueza em gordura. Araça holandesa, por exemplo, tende a produzir mais <strong>leite</strong>, enquanto que as raçasJersey e Guernsey produzem mais <strong>leite</strong> e gordura.OrdenhaO componente <strong>do</strong> <strong>leite</strong> mais sensível ao manejo da ordenha é a gordura.Manejo <strong>do</strong> bezerroNo início da ordenha, o <strong>leite</strong> é sempre mais ralo, aumentan<strong>do</strong> o teor degordura à medida que se aproxima <strong>do</strong> final. Isso ocorre porque a gordura, porser mais leve, tende a ficar na superfície <strong>do</strong> úbere. Então, se o bezerro mama nofinal, ele tem acesso a um <strong>leite</strong> melhor. Do ponto de vista comercial, o ideal éque a alimentação <strong>do</strong> bezerro seja administrada de forma controlada e artificial,com o uso de baldes e mamadeiras, onde a quantidade oferecida será conhecidae adequada ao desenvolvimento <strong>do</strong> animal. Entretanto, se não for possível, é10


melhor que a cria mame no início da ordenha, por tempo suficiente para seusustento.Ordem da ordenhaA primeira ordenha produz maior volume de <strong>leite</strong> com menor teor degordura. Ao contrário, na segunda ordenha, o <strong>leite</strong> é rico em gordura e aprodução diminui. O descanso noturno promove a quantidade de <strong>leite</strong> e osexercícios diurnos favorecem a formação de gordura.Recomendações práticasA qualidade microbiológica <strong>do</strong> <strong>leite</strong> cru está relacionada ao número inicialde bactérias no úbere <strong>do</strong> animal e no ambiente externo no ato da ordenha. O<strong>leite</strong> é de boa qualidade quan<strong>do</strong>, ao sair <strong>do</strong> úbere <strong>do</strong> animal, contémaproximadamente de 1.500 a 2.500 bactérias por cm 3 (VIEIRA et al., 2005).Portanto, para que o <strong>leite</strong> atenda às exigências higiênico-sanitárias, algumaspráticas têm de ser observadas, levan<strong>do</strong>-se em consideração o animal, omaterial de coleta que entra em contato diretamente com o <strong>leite</strong>, o ambientegeral e o ordenha<strong>do</strong>r.Local de ordenhaDeve ser bem areja<strong>do</strong>, com acomodações adequadas ao serviço, quepermita higienização completa e respeite o limite físico de lotação, manten<strong>do</strong>3m 2 /vaca. Pelo menos as salas de ordenha devem dispor de piso cimenta<strong>do</strong> eágua em abundância.Cuida<strong>do</strong>s com o animalPara produzir <strong>leite</strong> de boa qualidade, os animais devem estar em boascondições sanitárias. As vacas devem estar vacinadas e apresentar controleperiódico para en<strong>do</strong> e ectoparasitoses, além de terem apara<strong>do</strong>s os pelos dacauda e das proximidades <strong>do</strong> úbere, uma vez que estes são considera<strong>do</strong>sgrandes propaga<strong>do</strong>res de micro-organismos. Recomenda-se que os tetos sejamhigieniza<strong>do</strong>s e secos com papel toalha. As vacas porta<strong>do</strong>ras de mastite devemser ordenhadas por último. O <strong>leite</strong> <strong>do</strong>s animais <strong>do</strong>entes só poderá seraproveita<strong>do</strong> após o tratamento e quan<strong>do</strong> assegurada a sua cura. A ordenha deveser completa e ininterrupta.O <strong>leite</strong> colostroApós o parto, durante 8 a 10 dias, a vaca secreta um líqui<strong>do</strong> de coramarelada, de sabor áci<strong>do</strong> e densidade alta, que coagula ao ser fervi<strong>do</strong> e naprova <strong>do</strong> álcool-alizarol. É o <strong>leite</strong> colostro, que deve ser utiliza<strong>do</strong> apenas pelacria, por conter substâncias essenciais à saúde e favorecer a eliminação dasprimeiras fezes. Esse tipo de <strong>leite</strong> não deve ser mistura<strong>do</strong> ao <strong>leite</strong> normal, porser de fácil deterioração.11


UtensíliosQuan<strong>do</strong> não devidamente higieniza<strong>do</strong>s, os baldes, latões, coa<strong>do</strong>res eoutros objetos que entram em contato com a matéria-prima são os principaisresponsáveis pela baixa qualidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong>. Por exemplo, um mangote ou umlatão mal lava<strong>do</strong>s podem introduzir até nove milhões de bactérias por cm 3 de<strong>leite</strong> (VIEIRA et al., 2005). Após o uso, os utensílios devem ser lava<strong>do</strong>s eesteriliza<strong>do</strong>s com uma solução simples, conten<strong>do</strong> água sanitária à base de 12 ml(uma colher de sopa) por litro de água. Após a limpeza, os utensílios devem sercoloca<strong>do</strong>s de boca para baixo, sobre um estra<strong>do</strong> de material impermeável.Primeiros jatos de <strong>leite</strong>É importante a dispensa <strong>do</strong>s primeiros três ou quatro jatos de <strong>leite</strong>, pois ànoite, ao deitar-se, o animal encosta os tetos no solo, possibilitan<strong>do</strong> que microorganismospenetrem pelos canais lactóforos. Contu<strong>do</strong>, se o bezerro mama antesda ordenha, ele já executa essa tarefa. Adicionalmente, é necessário fazer alimpeza das tetas <strong>do</strong>s animais com um pano úmi<strong>do</strong>, para a retirada da espumacontaminada deixada pelo bezerro.Esgotamento total <strong>do</strong> <strong>leite</strong>A ordenha termina com o esgotamento completo de to<strong>do</strong> o <strong>leite</strong> <strong>do</strong> úbere,cuida<strong>do</strong> essencial para a conservação desse órgão e para o bom aproveitamentoda gordura, que começa diluída no início da ordenha e vai engrossan<strong>do</strong>,progressivamente, até o final.Utilização de baldes de boca estreita (semifecha<strong>do</strong>s)Durante a ordenha, partículas sujas aderentes ao pelo <strong>do</strong> animal soltam-see podem contaminar o <strong>leite</strong>. Essas partículas são esterco, pelos, terra etc.Estu<strong>do</strong>s têm mostra<strong>do</strong> a eficiência <strong>do</strong> uso de baldes de boca estreita naqualidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong>: ordenha com baldes de boca estreita resultou em menosbactérias (29.263 por cm 3 ) que com baldes de boca larga (87.380 por cm 3 ).Cuida<strong>do</strong>s com o <strong>leite</strong> após a ordenhaAo sair <strong>do</strong> úbere <strong>do</strong> animal, o <strong>leite</strong> está na temperatura ideal para aproliferação de bactérias. À medida que o <strong>leite</strong> for sen<strong>do</strong> ordenha<strong>do</strong>, deve serfiltra<strong>do</strong> em coa<strong>do</strong>res próprios de tela fina e acondiciona<strong>do</strong> e submeti<strong>do</strong> aoresfriamento adequa<strong>do</strong>.5. Produtos de origem animal e segurança alimentarHigiene e bem-estar animal: o caminho para o <strong>leite</strong> abundante e de boaqualidade.A qualidade <strong>do</strong>s produtos de origem animal, principalmente o <strong>leite</strong> bovino,exige cuida<strong>do</strong>s desde a sua origem. Apesar de muito se falar em características12


qualitativas na indústria processa<strong>do</strong>ra de alimentos, as condutas higiênicasanteriores à sua extração e durante o transporte são fundamentais quan<strong>do</strong> setrata da qualidade.No merca<strong>do</strong>, a qualidade deixou de ser simplesmente uma vantagemcompetitiva e se tornou requisito fundamental, e legal, para a comercialização<strong>do</strong>s produtos.Dentre os elementos envolvi<strong>do</strong>s nas atividades relacionadas com as boaspráticas de produção e de fabricação <strong>do</strong>s produtos de origem animal, o elementohumano é o mais importante, pois é ele quem planeja, implementa, opera emantém os sistemas efetivos.Aspectos relaciona<strong>do</strong>s à sanidade <strong>do</strong>s animais vêm ao encontro deprodutos finais saudáveis e seguros para a população e, ao mesmo tempo, semimpedimentos que prejudiquem a expansão de seu comércio, seja <strong>do</strong> ponto devista nacional, seja <strong>do</strong> ponto de vista internacional.Os alimentos de origem animal são reconheci<strong>do</strong>s pelo seu alto valornutritivo e por estarem mais envolvi<strong>do</strong>s nas ocorrências de <strong>do</strong>enças transmitidaspor alimentos. Nesse contexto, a mesma composição que torna o <strong>leite</strong> umalimento rico e indica<strong>do</strong> à alimentação humana, também o faz um excelentemeio para o desenvolvimento de diversos micro-organismos, muitos deles compotencial para provocar danos à saúde <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res.Um assunto que demanda grande atenção <strong>do</strong>s profissionais que atuam naassistência técnica ao produtor e na indústria processa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> <strong>leite</strong> são ascondições de realização da ordenha. Condutas higiênico-sanitárias inadequadaspodem prejudicar a eficiência <strong>do</strong>s tratamentos térmicos efetua<strong>do</strong>s noestabelecimento processa<strong>do</strong>r.Assim, boas práticas de ordenha poderão interferir positivamente naobtenção <strong>do</strong> produto final de boa qualidade sanitária e nutricional para oconsumi<strong>do</strong>r, com maior prazo de validade, sem perder as suas característicasfísicas, químicas e organolépticas.A ordenhaA ordenha pode ser considerada como das tarefas mais importantes emuma fazenda <strong>leite</strong>ira. A produção de <strong>leite</strong> de alta qualidade implica a necessidadede manejo de ordenha que reduza a contaminação microbiana, química e física<strong>do</strong> <strong>leite</strong>. Tais medidas de manejo envolvem to<strong>do</strong>s os aspectos da obtenção <strong>do</strong><strong>leite</strong>, de forma rápida, eficiente e sem riscos para a saúde da vaca e para aqualidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong>. As boas práticas de ordenha de animais <strong>leite</strong>iros envolvem,obrigatoriamente, três fatores que devem participar <strong>do</strong> processo de formaharmônica: o ordenha<strong>do</strong>r, o ambiente em que os animais permanecem antes,durante e depois da ordenha, e a rotina de ordenha.Geralmente, é nessa operação que o <strong>leite</strong> é contamina<strong>do</strong>. Portanto, oordenha<strong>do</strong>r deve tomar muito cuida<strong>do</strong>, pois a maior parte da contaminação é deorigem externa.13


O ordenha<strong>do</strong>rA figura-chave <strong>do</strong> processo é o ordenha<strong>do</strong>r. Sem a sua efetivacolaboração, os investimentos em equipamentos ou em animais de alta produçãose tornam nulos. Também têm sua eficiência diminuída os investimentos eminfraestrutura, pastagens, silos ou quaisquer melhorias introduzidas napropriedade.É, portanto, indispensável capacitar e treinar os ordenha<strong>do</strong>res, assimcomo as pessoas responsáveis pela condução <strong>do</strong>s animais ao local de ordenha,que devem estar cientes de que tal procedimento deve ser feito da maneira maiscalma possível, sem agressão aos animais, evitan<strong>do</strong> sempre objetos que causem<strong>do</strong>r ou desconforto.O estresse <strong>do</strong>s animais momentos antes da ordenha leva à liberação daadrenalina, cuja ação é antagônica à da oxitocina. Este hormônio, como é sabi<strong>do</strong>,é responsável pela ejeção <strong>do</strong> <strong>leite</strong>, atuan<strong>do</strong> na contração de células queenvolvem os alvéolos da glândula mamária. A adrenalina impede a liberação daoxitocina ou evita sua chegada às células que envolvem os alvéolos. A falta ou aredução da liberação de oxitocina faz com que quantidade menor de <strong>leite</strong> sejaobtida, diminuin<strong>do</strong> a produção <strong>do</strong> animal e, consequentemente, o lucro dapropriedade. Deve ser ofereci<strong>do</strong> um ambiente calmo e confortável, com sombra eágua de boa qualidade.A higiene pessoal <strong>do</strong> ordenha<strong>do</strong>r é um aspecto importante para a ordenha.Roupas limpas, unhas aparadas, barba e cabelo limpos e protegi<strong>do</strong>s sãocondições necessárias. Usar botas e boné, bem como lavar as mãos após utilizaro sanitário antes ou durante o trabalho e evitar fumar ou cuspir no chão durantea ordenha. Esse trabalha<strong>do</strong>r deve limitar-se somente à ordenha das vacas.Outras tarefas, como conduzir, apartar e pear os animais, raspar e lavar o piso,devem ser realizadas por um auxiliar bem treina<strong>do</strong> para a sua função e conhecera importância da qualidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong> na saúde humana. As pessoas que seencontrarem <strong>do</strong>entes, gripadas ou com lesões nas mãos não devem retirar o<strong>leite</strong> <strong>do</strong>s animais.O ambienteOs cuida<strong>do</strong>s dispensa<strong>do</strong>s não devem restringir-se apenas ao local daordenha propriamente dita, mas também aos locais em que os animaispermanecem antes e depois dela. A sala de espera deve ser sombreada, comdisponibilidade de 1,7 a 2,0 m 2 por vaca, com 3% de desnível em relação àentrada da sala de ordenha. Esta última deve ser limpa, arejada e confortável,bem dimensionada e funcional para o animal e para o ordenha<strong>do</strong>r. Na entrada ouna saída da sala de ordenha, deve-se evitar o excesso de curvas, dan<strong>do</strong>-sepreferência aos trajetos retilíneos.Os locais de produção de <strong>leite</strong> não devem conter substâncias nocivas quepossam impregnar ou afetar a qualidade <strong>do</strong> produto. Além disso, o <strong>leite</strong> deve serprotegi<strong>do</strong> contra excrementos, secreções ou resíduos de origem animal. Outro14


fator que influencia diretamente a qualidade <strong>do</strong> produto final é a água deabastecimento. Portanto, são de extrema importância a análise periódica e amanutenção da qualidade da água, para que esta não constitua risco à saúde <strong>do</strong>consumi<strong>do</strong>r. Deve haver controle de pragas, com o emprego de agentesquímicos, biológicos ou físicos, desde que sejam aplica<strong>do</strong>s sob a supervisãodireta de pessoal treina<strong>do</strong>.A mastite (inflamação da glândula mamária) pode estar relacio nada commicro-organismos classifica<strong>do</strong>s como ambientais. Dentre eles, encontram-sediversas bactérias, como Streptococcus uberis e Nocardia spp., além deenterobactérias, como Escherichia coli. Eles são patógenos oportunistas, quesobrevivem e se multiplicam em locais fora da glândula mamária; assim, ahigiene <strong>do</strong> local de ordenha se faz necessária para reduzir a multiplicação dessesmicro-organismos. Deve-se evitar o acúmulo de fezes e a proliferação demoscas. Para tanto, recomenda-se a retirada diária das fezes. Deve-se evitar aconstrução de esterqueiras próximo ao local de ordenha.Os extremos de temperatura, a quantidade excessiva de chuvas, os locaiscom muita umidade e/ou com manejo inadequa<strong>do</strong> de pastagens que ocasionelesões <strong>do</strong>s tetos, são fatores que favorecem a multiplicação <strong>do</strong>s microorganismosdiretamente relaciona<strong>do</strong>s à ocorrência de mastite bovina.A rotina de ordenhaA manutenção de hábitos de manejo, de alimentação e de um ambientesaudável e tranquilo, é essencial para o máximo rendimento da ordenha e para asanidade animal. Deve-se considerar sempre que, quanto menor o estressemaior a produção.O controle sistemático de parasitoses e o controle rigoroso de brucelose ede tuberculose devem ser feitos, além <strong>do</strong> controle da mastite. Não é permiti<strong>do</strong> ouso de <strong>leite</strong> para consumo humano oriun<strong>do</strong> de animais que estejam nasseguintes situações: em fase colostral; com <strong>do</strong>enças infectocontagiosas quepossam ser transmitidas às pessoas pela ingestão <strong>do</strong> <strong>leite</strong>; e submeti<strong>do</strong>s atratamento com drogas passíveis de eliminação através <strong>do</strong> <strong>leite</strong>.Deve ser estabelecida uma “linha de ordenha”, isto é, ordenharprimeiramente os animais sadios, de forma a auxiliar o controle de <strong>do</strong>enças. O<strong>leite</strong> das vacas com mastite, tratadas com antimicrobianos deve ser descarta<strong>do</strong>enquanto estiver sen<strong>do</strong> efetua<strong>do</strong> o tratamento e durante o perío<strong>do</strong> de carênciarecomenda<strong>do</strong> pela legislação vigente. Há lugares onde o <strong>leite</strong> de vacas tratadascom antimicrobianos é ofereci<strong>do</strong> aos bezerros, o que não se recomenda.A ordenha deve ser tranquila e em ambiente calmo, de preferência emhorários fixos e em perío<strong>do</strong>s com temperatura mais amena. Recomenda-se queela seja realizada de acor<strong>do</strong> com a rotina indicada a seguir.a) Chegada <strong>do</strong>s animais: entre as etapas de uma boa rotina de ordenha,destaca-se a condução <strong>do</strong>s animais para a ordenha de forma calma e semagressões. Na maioria das vezes, os animais destina<strong>do</strong>s à produção <strong>leite</strong>ira são15


dóceis e, quan<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong>s a condições de manejo rotineiras não apresentamqualquer resistência à condução para a sala de ordenha, dispensan<strong>do</strong> inclusive o usode peias (Fig. 1).Figura 1: Condução <strong>do</strong> animal à ordenha.b) Higienização das mãos <strong>do</strong> ordenha<strong>do</strong>r e <strong>do</strong>s tetos: é necessário que oordenha<strong>do</strong>r faça a higienização das mãos e que as vacas sejam ordenhadas comos tetos limpos e secos. Para isso, devem-se lavar os tetos com água clorada,aplicar nos tetos uma solução desinfetante apropriada antes da ordenha,procedimento conheci<strong>do</strong> como pré-dipping, e secá-los com papel toalhadescartável. A intensidade <strong>do</strong>s jatos de água não deve ser grande, utilizan<strong>do</strong>-semangueira de baixa pressão e alcançan<strong>do</strong> apenas os tetos. O úbere só deve serlava<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> houver acúmulo de sujidades, como lama ou fezes. De formaideal, após a higienização <strong>do</strong>s tetos e antes de iniciar a retirada <strong>do</strong> <strong>leite</strong>, o ordenha<strong>do</strong>rdeve fazer nova higienização de suas mãos e calçar luvas (Fig. 2; 3 e 4).Figura 2: Lavagem <strong>do</strong>s tetos.16


Figura 3: Pré-dipping.Figura 4: Secagem <strong>do</strong> teto após pré-dipping.c) Retirada <strong>do</strong>s primeiros jatos de <strong>leite</strong> e diagnóstico da mastite: a mastite podeestar presente em vacas durante a lactação sob duas formas. A forma clínica évisualizada pelo produtor ou pelo ordenha<strong>do</strong>r por meio de alterações <strong>do</strong> úbere(por exemplo, vermelhidão), ou de sinais de desconforto <strong>do</strong> animal ao sermanuseada a glândula mamária durante a ordenha, além de mudançasmacroscópicas <strong>do</strong> <strong>leite</strong> (por exemplo, o aparecimento de grumos). A mastitesubclínica, ao contrário, não apresenta alterações na visualização <strong>do</strong> <strong>leite</strong> e oanimal não apresenta sinais de desconforto. Ela pode ser identificada por meiode testes indiretos como o “California Mastitis Test” (CMT), detalha<strong>do</strong> maisadiante.Os jatos iniciais de <strong>leite</strong> devem ser descarta<strong>do</strong>s em uma caneca de fun<strong>do</strong>preto ou outro recipiente específico, para o diagnóstico de mastite clínica. Odiagnóstico positivo é confirma<strong>do</strong> pela presença de grumos sobre o fun<strong>do</strong> escuroda caneca (Fig. 5).17


Figura 5: Teste da caneca de fun<strong>do</strong> preto.O teste da caneca de fun<strong>do</strong> preto deve ser realiza<strong>do</strong> em todas as ordenhase em to<strong>do</strong>s os animais. Além de servir para o diagnóstico da forma clínica damastite, estimula a descida <strong>do</strong> <strong>leite</strong> e retira os primeiros jatos, que apresentammaior concentração de micro-organismos.O outro teste utiliza<strong>do</strong> antes <strong>do</strong> início da ordenha é o CMT, que além deser utiliza<strong>do</strong> para o diagnóstico da mastite subclínica, faz a estimativa <strong>do</strong> númerode células somáticas <strong>do</strong> <strong>leite</strong> oriun<strong>do</strong> das glândulas mamárias.O CMT não é o único teste disponível para diagnosticar a mastitesubclínica, mas é o mais utiliza<strong>do</strong>, além de ser reconheci<strong>do</strong> como simples eeficaz. Recomenda-se realizá-lo, no mínimo, uma vez ao mês. Para a suarealização, são necessários o reagente e uma raquete (Fig. 6).Figura 6: Raquete própria para teste de CMT.O reagente é composto por um detergente e um indica<strong>do</strong>r de pH, e atuasobre os leucócitos e outras células presentes no <strong>leite</strong>, causan<strong>do</strong> o rompimentoda parede celular. Esse rompimento faz com que seja libera<strong>do</strong> material genéticodas células, promoven<strong>do</strong> a formação de viscosidade da mistura <strong>do</strong> <strong>leite</strong> com o18


eagente. Quanto maior for a quantidade de células somáticas no <strong>leite</strong>, tantomaior será a viscosidade da mistura (Fig. 7, 8 e 9).Figura 7: Aplicação <strong>do</strong> reagente no <strong>leite</strong>. CMT com resulta<strong>do</strong>negativo, sem apresentação de viscosidade.Figura 8: CMT com resulta<strong>do</strong> negativo, sem apresentação de viscosidade.Figura 9: CMT com resulta<strong>do</strong> positivo, com apresentação de viscosidade da mistura.19


Pode ser cita<strong>do</strong> como inconveniente <strong>do</strong> CMT o fato de ser um examesubjetivo. Daí decorre a necessidade de, durante a ordenha, o teste ser realiza<strong>do</strong>pela mesma pessoa, preferencialmente.Além disso, reações falso-positivas podem acontecer em vacas que seencontram nos primeiros dias após o parto e naquelas prestes a entrar noperío<strong>do</strong> seco. O estágio de lactação deverá sempre ser considera<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> o<strong>leite</strong> de to<strong>do</strong>s os quartos mamários das vacas apresentarem reação positiva aomesmo tempo ao entrarem em contato com o reagente.Para a realização <strong>do</strong> CMT deve-se segurar a raquete sob o úbere <strong>do</strong> animale ordenhar os quartos mamários em cada receptáculo da raquete, até a marcaque representa aproximadamente 2 ml. Cada receptáculo deve receber o <strong>leite</strong> deum quarto mamário, toman<strong>do</strong>-se o cuida<strong>do</strong> para que o <strong>leite</strong> de um quartomamário não se misture ao <strong>leite</strong> de outro quarto.Imediatamente após esse procedimento, adiciona-se ao <strong>leite</strong> ordenha<strong>do</strong> oreagente <strong>do</strong> CMT, até atingir a segunda marca contida na raquete, tambémequivalente a 2 ml. A utilização de <strong>do</strong>sa<strong>do</strong>r para o reagente facilitará a suacolocação sobre a raquete. A mistura de reagente e de <strong>leite</strong> deve serhomogeneizada com movimentos circulares durante aproximadamente 30segun<strong>do</strong>s, após os quais verifica-se o grau de reação, analisan<strong>do</strong> a formação deviscosidade.Existem diferentes maneiras de se classificar as reações <strong>do</strong> teste, todasbastante semelhantes. A Tabela 4 apresenta uma delas.Tabela 4. Interpretação <strong>do</strong> California Mastitis Test, com os respectivos graus dereação observa<strong>do</strong>s.APARÊNCIA REAÇÃO DIAGNÓSTICOA solução não apresenta precipitaçãoou apresenta ligeira precipitação quedesaparece mediante ligeira agitação.A solução se apresenta com coagulaçãoe ligeira viscosidade.A solução apresenta partículascoaguladas, tenden<strong>do</strong> a formar massaviscosa e gelatinosa.A solução apresenta-se completamentecoagulada e gelatinosa, aderin<strong>do</strong> àsuperfície da placa.Fonte: Domingues e Langoni (2001).NEGATIVO (-)POSITIVO (1+)POSITIVO (2+)POSITIVO (3+)Não há sinal deinflamação.MastiteMastiteMastited) Antissepsia <strong>do</strong>s tetos antes da ordenha: a antissepsia pré-ordenha érecomendada em casos de elevada prevalência de mastite causada porpatógenos ambientais.20


Na maioria das vezes, o procedimento é realiza<strong>do</strong> com produtos à base decloro, que devem permanecer em contato com os tetos por no mínimo 30segun<strong>do</strong>s, o que nem sempre acontece.Existem várias recomendações, com diferentes concentrações de produtos.Quan<strong>do</strong> se utiliza o hipoclorito de sódio, a concentração pode ser de 2% a 10%.e) A ordenhaQuan<strong>do</strong> a ordenha é manual, sugere-se o seguinte roteiro:Passo 1 - higienizar a sala de ordenha.Passo 2 - conduzir as vacas com serena tranquilidade, sem qualquer gesto quepossa ser interpreta<strong>do</strong> como agressivo, até a sala de ordenha.Passo 3 - conter o animal adequadamente e, em seguida, lavar cuida<strong>do</strong>samanteas mãos e os antebraços com água e sabão.Passo 4 - lavar os tetos da vaca.Passo 5 - secar os tetos com papel toalha individualiza<strong>do</strong> para cada vaca.Passo 6 - aplicar o teste da caneca telada ou de fun<strong>do</strong> preto.Passo 7 - começar a ordenha e só interrompê-la no final. Devem-se ordenhar ostetos de mo<strong>do</strong> cruza<strong>do</strong>: uma mão pega o teto anterior direito e a outrao teto posterior esquer<strong>do</strong>. Em seguida, uma mão pega o teto anterioresquer<strong>do</strong> e a outra o posterior direito. Os de<strong>do</strong>s deverão envolver to<strong>do</strong>o teto e a pressão deve ser feita de cima para baixo, com movimentosuniformes e sem puxar. Deve-se esgotar o úbere.Passo 8 - fazer a desinfecção <strong>do</strong>s tetos com a solução apropriada.Passo 9 - coar o <strong>leite</strong> empregan<strong>do</strong> um funil com tela.Passo 10 - alimentar a vaca após a ordenha, conservan<strong>do</strong>-a em pé por cerca deuma hora.Passo 11 - o <strong>leite</strong> deve ser resfria<strong>do</strong> o mais rápi<strong>do</strong> possível a 4ºC após a ordenha.O tipo básico de resfria<strong>do</strong>r é representa<strong>do</strong> pelo tanque de expansão.De acor<strong>do</strong> com a legislação vigente, ele pode ter uso comunitário,atenden<strong>do</strong> concomitantemente a vários pequenos produtores.Passo 12 - lavar os latões e demais utensílios utiliza<strong>do</strong>s na ordenha, promoven<strong>do</strong> ocompleto escorrimento da água de enxágue.Passo 13 - remover excrementos e sujidades da sala de ordenha.Ordenha mecânicaQuan<strong>do</strong> a ordenha é mecânica, a colocação das teteiras nas vacas éconsiderada o momento crucial da ordenha. Caso ela não seja bem feita, pode21


comprometer todas as etapas posteriores, inclusive a qualidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong>. Otempo decorri<strong>do</strong> entre o momento em que o animal entra na sala de ordenha e acolocação das teteiras deve ser o menor possível. O recomendável é que o tempoentre a estimulação <strong>do</strong>s tetos e a colocação das unidades de ordenha seja deaproximadamente um minuto, pelo fato de a meia-vida (duração na correntesanguínea) da oxitocina ser curta (no máximo oito minutos ). A concentraçãosanguínea da oxitocina atinge o pico cerca de um a três minutos após o início daestimulação <strong>do</strong>s animais.O registro de vácuo deve ser aberto no momento da colocação das teteirasno animal, para impedir a entrada de ar no sistema de ordenha e a consequenteflutuação <strong>do</strong> nível de vácuo. Essa flutuação é prejudicial em função <strong>do</strong> “gradientede pressão reversa” que pode ocorrer. A formação desse gradiente faz com que o<strong>leite</strong>, ao chegar ao copo coletor, siga o senti<strong>do</strong> contrário ao da sua saída daglândula mamária.A ordenha deve ser constantemente observada, na tentativa de evitar aqueda ou o deslizamento das teteiras, o que também poderá ocasionar o“gradiente de pressão reversa”.Durante a ordenha, o nível de vácuo <strong>do</strong> sistema deve ser aferi<strong>do</strong> paraverificar se esse nível se encontra dentro <strong>do</strong>s limites normais. Esses limitesdependem <strong>do</strong> tipo de equipamento de ordenha, ou seja, se é de linha alta, sepossui garrafão central, se é de linha baixa ou se é de balde ao pé.Figura 10: Teteiras colocadas com medi<strong>do</strong>r de vácuo.22


Figura 11: Registro de intensidade de vácuo.Figura 12: Medi<strong>do</strong>r de vácuo.No copo coletor da unidade de ordenha, poderá haver redução <strong>do</strong> nível devácuo nas seguintes situações:• Vacas com grande fluxo de <strong>leite</strong>.• Linhas de <strong>leite</strong> excessivamente grandes.• Quan<strong>do</strong> o orifício para a entrada de ar no copo coletor estiver fecha<strong>do</strong>,fazen<strong>do</strong> com que o <strong>leite</strong> preencha to<strong>do</strong> o copo e as mangueiras.Quanto maior for a mangueira longa de <strong>leite</strong> e quanto menor for o seudiâmetro, tanto maior será a possibilidade de redução <strong>do</strong> nível de vácuo. Assim,a instalação de uma ordenhadeira mecânica deve ser realizada por técnicosespecializa<strong>do</strong>s, para evitar problemas de dimensionamento.O nível de vácuo excessivamente eleva<strong>do</strong> também pode causarconsequências negativas aos animais. Inicialmente, há o risco de ocorrência delesões, atingin<strong>do</strong> a camada de queratina que compõe a face interna <strong>do</strong>s tetos.Isto pode, consequentemente, levar a injúrias da barreira primária de proteçãoda glândula mamária. Além disso, os tetos podem tornar-se congestos, devi<strong>do</strong> aoacúmulo de sangue nas extremidades, e então haver redução na velocidade deordenha.As possíveis causas de danos ao esfíncter <strong>do</strong>s tetos (Fig. 13), provocadaspelo equipamento de ordenha, são:• Ordenha prolongada, especialmente com fluxo de <strong>leite</strong> menor <strong>do</strong> que umlitro por minuto, causa<strong>do</strong> tanto pela fisiologia <strong>do</strong> animal como tambémpela máquina de ordenha com nível de vácuo reduzi<strong>do</strong> ou por rotina deordenha inadequada.• Funcionamento contínuo das teteiras após o término da saída <strong>do</strong> <strong>leite</strong>.• Teteiras gastas ou inadequadas para os animais.• Nível de vácuo excessivamente alto.• Defeitos na pulsação <strong>do</strong> equipamento de ordenha.23


Figura 13: Danos causa<strong>do</strong>s nos tetosQuan<strong>do</strong> o vácuo estiver muito intenso e as teteiras forem de boca larga, oconjunto de ordenha pode subir em direção ao corpo <strong>do</strong> animal e causar oestrangulamento da cisterna <strong>do</strong> teto. A consequência é o aumento da quantidadede <strong>leite</strong> residual no úbere e a necessidade de se forçar o copo coletor para baixo.Esta é uma ação que deve ser evitada.Assim como a colocação das teteiras deve ser feita com to<strong>do</strong> o cuida<strong>do</strong>, aretirada delas também deverá ser cercada de atenção. O registro de vácuo deveser desliga<strong>do</strong> imediatamente antes da retirada das teteiras (Fig. 14).Figura 14: Desligamento <strong>do</strong> vácuo para a correta retirada das teteiras.24


É controversa a eficácia da higienização das teteiras após a ordenha decada animal. Nos equipamentos modernos, essa etapa é feita de formaautomatizada e é conhecida como retrolavagem.Quan<strong>do</strong> não for feita de forma automatizada, a solução de cloro mais água(com concentração máxima de 150 ppm de cloro ativo, por exemplo) deve sertrocada com frequência e a imersão das quatro teteiras não deve ser feita aomesmo tempo, mas sim duas por vez para facilitar o completo mergulho dasteteiras na solução e permitir o alcance desta à porção distal <strong>do</strong>s insufla<strong>do</strong>resconti<strong>do</strong>s no interior das teteiras.O excesso de <strong>leite</strong> mistura<strong>do</strong> com a água e o cloro faz o antissépticoperder sua atividade germicida e, por isso, é possível a sua atuação como via detransmissão de micro-organismos causa<strong>do</strong>res de mastite.É preferível que as teteiras sejam mergulhadas primeiro em um baldecom água limpa, para remover os resíduos de <strong>leite</strong> e, depois, no balde com asolução sanitizante. Logo depois, deveriam ser mergulhadas em um novo baldecom água limpa para reduzir a quantidade <strong>do</strong>s possíveis resíduos remanescentes.To<strong>do</strong> esse procedimento nem sempre é possível de ser realiza<strong>do</strong>, já quedemanda tempo de trabalho na sala de ordenha.Ainda nos casos em que a ordenha é mecânica, necessita-se trocarperiodicamente as borrachas que entram em contato com o <strong>leite</strong>, como asmangueiras curtas, as mangueiras longas e, principalmente, as teteiras que,quan<strong>do</strong> gastas e envelhecidas, podem fazer com que os tetos não sejammassagea<strong>do</strong>s corretamente, causan<strong>do</strong> congestão e edema, com consequenteaparecimento de lesões.O uso constante de produtos químicos durante a lavagem <strong>do</strong> sistemaprovoca pequenas rachaduras nas borrachas, que aumentam progressivamente.Nessas rachaduras, alojam-se micro-organismos, cuja retirada é difícil, o que,por sua vez, acarreta perda de qualidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong>.f) Antissepsia <strong>do</strong>s tetos depois da ordenhaO hábito de higienizar os tetos após a ordenha (pós-dipping) é antigo e asua disseminação resultou na redução significativa <strong>do</strong>s casos de mastitesubclínica nos últimos anos. A imersão <strong>do</strong>s tetos da vaca em antisséptico eficaz(Fig.15) após cada ordenha é o melhor procedimento para reduzir o número debactérias que passam de uma vaca a outra e para diminuir o número de novasinfecções.A atividade germicida não deve ser afetada pela presença de matériaorgânica representada por <strong>leite</strong>, fezes ou urina e não deve ser irritante ou tóxicapara a pele <strong>do</strong> teto.Os princípios ativos mais usa<strong>do</strong>s são o io<strong>do</strong>, o clorexidine, o áci<strong>do</strong>sulfônico, o cloro, a lauricidina, o áci<strong>do</strong> lático, os fenóis e o áci<strong>do</strong> cloroso. Essesprodutos são encontra<strong>do</strong>s em diferentes concentrações, isola<strong>do</strong>s ou combina<strong>do</strong>scom outros antissépticos.25


Muitas vezes são utiliza<strong>do</strong>s emolientes para reduzir a irritação e paramelhorar o condicionamento da pele <strong>do</strong> teto, como a glicerina, a lanolina, opropilenoglicol, o sorbitol e o colágeno, além de óleos vegetais e minerais.No Brasil, o io<strong>do</strong> ocupa a segunda posição no merca<strong>do</strong> de antissépticospara tetos, fican<strong>do</strong> atrás apenas <strong>do</strong> cloro. O nível de io<strong>do</strong> nos antissépticos podevariar entre 500 ppm (0,05%) e 10.000 ppm (1%). Existem mais de 500formulações de antissépticos à base de io<strong>do</strong> disponíveis em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, cujacomposição e propriedades emolientes variam amplamente.A seguir são apresenta<strong>do</strong>s exemplos de formulações que podem serusadas na higienização <strong>do</strong>s tetos após a ordenha:Solução de io<strong>do</strong> glicerina<strong>do</strong>• Io<strong>do</strong> metálico ..........................15 g• Iodeto de potássio ...................15 g• Glicerina .................................500 ml• Água destilada ........................4.500 mlSolução de Kilol–L glicerina<strong>do</strong>• Kilol-L .....................................10 ml• Glicerina ..................................200 ml• Água destilada .........................2.000 mlSolução de áci<strong>do</strong> lático• Áci<strong>do</strong> lático .....................................10 ml• Dietanolamina .................................7,5 ml• Veículo q.s.p. ..................................100 mlO frasco original <strong>do</strong> produto deve ser manti<strong>do</strong> bem fecha<strong>do</strong> e os copos(aplica<strong>do</strong>res) de imersão (Fig.16) devem ser esvazia<strong>do</strong>s e lava<strong>do</strong>s regularmente.O conteú<strong>do</strong> de um copo de imersão não deve ser coloca<strong>do</strong> de volta naembalagem original e nem se deve permitir o congelamento <strong>do</strong>s antissépticos.Concluída a higiene <strong>do</strong> teto após a ordenha (Fig.17), o animal é solto.Porém, os esfíncteres <strong>do</strong>s tetos ainda não estão completamente fecha<strong>do</strong>s e asvacas podem se deitar após a sua liberação, tornan<strong>do</strong> inútil to<strong>do</strong> o processo dehigienização.Micro-organismos <strong>do</strong> ambiente (solo, fezes ou cama) podem tornar oantisséptico ineficiente e invadir o úbere. Por isso, recomenda-se o oferecimentode alimento aos animais após a ordenha, por um perío<strong>do</strong> mínimo de uma hora,até o fechamento <strong>do</strong> esfíncter.Na Tabela 5, encontram-se exemplos de princípios ativos e de suarespectiva concentração para uso na antissepsia anterior e posterior à ordenha.26


Tabela 5. Concentrações recomendadas para antissepsia pré-ordenha e pós-ordenha.Momento da aplicaçãoCloro(%)Io<strong>do</strong>(%)Clorexidine(%)Pré-ordenha 0,8 a 1,2 0,1 -Pós-ordenha 4,0 0,5 a 1,0 0,5 a 1,0Fonte: Ribeiro (1999).Figura 15: Aspecto <strong>do</strong> teto após o pós-dipping.Figura 16: Material para pré e pós-dipping.Figura 17: Aspecto <strong>do</strong> teto após o pós-dipping.g) Lavagem e higiene das instalações, <strong>do</strong>s utensílios e <strong>do</strong>s equipamentosO ambiente da ordenha, manual ou mecânica, deverá estar semprehigieniza<strong>do</strong>. Os cuida<strong>do</strong>s começam com a escolha <strong>do</strong> local da instalação; devemseevitar lugares baixos e mal drena<strong>do</strong>s. A posição da sala de ordenha devepermitir a incidência solar pela manhã e à tarde, para facilitar a secagem e asanitização <strong>do</strong> ambiente.O ideal é que o local seja pavimenta<strong>do</strong> e coberto, para que a ordenha sejarealizada livre de poeira e de barro e ao abrigo das chuvas.27


O <strong>leite</strong> que permanece em utensílios e em equipamentos cria excelenteoportunidade para o desenvolvimento de micro-organismos. Para evitar oproblema, todas as partes que tenham contato com o <strong>leite</strong> devem ser muito bemhigienizadas imediatamente após o término da ordenha, inician<strong>do</strong> o processocom um enxágue bem feito, para facilitar a limpeza química. Por fim, o uso desanitizantes completa o processo da boa higienização.A eficiência de detergentes e de sanitizantes depende da temperatura dasolução e da concentração a<strong>do</strong>tada, influenciadas pela qualidade da água decada local. Por exemplo, na limpeza automática <strong>do</strong> equipamento de ordenhamecânica, imediatamente após o término da ordenha, deve-se fazer o enxáguecom água morna à temperatura de 35º a 40º C para retirar os resíduos de <strong>leite</strong>,utilizan<strong>do</strong> o volume necessário para que, à saída, a água esteja límpida.Essa água não deve ser reutilizada e o equipamento deve ser totalmentedrena<strong>do</strong>. Caso a temperatura da água esteja inferior a 35º C, poderá ocorrer afixação de sujidades nas tubulações; acima de 45º C, poderá ocorrer o cozimentodas proteínas <strong>do</strong> <strong>leite</strong>, com a sua fixação nas superfícies.Após essa etapa, conhecida como “pré-lavagem”, deve-se circular por dezminutos uma solução com detergente alcalino clora<strong>do</strong> (recomenda -se aconcentração de 130 ppm de cloro e pH mínimo igual a 11), à temperatura inicialde 70º C e à temperatura mínima, de saída, de 40º C, com posterior drenagem<strong>do</strong> equipamento. Novamente, a manutenção adequada das temperaturas é degrande importância. Caso a temperatura final seja inferior a 40º C, o detergentenão será eficiente. Por sua vez, se a temperatura inicial for superior a 80º C,haverá maior chance de evaporação <strong>do</strong> detergente alcalino.Figura 18: Sistema de limpezaFigura 19: Termômetro28


Atualmente, recomenda-se a utilização de detergente áci<strong>do</strong> após o uso <strong>do</strong>detergente alcalino. Anteriormente, era feita a indicação de lavagem semanalcom o produto áci<strong>do</strong>, mas, em locais onde a água possui quantidade grande deminerais que ocasionam as chamadas “pedras <strong>do</strong> <strong>leite</strong>”, deve-se aumentar aperiodicidade da aplicação desse tipo de detergente, com temperatura deentrada no sistema de 35º a 45º C e circulação mínima por dez minutos. O pHda solução deve ser inferior a 3.O equipamento deve ser sanitiza<strong>do</strong> antes da próxima ordenha, poden<strong>do</strong>ser utilizada solução com 200 ppm de cloro. Cuida<strong>do</strong>s devem ser toma<strong>do</strong>s comos resíduos.Para a higienização <strong>do</strong> tanque de expansão, devem ser realiza<strong>do</strong>s osmesmos procedimentos aplica<strong>do</strong>s ao equipamento de ordenha e na mesmasequência, com o cuida<strong>do</strong> de que o material utiliza<strong>do</strong> para esfregar o interior <strong>do</strong>tanque não provoque ranhuras, nas quais poderá ocorrer depósito de microorganismoscuja remoção será trabalhosa.Existe um quadro de fatores que facilitam ou dificultam a higienização daslinhas de ordenha, incluin<strong>do</strong> a falta de capacitação de pessoal e de planejamentooperacional adequa<strong>do</strong>. Suprimento irregular de produtos de higienização,excesso de improvisação nas instalações de ordenha e falta de tratamento daágua são outros problemas evidencia<strong>do</strong>s.Existe premente necessidade de planejamento, desenvolvimento eimplantação de uma política instrucional (palestras, cursos etc.) relacionada àhigienização <strong>do</strong>s equipamentos de ordenha pelas usinas de beneficiamento.A sanificação <strong>do</strong>s equipamentos é fundamental para a obtenção de <strong>leite</strong> deboa qualidade. A tecnologia empregada na higienização <strong>do</strong>s equipamentos deordenha deve ser aplicada em parceria entre as empresas capta<strong>do</strong>ras de <strong>leite</strong>, ostécnicos da extensão rural e os estabelecimentos produtores.É urgente a abordagem de problemas fundamentais, como a capacitação<strong>do</strong> pessoal que opera a limpeza, melhoria na gestão <strong>do</strong> processo e escolhaadequada de detergentes e de sanificantes, além da correta calibração <strong>do</strong>sequipamentos.Em termos gerais, as principais causas da baixa qualidade microbiológica<strong>do</strong> <strong>leite</strong> na fazenda são: limpeza e/ou sanitização inadequada <strong>do</strong>s equipamentosde ordenha, ordenha de animais com úberes sujos, cuida<strong>do</strong>s insuficientes com ahigienização <strong>do</strong> ordenha<strong>do</strong>r e falta de resfriamento ou resfriamento insatisfatório<strong>do</strong> <strong>leite</strong> após a ordenha.Em situações particulares, o <strong>leite</strong> pode apresentar altas contagensbacterianas devi<strong>do</strong> a infecções intramamárias (mastite), causadas principalmentepor Streptococcus uberis.A seguir, são apresentadas imagens de algumas práticas de manejoimportantes para reduzir a contaminação <strong>do</strong> <strong>leite</strong> na fazenda (Fig. 20 a 25).29


Figura 20: Medi<strong>do</strong>r de vácuo e termômetroFigura 21: Escova para limpeza de tubulação.Figura 22: Galões inverti<strong>do</strong>s para secagem.Figura 23: Verificação da temperatura.Figura 25: Vedação entre a entrada <strong>do</strong> <strong>leite</strong> e otanque.Figura 24: Controle de temperatura <strong>do</strong> tanque deresfriamento na entrada <strong>do</strong> <strong>leite</strong>.30


6. Avaliação higiênico-sanitária <strong>do</strong> <strong>leite</strong>Devi<strong>do</strong> as suas qualidades nutricionais, o <strong>leite</strong> é um excelente meio decultura para diversos micro-organismos, sen<strong>do</strong> necessária a realização <strong>do</strong>processo de pasteurização, que tem como objetivo destruir to<strong>do</strong>s os microorganismospatogênicos e diminuir a carga microbiana total a quase zero.Contu<strong>do</strong>, tal processamento não deve alterar seus aspectos físico-químicos, nemprejudicar suas propriedades nutricionais e suas características organolépticas,manten<strong>do</strong>, assim, a adequada qualidade e conservação <strong>do</strong> produto (MARTH,1985; SILVA et al., 2008).Por se tratar de matéria-prima altamente perecível, devem ser observa<strong>do</strong>scuida<strong>do</strong>s especiais em todas as etapas, incluin<strong>do</strong> a fonte de produção, o percursoaté a plataforma de recepção da indústria e durante as fases de processamento,embalagem e expedição.Na plataforma de recepção da indústriaSão realizadas as análises laboratoriais de acor<strong>do</strong> com a legislaçãovigente, que incluem: prova <strong>do</strong> alizarol, acidez <strong>do</strong> <strong>leite</strong>, teste de redutase <strong>do</strong> azulde metileno e contagem total de bactérias. Essas análises têm por finalidadeavaliar a condição higiênico-sanitária <strong>do</strong> <strong>leite</strong> in natura.Prova <strong>do</strong> álcool-alizarol - essa análise não mede exatamente a acidez <strong>do</strong><strong>leite</strong>, mas verifica sua tendência a coagular. O <strong>leite</strong> que coagula nessa provanão resiste ao calor, portanto, não pode ser mistura<strong>do</strong> aos demais. Acidez <strong>do</strong> <strong>leite</strong> - ao ser ordenha<strong>do</strong>, o <strong>leite</strong> não apresenta nenhumafermentação. Depois de algum tempo, por ação da temperatura, passa aproduzir um tipo de fermento que é medi<strong>do</strong> pela acidez. Portanto, é atribuídaà acidez a perda <strong>do</strong> <strong>leite</strong> nas usinas quan<strong>do</strong> a fermentação produzidaultrapassa 1,8 grama por litro de <strong>leite</strong>, igual a 18º D (18 graus Dornic).Teste de redutase <strong>do</strong> azul de metileno (TRAM) - nessa prova avalia-se aatividade das bactérias presentes no <strong>leite</strong> por meio de um corante. Quantomais rápi<strong>do</strong> é o tempo de descoloração <strong>do</strong> corante de azul para branco, maioré o numero de micro-organismos presentes no <strong>leite</strong>. No Brasil, o <strong>leite</strong> é aceitoquan<strong>do</strong> a descoloração ocorre a partir de duas horas e trinta minutos. Esseteste classifica o <strong>leite</strong> brasileiro nos tipos A, B e C.Contagem total de bactérias - é um méto<strong>do</strong> mais preciso, que determina onúmero de bactérias existentes no <strong>leite</strong>. Para o <strong>leite</strong> tipo C, mais comumenteproduzi<strong>do</strong> no Brasil, é utiliza<strong>do</strong> como controle complementar da qualidade.31


7. Processamento <strong>do</strong> <strong>leite</strong> e deriva<strong>do</strong>sO <strong>leite</strong> pode ser contamina<strong>do</strong> por medicamentos, antimicrobianos e/oucarrapaticidas, quan<strong>do</strong> não respeita<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> de quarentena específico após aadministração de tais medicamentos. Durante a quarentena, o <strong>leite</strong> não deve seraproveita<strong>do</strong> ou comercializa<strong>do</strong>, pois os resíduos presentes podem ocasionarreações alérgicas e até resistência antimicrobiana. Se usa<strong>do</strong> para elaboração dederiva<strong>do</strong>s, poderá interferir no processo de fermentação de queijos e iogurtes.O Programa Nacional de Melhoria da <strong>Qualidade</strong> <strong>do</strong> Leite - PNQL tem porobjetivo “promover a melhoria da qualidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong> e deriva<strong>do</strong>s, garantir asaúde da população e melhorar o rendimento industrial e, desta maneira, reduzirperdas e, consequentemente, os custos, aumentan<strong>do</strong> a competitividade <strong>do</strong>sprodutos lácteos em novos merca<strong>do</strong>s”.Cabe à indústria de laticínios elaborar e implementar um programa decontrole de matéria-prima que atenda aos regulamentos técnicos da IN nº62/2011, assim como um sistema de coleta a granel que atenda ao RegulamentoTécnico da Coleta de Leite Refrigera<strong>do</strong> e o seu transporte, além de programas decapacitação <strong>do</strong>s transporta<strong>do</strong>res e funcionários da empresa, de mo<strong>do</strong> queentendam e atuem de acor<strong>do</strong> com os preceitos <strong>do</strong> PNQL. Manter atualiza<strong>do</strong>s osda<strong>do</strong>s cadastrais <strong>do</strong>s produtores rurais no Cadastro Nacional de Produtores deLeite é outra atividade esperada desse setor industrial.O <strong>leite</strong> flui<strong>do</strong> e seus deriva<strong>do</strong>s têm competitividade garantida à medidaque sua produção utiliza tecnologias, equipamentos, processamento tecnológicoe gerencial inova<strong>do</strong>res, capazes de aumentar a produtividade, a qualidade e orendimento.Veiga et al. (2005) ressaltam que , para poder competir, os produtoresdevem atentar para a gestão da propriedade rural, priorizan<strong>do</strong> os seguintespontos: capacitação, profissionalismo e competência administrativa e gerencial,envolven<strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong>s fluxos de merca<strong>do</strong> e de comercialização, com umforte compromisso com a qualidade (matéria -prima, processos de produção,embalagem, transporte etc.).A tecnologia da indústria <strong>leite</strong>ira inclui aspectos como aquisição demaquinário, capacitação da mão de obra e aplicação das Boas Práticas deManipulação e Fabricação (BPM e BPF).O <strong>leite</strong> cru proveniente das propriedades rurais deverá ser analisa<strong>do</strong>, nomínimo, uma vez ao mês.Controle físico-químico <strong>do</strong> <strong>leite</strong> - FinalidadesAntes <strong>do</strong> beneficiamento● Estabelecer base para pagamento <strong>do</strong> produto: teor de gordura.● Verificar o esta<strong>do</strong> de conservação <strong>do</strong> <strong>leite</strong>: acidez.● Apurar possíveis fraudes: adição de água, <strong>leite</strong> desnata<strong>do</strong>, ami<strong>do</strong> ouurina, neutralizantes, conserva<strong>do</strong>res.32


Após o beneficiamento● Determinação <strong>do</strong> teor de gordura: padronização.● Eficiência da pasteurização: provas enzimáticas.Provas de rotina - FinalidadesConstatar os padrões <strong>do</strong> <strong>leite</strong> e dar destino à matéria-prima ou produto.Primeira Avaliação● Sensorial: aspecto, coloração, o<strong>do</strong>r, sujidades ou insetos.● Medir temperaturaHomogeneizaçãoAnálises subsequentesProvas laboratoriais que determinam o padrão de identidade e qualidade(PIQ) <strong>do</strong> <strong>leite</strong>.Determinação da densidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong> - indica fraude por aguagem.O Regulamento Técnico de Identidade e <strong>Qualidade</strong> (RTIQ) de Leite CruRefrigera<strong>do</strong> Integral estabelece a densidade de 1.028 até 1.034 g/ml a 15º C.Causas de variação:● NormaisDiferença na composição <strong>do</strong> <strong>leite</strong>:- Gordura diminuída - densidade aumentada.- Gordura aumentada - densidade diminuída.Diferença na temperatura <strong>do</strong> <strong>leite</strong>:- Temperatura baixa - Densidade aumentada.- Temperatura alta - Densidade diminuída.● Anormais: adição de água, desnate exacerba<strong>do</strong>, adição de ami<strong>do</strong>.Méto<strong>do</strong>s de determinação:- Pesagem: balança de Westfall; de Mohr; tubos de Sprengel; Picnômetros.- Densímetros: termolactodensímetro ou lactodensímetro de Gerber.Observação: O <strong>leite</strong> deve estar a 15º C ou deverá ser feita a correção indicada aseguir:- A cada grau acima de 15º C - adicionar 0,0002 à densidade.- A cada grau abaixo de 15º C - subtrair 0,0002 da densidade.33


Determinação da acidez <strong>do</strong> <strong>leite</strong> - verifica o esta<strong>do</strong> de conservação <strong>do</strong> <strong>leite</strong>.Podem ser realizadas duas provas: acidez titulável (Dornic) e pH, sen<strong>do</strong>que a indicada e mais utilizada é pelo méto<strong>do</strong> Dornic.Faixas de normalidade da acidez <strong>do</strong> <strong>leite</strong> pelos <strong>do</strong>is méto<strong>do</strong>s:- Acidez Dornic - faixa de 15-20º D.- pH - faixa de 6,5 a 6,6.O méto<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> alizarol somente é aplica<strong>do</strong> no <strong>leite</strong> cru. Esse méto<strong>do</strong>indica a faixa de pH <strong>do</strong> <strong>leite</strong> (Quadro1).O RTIQ de Leite Cru Refrigera<strong>do</strong> Integral define uma variação para aacidez titulável de 0,14 a 0,18 g de áci<strong>do</strong> lático/100ml de <strong>leite</strong>.Causas de variação:● Normais: raça, individualidades, colostro, composição <strong>do</strong> <strong>leite</strong>, perío<strong>do</strong> dalactação.● Anormais: mastite (diminui a acidez), soluções neutralizantes.Méto<strong>do</strong>s de determinação:Volumétricos - Acidez Titulável- Méto<strong>do</strong> Dornic - NaOH N/9 ou 0,111N (0,1 ml 1º D 0,01g de áci<strong>do</strong>lático), NaOH 0,1N (1mL 0,009g de áci<strong>do</strong> lático).Rápi<strong>do</strong>s- Determinação <strong>do</strong> pH - utiliza potenciômetro (méto<strong>do</strong> físico).- Méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> alizarol - méto<strong>do</strong> colorimétrico (méto<strong>do</strong> químico).Quadro 1- Relação entre resulta<strong>do</strong> pelo méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> alizarol e pH.Coloração <strong>Qualidade</strong> <strong>do</strong> <strong>leite</strong> pHRoxa Leite alcalino >6,6Vermelha violácea Leite fresco normal 6,5Vermelha parda Início da acidificação 6,4Marrom Acidificação fraca 6,3 – 6,1MarromLimite de resistência à fervura 5,9amarela<strong>do</strong>Amarela Ultrapassou a resistência à fervura


Méto<strong>do</strong>s de determinação:- De precisão: Gravimétricos: Soxhlet: extração etérea da gordura(méto<strong>do</strong> químico).Rápi<strong>do</strong>: Butirometria - utiliza Butirômetro de Gerber (méto<strong>do</strong> químico).Princípio: o áci<strong>do</strong> sulfúrico digere a proteína (caseína) sem atacar amatéria gordurosa, que é separada da fase aquosa por centrifugação.Determinação <strong>do</strong> extrato seco total e desengordura<strong>do</strong> (sóli<strong>do</strong>s gordurosose sóli<strong>do</strong>s não gordurosos) - verifica fraudes por adição de água e estima orendimento na indústria de produtos lácteos (verifica a integridade <strong>do</strong> <strong>leite</strong>).O cálculo inclui os teores de água, proteína, lactose, cinzas e gordurapresentes no <strong>leite</strong>.Méto<strong>do</strong>s de determinação <strong>do</strong> extrato seco total (EST)- Direto (secagem em estufa): méto<strong>do</strong> lento (2 a 4h/100º C).- Indireto: baseia-se no conhecimento <strong>do</strong> teor de gordura e da densidade<strong>do</strong> <strong>leite</strong> a 15º C.Disco de Ackermann - utiliza valores de gordura e densidade.Méto<strong>do</strong>s de determinação <strong>do</strong> extrato seco desengordura<strong>do</strong> (ESD)- Cálculo usan<strong>do</strong> a fórmula: %ESD = %EST - %GorduraESD = mínimo de 8,4g/100g8. Controle de qualidade na indústriaO planejamento <strong>do</strong> controle de qualidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong> cru refrigera<strong>do</strong> deve serinstituí<strong>do</strong> por cada indústria, determinan<strong>do</strong> o responsável pela coleta dasamostras que serão enviadas ao laboratório credencia<strong>do</strong> para as devidasanálises. Ao receber os resulta<strong>do</strong>s, eles devem ser apresenta<strong>do</strong>s a cadaprodutor, que receberá orientações quan<strong>do</strong> o produto estiver fora <strong>do</strong>s padrõesestabeleci<strong>do</strong>s.O resfriamento <strong>do</strong> <strong>leite</strong> na propriedade evita a proliferação microbiana,manten<strong>do</strong> a qualidade <strong>do</strong> produto e atenden<strong>do</strong> aos parâmetros estabeleci<strong>do</strong>spela Instrução Normativa 62/2011, da Secretaria de Defesa Agropecuária(BRASIL, 2011).Essa IN determina que pelo menos uma vez por mês amostras <strong>do</strong> <strong>leite</strong> decada propriedade sejam enviadas, pela indústria, para análise laboratorial.Essas análises permitem ao produtor conhecer as condições da qualidadesanitária e nutricional <strong>do</strong> <strong>leite</strong> produzi<strong>do</strong> e, assim, a<strong>do</strong>tar as medidas necessáriaspara correção, quan<strong>do</strong> for o caso.As análises realizadas mensalmente no <strong>leite</strong> são:35


● Contagem Bacteriana Total (CBT)Indica a contaminação <strong>do</strong> <strong>leite</strong> por bactérias. Quanto menor a contagem,maior rigor higiênico existiu nas etapas de obtenção <strong>do</strong> <strong>leite</strong>. Indica a contagem<strong>do</strong> número de Unidades Forma<strong>do</strong>ras de Colônias (UFC), presentes na amostra de<strong>leite</strong>, depois de semeada em meio de cultivo próprio e incubada a 32º C por 24-48 horas. A CBT tem relação direta com as condições de higiene da ordenha,limpeza <strong>do</strong>s equipamentos e resfriamento adequa<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>leite</strong>.● Contagem de Células Somáticas (CCS)É a quantidade de células presentes no <strong>leite</strong>, sen<strong>do</strong> uma parteproveniente <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> interno <strong>do</strong> úbere e outra de células de defesa <strong>do</strong> animal.Quan<strong>do</strong> as bactérias causa<strong>do</strong>ras da mastite atacam o úbere, as células de defesaimunológica passam <strong>do</strong> sangue para o úbere, tentan<strong>do</strong> combater esses agentesbacterianos. Quanto maior a proliferação bacteriana, maior será a contagem decélulas somáticas no <strong>leite</strong>. Este é um teste rápi<strong>do</strong> e facilmente obti<strong>do</strong> paradeterminar a qualidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong> e avaliar a saúde da glândula mamária.A principal medida para redução da CCS é um programa eficiente deterapia da vaca seca, utiliza<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s os animais por ocasião da secagem,além <strong>do</strong> programa de vacinação contra mastites.O descarte de vacas com frequentes quadros recidivos de mastite, omanejo adequa<strong>do</strong> de ordenha, equipamentos bem regula<strong>do</strong>s e dimensiona<strong>do</strong>srepresentam importante passo para a redução de CCS.A Instrução Normativa Nº 51, <strong>do</strong> MAPA, estabeleceu um cronograma deredução gradual da Contagem Bacteriana Total e a Contagem de CélulasSomáticas no <strong>leite</strong> cru refrigera<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s anos (Tabela 6), que foi revistapela IN 62/2011 (Tabela 7).Tabela 6. Contagem Bacteriana Total (CBT) máxima e Contagem de CélulasSomáticas (CCS) máxima admitidas no <strong>leite</strong> cru refrigera<strong>do</strong>, na Região Sudeste <strong>do</strong>Brasil.Índice medi<strong>do</strong> (por propriedade ou porAtéA partir deA partir detanque comunitário)01.07.200801.07.200801.07.2011Contagem Bacteriana Total (UFC/ml) 1.000.000 750.000 100.000Contagem de Células Somáticas (CCS/ml) 1.000.000 750.000 400.000Fonte: Brasil, 2002.A avaliação das "médias geométricas" da CCS e da UFC inclui os trêsúltimos meses de análise.Observan<strong>do</strong>-se os exemplos a seguir, verifica-se que, mesmo apóscontagens elevadas, pode-se evitar a média geométrica trimestral acima <strong>do</strong>máximo estabeleci<strong>do</strong> (um milhão de UFC/ml).36


Exemplo 1 Exemplo 2 Exemplo 3CBT no 1 o mês 1.200.000 3.000.000 10.000.000CBT no 2 o mês 1.400.000 600.000 390.000CBT no 3 o mês 590.000 500.000 250.000Média Aritmética 1.063.333 1.366.666 3.546.666Média Geométrica 997.058 965.489 991.596A Instrução Normativa Nº 62, <strong>do</strong> MAPA, estabeleceu um cronograma deredução gradual da Contagem Bacteriana Total e a Contagem de CélulasSomáticas no <strong>leite</strong> cru refrigera<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s anos (Tabela 8).Tabela 7. Cronograma de redução gradual da Contagem Bacteriana Total e a Contagemde Células Somáticas no <strong>leite</strong> cru refrigera<strong>do</strong>.De 01.07.2008De 01.01.2012De 01.07.2014A partir dea 31.12. 2011a 30.6.2014a 30.6.201601.07.2016RegiõesRegiõesRegiõesRegiõesÍndice medi<strong>do</strong> (por propriedade ruralS / SE / COS / SE / COS / SE / COS / SE /COou por tanque comunitário).De 01.07.2010De 01.01.2013De 01.07.2015A partir dea 31.12. 2012a 30.06.2015a 30.06.201701.07.2017RegiõesRegiõesRegiõesRegiõesN / NEN / NEN / NEN / NEContagem Padrão em Placas (CPP),expressa em UFC/ml (mínimo de 1análise mensal, com médiageométrica sobre perío<strong>do</strong> de 3meses).Contagem de Células Somáticas(CCS), expressa em CS/ml (mínimode 1 análise mensal, com médiageométrica sobre perío<strong>do</strong> de 3meses).Máximo de Máximo de Máximo de Máximo de7,5 x 10 5 6,0 x 10 5 3,0 x 10 5 1,0 x 10 5Máximo de Máximo de Máximo de Máximo de7,5 x 10 5 6,0 x 10 5 5,0 x 10 5 4,0 x 10 5● Determinação <strong>do</strong>s teores de gordura, lactose, proteína, sóli<strong>do</strong>s totais esóli<strong>do</strong>s desengordura<strong>do</strong>sEssas análises informam a composição <strong>do</strong> <strong>leite</strong> entregue para a indústria,quantifican<strong>do</strong> o valor nutritivo <strong>do</strong> produto.Esses componentes <strong>do</strong> <strong>leite</strong> são responsáveis pelo seu valor nutritivo e,quanto maior a quantidade desses componentes, maior será o rendimento nafabricação <strong>do</strong>s deriva<strong>do</strong>s de <strong>leite</strong>.Diversos são os fatores que provocam alteração na quantidade dessescomponentes, entre eles destacam-se as deficiências nutricionais, a desatençãonos cuida<strong>do</strong>s higiênico-sanitários da ordenha, a ocorrência de mastites e arefrigeração ineficiente <strong>do</strong> <strong>leite</strong>.37


Constituição físico-químicaO <strong>leite</strong> é uma emulsão composta por uma parte úmida, que representa,aproximadamente, 88% e outra sólida.Como é um produto de alto teor de água, se mais água for adicionada opeso será altera<strong>do</strong> e os constituintes sóli<strong>do</strong>s diluí<strong>do</strong>s, o que constitui fraude.COMPOSIÇÃO MÍNIMAEXIGIDA NO LEITE CRUREFRIGERADOGordura = 3%Proteína = 2,9%Sóli<strong>do</strong>s não gordurosos = 8,4%A parte sólida é formada por <strong>do</strong>is grupos: o extrato seco total e o extratoseco desengordura<strong>do</strong>.O teor de sóli<strong>do</strong>s no <strong>leite</strong> determina o seu valor industrial, pois quantomais gordura e proteína, maior o rendimento que a indústria terá ao fabricar osderiva<strong>do</strong>s lácteos.Extrato seco total (EST) - <strong>leite</strong> sem a água - é a soma <strong>do</strong> teor de gordura,carboidratos (açúcar), proteínas e sais minerais. Quanto maior o extrato seco <strong>do</strong><strong>leite</strong>, maior será o rendimento <strong>do</strong>s produtos.Extrato seco desengordura<strong>do</strong> (ESD) - <strong>leite</strong> sem água e sem gordura - alegislação brasileira permite ao industrial proceder apenas à retirada da gordura<strong>do</strong> <strong>leite</strong>. Esse processo utiliza as desnatadeiras e o produto é destinan<strong>do</strong> àfabricação de <strong>leite</strong> em pó, <strong>leite</strong> condensa<strong>do</strong>, <strong>do</strong>ces, iogurtes e queijos magros.Gordura - é o componente mais importante <strong>do</strong> <strong>leite</strong>. O <strong>leite</strong> envia<strong>do</strong> à indústriadeve conter, no mínimo, 3% de gordura. Na indústria, a gordura dá origem àmanteiga, sen<strong>do</strong> o seu teor um <strong>do</strong>s responsáveis pelo diferencial no preço <strong>do</strong><strong>leite</strong> pago ao produtor.Proteínas - as proteínas são moléculas formadas de unidades menoreschamadas de aminoáci<strong>do</strong>s. Uma molécula de proteína consiste em uma ou maiscadeias interligadas de aminoáci<strong>do</strong>s, onde eles estão organiza<strong>do</strong>s em ordemespecífica. Uma molécula de proteína, em geral, contém de 100 a 200aminoáci<strong>do</strong>s liga<strong>do</strong>s, mas pode conter número maior ou menor.Existem, aproximadamente, 20 tipos de aminoáci<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> que 18 delespodem ser encontra<strong>do</strong>s nas proteínas <strong>do</strong> <strong>leite</strong>.Uma importante característica <strong>do</strong> <strong>leite</strong>, no tocante à nutrição, é que oito(nove para as crianças) <strong>do</strong>s 20 aminoáci<strong>do</strong>s que o constituem não podem sersintetiza<strong>do</strong>s pelo organismo humano. O organismo necessita <strong>do</strong>s aminoáci<strong>do</strong>spara manter o metabolismo adequadamente, entretanto, como não é capaz desintetizar to<strong>do</strong>s eles, precisa obtê-los <strong>do</strong>s produtos de origem animal - são osdenomina<strong>do</strong>s aminoáci<strong>do</strong>s essenciais e to<strong>do</strong>s estão presentes nas proteínas <strong>do</strong><strong>leite</strong>.38


A principal proteína <strong>do</strong> <strong>leite</strong> - a caseína - representa 80% <strong>do</strong> total deproteínas. Possui alto valor nutricional e é de fácil digestão.Os 20% restantes são as proteínas <strong>do</strong> soro que, embora em menorquantidade, apresentam eleva<strong>do</strong> valor nutritivo, pois sua composição deaminoáci<strong>do</strong>s é muito próxima daquela considerada ideal biologicamente.● Resíduos de antimicrobianosO uso de antimicrobianos foi revolucionário no tratamento das infecçõesbacterianas e crucial para a redução da mortalidade (NATARO ; KAPER, 1998).Entretanto, seu uso abusivo e indiscrimina<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> a não observação <strong>do</strong>sparâmetros legais vigentes quanto ao perío<strong>do</strong> de carência específico para cadaantimicrobiano vem contribuin<strong>do</strong> para o aumento da resistência a essesmedicamentos e para a presença de resíduos desses agentes no <strong>leite</strong>.De acor<strong>do</strong> com o Codex Alimentarius, entende-se por resíduos deantimicrobianos a fração da droga, seus metabólitos, produtos de conversão oureação e impurezas que permanecem no alimento originário de animais trata<strong>do</strong>s(FAO, 2001).Os resíduos da metabolização <strong>do</strong>s antimicrobianos ocasionam problemasna industrialização, inibin<strong>do</strong> a fermentação de culturas lácteas usadas naprodução de queijos, iogurte e demais deriva<strong>do</strong>s e causan<strong>do</strong> o<strong>do</strong>r desagradávelna manteiga e creme. A presença desses agentes nos alimentos pode apresentarimpactos diretos à saúde pública, uma vez que os resíduos podem ocasionarreações alérgicas ou até mesmo intoxicações quan<strong>do</strong> ingeri<strong>do</strong>s, além deresistência bacteriana e até mesmo choques anafiláticos em indivíduossuscetíveis. A presença desses resíduos no <strong>leite</strong> afetam também as bactériasforma<strong>do</strong>ras de áci<strong>do</strong> láctico, interferin<strong>do</strong> na formação de aroma, especialmenteem queijos de massa crua.Entretanto, em alguns momentos, pode haver necessidade de fazer usodesses fármacos para debelar um quadro infeccioso e manter a saúde e bemestar animal, porém o <strong>leite</strong> deve ser descarta<strong>do</strong> pelo tempo determina<strong>do</strong>,acatan<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> de carência especifica<strong>do</strong> pela legislação vigente (BRITO;LANGE, 2005).Na tentativa de minimizar possíveis danos à saúde, os Ministérios da Saúde ede Agricultura e Pecuária estabeleceram os antimicrobianos a serem pesquisa<strong>do</strong>se seus limites máximos nos alimentos.Através da Instrução Normativa Nº 42, de 20 de dezembro de 1999 (BRASIL,1999) <strong>do</strong> MAPA, ficou estabeleci<strong>do</strong> o Plano Nacional de Controle de Resíduos emProdutos de Origem Animal (PNCR) - Portaria 51/86, adequa<strong>do</strong> pela Portaria527/95 - Programa de Controle de Resíduos em Leite (PCRL), onde se encontramrelaciona<strong>do</strong>s os limites máximos de resíduo (LMR) que o alimento pode contersem que haja prejuízo da integridade orgânica <strong>do</strong> homem e animais (Quadro 2).39


Quadro 2. Programa de Controle de Resíduos em Leite - PCRL/2000.Classificação Drogas MatrizMéto<strong>do</strong>AnalíticoLQ/MIC(µg/kg)Antimicrobiano Penicilina Leite ELISA NE 4Estreptomicina CLAE-UV NE 200Tetraciclina(a) NE 100Eritromicina NE 40Neomicina NE 500Oxitetraciclina(a) NE 100Clortetracilina(a) NE 100Ampicilina NE 4Amoxicilina NE 4Ceftiofur NE 100Sulfametazina(b) <strong>leite</strong> ELISA 10 100Sulfadimetoxina(b) CCDDST 10Sulfatiazol(b) CLAE – UV NECloranfenicol ELISA CLAE –Micotoxinas Aflatoxina Leite ELISA CCD –UVDST5 (i) 5 (ii)0,0,5 0,5LMR/NA(µg/kg)Antiparasitários Ivermectina(c) <strong>leite</strong> CLAE-DF 10 (i) 10 (ii)Contaminantes Aldrin gordura CG – DCE 20 6Fonte: Brasil (1999).alfa BHC 10 4beta BHC 40 3Lindane 10 10HCB 10 10Dieldrin 10 6Endrin 30 0,8Heptacloro(d) 10 6DDT e Metabólitos 40 50Clordane(e) 50 2Mirex 40 NEMetoxicloro 150 40PCBs 300 NENA - Nível de ação; LQ - Limite de Quantificação; NE - Não estabeleci<strong>do</strong>; LMR - Limite Máximo deResíduo; MIC - Concentração Mínima Inibitória.(a) Somatório de todas as Tetraciclinas(b) Somatório de todas as Sulfonamidas(c) O LMR é expresso em 22,23- Dihidro -Avermectina B1a(d) Somatório de Heptacloro e Heptacloro Epóxi<strong>do</strong>(e) Somatório de Nonacloro e Oxiclordane40


METODOS DE ANÁLISE DETECTORELISA – EnzimaimunoensaioDCE - Detector por Captura de ElétronsCLAE - Cromatografia Líquida de Alta Eficiência UV - Detector UltravioletaCCD- Cromatografia por Camada Delgada DF - Detector por FluorescênciaDST - DensitometriaCG - Cromatografia GasosaEAA - Espectrofotometria de Absorção Atômicai) Para aquelas substâncias que possuem LMR igual a zero ou aquelas sem LMRs estabeleci<strong>do</strong>s, oNível de Ação é igual ao Limite de Detecção <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de confirmação.(ii) Para drogas proibidas não se estabelece LMRs.Méto<strong>do</strong>s de triagem: microbiológicos, imunológicos.Méto<strong>do</strong>s confirmatórios: HPLC/UV, HPLC/FL, HPLC/RPC, LC/MS/MSPor sua vez o Ministério da Saúde, através da Agência Nacional deVigilância Sanitária, estabeleceu o Programa de Análise de Resíduos deMedicamentos Veterinários em Alimentos de Origem Animal (PAMvet), com afinalidade de controlar resíduos desses fármacos nos alimentos. Na proposta, oprograma definiu os grupos farmacológicos de antimicrobianos e antiparasitáriospara pesquisa de seus resíduos no <strong>leite</strong>, a saber: beta-lactâmicos, tetraciclinas,Anfenicóis, Aminoglicosídeos, Macrolídeos, Sulfonamidas e Avermectinas(ANVISA, 2001).Os critérios para determinar as características físico-químicas emicrobiológicas apropriadas <strong>do</strong> <strong>leite</strong> cru vêm mudan<strong>do</strong> para atender àsdemandas regulamentares oficiais, priorizan<strong>do</strong> os requisitos de segurançaalimentar e melhor rendimento industrial (FORSYTHE, 2002).Os resíduos são normalmente encontra<strong>do</strong>s em concentrações muitobaixas, da ordem de partes por bilhão (ppb), tornan<strong>do</strong> difícil a sua detecção. Ométo<strong>do</strong> laboratorial de referência - a cromatografia de alta pressão - é preciso,mas bastante caro. Existem méto<strong>do</strong>s rápi<strong>do</strong>s, em kits, que se baseiam nainibição <strong>do</strong> crescimento bacteriano e nas reações enzimáticas ou imunológicas,sen<strong>do</strong> que atualmente os mais usa<strong>do</strong>s são os de inibição <strong>do</strong> crescimento. To<strong>do</strong>sos kits podem ser usa<strong>do</strong>s sem a necessidade de equipamentos sofistica<strong>do</strong>s.9. Deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>leite</strong>A Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº 12, de 2001, estabelece oRegulamento Técnico sobre os Padrões Microbiológicos para Alimentos (ANVISA,2001). Em relação aos deriva<strong>do</strong>s lácteos, determina a pesquisa <strong>do</strong>s seguintesagentes:41


Queijos● Baixa umidade - Coliforme a 45º C, Staphylococcus coag pos. e Salmonella spp.● Média umidade (36%) - Dambo, pategrás sandwich, prato, tandil, tilsit, tybo,moçarela cura<strong>do</strong> e similares, rala<strong>do</strong> e em pó - Coliforme a 45º C, Staphylococcuscoagulase pos., Salmonella spp e Listeria monocytogenes.● Alta umidade (46%) - quartirolo, cremoso, criollo, moçarela e similares.● Alta e muito alta umidade (55%) com bactérias lácticas viáveis - minas frescale outros - Coliforme a 45º C, Staphylococcus coagulase pos., Salmonella spp eListeria monocytogenes.● De muito alta umidade (55%) - queijo coalho, minas frescal, moçarela e outroselabora<strong>do</strong>s com coagulação enzimática sem ação bactéria láctica - Coliforme a45º C, Staphylococcus coagulase pos., Salmonella spp e Listeriamonocytogenes.● Processa<strong>do</strong> fundi<strong>do</strong>, pasteuriza<strong>do</strong> ou UHT - requeijão, aromatiza<strong>do</strong> ou não,condimenta<strong>do</strong> ou não, com ervas e demais ingredientes ou não - Coliforme a 45ºC, Staphylococcus coagulase pos.● Baixa umidade tempera<strong>do</strong>, com ervas ou outro ingrediente - Coliforme a 45º C,Staphyloccocus coagulase pos., Salmonella spp.● Muito alta umidade tempera<strong>do</strong>, com ervas ou outro ingrediente - Coliforme a45º C, Staphylococcus coagulase pos., Salmonella spp.Manteigas, creme de <strong>leite</strong> e similares● Manteiga, gordura láctea - anidra ou butter-oil - creme de <strong>leite</strong> pasteuriza<strong>do</strong> -Coliforme a 45º C, Staphylococcus coagulase pos., Salmonella spp.Doce de <strong>leite</strong>● Doce com ou sem adições, exceto a granel ou embalagem hermética -Coliforme a 45º C, Staphylococcus coagulase pos., Salmonella spp.Leites● Leite em pó - instantâneo ou não, exceto formulações farmacêuticas edestina<strong>do</strong>s à alimentação infantil - Bacillus cereus, Coliforme a 45º C,Staphylococus coagulase pos., Salmonella spp.● Leite fermenta<strong>do</strong>- com ou sem adições, fermenta<strong>do</strong>, refrigera<strong>do</strong> e com bactérias lácticas viáveisem números mínimos - Coliforme a 45º C.- bebida láctea fermentada, refrigerada, com ou sem adições - Coliforme a 45ºC,Salmonella spp.42


Outros deriva<strong>do</strong>s lácteos● pasta ou molho de base láctea pasteurizada, com ou sem adições, temperadasou não, exceto queijos - Bacillus cereus, Coliforme a 45º C, Staphylococcuscoagulase pos., Salmonella spp.● Sobremesas lácteas pasteurizadas, refrigeradas, com ou sem adições - Bacilluscereus, Coliforme a 45º C, Staphylococcus coagulase pos., Salmonella spp.● Mistura (pó) para preparo de bebidas de base láctea para consumo após oemprego de calor ou não - Bacillus cereus, Coliforme a 45º C, Staphylococcuscoagulase pos., Salmonella spp.● Leite geleifica<strong>do</strong>, pasteuriza<strong>do</strong>, com ou sem adições - Coliforme a 45º C,Staphylococcus coagulase pos., Salmonella spp.As bactérias patogênicas indicadas na RDC 12, para deriva<strong>do</strong>s lácteos,podem acarretar diversas patologias ao consumi<strong>do</strong>r ( ANVISA, 2001). A seguir,são apresentadas algumas bactérias e as formas pelas quais podem vir a causardanos à saúde <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r:Bacillus cereus - bactéria que vive normalmente nos ambientes naturais, solo,poeira, ar e esgotos. Produz diversos tipos de toxinas que podem causar,principalmente, vômitos e diarreias.Coliforme a 45º C - bactérias de origem fecal (homem ou animal de sanguequente). Pode causar distúrbios gastrintestinais.Staphylococcus coagulase pos. - bactéria produtora de toxina que, quan<strong>do</strong>ingerida, causa intoxicação alimentar em perío<strong>do</strong> que varia de 30 minutos a 8horas, provocan<strong>do</strong> náuseas, vômitos e diarreia. Além disso, essa bactéria podecausar feridas, vulgarmente conhecidas como furúnculos.Salmonella spp. - bactéria patogênica que, mesmo em pequenas quantidades,causa diarreia, vômito e febre. O tratamento da salmonelose é à base deantibióticos.Listeria monocytogenes - bactéria patogênica que tem os mesmos efeitos daSalmonella. A Listeria, no entanto, multiplica-se mesmo quan<strong>do</strong> mantida sobrefrigeração. O tratamento também é feito à base de antibióticos.Possivelmente, as questões relacionadas às condições higiênico-sanitáriassejam o aspecto mais importante no que se refere à qualidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong>, e aa<strong>do</strong>ção das chamadas Boas Práticas pode interferir diretamente na qualidade <strong>do</strong>produto final e na segurança alimentar.43


10. Influência <strong>do</strong>s diversos processamentos tecnológicosna qualidade nutricional <strong>do</strong> <strong>leite</strong>UHT - UltrapasteurizaçãoO tratamento térmico aplica<strong>do</strong> aos alimentos é um meio de conservaçãoque tem por finalidade torná-los seguros e duráveis, através da eliminação <strong>do</strong>smicro-organismos causa<strong>do</strong>res de <strong>do</strong>enças ou deteriorantes <strong>do</strong>s alimentos.A aplicação <strong>do</strong> tratamento térmico no <strong>leite</strong> tem a mesma finalidade:eliminar riscos à saúde <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, bem como prevenir ou retardar osurgimento de alterações indesejáveis no produto.A ultrapasteurização (UHT), tratamento térmico ao qual o <strong>leite</strong> longa vidaé submeti<strong>do</strong>, elimina os micro-organismos que possam estar presentes no <strong>leite</strong>.Assim, o consumi<strong>do</strong>r tem segurança ao consumi-lo. O tratamento possibilitamanter o produto fora da geladeira antes de aberto.Leite esteriliza<strong>do</strong>O <strong>leite</strong> esteriliza<strong>do</strong>, integral ou desnata<strong>do</strong>, é pré-aqueci<strong>do</strong> a 70°C em fluxocontínuo, embala<strong>do</strong> e, em seguida, esteriliza<strong>do</strong> na própria embalagem àtemperatura de 109 a 120°C, de 20 a 40 minutos, sofren<strong>do</strong> resfriamento àtemperatura de 20 a 35°C.No Brasil, a venda de <strong>leite</strong> esteriliza<strong>do</strong> não tem expressão comercial.Leite pasteuriza<strong>do</strong>O <strong>leite</strong> pasteuriza<strong>do</strong> é o <strong>leite</strong> líqui<strong>do</strong> que foi submeti<strong>do</strong> ao tratamentotérmico, que consiste no aquecimento <strong>do</strong> <strong>leite</strong> à temperatura de 72 a 75°C por15 a 20 segun<strong>do</strong>s, e refrigeração à temperatura entre 2 e 5°C, sen<strong>do</strong> envasa<strong>do</strong>em seguida.Tipos de <strong>leite</strong>A indústria de laticínios tem investi<strong>do</strong> no <strong>leite</strong> UHT, oferecen<strong>do</strong> aoconsumi<strong>do</strong>r uma variedade de tipos <strong>do</strong> <strong>leite</strong> Longa Vida. Esse tipo de <strong>leite</strong>disponibiliza<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong> pode variar quanto ao teor de gordura ou quanto aosingredientes adiciona<strong>do</strong>s a ele.● Diferentes teores de gorduraDe acor<strong>do</strong> com o Regulamento Técnico de Identidade e <strong>Qualidade</strong> <strong>do</strong> LeiteUHT, o <strong>leite</strong> recebe diferentes denominações conforme o seu teor de gordura.44


Tipo de LeiteTeor de GorduraIntegral Mínimo de 3%Semidesnata<strong>do</strong> de 2,9 a 0,6%*Desnata<strong>do</strong> Máximo de 0,5%* dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> fabricanteOs diferentes teores de gordura disponibiliza<strong>do</strong>s permitem ao consumi<strong>do</strong>roptar pelo teor deseja<strong>do</strong>.A gordura <strong>do</strong> <strong>leite</strong> tem papel positivo na dieta, como fonte de energia, devitaminas lipossolúveis e de áci<strong>do</strong>s graxos essenciais, também contribuin<strong>do</strong> paraa palatabilidade <strong>do</strong> alimento (O’BRIEN; CONNOR, 2002).Sabe-se hoje que o <strong>leite</strong> contém grande número de compostos quepossuem benefícios nutritivos. Os áci<strong>do</strong>s graxos satura<strong>do</strong>s, presentes na gordura<strong>do</strong> <strong>leite</strong>, com efeitos hipercolesterolêmicos, restringem-se a apenas alguns tipos(mirístico e palmítico). Ainda assim, pesquisas com animais em laboratóriodemonstram que uma quantidade muito elevada desses áci<strong>do</strong>s graxos (próximoa 20% da energia total) seria necessária para algum efeito sobre os níveis deLDL-colesterol (LOISON et al., 2002). Os demais áci<strong>do</strong>s graxos, especial menteos de cadeia curta, não têm efeito no aumento <strong>do</strong> colesterol sanguíneo (MILLERet al., 1999; PATTON, 2004). Os áci<strong>do</strong>s graxos monoinsatura<strong>do</strong>s também foramdescritos como benéficos por alterarem as proporções de lipoproteínas LDL eHDL.O <strong>leite</strong> bovino contém ainda <strong>do</strong>is áci<strong>do</strong>s graxos que possuem efeitosbenéficos importantes na saúde humana, o áci<strong>do</strong> linoleico conjuga<strong>do</strong> (cis -9,trans-11 áci<strong>do</strong> linoleico - C18:2, CLA) e o áci<strong>do</strong> butírico (C4:0). É aceito que oáci<strong>do</strong> oleico, também presente na gordura <strong>do</strong> <strong>leite</strong>, é tão efetivo quanto o áci<strong>do</strong>linoleico no que se refere à redução <strong>do</strong>s níveis de colesterol LDL, sem afetar oHDL, o que é benéfico aos seres humanos devi<strong>do</strong> à relação inversa <strong>do</strong> HDL com aarteriosclerose (MILLER et al., 1999).O Áci<strong>do</strong> Linoleico Conjuga<strong>do</strong> (CLA) refere-se a uma mistura de isômerosposicionais e geométricos <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> linoleico. O CLA tem si<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> aimportantes atividades biológicas, inclusive à atividade anticarcinogênica, àatividade antiartrogênica, à habilidade de reduzir os efeitos catabólicos <strong>do</strong>estímulo imunológico, à habilidade de realçar a promoção <strong>do</strong> crescimento e dereduzir a gordura <strong>do</strong> corpo (PARODI, 1997; PARODI, 1999 e PATTON, 2004). Porsua vez, o Áci<strong>do</strong> Butírico é descrito como um componente exclusivo da gordura<strong>do</strong> <strong>leite</strong> <strong>do</strong>s animais ruminantes (PARODI, 1999).A gordura <strong>do</strong> <strong>leite</strong> é uma mistura de diferentes ésteres de áci<strong>do</strong>s graxos(mono-, di- e triglicerídeos) compostos por um álcool chama<strong>do</strong> glicerol e váriosáci<strong>do</strong>s graxos.Os áci<strong>do</strong>s graxos representam aproximadamente 95% da gordura <strong>do</strong> <strong>leite</strong>,poden<strong>do</strong> ser classifica<strong>do</strong>s em satura<strong>do</strong>s e poli-insatura<strong>do</strong>s. Além disso, também45


compõem a gordura alguns áci<strong>do</strong>s graxos, fosfolipídios, esteróis, carotenoides evitaminas lipossolúveis.Nos áci<strong>do</strong>s graxos satura<strong>do</strong>s, os átomos de carbono são liga<strong>do</strong>s uns aosoutros por ligações simples, enquanto que nos áci<strong>do</strong>s graxos insatura<strong>do</strong>s existemuma ou mais ligações duplas na cadeia de hidrocarbono. Cada molécula deglicerol pode se unir a três moléculas de áci<strong>do</strong> graxo.Praticamente toda a gordura <strong>do</strong> <strong>leite</strong> encontra-se em glóbulos. Como osglóbulos de gordura são as partículas maiores <strong>do</strong> <strong>leite</strong>, elas tendem a subir paraa superfície, forman<strong>do</strong> a nata quan<strong>do</strong> o <strong>leite</strong> não homogeneiza<strong>do</strong> fica para<strong>do</strong> porcerto tempo em um recipiente.A redução da ingestão de <strong>leite</strong> integral pode, certamente, acarretar menoracesso a nutrientes benéficos e essenciais, como o CLA e o áci<strong>do</strong> butírico, assimcomo a vitaminas lipossolúveis.Consumo de gordura e <strong>do</strong>enças cardiovascularesTrabalho realiza<strong>do</strong> por Asztalos et al. (2000) sugere que não há benefíciode dieta pobre em gordura em indivíduos com níveis normais de HDL, ou seja,dieta com baixo teor de gordura não altera níveis de HDL ou LDL sanguíneos emindivíduos com níveis normais dessas lipoproteínas.Os lipídios têm si<strong>do</strong> considera<strong>do</strong>s os vilões da ocorrência de <strong>do</strong>ençascardiovasculares. Diversas pesquisas foram desenvolvidas e vários tipos degorduras considera<strong>do</strong>s como os principais causa<strong>do</strong>res dessas patologias e, até omomento, muitas dúvidas acerca <strong>do</strong> assunto permanecem.Na realidade, não existe um único fator responsável. O sedentarismo, ahipertensão e a alimentação desequilibrada formam a tríade de real importância,principalmente quan<strong>do</strong> aliadas a fatores genéticos predisponentes. Portanto, oequilíbrio no consumo <strong>do</strong>s lipídios é de real importância para que se evitem taispatologias.● Leite com cálcioSem dúvida, os produtos lácteos são, dentre os alimentos, as maioresfontes de cálcio. Na avaliação <strong>do</strong>s alimentos no tocante ao seu conteú<strong>do</strong> decálcio, devem-se considerar, além da quantidade de cálcio em cada alimento, asua biodisponibilidade.A importância <strong>do</strong> cálcio é tamanha que alguns fornece<strong>do</strong>res decidiramenriquecer ainda mais o <strong>leite</strong>, oferecen<strong>do</strong> aos consumi<strong>do</strong>res um produto commaior quantidade de cálcio, a fim de que atinjam mais facilmente a IngestãoDiária Recomendada (IDR) de cálcio.● Leite com ferroO <strong>leite</strong> de vaca integral, infelizmente, é pobre em ferro. Por isso, algumasempresas desenvolveram o <strong>leite</strong> enriqueci<strong>do</strong> com ferro, a fim de proporcionar aoconsumi<strong>do</strong>r um alimento que seja fonte deste elemento, além <strong>do</strong>s nutrientesnaturalmente presentes no <strong>leite</strong>.46


Em geral, a quantidade de ferro presente nos <strong>leite</strong>s enriqueci<strong>do</strong>s varia deacor<strong>do</strong> com o fabricante. A quantidade pode variar de 0,8 a 3mg por 100 ml.No Brasil, por meio da Portaria nº 33, de janeiro de 1998, a Secretaria deVigilância Sanitária, <strong>do</strong> Ministério da Saúde, determinou para as diferentes faixasetárias a IDR de ferro.De acor<strong>do</strong> com a Organização Mundial de Saúde, a deficiência de ferro é aenfermidade alimentar mais difundida no mun<strong>do</strong>. Afeta países industrializa<strong>do</strong>s ouem desenvolvimento, e hoje é conhecida como a principal causa de anemia queafeta a população mundial.● Leites Especiais » Leites FuncionaisSeguin<strong>do</strong> a tendência mundial, toma impulso no Brasil um novo conceitode nutrição: o de que alguns alimentos não servem apenas para saciar a fome efornecer energia ao organismo, mas podem igualmente contribuir para melhorara saúde das pessoas.São os chama<strong>do</strong>s alimentos funcionais, aqueles que em cuja composiçãoforam adicionadas substâncias capazes de reduzir os riscos de <strong>do</strong>enças e alterarfunções metabólicas <strong>do</strong> corpo humano.Pelos critérios <strong>do</strong>s especialistas, bolachas e <strong>leite</strong>s enriqueci<strong>do</strong>s apenas comvitaminas não são funcionais. O mesmo raciocínio vale para produtos rotula<strong>do</strong>scomo diet e light, que apresentam baixos teores de gordura ou açúcar, mas nãoagem diretamente sobre algum tipo de patologia ou função metabólica.Hoje, no merca<strong>do</strong>, podem ser encontra<strong>do</strong>s o Leite com Ômega e o Leitecom lactose reduzida, esses sim considera<strong>do</strong>s <strong>leite</strong>s funcionais.- Leite com ÔmegaÔmegas são áci<strong>do</strong>s graxos poli-insatura<strong>do</strong>s que, por não seremproduzi<strong>do</strong>s pelo organismo, devem ser obti<strong>do</strong>s através da dieta.Os Ômega 6 estão presentes, principalmente, em óleos como o de soja eo de canola, enquanto os Ômega 3 podem ser extraí<strong>do</strong>s de peixes de água fria evegetais.Os áci<strong>do</strong>s graxos Ômegas exercem papel significativo em numerosasfunções <strong>do</strong> organismo, principalmente favorecen<strong>do</strong> o desenvolvimento <strong>do</strong>sistema imunológico e contribuin<strong>do</strong> para a redução <strong>do</strong>s níveis de colesterol etriglicérides, regulan<strong>do</strong>, assim, a fluidez <strong>do</strong> sangue e controlan<strong>do</strong> a pressãoarterial, os principais fatores de risco para as <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> coração. Para sebeneficiar das qualidades <strong>do</strong> Ômega, uma pessoa deve tomar, no mínimo, 1 litrodesse <strong>leite</strong> especial to<strong>do</strong>s os dias, atingin<strong>do</strong> a quantidade ideal desses áci<strong>do</strong>sgraxos, que é de 400 a 500 mg por dia.É claro que, por não serem remédios, esses alimentos podem ajudar, massó se fizerem parte de um estilo de vida saudável. Isso significa dieta controladae prática regular de exercícios físicos.47


- Leite com baixo teor de lactoseA lactose é um açúcar de sabor pouco <strong>do</strong>ce, que origina <strong>do</strong>is outroscarboidratos mais a<strong>do</strong>cica<strong>do</strong>s (glicose e galactose).Muitos consumi<strong>do</strong>res, principalmente crianças, apresentam um tipo dedeficiência metabólica que gera quadro de intolerância à lactose. Esse errometabólico se traduz pela deficiência da enzima lactase, que responde pelametabolização da lactose e, nesses casos, o consumi<strong>do</strong>r pode apresentar, após oconsumo de <strong>leite</strong>, quadro de flatulência, mal-estar e diarreia, de acor<strong>do</strong> com agravidade da patologia.O <strong>leite</strong> com baixo teor de lactose é indica<strong>do</strong> a esses consumi<strong>do</strong>res, paraque possam obter os demais nutrientes presentes no <strong>leite</strong> sem os inconvenientesque a lactose poderia causar.O processo tecnológico preferencialmente utiliza<strong>do</strong> para reduzir a lactose<strong>do</strong> <strong>leite</strong> é a hidrólise enzimática pela adição de β-galactosidase de origemmicrobiana. A lactose pode ser hidrolisada antes ou após o tratamento térmico,com adição da enzima antes <strong>do</strong> envase.● Leite homogeneiza<strong>do</strong>O <strong>leite</strong> longa vida, algumas vezes, recebe a denominação de "LeiteHomogeneiza<strong>do</strong>". Tal expressão, quan<strong>do</strong> na embalagem, indica que o <strong>leite</strong> longavida passou pelo processo chama<strong>do</strong> de homogeneização.Através desse processo, a gordura <strong>do</strong> <strong>leite</strong> é uniformemente distribuída,evitan<strong>do</strong> a formação da nata e a separação da gordura.● Leites com vitaminasAs vitaminas e os minerais sempre foram parte essencial da dieta humana,mas somente em anos recentes as pessoas estão aprenden<strong>do</strong> como algunsdesses nutrientes podem ser críticos para a saúde.Os <strong>leite</strong>s vitamina<strong>do</strong>s hoje existentes no merca<strong>do</strong> são enriqueci<strong>do</strong>s comdiferentes vitaminas e concentrações, de acor<strong>do</strong> com os fabricantes, com afinalidade de proporcionar ao consumi<strong>do</strong>r mais uma fonte de vitaminas naalimentação, evitan<strong>do</strong> as deficiências.Entre as vitaminas mais frequentemente utilizadas para o enriquecimento<strong>do</strong> <strong>leite</strong>, destacam-se as vitaminas A, D, B6, B12, C, E, além de elementos comoo áci<strong>do</strong> fólico e a nicotinamida. Hoje, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, é obrigatório oenriquecimento de to<strong>do</strong> <strong>leite</strong> de consumo direto com as vitaminas A, no caso <strong>do</strong><strong>leite</strong> integral e A e D no caso <strong>do</strong> <strong>leite</strong> desnata<strong>do</strong>.O <strong>leite</strong> é um <strong>do</strong>s mais completos alimentos, conten<strong>do</strong> grande variedade denutrientes essenciais ao crescimento, desenvolvimento e manutenção de umavida saudável. Rico em proteínas, energia e minerais, é indica<strong>do</strong> para todas asidades.É importante lembrar que os componentes <strong>do</strong> <strong>leite</strong> podem variarconsideravelmente entre as vacas de diferentes raças e entre vacas da mesmaraça, dependen<strong>do</strong> da alimentação e da época <strong>do</strong> ano, <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de lactação etc.48


● Leites fortifica<strong>do</strong>s ou enriqueci<strong>do</strong>sDe acor<strong>do</strong> com a Portaria nº 31, de 13 de janeiro de 1998, da Secretariade Vigilância <strong>do</strong> Ministério da Saúde:"Considera-se alimento fortifica<strong>do</strong>/enriqueci<strong>do</strong> to<strong>do</strong> alimento ao qual foradiciona<strong>do</strong> um ou mais nutrientes essenciais conti<strong>do</strong>s naturalmente ou não noalimento, com o objetivo de reforçar o seu valor nutritivo e/ou prevenir oucorrigir deficiência(s) demonstrada(s), em um ou mais nutrientes, naalimentação da população ou em grupos específicos da mesma."Os nutrientes devem ter concentrações que não impliquem ingestãoexcessiva ou insignificante, nem devem alcançar níveis terapêuticos no alimento.Dessa forma, permite-se o enriquecimento ou fortificação <strong>do</strong> <strong>leite</strong> com vitaminase/ou minerais de forma que o produto forneça, no mínimo, 7,5% da IDR dereferência de vitaminas ou minerais por 100ml <strong>do</strong> produto, ou mínimo de 1,5g defibras por 100ml <strong>do</strong> produto.Atualmente, encontram-se disponíveis no merca<strong>do</strong> <strong>leite</strong>s fortifica<strong>do</strong>s ouenriqueci<strong>do</strong>s de diversos tipos. As diferentes concentrações de nutrientes, assimcomo o teor de gordura com que foram adiciona<strong>do</strong>s, variam de acor<strong>do</strong> com ofabricante.11. Rotulagem <strong>do</strong> <strong>leite</strong> e deriva<strong>do</strong>sO <strong>leite</strong> também pode sofrer alterações das suas propriedades físicoquímicas.Tais alterações podem ser decorrentes <strong>do</strong> crescimento microbiano e defalhas no processamento (pasteurização), além de fraudes, como adição deágua, desnate, superaquecimento etc. Sen<strong>do</strong> assim, torna-se indispensável ocontrole das características físico-químicas e microbiológicas <strong>do</strong> <strong>leite</strong>.Para que tal controle seja efetivo, o produto deve atender aos padrõesestabeleci<strong>do</strong>s no Regulamento Técnico de Identidade e <strong>Qualidade</strong> <strong>do</strong>s ProdutosLácteos (BRASIL, 1996). Além disso, torna-se necessária a adequada rotulagem<strong>do</strong> produto, visto que o acesso às informações é um direito da população,assegura<strong>do</strong> pelo Código de Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r.A legislação brasileira de rotulagem tem como base as diretrizes <strong>do</strong> CodexAlimentarius, que é o principal órgão internacional responsável pela elaboraçãode regras sobre a segurança e a rotulagem de alimentos. A Agência Nacional deVigilância Sanitária é o órgão responsável por averiguar se a produção e acomercialização <strong>do</strong>s alimentos são feitas de maneira correta, além de normatizara rotulagem (ANVISA, 2005).Como o <strong>leite</strong> e deriva<strong>do</strong>s são produtos de origem animal comercializa<strong>do</strong>sembala<strong>do</strong>s, torna-se necessário o uso da Instrução Normativa nº 22, de 24 denovembro de 2005, <strong>do</strong> MAPA, que regulamenta a Rotulagem para Produto deOrigem Animal Embala<strong>do</strong>, preconizan<strong>do</strong> que o produto não deve fornecerinformações falsas ou que possam levar o consumi<strong>do</strong>r ao erro ou engano sobreas informações que desrespeitam a composição <strong>do</strong> produto, a sua real natureza,49


o seu adequa<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de uso, a sua validade, a sua procedência, a suaquantidade especificada, bem como a sua qualidade, o seu rendimento e o tipo<strong>do</strong> alimento em questão (BRASIL, 2005).Pode-se dizer que a rotulagem <strong>do</strong>s produtos é o mais importante veículopara transmitir informações <strong>do</strong> produtor para o vende<strong>do</strong>r e, posteriormente, paraos consumi<strong>do</strong>res (FAO, 2001).Sen<strong>do</strong> assim, torna-se imprescindível fornecer algumas informações, comocomposição <strong>do</strong> produto; instruções sobre o uso e o preparo <strong>do</strong> produto (quan<strong>do</strong>necessário); marca comercial; prazo de validade; especificação <strong>do</strong> lote; data defabricação; CNPJ; descrição de como deve ser feita a conservação <strong>do</strong> produto;conteú<strong>do</strong> líqui<strong>do</strong>; nome ou razão social e endereço <strong>do</strong> estabelecimento;identificação da origem; denominação de venda <strong>do</strong> produto; lista de ingredientesem ordem decrescente de quantidade (a água também deve ser listada) e osaditivos, que devem ser especifica<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com a sua função e INS(Sistema Internacional de Numeração, Codex Alimentarius); carimbo oficial dainspeção e número de registro ou código de identificação <strong>do</strong> fabricante, <strong>do</strong> órgãocompetente e categoria <strong>do</strong> estabelecimento, de acor<strong>do</strong> com a classificação oficial(BRASIL, 2005).Sen<strong>do</strong> assim, a rotulagem <strong>do</strong>s alimentos deve ser fidedigna, já queorientará os consumi<strong>do</strong>res quanto as suas escolhas nutricionais, levan<strong>do</strong> emconta a qualidade e a quantidade <strong>do</strong>s constituintes nutricionais <strong>do</strong> produto(CÂMARA et al., 2008).Além disso, deve-se considerar que a legislação de rotulagem éextremamente dinâmica, poden<strong>do</strong> introduzir ou excluir conhecimentos de acor<strong>do</strong>com os estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s sobre a alimentação e a nutrição humana (FERREIRA;MARQUEZ, 2007).12. ReferênciasANVISA. Regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos.Resolução RDC n˚ 12 de 02 de janeiro de 2001. Diário Oficial [da] RepúblicaFederativa <strong>do</strong> Brasil, Brasília, DF, 10 jan. 2001. n˚ 7, p. 45-53. Seção 1.ANVISA. Universidade de Brasília. Rotulagem nutricional obrigatória: manualde orientação às indústrias de alimentos. 2ª versão atualizada. Brasília, DF,2005. 44 p. Disponível em: . Acesso em: 10 de abril de 2012.ASZTALOS, B. et al. Differential response to low fat diet between low and normalHDL cholesterol. The Journal of Lipid Research, v. 41, p. 321-328, 2000.BRASIL. Decreto nº 1812, de 08 de fevereiro de 1996. Altera dispositivos <strong>do</strong>Decreto n° 30.691, de 29 de março de 1952, que aprovou o Regulamento da50


Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal, altera<strong>do</strong> peloDecreto n° 1.255, de 25 de junho de 1962. Diário Oficial [da] RepúblicaFederativa <strong>do</strong> Brasil, Brasília, DF, p. 09, jan. 1996. Seção 1.BRASIL. Instrução Normativa nº 51, de 20 de setembro de 2002. Aprova osregulamentos técnicos de produção, identidade e qualidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong>. DiárioOficial [da] República Federativa <strong>do</strong> Brasil, Brasília, p.13, 21 set. 2002.Seção 1.BRASIL. Ministério da Agricultura <strong>do</strong> Abastecimento e da Reforma Agrária.Portaria nº 146. Aprova os regulamentos técnicos de identidade e qualidade <strong>do</strong>sprodutos lácteos. Diário Oficial [da] República Federativa <strong>do</strong> Brasil, Brasília,DF, 11 mar. 1996, p. 3977. Seção 1.BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria deDefesa Agropecuária. Instrução Normativa nº 42. Diário Oficial [da] RepúblicaFederativa <strong>do</strong> Brasil, Brasília, DF, 213 p., 22 dez.1999. Seção 1.BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. InstruçãoNormativa nº 22, de 24 de novembro de 2005. Aprova o regulamento técnicopara rotulagem de produto de origem animal embala<strong>do</strong>. Diário Oficial [da]República Federativa <strong>do</strong> Brasil, Brasília, DF, 25 novembro de 2005, p. 15.Seção 1.BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. InstruçãoNormativa nº 62 de 29 de dezembro de 2011. Aprova o regulamento técnico deprodução, identidade e qualidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong> tipo A, o regulamento técnico deidentidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong> cru refrigera<strong>do</strong>, o regulamento técnico de identidade equalidade <strong>do</strong> <strong>leite</strong> pasteuriza<strong>do</strong> e o regulamento técnico da coleta <strong>do</strong> <strong>leite</strong> crurefrigera<strong>do</strong> e seu transporte a granel, em conformidade com os anexos destaInstrução Normativa. Diário Oficial [da] República Federativa <strong>do</strong> Brasil,Brasília, DF, 30 dez. 2011, n. 251, p. 6-11. Seção1.BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Da<strong>do</strong>sEpidemiológicos - DTA perío<strong>do</strong> de 2000 a 2011. Brasília, 2011. Disponívelem:. Acesso em: 10 maio 2013.BRITO, M. A. V. P.; LANGE, C. C. Resíduos de antibióticos no <strong>leite</strong>. Juiz deFora: Embrapa Ga<strong>do</strong> de Leite, 2005. 3 p. (Embrapa Ga<strong>do</strong> de Leite. Comunica<strong>do</strong>Técnico, 44).CÂMARA, M. C. C. et al. A produção acadêmica sobre a rotulagem de alimentosno Brasil. Revista Panamericana de Salud Publica/Pan American PublicHealth, v. 23, n.1, 2008.51


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SUPERINTENDÊNCIADE DESENVOLVIMENTOSUSTENTÁVEL37QUALIDADE DO LEITE E DERIVADOSProcessos, processamento tecnológico e ínidces

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