v grande viagemÀchegada, Kuusamo mostra-setão tranquila e modesta comofaz questão de se preservar.A noite anuncia-se para breve,o frio começa a apertar e amaior parte dos seus 16 500habitantes mantém-se no conforto das suascasas, restaurantes e bares predilectos. Masnem todos cedem ao recém-chegado Inverno.Alguns desportistas mais motivadosaproveitam o gelo que, finalmente, seforma no lago Kuusamo e percorrem a pistacircundante vezes sem conta, praticando paraas próximas provas de esqui cross-country outão-só para manter a forma. E encontramos,também, grupos de jovens semimetaleiros àprocura de diversão pelas ruas, com paragensestratégicas para se reabastecerem de bebidasquentes nas lojas de conveniência da cidade.Apesar de facilitar o bem-estar, asofisticação finlandesa nada pode contrao rigor da latitude e do clima. Estamos aapenas 60 km a sul do Círculo Polar Árcticoe a temperatura média anual – uns módicos-0,3º C – é agravada por picos de frio que, nospiores casos, chegam aos 40 graus negativos.Não espanta, assim, que a população daregião continue a diminuir, atraída pelas luzese pelo calor urbano da capital, Helsínquia, oude outras cidades maiores do sul.Mais de dois terços dos seus habitantesresidem no centro de Kuusamo. Os restantesformam uma comunidade rural idosa,resistente mas dispersa, que se divide pelaspequenas aldeias dos arredores.As renas são, por aqui, em maior númerodo que os humanos, que não chegam aquatro por quilómetro quadrado. Existemcerca de 250 quintas na província. Quasetodas produzem leite e carne e dependemdas suas manadas de renas domesticadas,que, enquanto o tempo o permite, pastamem liberdade nos campos, equipadas comcoleiras e marcas que permitem aos seusdonos identificá-las e recolhê-las.Mas, mais do que a agricultura, a pecuáriae a fortíssima indústria madeireira são oscenários deslumbrantes e as condiçõesperfeitas para a prática dos desportos deneve, que dão que fazer aos locais e atraemvisitantes do sul e, em números cada vez maisimpressionantes, da Rússia.Um desses cenários é o Parque NacionalOulanka, uma vastidão selvagem com1 32451 tonalidades Finaldo dia dá mais corao lago Ala--Juumajarvi, juntoa Juuma2 velocidadeda água RápidosMyllykoski e umvelho moinho noParque Nacional deOulanka3 vigia Cabina no topode uma colinade Ruka, principalestância de esquida região4 Jukka SusiNordman, maisconhecido comoWilderness Wolf,e Miska, um dosseus maisde 200 cãesde DogMushing5 típico Cenárioseminevado daentrada do Invernonas florestas boreaisque cobrem a zona44 cxa r e v i s t a d a c a i x a
270 km 2 , que tem como prolongamento russoo ainda maior Paanajarvi.Instalamo-nos no recém-criado Base CampOulanka, que se situou estrategicamente nocomeço do trilho mais famoso do parque,o Karhunkierros (finlandês para «Anel doUrso»). E percorremo-lo na sua versãodiminuída – 12 km de um total de 80 km – osuficiente para captar a essência da paisagemque os sucessivos nevões tornam cada vezmais branca.Combinam-se, no Oulanka, de uma formaúnica, a Natureza do norte, do sul e do leste.Predominam as florestas boreais depinheiros, atravessadas por rios profundos– como o Oulanka –, que ora fluem emrápidos poderosos, ora se espraiam e dãoorigem a lagos e a enormes pântanos.Durante o Verão efémero (especialmentede Junho a final de Agosto), o parque éexplorado por quase 20 mil caminhantesda região (mas principalmente do sul), quechegam para descontrair nas paisagensimaculadas a apanhar frutos silvestres ou apraticar desportos aquáticos – canoagem,caiaque e rafting.Por volta do fimde Outubro,O Inverno apodera--se da região, que élentamente cobertade branco pela nevee pelo gelocxa r e v i s t a d a c a i x a45