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PerfilNei Lisboa,um <strong>do</strong>ce transgressorNei Tejera Lisbôa nasceu a 18 de janeiro de 1959, em Caxias <strong>do</strong> Sul (RS).Naquele ano, o líder comunista Fidel Castro assumia o poder em Cuba,e morria Heitor Villa-Lobos, um <strong>do</strong>s maiores compositores brasileiros deto<strong>do</strong>s os tempos. Fatos isola<strong>do</strong>s mas que, de certa forma, por uma dessasartimanhas <strong>do</strong> destino, viriam a influenciar a carreira <strong>do</strong> jovem Nei Lisboa(o Lisboa já um nome artístico, agora sem o acento circunflexo), um <strong>do</strong>smúsicos gaúchos mais queri<strong>do</strong>s e respeita<strong>do</strong>s de sua geração.Aos 54 anos, Nei Lisboacomemora três décadas decarreira lançan<strong>do</strong> disco novo,e se consolida com um <strong>do</strong>smais importantes nomes damúsica urbana gaúchaCrédito: DivulgaçãoNei, o mais novo de sete irmãos, deixou Caxias coma família aos seis anos, com destino a Porto Alegre,onde mora até hoje. Foi na capital gaúcha que teveseu primeiro contato com a música. Aos nove anos,ingressava no Liceu Musical Palestrina, tradicionalescola de música de Porto Alegre. A<strong>do</strong>lescente, viajaaos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e lá conclui o Ensino Médio.Influencia<strong>do</strong> pelos acordes <strong>do</strong> blues e por um grupochama<strong>do</strong> Beatles, volta com vontade de criar, detocar, de compor. E volta com um sentimento entreo romântico e o revolucionário, entre a rebeldia eo sonho hippie. Frequenta o curso de Composiçãoe Regência da Universidade Federal <strong>do</strong> Rio Grande<strong>do</strong> Sul (UFRGS) quase na mesma época em que sabeda localização <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> irmão Luiz Eurico TejeraLisbôa, o primeiro desapareci<strong>do</strong> político <strong>do</strong> Brasila ser encontra<strong>do</strong>, graças ao esforço da família.Experiências e vivências que mais tarde estariam namúsica urbana de Nei Lisboa, forjada nas ruas <strong>do</strong>Bom Fim, bairro <strong>do</strong> qual ele se tornou o bar<strong>do</strong> maior.Em 1983, Nei lança Pra viajar no cosmos não precisagasolina, primeiro <strong>do</strong>s nove discos de estúdio -há mais <strong>do</strong>is grava<strong>do</strong>s ao vivo, com versões declássicos em inglês que marcaram sua a<strong>do</strong>lescência.A poesia entremeada com algum descontentamentoao neoliberalismo selvagem o acompanhou norestante de seus trabalhos, e o alçou a uma carreiraque lhe rendeu mais respeito <strong>do</strong> que exatamentesucesso comercial. Músicas como Carecas daJamaica, Verão em Calcutá, Verdes anos, Hein?,Telha<strong>do</strong>s de Paris e Faxineira se tornaram hits deuma geração que cresceu e apareceu nos anos 80e 90. Mais recentemente, Pra te lembrar, música<strong>do</strong> disco Relógios de sol, foi gravada por CaetanoVeloso, e Telha<strong>do</strong>s de Paris por Zélia Duncan, semcontar músicas suas já interpretadas por Ná Ozzettie Cida Moreira. E Nei hoje passa receben<strong>do</strong> convitespara tocar no Centro <strong>do</strong> país, levan<strong>do</strong> suas melodiaspara ouvi<strong>do</strong>s que não os <strong>do</strong>s gaúchos.Centra<strong>do</strong>, de fala mansa, sensível, Nei chegaaos 54 anos comemoran<strong>do</strong> 30 de carreira. Sabeque tem fãs bastante fiéis, e os celebra a cadavez que faz shows, seja cantan<strong>do</strong> “clássicos <strong>do</strong>Nei” ou interpretan<strong>do</strong> canções mais recentes. Embreve, lança o 10º disco de estúdio, no qual quertratar de assuntos urgentes tanto para a velhacomo para a nova geração que o acompanha: avida hipermoderna, a virtualidade nas relações, aansiedade <strong>do</strong> consumo e <strong>do</strong> prazer imediato. “Sãoilusões a que a gente se obriga, muitas vezesasfixiantes <strong>do</strong> próprio desejo e <strong>do</strong> ritmo orgânico davida”, ensina Nei.Confira a seguir, os principais trechos da entrevistaconcedida exclusivamente para a Revista Volare.VolareClub: Até a metade <strong>do</strong> ano, você develançar o seu 10º disco oficial de estúdio. Com qualsentimento você está apresentan<strong>do</strong> esse disco aomerca<strong>do</strong>? Como você avalia esse trabalho diante <strong>do</strong>santeriores?Nei Lisboa: Meu último CD de inéditas saiu nofinal de 2006, um longo hiato de quase sete anosem disco, ainda que o show estivesse sempre naestrada. Lancei um ao vivo em 2010, como suportede uma turnê, mas que tem apenas uma músicainédita. Então, como compositor, tirei umas boasférias, curtin<strong>do</strong> também um pouco <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> nacomemoração de 30 anos de carreira. Acho que foipositivo esse tempo, para construir um repertórioconsistente e coeso e fazer um bom retorno.VolareClub: O que lhe inspirou a escrever asletras desse último trabalho? Qual a principalcaracterística <strong>do</strong> disco?Nei Lisboa: O rosto desse trabalho é um olharsobre a vida hipermoderna, a virtualidade nasrelações, a ansiedade <strong>do</strong> consumo e <strong>do</strong> prazerimediato. São ilusões a que a gente se obriga,muitas vezes asfixiantes <strong>do</strong> próprio desejo e <strong>do</strong> ritmoorgânico da vida. Isso se des<strong>do</strong>bra em várias cançõese abordagens, e obviamente nem to<strong>do</strong> o CD é umdiscurso alinha<strong>do</strong> sobre a questão. Mas diria que aideia de trapaça, de uma farsa midiática e social, équase onipresente. Musicalmente, esse observatóriocrítico me trouxe para perto <strong>do</strong> pop, ao inverso <strong>do</strong>súltimos trabalhos, mais conecta<strong>do</strong>s com a MPB.E nesse trânsito entre pop e MPB, pensan<strong>do</strong> bem,nada de novo: é apenas mais <strong>do</strong> mesmo Nei Lisboa.VolareClub: Aos 54 anos, como você avalia suacarreira de compositor no Rio Grande <strong>do</strong> Sul?E no cenário brasileiro?Nei Lisboa: Vai muito bem, sempre com umareferência forte aqui no Sul e presenças pontuaispelo país. Esse ano que passou, levei o show aoexcelente Festival de Garanhuns, em Pernambuco,e a uma temporada em Curitiba e São Paulo, ondetambém gravei duas músicas para uma coletânea declássicos paulistas interpretadas por gente de fora,o Chico Buarque entre eles. Cantei uma <strong>do</strong> AndréAbujamra e outra <strong>do</strong> José Miguel Wisnik,<strong>do</strong>is grandes presentes.4445

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