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Voluntariado – missão e dádiva - Plataforma ONGD

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de amar os inimigos (Mt 5,43-44). Ágape é aaceitação do outro, de qualquer outro, talcomo ele é. A prática do ágape relaciona-seassim com o desapego, a descentração desi e o despojamento. Atitudes que, porém,não significam uma negação ou dissoluçãoda identidade de quem assim ama, antesa negação da tendência de referir-se a simesmo como fim. Ágape significa renunciarà plenitude do ego e ao poder, apresenta-secomo o oposto do egoísmo e da violência(Comte-Sponville, 1995).O amor ágape é relacional e, por isso, “ohomem não pode viver exclusivamenteno amor oblativo (…). Não pode limitar-sesempre a dar, deve também receber. Quemquer dar amor, deve ele mesmo recebê-loem <strong>dádiva</strong>.” (Bento XVI, 2006: n.º 7). Umaprática de relação de <strong>dádiva</strong> marcada peloamor ágape liberta a ação humana da esferado egoísmo, do narcisismo e hedonismo eexpressa a capacidade de autotranscendênciado ser humano. Contudo, vencer o egoísmo eestabelecer uma relação sob o signo da ágapenão é fácil. Além disso, no caso específico daação voluntária, é necessário considerar que24ela realiza-se, não poucas vezes, em situaçõesde grandes dificuldades e adversidades.Em tudo isto, porém, o voluntário cristão,refletindo sobre a mensagem de Jesus Cristo,inspirando-se no testemunho da Sua vida,sente-se reconfortado, protegido, garantido econfirmado neste caminho que quer percorrer.A vivência da fé apoia-o na superação desi mesmo, motiva-o para a ação e leva-o aacreditar na força da mesma.A ação voluntária poderá então transformar-senuma relação de <strong>dádiva</strong>, na perspetiva cristã,com as seguintes características: a) constituiresposta a uma necessidade concreta: osfamintos devem ser saciados, os nus vestidos,os doentes tratados, os presos visitados (cf. Mt25,35-36; Lc 10,30.33-35); b) é expressão doamor de que todo o homem tem necessidade;c) é um testemunho de Jesus Cristo; d) é umaação pela qual o cristão não dá apenas qualquercoisa a alguém, mas dá-se a si mesmo, o queimplica que está presente na <strong>dádiva</strong> comopessoa (cf. Bento XVI, 2006, nns. 31, 34-35).Resulta desta ação voluntária a concretizaçãode uma forma de solidariedade que, à luz dafé cristã, tende “(…) a superar-se a si mesma,a revestir-se das dimensões especificamentecristãs da gratuidade total, do perdão e dareconciliação” (João Paulo II, 1987: n.º 40) econstitui uma pedagogia para descobrir nooutro alguém convidado para o banquete davida: “a solidariedade ajuda-nos a ver o ‘outro’- pessoa, povo ou nação - como um nosso‘semelhante’ (Gn 2,18.20), que se há-de tornarparticipante, como nós, no banquete da vida,para o qual todos os homens são igualmenteconvidados por Deus.” (ibidem, n.º 39).Impacto da acção voluntária na vidado voluntário missionárioA gratuitidade e a liberdade estruturama <strong>dádiva</strong> e enquadram uma relação que,distanciando-se de uma lógica autocentrada(individualista, utilitarista), abre espaçoà possibilidade de autotranscendênciada pessoa e ao desenvolvimento de umdinamismo de superação e transformação dapessoa e das relações sociais. Neste processo,o estabelecimento da relação com o outroé, como já foi sublinhado, determinante. Porisso, o impacto da ação do voluntário, isto é,

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