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A passagem da diva do cinema italiano pelo Brasil - Comunità italiana

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arquiteturaSolidãono túmulode cimento<strong>Brasil</strong> leva o mora<strong>do</strong>r comum para a Bienal Internacional deArquitetura de Veneza. Nesta edição, o evento vai discutir ascasas modernas, ti<strong>da</strong>s como um convite ao isolamentoAmoradia está sen<strong>do</strong> malcui<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>pelo</strong>s seus habitantes.Essa atual relaçãoentre o ser humano esua casa será o alicerce para osprincipais debates que serão trava<strong>do</strong>sdurante a Bienal Internacionalde Arquitetura de Veneza.Essa ci<strong>da</strong>de <strong>italiana</strong> de construçõespraticamente imutáveis serápalco, até novembro, <strong>da</strong> edição2008 desse que é o maior evento<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> dedica<strong>do</strong> ao assunto.Este ano, participam cem arquitetosconvi<strong>da</strong><strong>do</strong>s - entre elesnomes como Frank O. Ghery, ZahaHadid, An Te Liu, Herzog & MedeMeuron. Ao to<strong>do</strong>, espalha<strong>do</strong>sentre os 56 pavilhões de váriospaíses, estarão 300 profissionais<strong>do</strong> setor. Da Bienal se espera quesejam lança<strong>da</strong>s luzes sobre osnovos modelos arquitetônicos ase seguir.A recuperação de áreas verdes,o resgate e a modificaçãode prédios inteiros são alguns<strong>do</strong>s pontos de convergência <strong>do</strong>evento deste ano. A implantaçãode jardins suspensos em facha<strong>da</strong>s“cegas” e em parapeitosde viadutos é uma idéia que ganhaespaço. Ao contrário <strong>do</strong>sanos anteriores, a atual ediçãoprivilegia a experiência de vi<strong>da</strong>de quem vive nos apartamentose o seu construtor e “pensa<strong>do</strong>r”,o arquiteto. Os organiza<strong>do</strong>restêm como objetivo aumentara consciência de quemRobôGu i l h e r m e Aq u i n oCorrespondente • Milãotrabalha com arquitetura e dequem depende dela para vivermelhor, ou seja, a maioria <strong>do</strong>spobres mortais.A Bienal pretende resgataros valores tradicionais <strong>da</strong> arquiteturaque muitos profissionaisconsideram atualmente enterra<strong>do</strong>snos “túmulos de cimento”em que se tornaram os edifíciosSuíça vai apresentar o equipamento de construção mais avança<strong>do</strong><strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Trata-se de um robô cria<strong>do</strong> por técnicos <strong>do</strong> estú-Adio Gramazio & Kohler for Architectureand Digital Fabrication,<strong>do</strong> departamento de Arquitetura<strong>da</strong> ETH de Zurique. Ele usa a lei<strong>da</strong> ação e <strong>da</strong> reação ao limite <strong>da</strong>possibili<strong>da</strong>de concreta. Esse “pedreirocibernético” realiza complica<strong>do</strong>scálculos matemáticospara empilhar, em 20 segun<strong>do</strong>s,tijolos em angulações e alturas diferentes – um trabalho impossívelpara um homem, segun<strong>do</strong> Nadine Jerchau, <strong>da</strong> Digital Fabrication.modernos. Túmulos esses queestariam matan<strong>do</strong> a principalrazão de ser <strong>da</strong> moradia: aquelemomento quan<strong>do</strong> chegamos emcasa e...nos sentimos em casa -e não em um simples <strong>do</strong>rmitório,que não sentimos o menorprazer em cui<strong>da</strong>r.Para conhecer o que muitagente <strong>pelo</strong> mun<strong>do</strong> está fazen<strong>do</strong>para viver melhor, os visitantespoderão visitar a Out There: ArchitectureBeyond Buildings.<strong>Brasil</strong>O pavilhão <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> fica num cantinho<strong>do</strong>s Giardini, entre um pequenocanal e o Grande Canal deVeneza. Para chegar até lá é necessárioatravessar uma ponte.Quem entra se surpreende ao perceberque o próprio prédio em cimentoarma<strong>do</strong> se transformou emparte <strong>do</strong> projeto. O cura<strong>do</strong>r RobertoLoeb criou no ambiente umabiblioteca. Ele montou duas salasde leitura. Os livros fazem parte<strong>do</strong> projeto brasileiro para a Bienal.As suas páginas contam ashistórias de 86 pessoas e suas relaçõescom o meio ambiente ondevivem, incluin<strong>do</strong>, claro, a arquitetura.Em entrevista à Comunità, oarquiteto explica o projeto.Comunità Italiana - O que o <strong>Brasil</strong>apresenta nesta Bienal?Roberto Loeb - Trouxemos o depoimentode pessoas comunsPesquisaVem <strong>da</strong> Austrália o resulta<strong>do</strong>de um estu<strong>do</strong> que prevê umahumani<strong>da</strong>de solitária se o problema<strong>da</strong> moradia não apontar paraprojetos que unam e integremmais as pessoas. Segun<strong>do</strong> o AutralianBureau of Statistcs, 3,1 milhõesde pessoas irão viver sozinhasem 2026. Uma solidão quefaz bem ao merca<strong>do</strong> de consumo,mas que isola ca<strong>da</strong> vez mais o serhumano <strong>do</strong> seu vizinho de porta.como taxistas, enfermeiras, delega<strong>do</strong>sde policia e médicos.Eles formam um conjunto depensamento sobre o que significao “morar”. Ca<strong>da</strong> um lembra<strong>da</strong>s coisas mais importantes <strong>da</strong>ssuas vi<strong>da</strong>s e muitos vão além ao<strong>da</strong>r propostas de soluções arquitetônicaspara as ci<strong>da</strong>des.CI - Como nasceu a idéia desteprojeto para a Bienal?ProtestosEstônia trouxe uma tubulaçãode gás para de-Anunciar a dependência <strong>da</strong>Europa <strong>do</strong> gás russo. Tem 63metros de comprimento e seperde <strong>pelo</strong> bosque <strong>da</strong> exposição.Já a Suíça colocou umcasal nu em uma cama, dentro<strong>do</strong> Arsenale, local ondeacontece boa parte <strong>da</strong> Bienal.Trata-se de uma instalaçãoanima<strong>da</strong> que representaa “desconstrução” <strong>da</strong> atualarquitetura e prega uma voltaàs origens mais simples<strong>do</strong> homem.Loeb – Tivemos pouco tempo paraexecutar o projeto. Tu<strong>do</strong> foi feitoem um mês e meio. Quan<strong>do</strong> recebemoso convite, a primeira idéiafoi a de não trabalhar com arquitetos,mas com o que a maioria<strong>da</strong> população pensa a respeito<strong>da</strong>s moradias onde vive. Pedimosaos entrevista<strong>do</strong>s que antes<strong>do</strong>s depoimentos, nos indicassemuma foto que representasse o seupensamento. O Tunga, um artistaplástico, escolheu uma esculturade pedra. Ele diz que o Rio deJaneiro é um prato belíssimo comuma sala<strong>da</strong> de fruta medíocre. Ouseja, a ci<strong>da</strong>de é muito bonita, masas construções são mal cui<strong>da</strong><strong>da</strong>s.CI - Por que o senhor optou <strong>pelo</strong>s“clientes” <strong>do</strong>s arquitetos?Loeb - Temos arquitetos muitocriativos, mas a mídia já se ocupamuito deles. Achei que era ummomento de reflexão. Por exemplo,temos uma bailarina <strong>do</strong> Riode Janeiro cuja memória maisimportante é a <strong>da</strong> praia. Ela escolheuesta profissão, mas nofun<strong>do</strong>, é uma moça de praia e omovimento, o espaço e paisagemsão o que estão mais dentro <strong>do</strong>inconsciente dela e isso mobilizauma pessoa a vi<strong>da</strong> inteira.CI - Os arquitetos brasileiros escutamos clientes?Loeb - Os arquitetos estão prepara<strong>do</strong>s,escutam e fazem umenorme esforço para desenvolvere mu<strong>da</strong>r a cara <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des. Massozinhos, não podem fazer isso.Penso que arquitetura deve seabrir, em termos <strong>da</strong> participação<strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des, através de umaintervenção direta com a qual aspessoas possam projetar e construircom o auxilio de especialistas,arquitetos, engenheiros eTendênciaecologistas. A arquitetura tem estaface interessante que permiteo trabalho entre grandes equipes.CI - A mostra abre com o barracode uma sem teto em São Paulo.Por quê?Loeb - Nosso artista, o Cabelo, fotografouembaixo de um viaduto,um mora<strong>do</strong>r de rua que coletourestos e fez um palácio. Ele mostraque através <strong>da</strong> reciclagem, <strong>do</strong>amor, <strong>da</strong> simplici<strong>da</strong>de e <strong>do</strong> prazervocê pode fazer muito, mesmocom pouca coisa. Ele pegoumóveis antigos e pintou detalhesem <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>. Pegou tapetes joga<strong>do</strong>sfora, reciclou e fez um belocanto para ele.Fora <strong>do</strong> próprio pavilhão, a arquitetura brasileira ganhou destaqueno espaço francês. Tu<strong>do</strong> por causa de um escritóriofranco-brasileiro responsável pela construção de <strong>do</strong>is prédios nobairro de Vila Ma<strong>da</strong>lena, em São Paulo: o edifício Harmonia e umaresidência na rua Fi<strong>da</strong>lga. Os projetos fogem <strong>do</strong>s padrões, apostamna ecologia, no movimentode facha<strong>da</strong>s e emdiferentes disposições <strong>do</strong>sapartamentos, conceitosmuito em voga para a “arquiteturade amanhã”.— Percebemos que jáexiste um movimento demodificação <strong>do</strong>s atuais prédiosatravés de mu<strong>da</strong>nçasnas facha<strong>da</strong>s, transformaçãode edifícios através <strong>da</strong>sparedes derruba<strong>da</strong>s com a abertura de varan<strong>da</strong>s fecha<strong>da</strong>s, o quedá uma nova vi<strong>da</strong> às antigas construções — diz o arquiteto portuguêsJoão Luiz Fera, <strong>do</strong> escritório Promontório.48 C o m u n i t à I t a l i a n a / Ou t u b r o 2008O u t u b r o 2008 / Co m u n i t à I t a l i a n a 49

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