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39Como não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser, tendo-se em vista esta relação institucional muitopróxima, o discurso jornalístico também é atravessado pelo discurso publicitário. SegundoMussoi (2005, p. 11), o[...] discurso publicitário [...] se caracteriza pelo seu caráter persuasivo e pelamaneira como constrói positivamente a imagem do produto ou da marca que estásendo objeto do trabalho publicitário. Para conseguir isso, a publicida<strong>de</strong> não selimita a apresentar o produto <strong>de</strong> forma “objetiva”. Ao contrário o discursopublicitário faz juízo <strong>de</strong> valor: o produto é sempre “o melhor”, “o mais eficiente”, “omais bonito”, “o mais econômico”. O sentido não dito (sugerido) no texto é, emgeral, mais forte do que o sentido enunciado.Como são tecidas <strong>de</strong> linguagem, as práticas discursivas institucionais compõem-se<strong>de</strong> uma dupla constituição comunida<strong>de</strong>/formação discursiva que tanto afeta como é afetadapela memória e pela i<strong>de</strong>ologia (IDEM).[...] As instituições, na maneira como as estamos concebendo, constituem parte doprocesso i<strong>de</strong>ológico geral <strong>de</strong> edificação <strong>de</strong> práticas discursivas e não-discursivas,processo esse que apaga para o sujeito seu assujeitamento às formas discursivas,produzindo o efeito <strong>de</strong> literalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong> do real, etc. O que chamamos <strong>de</strong>instituição é fruto <strong>de</strong> longos processos históricos durante os quais ocorre asedimentação <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados sentidos concomitantemente à legitimação <strong>de</strong>práticas ou condutas sociais. São práticas discursivas que se legitimaram einstitucionalizaram, ao mesmo tempo em que organizaram direções <strong>de</strong> sentidos eformas <strong>de</strong> agir no todo social (IDEM, p. 51).O resultado <strong>de</strong>sse trabalho do discurso jornalístico é a própria <strong>de</strong>finição do que énotícia para a imprensa. A concepção <strong>de</strong> notícia como um relato <strong>de</strong> fatos ou acontecimentosatuais, <strong>de</strong> interesse e importância para a comunida<strong>de</strong> e capaz <strong>de</strong> ser compreendido pelopúblico, faz acreditar que a linguagem permite ter uma relação direta com a realida<strong>de</strong>-sentidoliteral (“relato <strong>de</strong> fatos ou acontecimentos”) e se po<strong>de</strong> ter também uma via <strong>de</strong> comunicaçãoque vai sempre se concretizar (capaz <strong>de</strong> ser compreendida pelo público). De acordo comMariani (1999), há dois modos <strong>de</strong> se construir uma notícia, utilizados pelo fazer jornalístico,<strong>de</strong>vido a duas situações específicas: o que é inusitado, portanto ainda não há memória; e opossível, previsível, que remete a algo que já aconteceu com certa semelhança, logo, jáformou uma memória. Segundo a autora, tal discurso tem seu trabalho contínuo e uniformerealizando uma seleção imaginária que faz com que as pessoas <strong>de</strong>senvolvam mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>compreensão da realida<strong>de</strong>, fazendo com que isso resulte na construção individual <strong>de</strong> umamemória que permitirá o manuseio com as <strong>de</strong>mais situações das quais ainda não há memória.Desta forma, para construir o discurso jornalístico, po<strong>de</strong>-se buscar na memória discursiva umjá-dito, ou quando o acontecimento não remete à memória é necessário que se crie uma a