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Jul-Ago - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

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Expectativas e conhecimento entre pacientes com indicação <strong>de</strong> transplante <strong>de</strong> córnea231INTRODUÇÃOSegundo a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> a cegueiraé a mais onerosa <strong>de</strong> todas as formas <strong>de</strong>invali<strong>de</strong>z ( 1 ) . As doenças da córnea representamimportante causa <strong>de</strong> perda da capacida<strong>de</strong> visual, po<strong>de</strong>ndolevar a consequências psicológicas e econômicas parao indivíduo e socieda<strong>de</strong>.O avanço das técnicas cirúrgicas e a melhora nosresultados obtidos pela cirurgia do transplante <strong>de</strong> córneanas últimas décadas, propiciaram melhores perspectivas<strong>de</strong> reabilitação visual às pessoas que não dispunham<strong>de</strong> outra opção <strong>de</strong> recuperação (2) .Nos países em <strong>de</strong>senvolvimento, a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>acesso à assistência oftalmológica, <strong>de</strong>corrente tanto <strong>de</strong>fatores socioeconômico culturais, bem como <strong>de</strong> obstáculosimpostos pelo sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> insuficiente, impe<strong>de</strong>a utilização das medidas terapêuticas em sua plenapotencialida<strong>de</strong> (3 , 4) .Ao estudar características sociais <strong>de</strong> pacientesatendidos nos projetos “Zona Livre <strong>de</strong> Catarata”, i<strong>de</strong>alizadospelo serviço <strong>de</strong> oftalmologia da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong>Ciências Médicas da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas,Kara-Junior et al. em 1996 ( 5 ) sugeriram que não ésuficiente apenas oferecer assistência médica especializadagratuita à comunida<strong>de</strong>, é necessário também,assegurar condições <strong>de</strong> acesso e a<strong>de</strong>rência ao tratamento.Estas facilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem ser disponibilizadas principalmenteàs parcelas sociais mais carentes e que geralmentesão pouco conscientizadas para as possibilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> reabilitação visual ( 5 ) .Devido à diminuição da fila <strong>de</strong> espera <strong>de</strong> transplante<strong>de</strong> córnea <strong>de</strong>corrente do aumento do número <strong>de</strong> doações, econsequente acréscimo do número <strong>de</strong> transplantes <strong>de</strong> córnearealizados num hospital universitário em São Paulo, realizaram-seduas campanhas <strong>de</strong> transplantes <strong>de</strong> córnea em diferentesocasiões com o objetivo <strong>de</strong> facilitar o acesso <strong>de</strong> pacientescarentes ao tratamento a<strong>de</strong>quado, mediante ampladivulgação publicitária, processo semelhante ao <strong>de</strong>senvolvidopelos projetos “Zona Livre <strong>de</strong> Catarata” ( 6, 7 ) .O serviço <strong>de</strong> oftalmologia do hospital colocou-seà disposição (nos dias 12/06/1999 e 29/04/2000), pararealizar a triagem e o exame oftalmológico completoem todos os indivíduos portadores <strong>de</strong> doenças corneanas<strong>de</strong> difícil solução ou com prévia indicação <strong>de</strong> transplantee que <strong>de</strong>sejassem ser submetidos à cirurgia, porémsem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua realização ou que buscassemorientação sobre seu problema corneano.O presente estudo avalia as característicassocioeconômicas, conhecimento sobre a doença e dificulda<strong>de</strong>s<strong>de</strong> acesso ao tratamento <strong>de</strong> pacientes selecionadospara cirurgia <strong>de</strong> transplante <strong>de</strong> córnea.MÉTODOSFoi aplicado questionário a 99 pacientes atendidosnas campanhas <strong>de</strong> transplante <strong>de</strong> córnea realizadosem um hospital universitário (nos dias 12/06/1999 e 29/04/2000), e que preencheram os critérios <strong>de</strong> indicaçãodo serviço para ceratoplastia penetrante, sendo entãoinseridos na lista do banco <strong>de</strong> córnea daquela instituição.Apesar <strong>de</strong> a avaliação sofrer variação individual,os critérios básicos para indicação <strong>de</strong> transplante foram:- Acuida<strong>de</strong> visual (AV) < 0,4 (Tabela <strong>de</strong> Snellen)no olho <strong>de</strong> melhor visão com previsível melhora pósoperatória;- Intolerância ao uso <strong>de</strong> lentes <strong>de</strong> contato;- Doença corneana progressiva bilateral que tenhano olho <strong>de</strong> pior visão AV < 0,3 com previsível melhorapós-operatória;- Olho dolorido e/ou <strong>de</strong>sfigurante.Outros pontos a serem consi<strong>de</strong>rados:a) Os pacientes antes da indicação <strong>de</strong> transplante<strong>de</strong> córnea <strong>de</strong>veriam fazer testes com óculos e lentes <strong>de</strong>contato, rígida ou hidrofílica, com o objetivo <strong>de</strong> obtermelhora da AV;b) Pacientes muito idosos com olho doloroso eboa AV no olho contralateral <strong>de</strong>veriam ser avaliadospara uso <strong>de</strong> lente <strong>de</strong> contato hidrofílica ou submetidos arecobrimento conjuntival;c) Apresentar condições pessoais, familiares ouinstitucionais <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a problemática do tratamentoe <strong>de</strong> cumprir as recomendações pós-operatórias, bemcomo <strong>de</strong> comparecer aos retornos agendados;d) Dificulda<strong>de</strong>s importantes na execução das ativida<strong>de</strong>sda vida diária (AVD).Foram incluídas as seguintes variáveis: sexo, ida<strong>de</strong>,renda mensal, escolarida<strong>de</strong>, tempo e bilateralida<strong>de</strong>da baixa AV, número <strong>de</strong> oftalmologistas previamenteconsultados, AV corrigida no melhor olho, diagnóstico nohospital universitário, indicação prévia <strong>de</strong> transplante,conhecimento do que é transplante <strong>de</strong> córnea, <strong>de</strong> qualera o seu problema ocular e da existência <strong>de</strong> limitaçõesno estilo <strong>de</strong> vida e possíveis complicações após a cirurgia,expectativa <strong>de</strong> reabilitação, tempo <strong>de</strong> permanênciana fila <strong>de</strong> espera do banco <strong>de</strong> olhos, interrupção <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>profissional <strong>de</strong>vido à baixa AV, <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>terceiros para AVD, motivo <strong>de</strong> não ter sido operado antese se havia <strong>de</strong>sistido da busca do tratamento.Rev Bras Oftalmol. 2011; 70 (4): 230-34

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