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uma realidade com o ensino médio do colégio politécnico da ...

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PRIMEIROS CONTATOS COM A PESQUISA CIENTÍFICA: UMAREALIDADE COM O ENSINO MÉDIO DO COLÉGIO POLITÉCNICODA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIAResumoLEAL, Rodrigo Roza<strong>do</strong> – Colégio Politécnico <strong>da</strong> UFSM/RSrodrigo355@hotmail.<strong>com</strong>GERHARDT, Márcia Lenir – Colégio Politécnico <strong>da</strong> UFSM/RSmarciagerhardt2@gmail.<strong>com</strong>FONSECA, Miriane Costa – Colégio Politécnico <strong>da</strong> UFSM/RSmirianeff@gmail.<strong>com</strong>HAIGERT, Cynthia Gindri – Colégio Politécnico <strong>da</strong> UFSM/RScygindri@hotmail.<strong>com</strong>DALMOLIN, Terezinha Cleoni Tronco – Colégio Politécnico <strong>da</strong> UFSM/RStere<strong>da</strong>lmolin@gmail.<strong>com</strong>Eixo Temático: Didática: Teorias, Meto<strong>do</strong>logias e PráticasAgência Financia<strong>do</strong>ra: não contou <strong>com</strong> financiamentoO texto abor<strong>da</strong> a respeito de <strong>uma</strong> pesquisa de cunho qualitativo de <strong>ensino</strong> e extensão,desenvolvi<strong>da</strong> por um grupo de <strong>do</strong>centes <strong>do</strong> Colégio Politécnico <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal deSanta Maria (UFSM/RS), <strong>com</strong> professores e educan<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Ensino Médio. Nessa,desenvolvem-se ativi<strong>da</strong>des que objetivam, primeiramente, o contato <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes <strong>com</strong> ainiciação à pesquisa científica. Busca-se também desenvolver e apresentar a produçãointelectual <strong>do</strong>s educan<strong>do</strong>s e seus professores orienta<strong>do</strong>res à <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de acadêmica e àsocie<strong>da</strong>de, bem <strong>com</strong>o estimulá-los à produção científica, visan<strong>do</strong> ao diálogo entre asdiferentes áreas <strong>do</strong> saber. A produção <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes culmina <strong>com</strong> a apresentação de seusresulta<strong>do</strong>s em um evento nomina<strong>do</strong> Mostra Interdisciplinar, o qual ocorre anualmente desde2008. O a<strong>com</strong>panhamento <strong>do</strong> processo é feito pelo grupo de pesquisa por meio de observaçãoparticipante, registro fotográfico <strong>do</strong> processo em an<strong>da</strong>mento de ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s diferentes gruposde iniciação científica, bem <strong>com</strong>o <strong>da</strong> própria Mostra Interdisciplinar, entrevistas abertas equestionários ao corpo <strong>do</strong>cente e discente. O quadro teórico ampara-se, principalmente emFreire (2002, 2005), quan<strong>do</strong> se discute a construção <strong>do</strong> conhecimento, a interdisciplinari<strong>da</strong>dee a dialogici<strong>da</strong>de. To<strong>do</strong> esse processo tem permiti<strong>do</strong> aproximar o Colégio Politécnico <strong>da</strong>UFSM às demais escolas de Educação Básica <strong>do</strong> município e região de Santa Maria/RS, pormeio <strong>da</strong> publicação e mostra <strong>do</strong>s trabalhos desenvolvi<strong>do</strong>s e apresenta<strong>do</strong>s pelos educan<strong>do</strong>s eorienta<strong>do</strong>res, na Mostra Interdisciplinar. Há também a evidência de que a


7557interdisciplinari<strong>da</strong>de vem acontecen<strong>do</strong> <strong>com</strong> maior frequência dentro <strong>da</strong> sala de aula, <strong>com</strong>o umreflexo <strong>do</strong> envolvimento de to<strong>do</strong>s os professores <strong>com</strong> a construção <strong>do</strong>s trabalhos para aMostra, além <strong>do</strong> envolvimento <strong>do</strong>s educan<strong>do</strong>s <strong>com</strong> a investigação científica, buscan<strong>do</strong>contribuir para o desenvolvimento social, intelectual e ético <strong>da</strong> <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de.Palavras-chave: Interdisciplinari<strong>da</strong>de; Ensino Médio; Educação.IntroduçãoNo presente texto, discutiremos a respeito <strong>da</strong> iniciação à pesquisa científica no aspecto<strong>da</strong> prática de <strong>ensino</strong> interdisciplinar que se realiza no Colégio Politécnico <strong>da</strong> UFSM <strong>com</strong>educan<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Ensino Médio, nomina<strong>da</strong> na instituição <strong>com</strong>o Mostra Interdisciplinar. A ca<strong>da</strong>ano, essa se remodela, buscan<strong>do</strong> melhorar e atender às expectativas cognitivas <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes,<strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes, <strong>da</strong> <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de escolar e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de em geral. O objetivo dessa ativi<strong>da</strong>de éinserir os educan<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Ensino Médio na produção <strong>do</strong> conhecimento científico, <strong>da</strong> mesmaforma que apresentar a produção intelectual desses à <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de acadêmica e à socie<strong>da</strong>deestimulan<strong>do</strong>-os, além <strong>da</strong> produção científica <strong>do</strong> conhecimento, ao diálogo entre as áreas <strong>do</strong>saber, as diferentes turmas e <strong>com</strong> as escolas que prestigiam a Mostra.O <strong>do</strong>cente, nesse processo de envolvimento desempenha <strong>uma</strong> importante função, a demediar, orientar e a<strong>com</strong>panhar os educan<strong>do</strong>s em suas pesquisas. Os temas propostos e eleitospara serem desenvolvi<strong>do</strong>s estão de acor<strong>do</strong> <strong>com</strong> as áreas cognitivas de atuação <strong>do</strong> corpo<strong>do</strong>cente além de alguns <strong>do</strong>s temas se relacionarem <strong>com</strong> áreas <strong>do</strong> conhecimento desenvolvi<strong>da</strong>spor Cursos Técnicos ofereci<strong>do</strong>s pela instituição, pois, assim, outros professores acabamcontribuin<strong>do</strong> para o desenvolvimento <strong>do</strong>s projetos de pesquisa, favorecen<strong>do</strong> um diálogo além<strong>do</strong> grupo de estu<strong>da</strong>ntes e seus professores orienta<strong>do</strong>res. A interação ocorri<strong>da</strong> <strong>com</strong> essasativi<strong>da</strong>des proporciona ao <strong>do</strong>cente a continui<strong>da</strong>de, isto é, o seu aperfeiçoamento, esseocorren<strong>do</strong> <strong>com</strong> os educan<strong>do</strong>s e colegas, no campo empírico, no cotidiano escolar.Essa ativi<strong>da</strong>de aproxima o Colégio Politécnico <strong>da</strong> UFSM às demais escolas deEducação Básica <strong>do</strong> município de Santa Maria/RS e região através de visitas dessas, à MostraInterdisciplinar, <strong>da</strong>s publicações e <strong>da</strong> apresentação <strong>do</strong>s trabalhos em diferentes eventos. OColégio Politécnico <strong>da</strong> UFSM oferece para as três séries <strong>do</strong> Ensino Médio, <strong>uma</strong> disciplina emseu currículo escolar, denomina<strong>da</strong> Projeto. Nessa disciplina, os educan<strong>do</strong>s têm o seu primeirocontato <strong>com</strong> a Meto<strong>do</strong>logia Científica.


7558O envolvimento <strong>com</strong> os trabalhos realiza<strong>do</strong>s para o momento <strong>da</strong> MostraInterdisciplinar promove nos educan<strong>do</strong>s e educa<strong>do</strong>res, o desenvolvimento <strong>do</strong> pensamentocrítico, ético, criativo, estético, reflexivo e dialógico, permitin<strong>do</strong>, <strong>com</strong> <strong>uma</strong> visão real, crítica emais aguça<strong>da</strong> <strong>do</strong> seu cotidiano, perceber os fatos que os perturbam e ao mesmo tempo,promover medi<strong>da</strong>s e atitudes que ajudem a mu<strong>da</strong>r aquela <strong>reali<strong>da</strong>de</strong> e consequentementemu<strong>da</strong>r a si mesmo.Analisar os diferentes processos de construção <strong>do</strong> conhecimento interdisciplinar nasdiferentes linguagens intelectuais e tecnológicas é um <strong>do</strong>s desafios presentes, tanto para<strong>do</strong>centes <strong>com</strong>o discentes <strong>do</strong> Ensino Médio, que não têm, por cultura, a pesquisa científica noseu currículo, tornan<strong>do</strong>-se, assim, um fator desafia<strong>do</strong>r e ao mesmo tempo motiva<strong>do</strong>r nessa<strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de.Um diálogo sobre a pesquisa e a interdisciplinari<strong>da</strong>deUm <strong>do</strong>s desafios no campo <strong>da</strong> pesquisa é trabalhar e se fazer entender que a ética, amoral e o respeito são elementos fun<strong>da</strong>mentais, de extrema importância para podermosconviver no mun<strong>do</strong> em socie<strong>da</strong>de, enfatizan<strong>do</strong> o respeito <strong>com</strong> o conhecimento <strong>do</strong> próximo.No perío<strong>do</strong> de familiarização <strong>do</strong>s educan<strong>do</strong>s <strong>com</strong> a ativi<strong>da</strong>de de pesquisa, o professortem o papel de mediar a interação <strong>do</strong>s conhecimentos pré-existentes àqueles em construção. Oa<strong>do</strong>lescente tem muita curiosi<strong>da</strong>de nessa etapa de sua formação, característica importante efun<strong>da</strong>mental para o desenvolvimento de <strong>uma</strong> pesquisa, e esse educan<strong>do</strong> buscará diferentessubsídios para sanar sua curiosi<strong>da</strong>de.Os diferentes conhecimentos e áreas trabalha<strong>da</strong>s na escola possibilitam o diálogo, bem<strong>com</strong>o a interdisciplinari<strong>da</strong>de. É nesse espaço que se oferecem múltiplas oportuni<strong>da</strong>des para aconstrução <strong>do</strong> conhecimento, <strong>da</strong> mesma forma que o desenvolvimento educacional <strong>do</strong>s seuseducan<strong>do</strong>s. Essa construção se dá entre sujeitos e para sujeitos. Bastos (2010, p. 316-317)contribui dizen<strong>do</strong> que:Investigação e pesquisa precisam ser caracteriza<strong>da</strong>s <strong>com</strong>o interação simpática,constituin<strong>do</strong>-se em <strong>com</strong>unicação entre sujeitos em permanente vir a ser, interagin<strong>do</strong>dialogicamente em torno <strong>do</strong> conjunto <strong>da</strong>s contradições apreendi<strong>da</strong>sprocessualmente. [...] ensinar dialógica e problematiza<strong>do</strong>ramente, implica investigare agir simultaneamente <strong>com</strong> os envolvi<strong>do</strong>s no processo educativo.


7559Nesse processo, educa<strong>do</strong>r e educan<strong>do</strong> situam-se <strong>com</strong>o sujeitos articulan<strong>do</strong> oconhecimento <strong>com</strong> a prática <strong>da</strong> construção <strong>do</strong> mesmo. Dessa forma, o educan<strong>do</strong> será <strong>uma</strong>gente <strong>do</strong> processo de <strong>ensino</strong> e aprendizagem e não somente um receptor deinformações/conteú<strong>do</strong>s <strong>com</strong>partimentaliza<strong>do</strong>s, constituin<strong>do</strong>-se um ci<strong>da</strong>dão preocupa<strong>do</strong> <strong>com</strong> oseu futuro e de seus próximos. Freire (2005, p. 98) diz que “Não podemos existir sem nosinterrogar sobre o amanhã, sobre o que virá, a favor de que, contra que, a favor de quem,contra quem virá; sem nos interrogar em torno de <strong>com</strong>o fazer concreto o “inédito viável”deman<strong>da</strong>n<strong>do</strong> de nós a luta por ele”.A oportuni<strong>da</strong>de ofereci<strong>da</strong> aos educan<strong>do</strong>s, de se familiarizarem <strong>com</strong> o conhecimentocientífico, possibilita-lhes desde já trabalharem na construção de diferentes saberes, esses deforma organiza<strong>da</strong> e ética. Para Freire (2002), a formação ética e estética acontece naeducação, na sala de aula, no momento em que o educan<strong>do</strong>, o <strong>do</strong>cente, a escola, a socie<strong>da</strong>delutam juntos por <strong>uma</strong> educação conscientiza<strong>do</strong>ra e dialógica. No processo de construção <strong>do</strong>conhecimento, o professor e o aluno estão engaja<strong>do</strong>s crítica e criativamente.Nesse processo, ambos percebem suas <strong>reali<strong>da</strong>de</strong>s criticamente e constroemconhecimentos através <strong>do</strong> diálogo. Para Freire (1998), o ato de criar, recriar objetos, deconhecer faz <strong>da</strong> educação <strong>uma</strong> arte. A educação, assim, é <strong>uma</strong> teoria e <strong>uma</strong> prática, um atopolítico, estético e ético.Referir-se, portanto, à pesquisa, à interdisciplinari<strong>da</strong>de é referir-se a <strong>uma</strong> espécie deinteração entre as diferentes disciplinas e/ou áreas <strong>do</strong> saber. Essa interação torna-se maissignificativa quan<strong>do</strong> <strong>com</strong>partilha<strong>da</strong> entre a <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de escolar e a socie<strong>da</strong>de em geral sen<strong>do</strong>ela utiliza<strong>da</strong> para o bem, <strong>com</strong>o algo positivo, construtivo. Essa educação fun<strong>da</strong>menta-se naética “homem-no-mun<strong>do</strong>” e na construção de “ser-no-mun<strong>do</strong>-<strong>com</strong>-os-outros”, isto é,relacionan<strong>do</strong>-se <strong>com</strong> as pessoas e a socie<strong>da</strong>de (FREIRE, 2001).Na expectativa de um eficiente processo de <strong>ensino</strong> e aprendizagem, centra<strong>do</strong>s na visãode que o ser h<strong>uma</strong>no aprende ao longo de to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>, o desenvolvimento <strong>da</strong>s pesquisas faz<strong>com</strong> que os educan<strong>do</strong>s tenham a oportuni<strong>da</strong>de de tornarem-se sujeitos <strong>da</strong> ação, através <strong>da</strong>dialogici<strong>da</strong>de entre <strong>do</strong>centes e discentes, <strong>da</strong>s diferentes disciplinas em um meio no qual oconhecimento produzi<strong>do</strong> poderá ser <strong>com</strong>partilha<strong>do</strong> e ressignifica<strong>do</strong>.O diálogo é imprescindível na luta por <strong>uma</strong> educação ver<strong>da</strong>deira, o <strong>com</strong>promisso <strong>com</strong>o outro implica o reconhecimento dele, é <strong>uma</strong> relação horizontal em que ambos aprendem eapreendem. É <strong>uma</strong> existência que permite a <strong>com</strong>unicação, e nessa relação o ensinar e aprender


7560acontece quan<strong>do</strong> “o pensamento crítico <strong>do</strong> educa<strong>do</strong>r ou educa<strong>do</strong>ra se entrega à curiosi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>educan<strong>do</strong>” (FREIRE, 2002, p. 118).A construção <strong>do</strong> conhecimento exige um processo, que faz contato <strong>com</strong> <strong>reali<strong>da</strong>de</strong>sdesconheci<strong>da</strong>s ou pouco explora<strong>da</strong>s, observan<strong>do</strong> critérios específicos e meto<strong>do</strong>lógicos. Elaenvolve o educan<strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r estabelecen<strong>do</strong> relações <strong>com</strong> o conhecimento pré-existente eincorporan<strong>do</strong>-o ao novo.A partir <strong>da</strong>s relações <strong>do</strong> homem <strong>com</strong> a <strong>reali<strong>da</strong>de</strong> resultantes de estar <strong>com</strong> ela e deestar nela, pelos atos de criação, recriação e decisão, vai ele dinamizan<strong>do</strong> o seumun<strong>do</strong>. Vai <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> a <strong>reali<strong>da</strong>de</strong>. Vai h<strong>uma</strong>nizan<strong>do</strong>. Vai acrescentan<strong>do</strong> a ela algode que ele mesmo é o faze<strong>do</strong>r. Vai temporalizan<strong>do</strong> os espaços geográficos. Fazcultura (FREIRE, 2005, p. 51).A experiência <strong>da</strong> aprendizagem científica media<strong>da</strong> <strong>com</strong> a interdisciplinari<strong>da</strong>deproporciona ao educan<strong>do</strong> e educa<strong>do</strong>r o desenvolvimento de <strong>com</strong>petências, tais <strong>com</strong>o, oaprender a fazer, aprender a conhecer, a ser e conviver, <strong>com</strong>petências discuti<strong>da</strong>s no relatórioapresenta<strong>do</strong> à UNESCO sob a coordenação de Jacques Delors no livro Educação: umTesouro a Descobrir 1 .O acúmulo de informações, vivi<strong>da</strong> pelos educan<strong>do</strong>s nessa etapa <strong>da</strong> formação - oEnsino Médio – em que um número considerável já visa ao ingresso no <strong>ensino</strong> superior, nemsempre possibilita a to<strong>do</strong>s o diálogo entre essas diferentes áreas e outras formas deconhecimento. Esse processo de construção <strong>do</strong> conhecimento em que o educan<strong>do</strong> é inseri<strong>do</strong>exige dele maior envolvimento, o que lhe proporcionará autonomia e um aprendiza<strong>do</strong>significativo. Além <strong>do</strong> educan<strong>do</strong> estar se familiarizan<strong>do</strong> <strong>com</strong> a construção científica <strong>do</strong>conhecimento, esse estará envolvi<strong>do</strong> na ressignificação de saberes por ele já construí<strong>do</strong>s.Dessa forma, ele vivenciará to<strong>do</strong>s os processos, desde a escolha <strong>do</strong> tema a ser pesquisa<strong>do</strong>, aorganização meto<strong>do</strong>lógica, a execução, o <strong>com</strong>partilhamento <strong>do</strong>s seus resulta<strong>do</strong>s <strong>com</strong> a<strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de em geral. No olhar de Fazen<strong>da</strong> (2003),1 O livro abor<strong>da</strong> os quatro pilares (aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a conviver; aprender a ser,) de <strong>uma</strong>educação para o século XXI, associan<strong>do</strong>-os <strong>com</strong> o trabalho de pessoas <strong>com</strong>prometi<strong>da</strong>s a buscar <strong>uma</strong> educação de quali<strong>da</strong>de.


7561um projeto interdisciplinar não é ensina<strong>do</strong> mas sim vivencia<strong>do</strong>; exige aresponsabili<strong>da</strong>de individual e ao mesmo tempo um envolvimento <strong>com</strong> o projetopropriamente dito, <strong>com</strong> as pessoas e <strong>com</strong> as instituições que fazem parte desseprojeto. É essa prática <strong>do</strong> diálogo <strong>com</strong> outras áreas <strong>do</strong> conhecimento que nos leva àsrelações e às conexões de idéias, fazen<strong>do</strong>-nos perceber, sentir e pensar de formainterdisciplinar, exigin<strong>do</strong> a necessi<strong>da</strong>de de transpor barreiras e a ousadia para inovar,criar e principalmente passar <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de para a intersubjetivi<strong>da</strong>de (apudMONFARDINI, 2005, p. 65).Francischett (2010) discute a interdisciplinari<strong>da</strong>de <strong>com</strong>o um encontro que ocorre entreseres, isto é, inter, em um determina<strong>do</strong> fazer, <strong>da</strong>de a partir <strong>da</strong> direcionali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> consciência,objetivan<strong>do</strong> <strong>com</strong>preender o objeto, os fatos e <strong>com</strong> eles relacionar-se, <strong>com</strong>unicar-se, dialogar.Thiesen (2008) apresenta-a <strong>com</strong>o resposta a <strong>uma</strong> necessi<strong>da</strong>de verifica<strong>da</strong> em especial noscampos <strong>da</strong>s ciências h<strong>uma</strong>nas e <strong>da</strong> educação, isto é, superar a fragmentação e a especialização<strong>do</strong> conhecimento, causa<strong>do</strong>s por <strong>uma</strong> epistemologia de tendência positivista.Isso acontece, ou deveria acontecer diariamente na relação trabalha<strong>da</strong> entre osdiferentes saberes estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s pelos discentes, na contextualização <strong>do</strong> que é trabalha<strong>do</strong> em salade aula <strong>com</strong> o real vivi<strong>do</strong>, diariamente. “[...] o Real, enquanto Real, é <strong>uma</strong> totali<strong>da</strong>detransdisciplinar. Ao processo analítico de cindir o Real através <strong>da</strong>s parciali<strong>da</strong>des disciplinares,deve seguir-se a retotalização transdisciplinar, mediante um processo espistemológicointerdisciplinar (ANDREOLA, 2010, p. 230).O uso <strong>da</strong> meto<strong>do</strong>logia de pesquisa científica implica em problematizar o conhecimentojá construí<strong>do</strong> e os fatos <strong>do</strong> cotidiano, o que suscita a organização e a sistematização <strong>do</strong> que foiestu<strong>da</strong><strong>do</strong>, aprendi<strong>do</strong> e/ou observa<strong>do</strong>. Esse processo exige <strong>do</strong> aluno/pesquisa<strong>do</strong>r <strong>uma</strong> posturacrítica, sistemática e disciplinar, que se alcançará somente no decorrer <strong>da</strong>s ações práticas.Somos movi<strong>do</strong>s por questionamentos, dúvi<strong>da</strong>s, assim, é necessário que tenhamos hipótesespara respondê-las, precisamos de argumentos para sustentar nosso ponto de vista, nossaposição a respeito de determina<strong>do</strong> tema. Para Freire (1983), a problematização é um momentovital no processo de <strong>ensino</strong> e aprendizagem, pois é a expressão viva de que o ato de conhecer,de aprender, exige <strong>do</strong> homem <strong>uma</strong> postura impaciente, inquieta, indócil.Nesse senti<strong>do</strong>, é importante o envolvimento <strong>do</strong> educan<strong>do</strong>, que elabore seu problema eformule suas hipóteses <strong>da</strong> sua <strong>reali<strong>da</strong>de</strong>, que seu saber, até então construí<strong>do</strong>, viva umconfronto <strong>com</strong> o desconheci<strong>do</strong>, o não saber/conhecer, que é <strong>uma</strong> experiência significativa,


7562mas incômo<strong>da</strong>, que exige dele um confronto <strong>com</strong> as descobertas. Durante esse processo, serãonecessárias a coleta de <strong>da</strong><strong>do</strong>s, a tabulação e a análise desses para sistematização e socialização<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s. Por conseguinte, é <strong>uma</strong> oportuni<strong>da</strong>de <strong>do</strong> educan<strong>do</strong> de desenvolver suaautonomia para alçar seus próprios vôos, a partir <strong>da</strong> iniciação científica trabalha<strong>da</strong> na escola,aos desafios <strong>do</strong>s conhecimentos produzi<strong>do</strong>s pela Ciência. A autonomia <strong>do</strong> educan<strong>do</strong>, nodesenvolvimento <strong>da</strong> pesquisa, trará ao mesmo <strong>uma</strong> postura de quem pode dizer que sabe eaprendeu sobre determina<strong>do</strong> assunto, e que essa aprendizagem foi movi<strong>da</strong> pela curiosi<strong>da</strong>de,critici<strong>da</strong>de, criativi<strong>da</strong>de.As pesquisas e a Mostra InterdisciplinarBusca-se desenvolver <strong>com</strong> maior ênfase <strong>uma</strong> cultura de pesquisa <strong>com</strong> os educan<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Ensino Médio no Colégio Politécnico <strong>da</strong> UFSM, inserin<strong>do</strong>-os no campo científico <strong>com</strong>osujeitos. Através <strong>da</strong> Mostra Interdisciplinar, busca-se <strong>com</strong>partilhar os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>com</strong>a <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de escolar e universitária, bem <strong>com</strong>o <strong>com</strong> as demais escolas de Santa Maria eregião. Tal fato caracteriza a importância e/ou relevância social <strong>do</strong> trabalho realiza<strong>do</strong>.No ano de 2010, foram desenvolvi<strong>do</strong>s projetos de pesquisa nas três turmas <strong>do</strong> EnsinoMédio. O desconheci<strong>do</strong>, o diferente fez <strong>com</strong> que se alterasse a zona de conforto de algunseducan<strong>do</strong>s. O fato de que eles teriam que investigar um tema e trazer possíveis resulta<strong>do</strong>smexeu <strong>com</strong> a estrutura que estavam acost<strong>uma</strong><strong>do</strong>s até então, isto é, a de que o professor traz etrabalha o conteú<strong>do</strong>, tema <strong>com</strong> a turma em sala de aula.Essa ruptura foi muito significativa, pois envolveu <strong>do</strong>centes e discentes em <strong>uma</strong> novabusca para a construção, problematização e organização <strong>do</strong> conhecimento. Ca<strong>da</strong> professorapresentou seu tema e os grupos de discentes buscaram o que lhes interessasse e juntosconstruíram e desenvolveram um projeto de pesquisa que fora apresenta<strong>do</strong> na III mostraInterdisciplinar.Destacamos alguns <strong>do</strong>s progressos nos trabalhos realiza<strong>do</strong>s e esses puderam sersenti<strong>do</strong>s nas demais disciplinas trabalha<strong>da</strong>s no currículo, tais <strong>com</strong>o: melhora considerável <strong>da</strong>organização <strong>da</strong>s ideias na construção <strong>do</strong>s textos; <strong>uma</strong> maior valorização <strong>da</strong> leitura; inovação<strong>do</strong>s temas pesquisa<strong>do</strong>s; criativi<strong>da</strong>de na apresentação <strong>do</strong>s trabalhos, contextualização <strong>do</strong>espaço escolar <strong>com</strong> o externo; maior exploração através <strong>da</strong> imagem e som.Ao buscar subsídios para a construção e o desenvolvimento <strong>do</strong> projeto de pesquisa, oeducan<strong>do</strong> necessariamente precisa se organizar para ca<strong>da</strong> <strong>uma</strong> <strong>da</strong>s etapas que irá desenvolver


7563nesse processo. Em um <strong>do</strong>s trabalhos que se destacou, os educan<strong>do</strong>s trabalharam <strong>com</strong> umexperimento em que foram testa<strong>do</strong>s diferentes substâncias para enraizamento de plantas.Durante um determina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, esse grupo observou quanto tempo levava ca<strong>da</strong> <strong>uma</strong> dessassubstâncias utiliza<strong>da</strong>s para o surgimento de raízes de <strong>uma</strong> planta. Observaram que o méto<strong>do</strong>utiliza<strong>do</strong> para o enraizamento não funcionou <strong>da</strong> mesma forma para to<strong>do</strong>s os tipos desubstâncias enraizantes. Esse grupo buscou seu tema fora <strong>do</strong> grupo de <strong>do</strong>centes que trabalhamno Ensino Médio, no setor de floricultura, o professor que os orientou desenvolve pesquisas<strong>com</strong> flores.A curiosi<strong>da</strong>de de buscar algo diferente motiva o a<strong>do</strong>lescente a ir além <strong>do</strong> que lhes éofereci<strong>do</strong> e isso lhes proporciona <strong>uma</strong> visão ampla, sain<strong>do</strong> <strong>da</strong> sua zona de conforto para seaventurar no desconheci<strong>do</strong>, <strong>com</strong>o fora o caso desse grupo de educan<strong>do</strong>s.As pesquisas desenvolvi<strong>da</strong>s operacionalizam os diferentes conhecimentos curricularese não curriculares trabalha<strong>do</strong>s em <strong>uma</strong> instituição, de forma integra<strong>da</strong>, organiza<strong>da</strong>, sistêmica,proporcionan<strong>do</strong> <strong>uma</strong> educação interdisciplinar, criativa, crítica e <strong>uma</strong> visão de mun<strong>do</strong>integra<strong>da</strong> e não fragmenta<strong>da</strong>. A interdisciplinari<strong>da</strong>de exige, portanto, discussão ampla; aprática <strong>da</strong> mesma exige esforços conjuntos, pois ela acontece no diálogo entre to<strong>da</strong>s as áreas.A curiosi<strong>da</strong>de de trazer o mun<strong>do</strong> externo para dentro <strong>da</strong> escola foi representa<strong>da</strong> poroutros <strong>do</strong>is grupos. Um trabalhou <strong>com</strong> imagens, sons, lixo <strong>da</strong> rua e contextualizaram noambiente escolar. A leitura feita pelo grupo <strong>da</strong> situação <strong>da</strong>s ruas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Santa Maria/RSfoi trazi<strong>da</strong> para a III Mostra Interdisciplinar por meio de imagens pinta<strong>da</strong>s, fotografias,materiais recicla<strong>do</strong>s, música e a interação <strong>do</strong> próprio público.A pesquisa apresentou um forte apelo educativo na medi<strong>da</strong> em que buscava interferirno desenvolvimento intelectual, ético e estético, pois a educação envolve os processos de<strong>ensino</strong> e aprendizagem. Pode ser visto <strong>com</strong>o um apelo à situação <strong>da</strong>s ruas <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des, apouca valorização e cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s às calça<strong>da</strong>s, praças, monumentos e ao próprio ser h<strong>uma</strong>noque vive-sobrevive-convive <strong>com</strong> essa situação. A educação e boas maneiras já seriam umpasso inicial que faria um diferencial no caos urbano.Outro grupo trouxe a <strong>reali<strong>da</strong>de</strong> de um asilo de Santa Maria/RS para a escola, isto é,objetos e imagens representan<strong>do</strong> a instituição “asilo”, a sensação de carinho e, ao mesmotempo, de aban<strong>do</strong>no de pessoas que viveram e que hoje precisam de atenção. Esse tema foicontextualiza<strong>do</strong> <strong>com</strong> imagens e objetos que lembram tal situação.


7564Esse diálogo, além <strong>da</strong> criativi<strong>da</strong>de, critici<strong>da</strong>de e planejamento, envolveu mais <strong>do</strong> que oconhecimento meto<strong>do</strong>lógico e artístico, envolveu sensibili<strong>da</strong>de, percepção, aisthesis, isto é, apercepção a partir <strong>do</strong> sensível. Essa percepção é um passo para a mobilização de outraspessoas para tornar esses ambientes mais dignos, respeita<strong>do</strong>s, assim <strong>com</strong>o as pessoas que alise encontram.Para Freire (1998), o ser h<strong>uma</strong>no é o único ser capaz de aprender <strong>com</strong> alegria eesperança, <strong>com</strong> sentimentos e emoções, confian<strong>do</strong> que a mu<strong>da</strong>nça é possível. Aprender é <strong>uma</strong>descoberta cria<strong>do</strong>ra, <strong>com</strong> abertura ao risco e a aventura <strong>do</strong> ser, pois ensinan<strong>do</strong> se aprende eaprenden<strong>do</strong> se ensina.Com os exemplos cita<strong>do</strong>s acima, é possível ter-se <strong>uma</strong> idéia <strong>da</strong> importância <strong>da</strong>interdisciplinari<strong>da</strong>de. Docentes e discentes envolveram-se n<strong>uma</strong> construção dialógica, visan<strong>do</strong>ao <strong>ensino</strong>-aprendizagem <strong>do</strong> grupo. O <strong>ensino</strong> vincula<strong>do</strong> à pesquisa e à extensão é coloca<strong>do</strong> emevidência por meio <strong>da</strong> relação <strong>do</strong> Colégio Politécnico <strong>da</strong> UFSM <strong>com</strong> a <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de onde estáinseri<strong>do</strong>. A ação interdisciplinar materializa<strong>da</strong> pela Mostra Interdisciplinar envolve, <strong>com</strong> umenfoque diferencia<strong>do</strong>, discentes, <strong>do</strong>centes, familiares e <strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de em geral.Assim, é importante ressaltar o trabalho conjunto de <strong>do</strong>centes, discentes, familiares e<strong>com</strong>uni<strong>da</strong>de em geral, num envolvimento cognitivo-afetivo na construção interdisciplinar <strong>do</strong>conhecimento, no fazer ciência.Considerações Finais – Um olhar <strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>sA aplicação de questionário não identifica<strong>do</strong> aos estu<strong>da</strong>ntes teve <strong>com</strong>o objetivo saberqual a opinião <strong>do</strong>s mesmos a respeito de diversos aspectos <strong>da</strong> Mostra, que vão desde aestrutura e organização <strong>do</strong> evento, até <strong>uma</strong> autoavaliação mostran<strong>do</strong> a opinião deles sobreseus projetos e grau de envolvimento <strong>com</strong> o to<strong>do</strong>. Muito <strong>do</strong> que é abor<strong>da</strong><strong>do</strong> nessesquestionários, serve para melhor planejar as edições futuras. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s são coleta<strong>do</strong>s, trata<strong>do</strong>se expressos em gráficos simples, por série e geral, para análise de to<strong>do</strong> o grupo <strong>do</strong>cente emreuniões de grupo.Para exemplificar, o questionário aplica<strong>do</strong> aos estu<strong>da</strong>ntes em 2010, após o evento,incluiu itens de opinião <strong>com</strong>o: local <strong>da</strong> Mostra, horário/perío<strong>do</strong> e seu empenho na realização<strong>do</strong> evento e projeto. Referente à opinião deles sobre o local no espaço <strong>do</strong> Colégio para arealização <strong>da</strong> Mostra Interdisciplinar, percebeu-se opiniões semelhantes nas três turmas,sen<strong>do</strong> que a maioria, 52%, julgava adequa<strong>da</strong> em parte, <strong>com</strong>o mostra a (Figura 1). Esse <strong>da</strong><strong>do</strong>


7565abriu espaço para <strong>uma</strong> investigação <strong>do</strong> porquê de tal opinião <strong>do</strong>s educan<strong>do</strong>s. O diálogoestabeleci<strong>do</strong> sobre o assunto serviu de referência para um planejamento diferencia<strong>do</strong> no anoseguinte, e <strong>uma</strong> discussão mais calma <strong>com</strong> a direção <strong>do</strong> Colégio apontou para a necessi<strong>da</strong>dede ter um espaço próprio para as futuras edições <strong>do</strong> evento, que poderá também servir deespaço para muitos outros eventos <strong>da</strong> escola.Figura 1 – Opinião <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes sobre o local <strong>da</strong> escola onde a Mostra Interdisciplinar 2010.Outro aspecto abor<strong>da</strong><strong>do</strong> no questionário refere-se ao perío<strong>do</strong> que a Mostra ocorre, istoé, <strong>da</strong>ta e hora <strong>do</strong> evento, <strong>com</strong>o evidencia<strong>do</strong> na (Figura 2), <strong>com</strong> os <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> média <strong>da</strong>s trêsséries. Percebeu-se que a maioria <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes, 51%, julgou que seria adequa<strong>da</strong> a realização<strong>do</strong> evento em <strong>do</strong>is turnos durante a semana. No ano de 2010, a Mostra Interdisciplinarocorreu em <strong>do</strong>is turnos em um sába<strong>do</strong>, o que acarretou <strong>uma</strong> visitação menos intensa que emedições anteriores. Os estu<strong>da</strong>ntes argumentaram que to<strong>do</strong> o empenho no desenvolvimento <strong>do</strong>sprojetos e planejamento <strong>da</strong> Mostra, seriam mais conheci<strong>da</strong>s e valoriza<strong>da</strong>s <strong>com</strong> o eventoocorren<strong>do</strong> durante a semana.Figura 2 – Opinião <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes sobre horário e <strong>da</strong>ta de realização <strong>da</strong> Mostra Interdisciplinar 2010.Foi também preocupação <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong>cente, realizar a autoavaliação <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntessobre seus próprios trabalhos. Um <strong>do</strong>s itens referia-se a <strong>com</strong>o eles julgavam o seu empenhona realização de seus projetos e apresentação <strong>do</strong>s mesmos na Mostra, Figura 3. De maneira


7566geral, os estu<strong>da</strong>ntes julgaram-se ter empenho de forma significativa, 46%, e razoável, 45%,(Figura 3a). No caso deste item, percebe-se que a maioria <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> 1ª série, 53%,julgavam ter um empenho razoável, (Figura 3b). Os professores percebem que há de certaforma um receio desses estu<strong>da</strong>ntes mais novos, já que nunca a<strong>com</strong>panharam to<strong>do</strong> o processode desenvolvimento de projetos, e o quanto um projeto bem planeja<strong>do</strong> reflete em <strong>uma</strong> boaapresentação oral – <strong>com</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> assunto, por exemplo – no dia <strong>da</strong> Mostra. No caso <strong>do</strong>sestu<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> 2ª série, percebe-se um maior envolvimento <strong>com</strong> os projetos e a própria Mostra,sen<strong>do</strong> que 56% julgaram ter ti<strong>do</strong> grande empenho, (Figura 3c). Já <strong>com</strong> os estu<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> 3ªsérie, percebe-se novamente que a maioria considerou ter um empenho razoável. Basea<strong>do</strong> emalguns <strong>com</strong>entários <strong>do</strong>s próprios estu<strong>da</strong>ntes, observou-se que isso se deva, em parte, pelaexperiência que julgam ter, perceben<strong>do</strong> eles que um empenho razoável, porém objetivo e bemplaneja<strong>do</strong>, pode resultar em projetos bem desenvolvi<strong>do</strong>s, (Figura 3d).(a)(b)(c)(d)Figura 3 – Opinião <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes sobre seus próprios empenhos na realização de seus projetos e MostraInterdisciplinar. (a) Opinião Geral; (b) Opinião <strong>da</strong> 1ª série; (c) Opinião <strong>da</strong> 2ª série; (d) Opinião <strong>da</strong> 3ª série.Tem-se observa<strong>do</strong> que a ca<strong>da</strong> edição surgem fatos novos e de quali<strong>da</strong>de, seja por parte<strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes <strong>com</strong>o <strong>do</strong>s discentes. A exigência que necessita o desenvolvimento de <strong>uma</strong>pesquisa fez <strong>com</strong> que aparecessem lacunas que pediam <strong>uma</strong> maior atenção no trabalhodesenvolvi<strong>do</strong> nas diferentes disciplinas. Um envolvimento maior <strong>com</strong> a observação, a leitura,a escrita, a análise fez-se necessário e teve resulta<strong>do</strong>s positivos. Os próprios educan<strong>do</strong>s


7567perceberam que seus trabalhos apresentaram um melhor desenvolvimento dentro <strong>do</strong> que elesse empenharam.O objetivo maior, <strong>com</strong>o grupo de pesquisa, de colocar os educan<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>ensino</strong> <strong>médio</strong>em contato <strong>com</strong> a iniciação científica e a partir disso construírem o conhecimento e fazerparte desse processo foi alcança<strong>do</strong> e percebeu-se que a ca<strong>da</strong> ano esse objetivo se torna real ese reflete nas aulas <strong>da</strong>s demais disciplinas.REFERÊNCIASANDREOLA, Balduino. Interdisciplinari<strong>da</strong>de. In: STRECK, Danilo R.; REDIN, Euclides;ZITKOSKI, José (Orgs). Dicionário Paulo Freire. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora,2010.BASTOS, Fábio <strong>da</strong> Purificação de. Pesquisa/Investigação. In: STRECK, Danilo R.; REDIN,Euclides; ZITKOSKI, José (Orgs). Dicionário Paulo Freire. 2. ed. Belo Horizonte: AutênticaEditora, 2010.FAZENDA, Ivani Catarina Arantes (Org.). Práticas Interdisciplinares na Escola. SãoPaulo: Cortez, 1993FRANCISHETT, Mafal<strong>da</strong> Nesi. O entendimento <strong>da</strong> interdisciplinari<strong>da</strong>de no cotidiano.Disponível em: http://www.scribd.<strong>com</strong>/<strong>do</strong>c. Acesso em: 22 mar. 2010.FREIRE, Paulo. Pe<strong>da</strong>gogia <strong>do</strong> oprimi<strong>do</strong>. 41. ed. São Paulo: Vozes, 2005._____________Pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong> autonomia: saberes necessários à prática educativa. SãoPaulo: Paz e Terra, 1998._____________ A educação <strong>com</strong>o prática <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de. 25 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,2001._____________ Pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong> esperança: um reencontro <strong>com</strong> a pe<strong>da</strong>gogia <strong>do</strong> oprimi<strong>do</strong>. 9ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002._____________ Ação cultural para a liber<strong>da</strong>de. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1983.MAIA, Rosane Tolentino. A importância <strong>da</strong> disciplina de meto<strong>do</strong>logia científica nodesenvolvimento de produções acadêmicas de quali<strong>da</strong>de no nível superior. Revista Urutágua– revista acadêmica multidisciplinar (DCS/UEM), nº14 – dez.07/Jan./fev./mar. 2008 –Quadrimestral – Maringá – PR – Brasil – ISSN 1519.6178.MONFARDINI Clementina Terezinha de Jesus. Práticas interdisciplinares na escola.educ@ação - rev. ped. - UNIPINHAL – esp. sto. <strong>do</strong> pinhal – sp, v. 01, n. 03, jan./dez. 2005.


7568THIESEN, Juares <strong>da</strong> Silva. A interdisciplinari<strong>da</strong>de <strong>com</strong>o um movimento articula<strong>do</strong>r noprocesso <strong>ensino</strong>-aprendizagem. Rev. Bras. Educ. [online]. 2008, vol.13, n.39, p. 545-554.ISSN 1413-2478.

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