pleno <strong>de</strong> novos <strong>de</strong>safios, impõe uma nova forma <strong>de</strong> pensar a educação dos maisjovens. Mais do que informar, cabe à escola formar pessoas capazes <strong>de</strong> seadaptarem a uma socieda<strong>de</strong> cada vez mais exigente e em mutação mais rápida.Nesta linha, a gran<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ia veiculada nas Normas (NCTM, 1991) e <strong>de</strong>poiscomplementada nas Normas Profissionais (NCTM, 1994) é o <strong>de</strong>senvolvimento do"po<strong>de</strong>r matemático" do aluno. Esta i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> dotar o aluno <strong>de</strong> ferramentas que lhepermitam uma abordagem mais conseguida da realida<strong>de</strong>, passa pela valorização <strong>de</strong>quatro aspectos consi<strong>de</strong>rados fundamentais: (i) a resolução <strong>de</strong> problemas; (ii) acomunicação; (iii) o raciocínio matemático; (iv) as conexões (NCTM, 1991). Detodos estes aspectos, foi a questão da resolução <strong>de</strong> problemas que mais investigaçãoatraiu nos últimos anos (Boavida, 1993; Delgado, 1993; Fernan<strong>de</strong>s e Vale,1994; Matos, 1994; Ponte e Canavarro, 1994; Vale, 1993), embora alguns autoresassinalem um progressivo <strong>de</strong>créscimo (Lester, 1994). O interesse do estudo daresolução <strong>de</strong> problemas <strong>de</strong>veu-se à centralida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste tema no ensino daMatemática e ao seu carácter integrador das aprendizagens dos alunos. Oinvestimento da investigação nesta área <strong>de</strong>u os seus frutos, quer no que dizrespeito à importância que a resolução <strong>de</strong> problemas ganhou nos novos programas<strong>de</strong> Matemática, nomeadamente em Portugal, quer pelas perspectivas que abriu àexperimentação dos <strong>professores</strong>, na sala <strong>de</strong> aula.Relativamente aos outros três pilares <strong>de</strong>fendidos nas Normas, sobre os quais<strong>de</strong>ve assentar o ensino e a aprendizagem da Matemática, a comunicação tem vindoa merecer uma atenção crescente da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> educadores matemáticos(Baroody, 1993; Greenes et al., 1992; Lappan e Schram, 1989; NCTM, 1991,1994; Penry, 1995; Reineke e Putnam, 1991; Shepherd, 1990; Tate, 1995; Vacc,1993a, 1993b; 1994). Para Baroody (1993), as principais razões para focar oensino da Matemática na comunicação po<strong>de</strong>m ser sintetizadas em dois pontos:"A primeira, é que a Matemática é essencialmente uma linguagem —uma segunda linguagem; a outra, é que a Matemática e o ensino daMatemática são, no seu âmago, activida<strong>de</strong>s sociais" (p. 99).Aquele autor sublinha que a Matemática é uma segunda linguagem,permitindo comunicar i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> forma "precisa" e "clara". Esta perspectiva étambém <strong>de</strong>fendida nos novos programas portugueses <strong>de</strong> Matemática do 2º Ciclodo Ensino Básico:"A linguagem Matemática na sua concisão e precisão po<strong>de</strong> clarificare simplificar uma mensagem. As suas representações, símbolos,tabelas, diagramas, gráficos, expressões (...) <strong>de</strong>verão ser usadas e- 28 -
interpretadas pelo aluno <strong>de</strong> forma ten<strong>de</strong>ncialmente precisa"(Ministério da Educação, 1991, p. 16).A dimensão social da comunicação — outra razão avançada por Baroody(1993) — é também salientada por Hiebert (1992), quando assume que a comunicaçãoé uma parte integrante do "fazer Matemática". Esta activida<strong>de</strong> matemáticaconstitui-se, segundo o autor, como um processo <strong>de</strong> interacção social on<strong>de</strong> a comunicação<strong>de</strong>sempenha um papel relevante, tanto ao nível da Matemática feitapelos profissionais como daquela que é feita pelos alunos nas aulas.Baroody (1993) aponta outros motivos, além da aquisição <strong>de</strong> skills sociais,para o professor estimular a comunicação na aula <strong>de</strong> Matemática, principalmenteaquela que acontece entre os alunos: (i) <strong>de</strong>senvolve o conhecimento matemático;(i) <strong>de</strong>senvolve a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resolver problemas; (iii) melhora a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>raciocínio; (iv) encoraja a confiança.A comunicação entre os alunos, tanto oral como escrita, constitui um aspectoque o professor <strong>de</strong>ve incrementar, porque permite o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s,<strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> conhecimentos consi<strong>de</strong>rados a<strong>de</strong>quados. É por estemotivo que os novos programas <strong>de</strong> Matemática do 2º Ciclo do Ensino Básico, nasorientações metodológicas gerais, enfatizam a importância da comunicação:"Consi<strong>de</strong>rando a estreita <strong>de</strong>pendência entre os processos <strong>de</strong> estruturaçãodo pensamento e da linguagem, há que promover activida<strong>de</strong>sque estimulem e impliquem a comunicação oral e escrita, levando oaluno a verbalizar os seus raciocínios, explicando, discutindo,confrontando processos e resultados" (Ministério da Educação,1991, p. 16).Esta estreita ligação da linguagem aos processos <strong>de</strong> estruturação do pensamentoé também assinalada por Hoyles (1985, citada por Lappan e Schram,1989). Esta autora consi<strong>de</strong>ra que, na sala <strong>de</strong> aula, a linguagem tem duas funções:(i) a função comunicativa; (ii) a função cognitiva. A primeira <strong>de</strong>stas funções,pren<strong>de</strong>-se, segundo aquela autora, com a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o aluno, numa dadasituação, ser capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar os elementos importantes e <strong>de</strong> os relatar aosoutros. A segunda, está relacionada com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a linguagem promovera estruturação e a regulação do pensamento, especialmente quando o aluno estáem interacção com os outros.Lappan e Schram (1989) consi<strong>de</strong>ram que qualquer aula <strong>de</strong> Matemática <strong>de</strong>veincorporar "espaços" on<strong>de</strong> o aluno possa raciocinar e comunicar as suas i<strong>de</strong>ias.Acrescentam que é necessário que o professor escute os alunos e lhes peça paraexplicitarem o seu pensamento. Aquelas autoras, em jeito <strong>de</strong> conclusão, afirmam- 29 -
- Page 1 and 2: UNIVERSIDADE DE LISBOADepartamento
- Page 3 and 4: Resumo do EstudoEste trabalho tem c
- Page 5: Page 5P R O F I L E : B I L L H E I
- Page 8 and 9: CAPÍTULO 5 - A PROFESSORA MARIANA
- Page 11: Úvod11
- Page 17 and 18: dessas realidades" (p. 234). Destas
- Page 19 and 20: CAPÍTULO 2REVISÃO DA LITERATURACo
- Page 21: "Em todo o conhecimento, intervêm
- Page 26 and 27: linguagem. Nestas acções verbais,
- Page 28 and 29: encontros de formação de curta du
- Page 30 and 31: Thompson (1992), baseada em Kuhs e
- Page 32 and 33: avaliação assenta na realização
- Page 34 and 35: contextos, arranjando, muitas vezes
- Page 36 and 37: Ivone destaca o relacionamento do p
- Page 38 and 39: interessam (no caso de Paula). Juli
- Page 44 and 45: finalidades, os autores distinguem
- Page 46: (NCTM, 1994, p. 36). Por forma a di
- Page 49 and 50: textualizadas. Num discurso particu
- Page 51 and 52: autor refere que é no espaço da d
- Page 53 and 54: 1. João fuma muito.2. João fuma m
- Page 55 and 56: cutário" (p. 21). Acrescenta, no e
- Page 57 and 58: Pergunta real (ou informativa). Per
- Page 59 and 60: Categorias Características Propós
- Page 61 and 62: em jogos. Bellack et al. (1966) def
- Page 63 and 64: professores incorporem nas suas aul
- Page 65 and 66: (Ainley, 1988; Castro, 1991; Pedro,
- Page 67 and 68: CAPÍTULO 3METODOLOGIAOpções Meto
- Page 69 and 70: contexto do que numa variável espe
- Page 71 and 72: Ao contrário, os estudos de caso p
- Page 73 and 74: InstrumentosYin (1989) aponta seis
- Page 75 and 76: Lüdke e André (1986) argumentam q
- Page 77 and 78: Análise documental. A análise de
- Page 79 and 80: Procedimentos analíticos. As trans
- Page 81 and 82: Conteúdos da MatemáticaPerguntas
- Page 83 and 84: P13 — "Nós vamos então estudar
- Page 85 and 86: alguma forma, se relacionam com o t
- Page 87 and 88: CAPÍTULO 4O PROFESSOR PEDROApresen
- Page 89 and 90: "Com a maioria [das alterações ao
- Page 91 and 92:
efeições, este mostrou sempre um
- Page 93 and 94:
pelo professor: "O zero tem inverso
- Page 95 and 96:
Durante a segunda parte da aula, os
- Page 97 and 98:
P — Não sabe que quando não se
- Page 99 and 100:
P — Será que 3 4 é equivalente
- Page 101 and 102:
"[No início da aula, já com a mai
- Page 103 and 104:
[O professor parece não ouvir.]P
- Page 105 and 106:
A — 2 [vários alunos em simultâ
- Page 107 and 108:
divergente como "Porquê?", "Tens a
- Page 109 and 110:
P — Então explica lá.Fátima
- Page 111 and 112:
Visão da AprendizagemA visão que
- Page 113 and 114:
Segundo este professor, a aprendiza
- Page 115 and 116:
geoplano, o Tangram, a calculadora
- Page 117 and 118:
elação aos resultados da máquina
- Page 119 and 120:
estudado um determinado conceito, t
- Page 121 and 122:
necessário para pensarem. Acrescen
- Page 123 and 124:
do sumário no início de cada aula
- Page 125 and 126:
idículo o que acontece com alguns
- Page 127 and 128:
através das actividades e da discu
- Page 129 and 130:
CAPÍTULO 5A PROFESSORA MARIANAApre
- Page 131 and 132:
poderia ser possível, com um míni
- Page 133 and 134:
incomodada, facto que a surpreendeu
- Page 135 and 136:
são exploradas, discutindo-se as v
- Page 137 and 138:
mais velhos e mais desinteressados
- Page 139 and 140:
Joana — Eu fui calcular a área d
- Page 141 and 142:
P — Toda a gente concorda? [Faz u
- Page 143 and 144:
"[No início da aula, depois de o s
- Page 145 and 146:
[Um aluno interrompe.]A — Eu não
- Page 147 and 148:
tomam a iniciativa de comentarem as
- Page 149 and 150:
P — [Os alunos fazem ainda algum
- Page 151 and 152:
comunicar. Reconhece que há outros
- Page 153 and 154:
A Mariana não apresenta uma visão
- Page 155 and 156:
situações de ensino-aprendizagem.
- Page 157 and 158:
utilização do livro não limita a
- Page 159 and 160:
trabalho era muito mais [pausa] nã
- Page 161 and 162:
formular perguntas intermédias par
- Page 163 and 164:
esolução de problemas, a descober
- Page 165 and 166:
actividades que sejam os próprios
- Page 167:
particular, prende-se, por um lado,
- Page 170 and 171:
é, aquelas que estão contextualiz
- Page 172 and 173:
e o que é levado a efeito por um a
- Page 174 and 175:
plenários de toda a turma. O Pedro
- Page 176 and 177:
procura avaliar no início de cada
- Page 178 and 179:
atitudes. Dizer que as concepções
- Page 180 and 181:
pergunta nas aulas é confirmada pe
- Page 182 and 183:
tendem a concentrar-se no início d
- Page 184 and 185:
outro lado, a participação dos al
- Page 186 and 187:
anteriores (Canavarro, 1993; Carril
- Page 188 and 189:
A reflexão sobre as concepções e
- Page 190 and 191:
complemento, recomenda-se, ao níve
- Page 192 and 193:
Bogdan, R. e Biklen, S. (1994). Inv
- Page 194 and 195:
Amaro (Org.), Resolução de proble
- Page 196 and 197:
(Eds.). New directions for elementa
- Page 198 and 199:
NRC (1989). Everybody counts: A rep
- Page 200 and 201:
Rodrigues, A. (1994). Comunicação
- Page 202 and 203:
Vacc, N. (1993a). Implementing the
- Page 204 and 205:
ANEXO 1TIPOLOGIA DAS PERGUNTASConte
- Page 206 and 207:
• O que é para si cumprir o prog
- Page 208 and 209:
• Como vê o computador no ensino
- Page 210 and 211:
— a quem são dirigidas as pergun
- Page 212 and 213:
Quadro A — Concepções Pedagógi
- Page 214 and 215:
Quadro C — Concepções Pedagógi
- Page 216 and 217:
ANEXO 6 — Ficha de trabalho (Mari
- Page 218:
- 14 -