Revitalização Urbana: Proposta Teatro Min<strong>de</strong>loperspectiva <strong>de</strong> Lamas (2000:216): na organização <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> expansão – o «ensanche» – ena investigação sobre a quadrícula do quarteirão.É nítido que o plano <strong>de</strong> Cerdá em Barcelona não tem como fundamento principalremo<strong>de</strong>lar o existente, mas sim criar novos espaços e urbanizar a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma forma integralaté as fronteiras com outros municípios. Esta visão po<strong>de</strong> ser interpretada como uma medidapreventiva contra a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m futura da cida<strong>de</strong> com construções <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nadas,já que todas as áreas foram objectos <strong>de</strong> planificação.O plano <strong>de</strong>senha uma grelha ortogonal, com módulos ou quarteirão <strong>de</strong> 113 metros <strong>de</strong> lado evias <strong>de</strong> 20 metros <strong>de</strong> perfil, <strong>de</strong> tal modo que cada conjunto <strong>de</strong> nove quarteirões e vias correspon<strong>de</strong>ntesse inscrevem num quadrado <strong>de</strong> 400 m <strong>de</strong> lado. O sistema é cortado por diagonais que confluem numagran<strong>de</strong> praça. A quadrícula regular esten<strong>de</strong>-se até aos municípios vizinhos e envolve a velha cida<strong>de</strong>medieval, como se esta fosse um corpo distinto, rasgado por três artérias que dão continuida<strong>de</strong> aos eixosensanche. As diagonais são <strong>de</strong>senhadas sobrepondo-se ao plano quadriculado e fazendo surgirquarteirões irregulares e outros largos ou praças. (Lamas 2000:216)Figura 4: Plano <strong>de</strong> Barcelona CerdáFonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/72/Barcelona_plano.jpgComo já foi dito, agora reforçado, Haussmann e Cerdá interviriam <strong>de</strong> forma diferentena cida<strong>de</strong> cada um respon<strong>de</strong>ndo aos <strong>de</strong>safios que se lhes impunham. Po<strong>de</strong>-se vislumbrar essadiferença nos seguintes itens, como elucida Lamas (2000:218):28
Revitalização Urbana: Proposta Teatro Min<strong>de</strong>lo[…] as visões <strong>de</strong> Haussmann e <strong>de</strong> Cerdá são diametralmente diferentes. Uma primeira distinçãoé evi<strong>de</strong>nte: num caso trata-se <strong>de</strong> reor<strong>de</strong>nar e adaptar a cida<strong>de</strong> existente; no outro, <strong>de</strong> organizar ocrescimento em expansão o ensanche. O interior do «quarteirão», que em Paris é espaço privado, ousemiprivado, em Barcelona po<strong>de</strong> tornar-se espaço público.Após essas constatações po<strong>de</strong>-se ainda individualizar mais duas possíveis interpretaçõesacerca dos dois reformadores urbanos. Enquanto em Paris o quarteirão surge como “resíduo”<strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> vários traços, em Barcelona o quarteirão faz parte do elemento <strong>de</strong>composição do plano, ou seja, um elemento mo<strong>de</strong>lador da malha urbana. Por outro ladoHaussmann faz o que po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar revitalização urbana, corrigindo os males da cida<strong>de</strong>,enquanto, Cerdá actua na prevenção <strong>de</strong>sses males para o futuro com a expansão urbana.1.5.Caso <strong>de</strong> Revitalização urbana – Porto <strong>Mara</strong>vilha, Rio <strong>de</strong> Janeiro, BrasilNeste subcapítulo propõe-se apresentar a revitalização urbana que vem sendo levada acabo no Brasil <strong>de</strong> forma a tirar ilações das formas <strong>de</strong> abordagem, dos ganhos alcançados tantoem termos técnicos, no campo do urbanismo e or<strong>de</strong>namento territorial, no campo económicolocal e regional, assim como no campo social na melhoria do padrão da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dosresi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>sses bairros afectados por esta revitalização urbana.A escolha <strong>de</strong>ste exemplo resi<strong>de</strong> essencialmente na semelhança <strong>de</strong>ste com a área <strong>de</strong>intervenção do estudo <strong>de</strong> caso, zona norte do centro do Min<strong>de</strong>lo junto a área portuária, por seruma intervenção actual e ainda pela proximida<strong>de</strong> cultural das duas áreas.A Área Portuária do Rio <strong>de</strong> Janeiro, próxima ao centro histórico e empresarial mantémainda uma tipologia peculiar nos sobrados, casarões, e nos gran<strong>de</strong>s galpões do início daindustrialização, apresentando-se como uma área <strong>de</strong>gradada, em lastimável estado <strong>de</strong>conservação. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar uma solução urbanística que integrasse essas áreasmarginalizadas à vida útil e económica da cida<strong>de</strong> – promovendo seu <strong>de</strong>senvolvimento semexpulsar os actuais habitantes, motivou o Projecto <strong>de</strong> Revitalização <strong>de</strong>nominada Porto<strong>Mara</strong>vilha.Conciliando teorias urbanas culturalistas e progressistas, o projecto preserva o tecidoantigo das áreas mais elevadas e anteriores a sucessivos aterros, <strong>de</strong>stinando-o basicamente ao29