MATÉRIA SERVIÇOSDA CAPAconta e poderá onerar ainda mais a inflação no Brasil.” Deacordo com a Abidip, o reajuste da alíquota ocasiona umaumento de 8% no valor final dos pneus de passeio e 7% novalor final dos pneus de carga.Com relação à entrada clandestina de pneus importados,Milton observa que essa sempre foi a principal bandeirada Abidip, que colabora com os órgãos do governo parainibir e reduzir as fraudes e contrabandos nas importaçõesde pneus para o Brasil. De acordo com a entidade, a cadaquatro contêineres de pneus que entram ilegalmente noBrasil, apenas um paga os tributos para disfarçar a operaçãofraudulenta. Outro indício de concorrência desleal dosprodutos chineses tem a ver com o subfaturamento depreços, visando reduzir os custos de importação. “Este éoutro ponto que precisa ser combatido para garantirmosempregos e a lisura do processo”, esclarece Milton Favaro,que defende a criação de um acordo capaz de tornar ospreços mais transparentes e justos. “Com o acordo paraabrir informações de preços trimestrais ou semestraiscom envolvimento do Inmetro, receita e as fabricantes, ospreços seriam informados com possibilidade de pequenavariação e a transparência garantiria a segurança de nãoexistir subfaturamento sem interferir nas negociações decada empresa, mas isso deve ser feito com todos, inclusivecom as empresas nacionais que importam muito também.”Em junho deste ano, a Secretaria de Comércio Exterior(Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior decidiu abrir, a pedido da Anip, umainvestigação para averiguar a existência de dumping nasexportações para o Brasil de pneus de carga da Coreia doSul, Tailândia, África do Sul, Rússia, Taipé Chinês e Japão.A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU)e está em tramitação.OTIMISMO DA INDÚSTRIA NACIONALPara os próximos anos, as expectativas dos empresáriospara a indústria nacional são otimistas e animadoras.“Estamos confiantes na possibilidade de desenvolver como Governo Federal um programa que possibilite sensívelaumento da competitividade da produção de pneus no país.Somando este cenário com a estimativa bastante otimistados produtores de autoveículos, há reais condições de umaexpansão significativa na produção”, afirma Mayer. Como mesmo pensamento otimista, Roncolati defende queos resultados e as tendências deste primeiro semestre sãosuficientes para traçar projeções positivas. “Acreditamosque esse crescimento continuará ano após ano. Os númerosatuais refletem uma retomada das atividades na indústriade automóveis e veículos de carga, o que gera resultadosdiretos no setor de pneus”, esclarece.Gianfranco Sgro, também confiante no desenvolvimentodo setor, atribui as perspectivas de crescimento aosimportantes eventos a serem sediados no país nos próximosanos. “Os principais ingredientes que nos indicam os anospujantes que teremos pela frente são os eventos mundiaissediados no Brasil, os investimentos em infraestrutura, ocrescimento do setor agropecuário (mesmo com a baixadas commodities) e o crescimento do País por volta de 3%ao ano”, finaliza.“Acreditamos que esse crescimentopersistirá. Os números atuais refletemuma retomada das atividades naindústria de automóveis e veículos decarga, o que gera resultados diretos nosetor de pneus”18 PNEUS&CIA setembro/outubro 2013
MATÉRIA SERVIÇOS DA CAPAA POLÊMICA HISTÓRIA DAPROIBIÇÃO DOS PNEUSUSADOS NO BRASIL- Em 1991, o governo brasileiro proibiu a importaçãode pneus usados e reformados, mas seguidas liminaresjudiciais permitiam que as carcaças fossem importadaspara serem recauchutadas por empresas brasileiras.- Ficou decidido que o Brasil também poderia importarpneus dos países do Mercosul. Por esta razão, a UniãoEuropeia questionou a prática brasileira na OrganizaçãoMundial do Comércio (OMC), que favorecia alguns países.- Ao julgar a queixa da União Europeia (UE) contraas barreiras impostas no Brasil à importação de pneusrecauchutados, a OMC reconheceu o direito brasileirode restringir a entrada desse produto, mas considerouincompatível com as regras mundiais de comércio asexceções feitas para importação de pneus dos sócios doMercosul.- Pouco tempo depois, a OMC também condenou asimportações de pneus usados da Europa obtidas porliminares judiciais. Assim, a OMC determinou que oBrasil suspendesse definitivamente, inclusive de países doMercosul, a importação de pneus reformados.- Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior brasileiro (MDIC), entre 1990 e 2004,mais de 34 milhões de unidades de pneus reformados eusados entraram no país via medidas liminares concedidaspelo Poder Judiciário.-Em 2004 apenas, 7,5 milhões desses pneus foramimportados para a indústria de reforma.- Em 25 de setembro de 2000, o Ministério doDesenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior brasileirointroduziu a Portaria da Secretaria de Comércio Exterior(Secex) nº 8, que proíbe a emissão de licença automáticapara a entrada de pneus remoldados.- Em 14 de setembro de 2001, o Poder Executivo brasileiroemitiu o Decreto Presidencial nº 3.919, que prevê multade R$ 400 por unidade nos casos em que se verifica aimportação de pneumáticos usados e reformados;- Em 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmoua constitucionalidade das leis brasileiras que proíbem aimportação de pneus usados. Dessa forma, reafirmou-se aproibição, de forma geral e sem exceções, de importaçõesde pneus usados para o Brasil, inclusive do Mercosul.Fontes: Associação Brasileira do Segmento de Reformade <strong>Pneus</strong> (ABR) e Portal do jornal O Estado de S.Paulo(estadao.com.br)Foto: Depositphotos Incsetembro/outubro 2013PNEUS&CIA19