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AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA CONCEPÇÃO ABERTA: UMA ...

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5224SujeitosA população deste estudo foi composta por duas turmas de 8º série de uma EscolaEstadual do município de Campo Magro – PR no ano de 2009. A amostra constitui-se de 15alunos de ambos os sexos com idade entre 13 a 17 anos, sendo 7 do sexo feminino e 8 do sexomasculino, estudantes de uma turma de 8° série.Coleta de DadosPrimeiramente foi solicitado a autorização da direção da escola, e em seguida dosalunos da turma selecionada. Esta turma foi escolhida intencionalmente, onde uma daspesquisadoras atuava como professora de Educação Física. A proposta foi então apresentadaaos alunos, para o início das atividades.Foi sugerido aos alunos escolher os conteúdos a serem desenvolvidos no 4° bimestrebem como o processo de avaliação. Após conversa em sala de aula ficou decidido que seriamformadas cinco equipes e que cada uma escolheria uma modalidade de cada conteúdoestruturante: Jogos e Brincadeiras, Esporte, Dança, Ginástica e Lutas a serem trabalhados nateoria (pesquisa realizada no laboratório de informática), apresentação e aula prática(apresentando uma proposta de atividade).Em relação aos critérios de avaliação ficou definido assim: 3,0 pontos dos relatóriosdos trabalhos apresentados, considerando a sua experiência com o conteúdo proposto peloscolegas (professora); 2,0 pontos de cada parte do processo (teoria, apresentação e prática) ecada aluno juntamente com a professora, definiam a nota, então o valor era somado e divididopelo número de “avaliadores”; e ainda 1,0 ponto de participação (cooperação, respeito aoscolegas e participação nas aulas).As modalidades escolhidas e desenvolvidas nas aulas foram: queimada (jogo), futsal(esporte), vanerão (dança), ginástica aeróbica (ginástica) e artes marciais mistas ou mma(lutas).Este processo teve duração de dezesseis aulas de 50 minutos cada (1hora/aula) noperíodo de um mês e meio. Cabe ressaltar que em todas as etapas os alunos foram auxiliadospela professora ocorrendo intervenção sempre que preciso, buscando juntamente com os


5225alunos a solução dos problemas surgidos. Em seguida foram realizados os relatórios,avaliações e a aplicação do questionário (instrumento de coleta de dados).InstrumentoPara verificar a percepção dos alunos em relação às aulas de Educação Física naConcepção Aberta, foi elaborado um questionário especialmente para esse estudo, contendooito perguntas afirmativas utilizando a escala tipo Likert, com cinco possíveis respostas:concordo totalmente (CT) concordo (C), indiferente (I), discordo (D) e discordo totalmente(DT), conforme encontramos em (GIL, 1999).Análise dos DadosA análise dos dados ocorreu de forma interpretativa, buscando verificar o grau deconcordância e discordância em relação a percepção do aluno sobre o ensino da EducaçãoFísica baseado na Concepção de Aulas Abertas, sendo considerado por serem equivalentes asalternativas: concordo totalmente e concordo, como grau de concordância e para as outrasalternativas: discordo e discordo totalmente, como grau de discordância.Apresentação e discussão dos resultadosInicialmente buscou-se verificar a relação do aluno com os conteúdos da EducaçãoFísica, e nas questões subsequentes a sua percepção das aulas na Concepção de AulasAbertas, participando da escolha de conteúdos, nas atividades efetuadas nas aulas e noprocesso de avaliação.Tabela 1 – Conteúdos da educação físicaQuestionamentos CT C I D DT1. Os conteúdos como dança, esporte, lutas, ginásticas e jogos devemfazer parte das aulas de Educação Física2. É importante o professor dar autonomia ao aluno na escolha dosconteúdos a serem realizadas nas aulas.27% 73% 0% 0% 0%13% 87% 0% 0% 0%3. Auxiliar na escolha dos conteúdos pode contribuir para a motivaçãodos alunos nas aulas.27% 73% 0% 0% 0%Fonte: Dados organizados pelo(s) autor(es), com base nas respostas dos alunos ao questionário


5226Pode-se observar (tabela 1) que em relação a afirmativa 1., os conteúdos como dança,esporte, lutas, ginástica e jogos devem fazer parte das aulas de Educação Física, prevaleceu aconcordância visto que 27% dos alunos afirmaram que concordam totalmente e 73%concordam. Este resultado é animador, pois podemos perceber que aos poucos, a visãoesportiva das aulas de Educação Física vêm mudando, tanto na percepção do aluno quanto doprofessor.Na afirmativa 2 verifica-se que a concordância prevaleceu pois todos os alunos (13%concordam totalmente e 87% concordam) com a afirmativa, e é importante o professor darautonomia ao aluno na escolha dos conteúdos a serem realizadas nas aulas. A autonomiaprecisa ser um dos objetivos da educação se o que se pretende é formar cidadãos críticos ereflexivos capazes de se desenvolverem.Segundo Hildebrandt e Laging (1986) o ensino baseado em uma Concepção Abertarequer que o aluno participe nas decisões, sendo assim o professor deve permitir ao aluno, queele participe das decisões seja na orientação de objetivos, de conteúdos, na organização ou naforma de transmissão, dessa maneira contribuindo para que o aluno desenvolva a autonomia.Em relação à afirmativa 3, auxiliar na escolha dos conteúdos pode contribuir para amotivação dos alunos nas aulas (tabela1), a concordância prevaleceu visto que todos os alunosconcordam (27% concordo totalmente e 73% concordo) que a escolha dos conteúdos podecontribuir para a motivação dos alunos.Nota-se que o simples fato do professor dar espaço para o aluno participar doprocesso de escolha de conteúdos pode contribuir para a sua motivação nas aulas, fato tãodesejado pelos professores de Educação Física. Um dos fatores que pode explicar é que o“motivo é um fator interno que dá início, dirige e integra o comportamento de uma pessoa [...]é, portanto, um estímulo quer seja interno ou externo, que impele o indivíduo à ação”(SANTOS, 2001, p. 21-22).


5227Tabela 2 – Percepção dos alunos em relação as aulas na Concepção AbertaQuestionamentos CT C I D DT1. É importante o comprometimento tanto do aluno quanto doprofessor na realização das atividades.40% 60% 0% 0% 0%2. Na realização das atividades todos os alunos ficaram motivados. 6% 67% 0% 27% 0%3. Foi notado o respeito entre os alunos durante a prática dasatividades.13% 54% 13% 20% 0%4. As atividades realizadas nas aulas podem ser praticadas no momentode lazer.33% 67% 0% 0% 0%Fonte: Dados organizados pelo(s) autor(es), com base nas respostas dos alunos ao questionárioQuando questionado aos alunos se é importante o comprometimento tanto do alunoquanto do professor na realização das atividades (tabela 2), 40% dos alunos concordaramtotalmente e 60% concordaram, vemos que prevaleceu a concordância. Segundo o DicionárioPriberam (2010) comprometimento é o “ato de comprometer-se, responsabilidade de pessoacomprometida”.Hildebrandt e Laging (1986, p. 11) sobre responsabilidade afirmam “como poderáadquirir consciência de responsabilidade, se não tiver que arcar com responsabilidade? [...]uma Concepção de Ensino Aberto baseia-se na idéia de propiciar aos alunos a oportunidadede decidir junto”.Afinal como ressalta Oliveira (2007, p.23) as aulas na Concepção de Aulas Abertas“estabelece-se dentro de uma ação co-participativa que se amplia conforme o amadurecimentoe responsabilidade assumida pelos integrantes do grupo”.Para que ocorresse o desenvolvimento das aulas, foi imprescindível ocomprometimento dos alunos em pesquisar seu conteúdo, preparar apresentações e asatividades, e da professora dando subsídios aos alunos, seja em auxiliar na pesquisa, napreparação das atividades, na solução de problemas. Sem este comprometimento de ambos,professor e alunos, seria impossível realizar esta “experiência” de aulas abertas.Observando a tabela 2 verifica-se que a afirmativa na realização das atividades(queimada, futsal, vanerão, ginástica aeróbica e artes marciais mistas) todos os alunos ficarammotivados, predominou a concordância com 73% (6% concordam totalmente e 67%concordam) e 27% dos alunos discordam. Esse resultado pode ser explicado por Nista-Picolloe Vechi (apud TITO et al., 2009, p.106) citando que entre os pilares da motivação dos alunosnas aulas de Educação Física estão os conteúdos ensinados e os métodos adotados. Como


5228foram os próprios alunos que escolheram os conteúdos a serem trabalhados no 4° bimestre foium estímulo para aumentar o interesse e a motivação nas aulas.De acordo com a afirmativa 3 (tabela 2), 67% dos alunos concordam que ocorreu orespeito durante a prática das atividades, 13% permaneceram indiferentes e 20% discordam,predominando assim a concordância. O desenvolvimento do respeito se torna importante noâmbito educacional, devido ao fato de alguns dos problemas enfrentados pelo ser humano naatualidade, destacamos a violência e a relação com a falta de respeito à natureza, ao próximo ecom a sua própria vida.Dessa maneira o professor em suas aulas deve priorizar o respeito nas relações deprofessor-aluno, aluno-aluno. Lembrando que para construir o respeito mutuamente oprofessor precisa mostrar não só com palavras, mas também com suas atitudes. Como afirmaOliveira (2007, p. 23) “o engajamento, competência e responsabilidade docente são fatoresfundamentais para a efetivação e ampliação das ações pedagógicas no Ensino Aberto”.Em relação ao questionamento da tabela 2, as atividades realizadas nas aulas podemser praticadas no momento de lazer verificamos que prevaleceu a concordância com 33% dosalunos afirmando concordar totalmente e 67% concordam.Os conteúdos das aulas de Educação Física precisam fazer um elo com o mundo denossos alunos e contribuir para que os conhecimentos adquiridos sejam levados para sua vida,senão não tem o porquê deste conteúdo fazer parte da aula.Tabela 3 – A questão da avaliaçãoQuestionamentos CT C I D DT1. O método de avaliação utilizado é a melhor forma de avaliar osalunos.33% 60% 0% 7% 0%Fonte: Dados organizados pelo(s) autor(es), com base nas respostas dos alunos ao questionárioNa afirmativa da tabela 3 buscou-se verificar a percepção do aluno ao método deavaliação utilizado. Notamos que predominou a concordância com 93% dos alunos afirmandoque esse método de avaliação é a melhor forma de avaliar e 7% discordaram.A avaliação “[...] deve envolver os alunos como participantes ativos, [...] oestabelecimento de alguns critérios e o acompanhamento conjunto das decisões coletivamentetomadas, podem ampliar a possibilidade de aproximação entre alunos e professores”(CAMACHO; CHAVES, 2008, p. 353).


5229Nesse estudo procurou-se fazer com que o aluno fosse sujeito ativo de suaaprendizagem, assumindo responsabilidades, realizando decisões, e como pode-se notar osalunos aprovaram esse método de avaliação, onde eles participaram ativamente, avaliandoseus colegas e a si mesmos, o professor deve utilizar a avaliação como subsídio para verificara aprendizagem e o desenvolvimento do aluno em todos os aspectos motor, social, moral,afetivo e intelectual e não como uma forma de coerção e punição.Considerações finaisO conhecimento sobre as abordagens pedagógicas (progressistas) auxilia o professorna sua prática pedagógica, como foi dito anteriormente, pois cada uma tem suaspeculiaridades, mas, todas concordam que a Educação Física na escola precisa mudar,substituindo o tecnicismo por uma prática fundamentada na formação integral. Destarte,compete ao professor escolher qual delas corresponde à sua realidade escolar.Neste estudo escolhemos a abordagem da Concepção de Aulas Abertas por acreditarque uma prática baseada nessa concepção poderia surtir efeitos positivos na nossa realidadeescolar e por entender que essa abordagem permite que o aluno seja coautor do processoensino aprendizagem, não mero coadjuvante, e ainda contribui para o desenvolvimento daautonomia e da coeducação.Os resultados obtidos evidenciaram que os alunos estão mudando sua visão em relaçãoaos conteúdos a serem desenvolvidos nas aulas de Educação Física, e são favoráveis a aulasde Educação Física na Concepção de Aulas Abertas visto que o grau concordânciapredominou em todos os questionamentos desde a escolha dos conteúdos, prática dasatividades e critérios de avaliação. Para a população estudada podemos afirmar que estaexperiência foi significativa, mas não podemos afirmar que em outras realidades terá osmesmos resultados. Então pense, reflita e experimente.REFERÊNCIASBRACHT, V. A constituição das teorias pedagógicas da Educação Física. Caderno Cedes, v.9, n. 48, p. 69-88, 1999.BZUNECK, J. A. A motivação do aluno: aspectos introdutórios. In: BORUCHOVITCH, E.BZUNECK, A (Org.). A motivação do aluno: contribuições contemporâneas. Rio deJaneiro: Vozes, 2001, p. 9-36.


5230CAMACHO, A. L. N.; CHAVES, W. M. O professor de educação física e o processo deavaliação escolar. Coleção Pesquisa em Educação Física, v. 7, n. 1, p. 347-354, 2008.CRESWELL, J. W. Projeto de Pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Trad.Magda Lopes. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.COSTA, E. R. BORUCHOVITCH, E. “A Auto-eficácia e a Motivação para Aprender:Considerações para o desempenho Escolar dos Alunos”. In: AZZI, G. R.; POLIDORI, S. A. J.(Org.). Auto Eficácia em Diferentes Contextos. Editora Alínea: Campinas, 2006.DARIDO, S. C. Educação Física na escola: questões e reflexões. Araras: Topázio, 1999.DICIONÁRIO PRIBERAM DA LÍNGUA PORTUGUESA. Disponível em:. Acesso em: 3 de abr. 2010.FREIRE, J. B.; SCAGLIA, A. J. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione,2003.FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:Paz e Terra, 2004.GID, P.; DAL-CÓL, A. D. L.; ALMEIDA, C. M. Futsal na escola: para além das linhas daquadra. In: IX Congresso Nacional de Educação da PUCPR - Educere e no III Encontro SulBrasileiro de Psicopedagogia - ESBPp, 2009, Curitiba-PR. Anais... Curitiba: Champagnat,2009, p. 3123-3136.GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A, 1999.GOUVEIA, F. C. Motivação e Prática da Educação Física. Campinas: Papirus, 2007.GRUPO <strong>DE</strong> TRABALHO PEDAGÓGICO UFPE/UFSM. Visão didática da EducaçãoFísica: análises críticas e exemplos práticos de aulas. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico,1991.HIL<strong>DE</strong>BRANDT, R.; LAGING, R. Concepções abertas ao ensino da educação física. Riode Janeiro: Livro Técnico, 1986.HIL<strong>DE</strong>BRANDT-STRAMANN, R. Textos pedagógicos sobre o ensino da EducaçãoFísica. 3. ed. Ijuí: Unijuí, 2005.HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de janeiro: Objetiva, 2001.KAMII, C. A criança e o número: implicações educacionais da teoria Piaget para a atuaçãojunto a escolares de 4 a 6 anos. 17 ed. São Paulo: Papirus, 1993.


5231LIRA NETO, J. F. Relações entre a proposta das concepções abertas no ensino da educaçãofísica e o método Paulo Freire. Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP,Campinas, v. 6, n. 2, p. 62-81, 2008.OLIVEIRA, A. A. B. Metodologias emergentes no ensino da Educação Física. Revista daEducação Física / UEM, Maringá, Brasil, v. 1, n. 8, p. 21-27, 1997.SANTOS, R. E. Psicologia aplicada à Educação Física. São Paulo: Ieditora, 2001.TITO, C. C. N. et. al. Fatores que influenciam na motivação dos professores de educaçãofísica que atuam nas instituições estaduais de ensino do bairro campo grande na cidade de Riode Janeiro-RJ. Coleção Pesquisa em Educação Física, v. 8, n. 2, p. 105-112, 2009.WITTER, G. P.; LOMÔ<strong>NA</strong>CO, J. F. B. Psicologia da aprendizagem. São Paulo: CâmaraBrasileira do Livro, 1984.

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