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62MESMA VOZ MASCULINA: Ah/ benefícios em relação à natureza e tal/ preservação etal/ poluição...Neste momento, o leitor, que é o usuário <strong>de</strong> ônibus, não tem nome tampoucosobrenome. A voz legitimada da ciência, a voz da verda<strong>de</strong>, do discurso monológico, possui.Todos os entrevistados “oficiais” possuem nome, sobrenome e função específica. Quando é ousuário <strong>de</strong> ônibus, há uma informalida<strong>de</strong> maior, com perguntas mais diretas e respostasinduzidas. Souza (2003, p. 160), explica que a voz do cientista é apresenta com nome esobrenome “[...] <strong>de</strong>vido a essa individualização a fala dos que <strong>de</strong>têm essas funções são falaslegitimadas, o que lhes confere o papel <strong>de</strong> autores <strong>de</strong> seus discursos. Autores <strong>de</strong> suainterpretação. São falas que constituem uma memória institucionalizada”.Ao entrevistar o usuário <strong>de</strong> ônibus, o repórter busca “reforço” para seusargumentos <strong>de</strong> que o sujeito-leitor não sabe, gerando o efeito <strong>de</strong> legitimação, mesmo nãosendo a voz legitimada do discurso acadêmico. Isto é interessante em se tratando <strong>de</strong> umaemissora radiofônica educativa <strong>de</strong> uma instituição <strong>de</strong> ensino superior (IES). Contudo, aqui é orepórter quem produz a textualida<strong>de</strong>, o sujeito-leitor não po<strong>de</strong>ria ser diferente. Apesar <strong>de</strong> estarnuma IES, a autoria neste momento não tem relação com o discurso acadêmico.Seqüência 7Erivelto: Você já ouviu falar sobre o diesel metropolitano?//VOZ FEMININA: Não//Erivelto: Você sabia que algumas empresas <strong>de</strong> transporte aqui da cida<strong>de</strong>/ transportecoletivo/ estão usando um combustível menos poluente?//MESMA VOZ FEMININA: Não/ também não sabia//Erivelto:Você acha que falta orientação e informação das pessoas porque a gentesabe que normalmente tem muita gente que usa o transporte coletivo como você/ porexemplo/ mas não tem o conhecimento disso// Você acha que essa era umainformação importante?//Acima, nas frases <strong>de</strong>stacadas em negrito, há um direcionamento ao sujeito-leitor,inclusive <strong>de</strong>stacando uma voz exclusiva ao perguntar Você já ouviu...?; Você acha que faltaorientação e informação das pessoas...?; Você acha que essa era uma informaçãoimportante? Nesta última questão, ainda temos uma textualida<strong>de</strong> característica do discursopedagógico, quando o sentido é circular, em que a resposta é dada na pergunta, gerando um