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Concepções e práticas de professores de Matemática

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pensamento e reflexão do professor. Assim, é possível i<strong>de</strong>ntificar elementos <strong>de</strong>natureza individual (sistemas <strong>de</strong> crenças, pensamento e nível <strong>de</strong> reflexão) e outros<strong>de</strong> natureza social (contexto on<strong>de</strong> <strong>de</strong>corre o ensino). É da interacção entre estesfactores que tanto as práticas como as concepções se formam/alteram (Matos,1992; Ponte, 1992). Segundo Matos (1992), a interacção entre aqueles factorescoloca-se do seguinte modo:"A noção <strong>de</strong> que a realida<strong>de</strong> 2 é construída na interacção social —embora <strong>de</strong> forma individual por cada pessoa — assenta na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>que existe um papel activo do indivíduo na interacção com essarealida<strong>de</strong>. As pessoas não são elementos passivos, quer do ponto <strong>de</strong>vista da aprendizagem em geral, quer em relação à formação da suapersonalida<strong>de</strong>. (...) Parece portanto possível e útil elaborar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>que, na construção activa da realida<strong>de</strong>, as pessoas utilizam ainformação <strong>de</strong> que dispõem em cada situação, informação essa queelaboraram a partir da experiência e do confronto permanente entreas i<strong>de</strong>ias antecipadas e a realida<strong>de</strong>. Trata-se <strong>de</strong> um movimento entreuma dada posição e outra posição consi<strong>de</strong>rada como maisverda<strong>de</strong>ira" (p. 130).A existência <strong>de</strong> outros factores a actuar na relação entre as concepções e aspráticas faz com que, em certas situações, o professor, num <strong>de</strong>terminado contextosocial, tenha práticas que não são concordantes com as concepções professadasanteriormente. A este propósito, Thompson (1992) relata um caso estudado porCooney (1985) <strong>de</strong> um professor do ensino secundário, em início <strong>de</strong> carreira, queexperimenta um gran<strong>de</strong> conflito entre as suas visões do que <strong>de</strong>ve ser o ensino daMatemática e a situação da prática, on<strong>de</strong> encontra numerosos obstáculos.A questão da inconsistência entre as concepções professadas e as práticasobservadas po<strong>de</strong> ser explicada, nalguns casos, por insuficiências da própriainvestigação ao nível metodológico (Ponte, 1994a; Thompson, 1992). SegundoThompson (1992), as investigações em que a única fonte <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong> dados paraa caracterização das crenças do professor são as respostas verbais a perguntascolocadas em situações abstractas <strong>de</strong> ensino, arriscam-se a apresentar inconsistênciasentre as concepções e as práticas. Além do problema metodológico,Thompson (1992) avança com outra hipótese <strong>de</strong> explicação para algumas dasinconsistências registadas. Assim, a autora aponta o distanciamento entre ai<strong>de</strong>alização do professor, em termos <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> ensino, e as suas capacida<strong>de</strong>se conhecimentos para as implementar. Esta situação torna-se particularmentesaliente ao nível dos <strong>professores</strong> que frequentam com bastante assiduida<strong>de</strong>2 Em caracteres itálicos no texto original.- 15 -

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