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PerfilCrédito: DivulgaçãoCrédito: DivulgaçãoVolareClub: Você sempre esteve atento às novastecnologias e, consequentemente, às “exigências”do mercado musical. As novas tecnologiasaproximaram a sua música das novas gerações?Nei Lisboa: Tecnologias como a internet e acirculação em mp3 são grandes facilitadoras nocontato com o público. Sempre quis disponibilizarmeu trabalho o máximo possível, e parte da novageração se beneficia disso, além, e sobretudo, dopúblico contemporâneo que está distante ou quebusca trabalhos de fora do catálogo.VolareClub: Você tem um público bastante cativo,fiel, que lhe acompanha desde as primeiras canções.Isso tem a ver com algum estilo de vida, um sonhohippie, um inconformismo social?Nei Lisboa: Espero sempre que sim, nunca penseique alguém deva se conformar com as injustiçasdo mundo. Nem tampouco abandonar seus ideais,mas sim procurar formas de luta mais eficazes.Gosto muito da resposta do Saramago, quando lheperguntaram por que continuava comunista, depoisda falência do modelo soviético. Pela mesma razão,disse ele, que os católicos o continuam sendoapesar das atrocidades da Igreja cometidas ao longodos séculos.VolareClub: Boa parte de suas músicas flertam como romantismo e a crítica social. Já lhe apelidaram,carinhosamente, de “doce transgressor”. É issomesmo?Nei Lisboa: Um doce elogio, também. Acho que éaquela tradição de não perder a ternura jamais, eendurecer pelo tempo que for possível (risos).VolareClub: A carreira paralela de escritor lhe rendeudois livros (Um morto pula a janela e É Foch!). Vocêestá com planos de voltar a escrever livros?Nei Lisboa: Não, nem de perto. Quem sabe daquia uns anos, depois de dois ou três novos discos,venha a resgatar o tempo e o prazer de me dedicar aescrever, mas no momento estou totalmente voltadopara a música.VolareClub: Como você avalia a atual produçãomusical? O que você anda ouvindo?Nei Lisboa: Do Brasil, Maria Gadu e DaniBlack, parceiro dela, e Siba, um pernambucanoarretado. Gosto do Mumford and Sons. Escuto muitoBen Taylor, filho do James, e Leonard Cohen. Não vejonem aqui nem mundo afora um período de especialcriatividade, mas muita coisa boa anda escondida, temque garimpar na internet.VolareClub: Um de seus shows de início de carreirachamava-se “Deu pra ti anos 70”. Que analogia épossível fazer hoje com aquela fase? A quem ou a quevocê diria “deu pra ti....”?Nei Lisboa: Hoje sei gostar mais dos anos 70 do quena época, dissociando um pouco a excelente produçãomusical, por exemplo, do ambiente de ditadura. Nessesentido, eles foram maiores que os anos 80, que hojetêm sido tão lembrados.VolareClub: Qual música (de sua autoria ou não) vocênão cansa de interpretar?Nei Lisboa: Não canso de cantar nenhuma, quempode cansar de ouvir é a plateia (risos), por isso voualternando algumas coisas de uma temporada praoutra. Já quis fazer um roteiro de 50 músicas, quandocomemorei essa mesma idade, tiveram que me segurar.Mas ainda volto à ideia nos 55...VolareClub: Hoje em dia, o Nei Lisboa é rock, pop,samba, bossa...? Qual é a sua praia?Nei Lisboa: Minha praia é o que rolar quando eu pegoo violão, e para um ouvido urbano de porto-alegrenseisso sempre quis dizer muitas coisas. Meu primeirodisco, 30 anos atrás, tinha reggae, samba, blues,bolero, jazz, rock’n roll e otras cositas más. Essemosaico sempre fez parte do meu show, e vai estartambém no disco novo, por mais que se possa rotularo todo como um trabalho pop, ou de MPB.VolareClub: E do futuro, o que o Nei Lisboa espera?Nei Lisboa: “Linha pra pescar, o pandeiro pra batere o tempo pra passar sem perceber...” Espero chegarcantando bem aos 70, e depois disso o que vier élucro. E espero que nossos filhos e netos saibam viverda forma mais amorosa e criativa que lhes for possível.Nei Lisboa nos idos anos 80,quando percorria os palcos dePorto Alegre, levando os fãs pra“viajar no cosmos” e na poesia doseu primeiro disco de estúdioPara ver, ouvire saber mais:www.neilisboa.com.brwww.myspace.com/neilisboawww.twitter.com/neilisboawww.facebook.com/neilisboawww.youtube.com/neilisboatvwww.flickr.com/neilisboa46Por Fabiano FincoCrédito: Divulgação47