MATÉRIA DA CAPAa contribuir para o crescimento da importação. “Somosduramente afetados por diversos custos, como altíssimacarga tributária, por exemplo. Além disso, a inflação,somada à entrada de importados, não nos permite repassarcustos”, afirmou ao jornal DCI o presidente da Michelinna América do Sul, Jean-Philippe Ollier. O executivo disseainda que a companhia tem lutado ao lado da Anip paraemplacar alguns pleitos junto ao governo federal. “Napauta, incluímos a aceleração da análise de processosantidumping e a desoneração da carga tributária queincide sobre a cadeia de reciclagem”, explicou Ollier. Naentrevista, o CEO destacou também a necessidade de umtrabalho conjunto com o Instituto Nacional de Metrologia,Qualidade e Tecnologia (Inmetro) para assegurar qualidadeaos selos brasileiros. “Temos de garantir que os produtoscomercializados no País tenham um padrão mínimo dequalidade. Atualmente, não há controle e fiscalizaçãoideais”, ressaltou.Na visão de GianfrancoSgro, diretor-geral da Pirellina América Latina, um dosmaiores desafios do setor éestabelecer regras justas frenteà concorrência com os pneusimportados. Enquanto isso,cada empresa deve fazer asua parte para não perder espaço no mercado, inovando econquistando novos clientes. “Uma das estratégias adotadaspela Pirelli foi a disponibilização de produtos de qualidadeelevada, com maior rendimento quilométrico e segurançaem relação aos concorrentes importados. Por exemplo, alinha de produtos verdes da Pirelli contribui para a reduçãodo consumo de combustível em até 6%, de forma que, aofim da sua vida útil, o pneu terá praticamente pago o seucusto”, adianta.O diretor de Vendas da Goodyear, Antonio Roncolati,também defende a ideia de que o segredo do crescimentodo setor no Brasil está na inovação. “Nós, da Goodyear,sempre nos preocupamos em ofertar produtos comqualidade e um pacote de soluções que ofereça aoconsumidor o menor custo por quilômetro. Investimosem inovação, desenvolvimento de novas tecnologias esustentabilidade, pensando constantemente no benefíciodireto dos clientes”, explica Roncolati, que aposta na ofertade produtos exclusivos para conquista de novos e potenciaisconsumidores. “Desenvolvemos produtos específicos paracada tipo de serviço presente no mercado brasileiro. Paraisso, são realizados diversos estudos de clima, da situaçãodas estradas, condições geográficas, tipo de veículo, entreoutros”, completa.Em entrevista concedida à revista IstoÉ, em março desteano, o presidente da japonesa Bridgestone, Ariel Depascuali,“Uma estratégia adotada pela Pirelli foia disponibilização de produtos de qualidadeelevada, com maior rendimentoquilométrico e segurança em relaçãoaos concorrentes importados”disse que a estratégia prioritária adotada pela empresa paraavançar ainda mais na conquista de mercado foi mudar apostura da organização com relação a seus clientes. Depoisde realizar pesquisas de opinião em diversos estados doBrasil, foi possível traçar o perfil do consumidor brasileiro.“Somente 25% dos clientes adquirem pneus mais baratos,então vamos atrás dos outros 75% que buscam qualidade”,revela.MEDIDAS DO GOVERNOComo forma de fortalecer a indústria nacional, coibindo aimportação de pneus, o Governo Federal, por intermédioda Câmara de Comércio Exterior (Camex), chegou aelevar o imposto de importação de cem produtos noúltimo ano, estabelecendo uma alíquota máxima de até25% para os itens adquiridos do exterior. Entre esses itensestão pneus e câmaras de ar importados de bicicletas,motocicletas, automóveis depasseio, caminhões e ônibus.A medida, entretanto, elevoucustos e criou sério riscode desindustrialização nosetor, na visão de Mayer.“Houve aumentos parapouquíssimas medidas depneus, inexpressivas. E aelevação na importação de borracha sintética fez comque os custos aumentassem. Enquanto deveriam serdrasticamente reduzidas, vai-se na contramão. Há risco dedesindustrialização também no setor de pneus ou de nãose fazer mais investimentos”, explica.No dia 1º de agosto deste ano, o ministro da Fazenda, GuidoMantega, recuou e anunciou que o governo não renovarámais a elevação da tarifa de importação para os produtosque tiveram a alíquota aumentada em setembro do anopassado, entre eles, o pneu. O ministro decidiu, junto aoministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio,Fernando Pimentel, que reeditar a elevação das taxas nocenário atual não é necessário. “No ano passado, a indústriabrasileira estava sofrendo forte assédio de importações eo câmbio não era favorável. Agora, temos condições dereduzir as tarifas para o patamar anterior”, disse Mantega.Dessa forma, as tarifas de importação de pelo menos cemprodutos vão cair a partir de outubro.Milton Favaro, que se diz contrário à decisão do governode onerar a alíquota para importação de pneus, já que,segundo ele, a medida resulta em significativos prejuízospara os consumidores finais, aprovou a medida de reduçãoda tarifa de importação. “O pneu é um produto que estápresente em todos os setores, um produto de primeiranecessidade. Se o governo elevar ainda mais o custo daimportação, o cidadão brasileiro irá mais uma vez pagar a16 PNEUS&CIA setembro/outubro 2013
MATÉRIA DA CAPAsetembro/outubro 2013PNEUS&CIA17