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o papel do conselho escolar

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8792Palavras-chave: Gestão democrática. Conselho Escolar. Violência e indisciplina. Trabalho.IntroduçãoEsta comunicação tem como objetivo discutir os temas da violência e indisciplina naescola e a relação com a gestão democrática a partir da atuação <strong>do</strong> Conselho Escolar.Considera-se esse colegia<strong>do</strong> como expressão possível de efetivação da democratização dasrelações sociais internas na escola, considera-se como fundamental implementar aimportância desse mecanismo imprescindível para o desenvolvimento da politização <strong>escolar</strong>.Trata-se de investigar qual é a lógica presente na relação entre indisciplina, violência e práticapedagógica <strong>escolar</strong> na perspectiva política de uma gestão colegiada democratizante.A manifestação da violência parece associada naturalmente à história da espéciehumana na qual se encontra relatos de luta pela sobrevivência, pelo <strong>do</strong>mínio deterritórios, pela posse de bens materiais, pelo poder, pelo status, pela crençareligiosa, pela ideologia, e, mesmo, por razão aparente nenhuma. Ainda assim oestu<strong>do</strong> <strong>do</strong> fenômeno vincula<strong>do</strong> ao âmbito <strong>escolar</strong> tem si<strong>do</strong> recente, os primeirosestu<strong>do</strong>s datam da década de oitenta, mas a intensificação <strong>do</strong> olhar sobre essaquestão, cuja preocupação tem afeta<strong>do</strong> diferentes agentes e setores da sociedade nosúltimos anos. (EYNG; GISI; ENS, 2009, p.470).Busca-se articular a questão da gestão <strong>escolar</strong> democrática e a relação com o ConselhoEscolar, defende-se a tese de que mais <strong>do</strong> que um fórum de discussão, o Conselho é uminstrumento de democratização das relações sociais, educativas e políticas dentro da escola.Nesse senti<strong>do</strong>, o processo de administração colegiada surge como condiçãodeterminada e determinante de uma perspectiva transforma<strong>do</strong>ra de educação. (PRAIS, 1990,p.25) A qualidade na educação numa perspectiva de desenvolvimento da gestão <strong>escolar</strong>democrática envolve um pressuposto critico de observar os processos externos e internos daescola.Nesse senti<strong>do</strong>, a gestão colegiada constitui-se em condição decisiva, senão a maisimportante, para assegurar as ações necessárias à organização e à articulação de umprocesso educacional volta<strong>do</strong> para a garantia da realização da função essencial daescola: a promoção da efetiva aprendizagem de to<strong>do</strong>s os alunos, sem admissibilidadede exceção, de mo<strong>do</strong> a torná-los capazes de, no uso adequa<strong>do</strong> de sua cidadania,enfrentar os desafios coloca<strong>do</strong>s pela sociedade e de promover, quan<strong>do</strong> necessário, asua transformação. (PRAIS, 2008, p.170)


8794A contrariedade as normas é algo que se intensifica no cotidiano <strong>escolar</strong>, pelareincidência de transgressões. Muitas vezes o mesmo aluno é puni<strong>do</strong> várias vezes,pelo mesmo “ato” e nenhum profissional da educação se questionam o motivo deisso ocorrer. A violência além <strong>do</strong>s danos da integridade <strong>do</strong> plano físico tambémacarreta conseqüências para o esta<strong>do</strong> psíquico e moral <strong>do</strong> indivíduo. A ausência dacompreensão da indisciplina e da violência pode contribuir para que sejam tomadasmedidas punitivas equivalentes, para situações bem diferenciadas. As agressões emsala de aula, e as dificuldades de socialização ocasionadas pela indisciplinadesestabilizam a relação pedagógica, propician<strong>do</strong> conflitos que podem engendrarreações e atitudes incongruentes, se a compreensão da violência e da indisciplina forrasa. (BRITO, SANTOS, 2009, 10722-10723).A gestão <strong>escolar</strong> democrática tem uma participação fundamental no processo deconstituição das relações sociais no interior da escola numa perspectiva crítica, isso significaque a presença <strong>do</strong> caráter político no trabalho educativo passa a ser a uma exigência <strong>do</strong>cotidiano <strong>escolar</strong>.Sociedade e Gestão <strong>escolar</strong> democrática: o espaço da PolíticaCompreende-se a gestão <strong>escolar</strong> como a organização <strong>do</strong> trabalho educativo volta<strong>do</strong>para determina<strong>do</strong> objetivo, qual seja o de realização e a apropriação <strong>do</strong> conhecimento <strong>escolar</strong>.Refere-se aos meios emprega<strong>do</strong>s para que a prática educativa e o trabalho educativo alcancemseus objetivos, qual seja, propor e possibilitar a formação necessária para que os educan<strong>do</strong>ssejam integra<strong>do</strong>s a uma forma de sociedade.O caráter político da gestão <strong>escolar</strong> numa perspectiva crítica diz respeito a umaeducação transforma<strong>do</strong>ra que promova a compreensão das contradições sociais a partir <strong>do</strong>conhecimento produzi<strong>do</strong> historicamente pela humanidade. Nesse senti<strong>do</strong> a política torna-seum processo intrínseco à gestão <strong>escolar</strong> democrática, trata-se de uma realidade inerente aodesenvolvimento social <strong>do</strong> ser humano.A arte da política, se for democrática, é a arte de desmontar os limites à liberdade<strong>do</strong>s cidadãos; mas é também a arte da autolimitação: a de libertar os indivíduos paracapacitá-los a traçar, individual e coletivamente, seus próprios limites individuais ecoletivos. (BAUMAN, 2000, p.12)A democracia por si só não possibilita essa compreensão histórica, torna-se necessárioe fundamental discutir e refletir dentro da gestão <strong>escolar</strong> os limites dessa democracia e asperspectivas da superação dialética desse processo. Ou melhor, é fundamental desmistificar a


8796envolve a realidade <strong>do</strong> espaço publico como espaço de contradições e poder. Nesse contextose constitui os processos de violência e indisciplina na escola, são processos que formam-se apartir <strong>do</strong> contexto social e mesmo pedagógico.Essa relação torna-se passível de reflexão, pois tanto a violência quanto a indisciplinana escola tornaram-se objeto de estu<strong>do</strong>s na educação e áreas afins, de uma forma geral essesprocessos ganharam espaço de destaque na mídia. No cotidiano da escola o trabalho educativopode ser considera<strong>do</strong> como o núcleo das relações pedagógicas na escola, a relação ensinoaprendizagem ganha destaque como base da construção <strong>do</strong>s conflitos dentro <strong>do</strong> espaço<strong>escolar</strong>.Conselho <strong>escolar</strong> e democratização: o trabalho coletivo como critica a burocratização<strong>escolar</strong>O desenvolvimento de uma gestão <strong>escolar</strong> colegiada refere-se no âmbito dessareflexão a constituição <strong>do</strong> Conselho <strong>escolar</strong> como instancia promotora <strong>do</strong>s mecanismos departicipação social e mesmo política na gestão da escola.A partir da década de 80 <strong>do</strong> século XX deu-se início a implantação <strong>do</strong>s Conselhos<strong>escolar</strong>es em várias regiões <strong>do</strong> Brasil como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo de redemocratização dasociedade brasileira.Os <strong>conselho</strong>s <strong>escolar</strong>es surgem de fato no cenário educacional brasileiro no início dadécada de 80, embala<strong>do</strong>s pelo movimento de redemocratização <strong>do</strong> país. Isso foiresulta<strong>do</strong> da reorganização da sociedade civil que buscava no limite da sociedadecapitalista, construir e ampliar espaços de organização e participação popular emto<strong>do</strong>s os setores da sociedade, no caso, da busca de uma nova organização detrabalho e de administração das escolas públicas brasileiras [...]. (ALMEIDA, 2006,p.26).Esse processo ganha densidade com a Constituição de 1988 que traz no artigo 206,inciso VI a contingência legal que garantia a organização <strong>do</strong> sistema de Ensino Público nasbases democráticas. Posteriormente em 1996 com a promulgação da Lei n.9394/96, a Lei deDiretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), se estabelece também como princípio efins da educação nacional a gestão democrática <strong>do</strong> ensino público.


8797No contexto das lutas pela ampliação <strong>do</strong>s espaços de participação política, os setoresorganiza<strong>do</strong>s da população brasileira, em especial os educa<strong>do</strong>res, têm desempenha<strong>do</strong>importante <strong>papel</strong> no senti<strong>do</strong> da democratização das políticas públicas de educação.Os esforços desses setores convergiram para o processo de definição da Constituiçãoda República Federativa <strong>do</strong> Brasil (CF), de 1988, que incorporou, no artigo 206, agestão democrática da educação como um de seus princípios basilares. (AGUIAR,2008, p.130).No Paraná o debate sobre o Conselho <strong>escolar</strong> tem início a partir de 1991 quan<strong>do</strong> aSecretaria Estadual de Educação estabeleceu o Regime <strong>escolar</strong> único em que fazia-sereferência ao Conselho <strong>escolar</strong>. Esse processo de afirmação de uma prática colegiada naescola deve ser entendida como fundamental para a necessidade da politização e mobilizaçãoda educação pública.Conselho de escola: É o órgão responsável pela elaboração, deliberação.Acompanhamento, avaliação <strong>do</strong> planejamento e <strong>do</strong> funcionamento da unidade<strong>escolar</strong>, para que seja realmente autônomo e deliberativo, deve contar com aSecretaria de Esta<strong>do</strong> da Educação como um órgão de apoio. O <strong>conselho</strong> de escoladeve representar uma verdadeira escola e uma nova oportunidade para os paisaprenderem e ensinarem na escola. [...]. (PARANA, 1992, p.18).Nesse senti<strong>do</strong> o <strong>papel</strong> <strong>do</strong> Conselho <strong>escolar</strong> ganha uma dimensão não apenas de fórumcolegia<strong>do</strong> para pensar a escola pública, mas antes de tu<strong>do</strong> para transformar a escola públicanum espaço de reflexão e prática política. O campo da política é uma possibilidade de pensaro Conselho <strong>escolar</strong> dentro de um contexto de mudança e transformação dentro <strong>do</strong> trabalhoeducativo.Privilegia-se nessa questão o tema da participação como imprescindível paracompreendermos a dimensão política <strong>do</strong> Conselho <strong>escolar</strong>, trata-se de um mecanismofundamental para a consolidação histórica da democracia na sociedade. A participação é oelemento que faltava no processo de redemocratização da sociedade brasileira que seinstaurou a partir da década de 80 <strong>do</strong> século XX.A participação passa a ser uma realidade que em certa medida foi estimulada pelaspolíticas educacionais, entretanto, os mecanismos de participação devem ser construí<strong>do</strong>s nointerior das contradições da sociedade, não é algo que se constitui pela voluntariedade ou pelamanifestação individual da comunidade <strong>escolar</strong>. Trata-se de um processo de compreensão eação da política no senti<strong>do</strong> concreto da realidade social, ou seja, faz-se necessário desenvolveressa pratica como possibilidade de transformar a pratica pedagógica de forma critica. Isso


8798significa que toma-se como objetivo superar as relações de poder dentro da estrutura <strong>escolar</strong>na perspectiva de colocar a educação como processo de humanização <strong>do</strong> individuo.Se falamos “gestão democrática da escola”, parece-me já estar necessariamenteimplícita a participação da população em tal processo. Quan<strong>do</strong>, entretanto,destacamos a “gestão democrática da escola”, para examinar as relações que talgestão tem com a comunidade, parece-me que estamos imputan<strong>do</strong> a ela um caráterde exterioridade ao processo democrático que se daria no interior da escola, comose, consubstanciada a democracia na unidade <strong>escolar</strong>, a comunidade fosse apenasmais um fato a ser administra<strong>do</strong> por meio das relações que com ela se estabelecem.(PARO, 2006, p.15).Nesse senti<strong>do</strong> o referi<strong>do</strong> autor chama a atenção para a qualidade da participação dacomunidade <strong>escolar</strong> dentro <strong>do</strong> Conselho, ou seja, é a democracia da gestão <strong>escolar</strong> ou é ademocracia social de uma comunidade. A amplitude da participação nesse senti<strong>do</strong> torna-sefundamental dentro <strong>do</strong> processo político das relações de poder dentro da própria escola. Aparticipação da comunidade na estrutura de poder da escola por meio <strong>do</strong>s Conselhos <strong>escolar</strong>espossibilita assim uma democratização das relações internas dentro <strong>do</strong> trabalho educativo.A idéia de cidadania é recorrente quan<strong>do</strong> fala-se em participação, trata-se de umacondição importante dentro <strong>do</strong>s debates e reflexões sobre esse tema, caracteriza-se pelaconstituição da legitimação e concretização <strong>do</strong>s direitos.A Cidadania tomada não no senti<strong>do</strong> da retórica formal nos limites <strong>do</strong> plano jurídico,no qual os direitos são postula<strong>do</strong>s abstratos e a igualdade legal não legitima osdireitos <strong>do</strong>s desiguais, mas cidadania apropriada como um direito histórico,dinâmico, cujos resulta<strong>do</strong>s concretos são construí<strong>do</strong>s a partir da correlação de forçasestabelecida pelos sujeitos sociais constituí<strong>do</strong>s como forças políticas em movimento.(AZEVEDO, 2007, p.6).Mesmo uma ação coletiva somente se constitui a partir <strong>do</strong> elemento participativo quemobiliza o processo de democratização <strong>escolar</strong>, sem esse elemento político a democratizaçãoperde seu caráter transforma<strong>do</strong>r e social. Construir uma cultura da participação envolve amobilização da comunidade <strong>escolar</strong> no senti<strong>do</strong> de


8799Os discursos de cunho participacionista, elabora<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>s problemas liga<strong>do</strong>s àgarantia <strong>do</strong> direito à <strong>escolar</strong>ização, incluíam justificativas das mais imediatas para ocotidiano <strong>escolar</strong> às mais estratégicas para a democracia no país. Foram assimila<strong>do</strong>sem propostas de políticas educacionais que pretendiam ser compatíveis com osistema político democrático, ou seja, propostas de gestão democrática eparticipação popular na escola, as quais começaram a ser implementadas emsistemas <strong>escolar</strong>es cujas práticas e ineficiências tradicionais foram agravadas pelasmudanças que atingiram o professora<strong>do</strong>. (GHANEM, 1996, p.32).O direito a educação é um <strong>do</strong>s primeiros aspectos para a constituição de uma cidadaniae ao mesmo tempo um pressuposto para o desencadeamento da participação da sociedade na<strong>escolar</strong>ização pública. O <strong>papel</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> nesse processo ganha destaque, pois cabe ao Esta<strong>do</strong>por meio das políticas educacionais afirmar a cidadania <strong>do</strong>s indivíduos.Nas democracias capitalistas, considera-se que o Esta<strong>do</strong> é responsável pelapromoção da justiça e da igualdade, para compensar as desigualdades que emergem<strong>do</strong> sistema social e econômico. A educação é vista, então, como processo quepermite melhorar a posição social <strong>do</strong>s grupos carentes, pon<strong>do</strong> a seu alcanceimportantes conhecimentos e o credenciamento que lhes permita participar da vidasocial. (OLIVEIRA, 2009, p.19).Entretanto, esse processo não é mecânico, depende geralmente da mobilização dasociedade organizada sob os movimentos sociais no senti<strong>do</strong> de se reivindicar políticasdirigidas para a educação. O campo das relações entre sociedade e esta<strong>do</strong> se constitui a partirdas contradições e lutas políticas dentro de um contexto histórico.Conselho <strong>escolar</strong> e gestao democrática diante da indisciplina e violencia na escolaA violência e a indisciplina na escola se colocam como um <strong>do</strong>s principais problemasenfrenta<strong>do</strong>s pela gestão <strong>escolar</strong>, o trabalho educativo nesse senti<strong>do</strong> pode ser considera<strong>do</strong>como uma forma de enfrentar criticamente esses processos.Torna-se perceptível o fato de que a vida na escola vem se tornan<strong>do</strong> cada vez maisdifícil à proporção que a violência se desenvolve no seu interior e que, ao mesmotempo, medidas de proteção são tomadas, mais e mais, contra a invasão deagressores externos, isolan<strong>do</strong>-a paulatinamente <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que a cerca. Assim, alémde gangues, de traficantes, de ladrões e agressores que se postam fora <strong>do</strong>s muros<strong>escolar</strong>es, a violência interna, provocada pelos próprios alunos, consubstancia-se ematos de indisciplina, quebra- quebras, brigas, depredações, que a escola não estámais conseguin<strong>do</strong> conter. (PORTO; TEIXEIRA, 1998, p.52).


8800São ambos, objeto de grande preocupação por parte <strong>do</strong>s gestores e da comunidade<strong>escolar</strong>, ao mesmo tempo explicita as contradições que a sociedade capitalista engendra nasinstituições sociais, entre elas a escola. “A escola entra neste debate contemporâneo sobre aviolência, ora como vítima da violência externa, ora como algoz, quan<strong>do</strong> vista como umainstituição com sua cota própria de violência.” (SCHILLING, 2004, p.60).Analisar e compreender essas questões na perspectiva da gestão democrática significaestabelecer um <strong>papel</strong> crítico sobre esses fenômenos tanto na sociedade quanto na própriaescola. Há uma dimensão tanto social, quanto individual desses processos que atuam nocotidiano da escola.Entendida a educação como atualização histórica <strong>do</strong> homem e condiçãoimprescindível, embora não suficiente, para que ele, pela apropriação <strong>do</strong> saberproduzi<strong>do</strong> historicamente, construa sua própria humanidade histórico-social, parecejusto admitir que a escola fundamental deva pautar-se pela realização de objetivosnuma dupla dimensão: individual e social. (PARO, 2000, p.01).Nesse aspecto é fundamental estabelecer qual o <strong>papel</strong> da gestão democrática diante<strong>do</strong>s fenômenos da violência e da indisciplina <strong>escolar</strong>. Parece-nos que, mais <strong>do</strong> que umproblema de controle e vigilância sobre os alunos, é necessário pensar a gestão colegiadacomo uma possibilidade concreta para refletir-se criticamente sobre os fenômenos daindisciplina e da violência <strong>escolar</strong>.Ao mesmo tempo significa considerar que a gestão <strong>escolar</strong> e a organização <strong>do</strong> trabalhopedagógico são processos fundamentais para a construção da relação <strong>do</strong> ensino eaprendizagem <strong>escolar</strong>. Pode-se compreender que tanto a violência quanto a indisciplina naescola são processos construí<strong>do</strong>s pelos alunos, nesse senti<strong>do</strong> podem ser desconstruí<strong>do</strong>s apartir da gestão <strong>escolar</strong> democrática.A compreensão <strong>do</strong> movimento histórico de instituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e de sua naturezano contexto das relações sociais contemporâneas permite compreender aimportância da consciência critica <strong>do</strong>s indivíduos, gerada pelo conhecimentoconcreto das relações em processo, e demonstra a importância da gestãodemocrática, bem como os compromissos da educação na sociedade, tanto noâmbito <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> quanto da instituição <strong>escolar</strong>. (SCHLESENER, 2006, p.180).


8801Considerações FinaisA indisciplina e a violência têm trazi<strong>do</strong> preocupações importantes para o trabalhoeducativo e dentro da relação pedagógica. Vários autores têm demonstra<strong>do</strong> que a violênciatem si<strong>do</strong> uma marca preocupante da modernidade, “ninguém que se tenha dedica<strong>do</strong> a pensar ahistória e a política pode permanecer alheio ao enorme <strong>papel</strong> que a violência sempredesempenhou nos negócios humanos, [...]”. (ARENDT, 2009, p.23).Essa constatação e ao mesmo tempo uma preocupação aparece nos questionáriosrealiza<strong>do</strong>s junto aos alunos e aos conselheiros <strong>escolar</strong>es pesquisa<strong>do</strong>s, tanto alunos quantoconselheiros expressaram essa temática. De uma forma crítica pode-se considerar que aviolência e indisciplina na escola é fruto de uma realidade social que de uma forma ou deoutra produz reflexos na gestão <strong>escolar</strong>.Ao se pensar a gestão <strong>escolar</strong> na sua forma democratizante deve-se necessariamentepolitizar os fenômenos da violência e indisciplina na escola, politizar significa antes de maisnada, reconhecer a perspectiva histórica das relações de poder e controle social dentro dagestão <strong>escolar</strong>.Observa-se que a pratica da gestão democrática com relação ao Conselho <strong>escolar</strong>geralmente não contempla a realidade política e social, o caráter político não aparece de formatão evidente. Nesse senti<strong>do</strong> a violência e indisciplina na escola compõe dentro <strong>do</strong> trabalhoeducativo problemas que cada vez mais ocupam o cotidiano <strong>escolar</strong> e comprometen<strong>do</strong> oprocesso de ensino aprendizagem.O <strong>papel</strong> da gestão <strong>escolar</strong> democratizante refere-se a politização <strong>do</strong>s processo internosda escola a partir <strong>do</strong> desenvolvimento e efetivação da participação e <strong>do</strong> trabalho coletivoeducativo. O <strong>papel</strong> <strong>do</strong> <strong>conselho</strong> <strong>escolar</strong> nesse senti<strong>do</strong> pode ser o espaço efetivo para odesenvolvimento desse processo, ou seja, espaço institucional de politização das contradiçõessociais na escola.REFERÊNCIASARENDT. Hanna. Sobre a violência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.AGUIAR, Márcia Ângela da S. Gestão da educação básica e o fortalecimento <strong>do</strong>s <strong>conselho</strong>s<strong>escolar</strong>es. Educar, Curitiba, n. 31, p. 129-144, 2008. Editora UFPRALMEIDA, Janaina Aparecida de Mattos. Os <strong>conselho</strong>s <strong>escolar</strong>es e o processo de


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