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a formação pedagógica de professores para atuar em ambiente ...

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A FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE PROFESSORES PARA ATUAR EMAMBIENTE HOSPITALAR E O USO DAS MESAS EDUCACIONAISResumoCANALLI, Micaella Paola - PUCPRmicaellacanalli@hotmail.comEixo T<strong>em</strong>ático: Pedagogia HospitalarAgência Financiadora: não contou com financiamentoA pesquisa <strong>de</strong>senvolvida teve como foco investigar a <strong>formação</strong> <strong>de</strong> docentes <strong>para</strong> trabalharcom educandos enfermos e impossibilitados <strong>de</strong> frequentar suas instituições <strong>de</strong> ensinoregularmente, tendo assim o atendimento <strong>de</strong>ntro do Contexto hospitalar. Juntamente com oestudo da <strong>formação</strong> <strong>de</strong>sses profissionais, veio o estudo da atuação do pedagogo no <strong>ambiente</strong>hospitalar, sendo realizada a pesquisa <strong>de</strong> campo <strong>em</strong> quatro locais diferentes da capitalParanaense, e a utilização das Mesas Educacionais da Positivo Informática, como umatecnologia inovadora <strong>de</strong>ntro da educação, pelos <strong>professores</strong>. Durante a pesquisa foram<strong>de</strong>senvolvidas ativida<strong>de</strong>s como: realização <strong>de</strong> estudos a respeito da pedagogia hospitalar,estudo <strong>de</strong> leis já existentes a respeito da escolarização <strong>de</strong>ntro do <strong>ambiente</strong> hospitalar e a<strong>formação</strong> profissionais <strong>para</strong> trabalhar<strong>em</strong> nesta área, capacitação das Mesas Educacionais daPositivo Informática, estudos a respeito das novas tecnologias <strong>de</strong>senvolvidas <strong>para</strong> utilizar naeducação e vivência <strong>em</strong> quatro <strong>ambiente</strong>s hospitalares diferentes na capital Paranaense.Depois <strong>de</strong> realizadas as pesquisas a respeito da escolarização hospitalar e a <strong>formação</strong><strong>pedagógica</strong> <strong>de</strong> profissionais <strong>para</strong> <strong>atuar</strong> nesta área, da maneira correta <strong>para</strong> <strong>atuar</strong> com as MesasEducacionais da Positivo Informática, e tendo o <strong>em</strong>basamento teórico <strong>para</strong> realizarativida<strong>de</strong>s com os escolares hospitalizados e avaliar as Mesas Educacionais, foi possívelobservar e vivenciar momentos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>formação</strong> <strong>pedagógica</strong> dos profissionais <strong>para</strong> <strong>atuar</strong><strong>em</strong>com escolares hospitalizados até a atuação do pedagogo <strong>em</strong> <strong>ambiente</strong> hospitalar <strong>em</strong> seucotidiano. Através da capacitação das Mesas Educacionais foi possível conhecer esta novaforma <strong>de</strong> tecnologia educacional, a qual t<strong>em</strong> muito a acrescentar e auxiliar o trabalho doprofessor, seja <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula ou nos hospitais, houve a possibilida<strong>de</strong> também <strong>de</strong> ter umolhar crítico e pedagógico no momento <strong>de</strong> avaliar a maneira que os <strong>professores</strong> do hospitalutilizavam os softwares educativos que faziam parte da Mesa, sabendo as reais funções efinalida<strong>de</strong>s do uso da mesma.Palavras-chave: Pesquisa. Formação Pedagógica. Contexto Hospitalar. Tecnologias.


14553IntroduçãoTendo como base legal, as leis e resoluções <strong>de</strong>senvolvidas a favor da atuação dopedagogo <strong>de</strong>ntro do hospital, é perceptível o progresso da educação <strong>de</strong>ntro dos hospitais e<strong>de</strong>ntro dos cursos <strong>de</strong> Pedagogia e cursos <strong>de</strong> pós-graduação <strong>em</strong> educação.Partindo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ponto, se faz necessário a <strong>formação</strong> <strong>de</strong> profissionais <strong>para</strong> <strong>atuar</strong> nestaárea, pela <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> escolares hospitalizados, como também, ao cumprimento da leiCNE/2001, que releva a importância das instituições hospitalares dar<strong>em</strong> abertura <strong>para</strong> que oescolar hospitalizado tenha acesso à educação s<strong>em</strong> per<strong>de</strong>r o ano letivo. Visto que já se fazuma prática <strong>pedagógica</strong> <strong>em</strong> contextos hospitalares, vê-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma <strong>formação</strong> <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> <strong>para</strong> os profissionais que atuam nesta área, tendo como objetivo final aapresentação <strong>de</strong> um ensino <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>para</strong> a criança/adolescente hospitalizado.Sendo saú<strong>de</strong> e educação duas das necessida<strong>de</strong>s básicas da criança, e fundamentais <strong>para</strong>o <strong>de</strong>senvolvimento humano, surg<strong>em</strong> à pedagogia <strong>de</strong>ntro dos hospitais, visando trabalhar aparte cognitiva do educando e ao mesmo t<strong>em</strong>po cuidando <strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong>. O trabalho doprofessor no hospital <strong>de</strong>ve ser visto como sendo parte <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> profissionais queatuam <strong>em</strong> favor <strong>de</strong> um único objativo: o b<strong>em</strong> estar <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> está inserido no contextohospitalar. Para que este conjunto multiprofissional possa ser eficaz, é necessário saber ereconhecer até on<strong>de</strong> irá o trabalho a ser realizado, <strong>para</strong> não invadir o espaço <strong>de</strong> trabalho dooutro.Pedagogia Hospitalar: Um breve histórico.A primeira classe hospitalar teve orig<strong>em</strong> <strong>em</strong> Paris, França, com Henri Sellier, no ano<strong>de</strong> 1935. Seguindo o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Paris, outros países da Europa, como a Al<strong>em</strong>anha,começaram a escolarização hospitalar com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suprir duas das diversasnecessida<strong>de</strong>s básicas da criança: a educação e a saú<strong>de</strong>. A segunda Guerra Mundial foi tambémum fator muito importante que contribuiu <strong>para</strong> a criação <strong>de</strong> diversas classes hospitalares, poisno período pós-guerra havia muitas crianças e adolescentes machucados, tendo assim umaqueda na freqüência dos alunos que freqüentavam a escola. De acordo com Esteves (p. 01,2010):


14554Em 1939 é Criado o C.N.E.F.E.I. – Centro Nacional <strong>de</strong> Estudos e <strong>de</strong> Formação <strong>para</strong>a Infância Inadaptadas <strong>de</strong> Suresnes, tendo como objetivo <strong>formação</strong> <strong>de</strong> <strong>professores</strong><strong>para</strong> o trabalho <strong>em</strong> institutos especiais e <strong>em</strong> hospitais; Também <strong>em</strong> 1939 é criado oCargo <strong>de</strong> Professor Hospitalar junto ao Ministério da Educação na França. OC.N.E.F.E.I. t<strong>em</strong> como missão até hoje mostrar que a escola não é um espaçofechado. O centro promove estágios <strong>em</strong> regime <strong>de</strong> internato dirigido a <strong>professores</strong> ediretores <strong>de</strong> escolas; os médicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> escolar e a assistentes sociais. A Formação<strong>de</strong> Professores <strong>para</strong> atendimento escolar hospitalar no CNEFEI t<strong>em</strong> duração <strong>de</strong> doisanos. Des<strong>de</strong> 1939, o C.N.E.F.E.I. já formou 1.000 <strong>professores</strong> <strong>para</strong> as classeshospitalares, cerca <strong>de</strong> 30 <strong>professores</strong> a cada turma.A criação do C.N.E.F.E.I. teve uma importância consi<strong>de</strong>ravelmente gran<strong>de</strong> <strong>para</strong> a áreada pedagogia hospitalar, b<strong>em</strong> como não somente <strong>para</strong> a França, mas a sua importância foi anível mundial. Além <strong>de</strong> dar continuida<strong>de</strong> aos estudos do educando, a pedagogia hospitalarvisa também o b<strong>em</strong> estar do aluno, fazendo com que ele mantenha um convívio social e ocontato com a educação que vinha tendo até o estado <strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste. O profissionalque atua na área da educação hospitalar necessita primeiramente da <strong>formação</strong> no campo domagistério, visto que irá realizar com seus alunos ativida<strong>de</strong>s com fins educacionais. Tendotambém um conhecimento específico, a fim <strong>de</strong> elaborar ativida<strong>de</strong>s condizentes com o nível <strong>de</strong>dificulda<strong>de</strong> do escolar hospitalizado. De acordo com CASTRO (p.37, 2009):A troca e contrução <strong>de</strong> saberes, a atuação transdisciplinar e a i<strong>de</strong>ntificação dasnecessida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>sejo e interesses dos sujeitos: estes aspectos ocorr<strong>em</strong>constant<strong>em</strong>ente, haja vista que a intervenção do profissional <strong>de</strong> educação a<strong>de</strong>ntra aum <strong>ambiente</strong> antes totalmente ocupado pela dor, tristeza e medos, trazendo umanova perspectiva <strong>de</strong> futuro, atuando tanto na ambiência quando traz a sala <strong>de</strong> aula<strong>para</strong> a enfermaria, quanto na saú<strong>de</strong> integral do indivíduo, tratando-o pelo nome edirigindo-lhe a atenção <strong>para</strong> outro foco que não o da doença.Com a socieda<strong>de</strong> cada vez mais tecnologicamente <strong>de</strong>senvolvida, é visto umaoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inovação <strong>de</strong>ntro das classes hospitalares, através do uso <strong>de</strong> computadores,Mesas Educacionais entre outros equipamentos especialmente <strong>de</strong>senvolvidos <strong>para</strong> fazer comque o educando não se sinta alienado com as atualizações do mundo que existe fora dohospital, tendo também uma educação voltada <strong>para</strong> a cultura virtual.O processo <strong>de</strong> <strong>formação</strong> acadêmica na carreira do pedagogo hospitalarA pesquisa realizada, <strong>de</strong>ntro do contexto hospitalar, cont<strong>em</strong>pla a visão <strong>pedagógica</strong> <strong>em</strong>uma área <strong>de</strong> suma importância na vida <strong>de</strong> uma criança ou adolescente <strong>em</strong> estado <strong>de</strong>


14555hospitalização, não apenas pelo cumprimento da lei, mas também <strong>para</strong> o b<strong>em</strong> estarpsicológico e social <strong>de</strong>ste indivíduo. Através dos resultados obtidos, foi possível observar quehá uma gran<strong>de</strong> diferença no processo <strong>de</strong> pre<strong>para</strong>ção do professor que atua <strong>em</strong> uma instituição<strong>de</strong> ensino formal e um professor que atua <strong>em</strong> <strong>ambiente</strong> hospitalar, e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta diferença, épossível avaliar os aspectos e postos relevantes do preparo <strong>de</strong>ste profissional da educação queatua <strong>em</strong> um contexto diferenciado daquele a que estava habituado.O processo <strong>de</strong> <strong>formação</strong> do pedagogo inicia na escolha <strong>de</strong> algum curso <strong>de</strong> licenciaturana graduação, seguido do interesse pela área da saú<strong>de</strong>. O professor que anseia pela atuação <strong>em</strong>contexto hospitalar <strong>de</strong>ve ter ciência <strong>de</strong> que não estará apenas trabalhando com a educação,mas também com a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> modo geral. O fator saú<strong>de</strong> <strong>para</strong> o professor, exige que ele saiba arespeito, não <strong>de</strong> todas mas, da maioria das patologias <strong>em</strong> relação aos sintomas, tratamento,causas e possíveis sequelas. O trabalho dos pedagogos que atuam <strong>em</strong> <strong>ambiente</strong> hospitalar,assim como todos os outros <strong>ambiente</strong>s, possui aspectos positivos e negativos. Neste tipo <strong>de</strong>contexto, se o pedagogo não souber lidar com certos fatores, como a perda, por ex<strong>em</strong>plo,acaba sendo um trabalho mais difícil e que exigirá um esforço maior <strong>de</strong>ste. Por outro lado, seo professor sabe lidar com certas adversida<strong>de</strong>s, obterá sucesso com os assuntos que trabalharácom o escolar hospitalizado.O Professor <strong>de</strong>ve estar pre<strong>para</strong>do psicologicamente <strong>para</strong> as situações que encontraráno meio hospitalar. Os educandos que se encontram no hospital, não são todos limpinhos,cheirosinhos como os que o professor <strong>de</strong> uma escola regular, encontrará <strong>em</strong> sala. Muitasvezes os educandos estão com m<strong>em</strong>bros engessados, enfaixados, com catéteres, e <strong>de</strong>maisaparelhagens que possam atrapalhar ou incomodar na hora <strong>de</strong> realizar alguma ativida<strong>de</strong>, sejaela lúdica ou <strong>pedagógica</strong>. O Pedagogo que se <strong>de</strong>dica ao ensino daqueles que necessitam <strong>de</strong>um atendimento especial <strong>em</strong> contexto hospitalar <strong>de</strong>ve ter amor pelo ensino e estruturapsicológica a ponto <strong>de</strong> suportar perdas e ter flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudanças diárias.É <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a importancia que o professor se atualize <strong>em</strong> relação ao ensino <strong>em</strong>contexto hospitalar, às novas leis, novas tecnologias e novas patologias que surg<strong>em</strong> ao longodos anos. O professor <strong>de</strong>ve refletir a relevância do assunto a ser tratado com o escolarhospitalizado e o envolvimento <strong>de</strong>ste com o que lhe é apresentado, visto as suas condiçõesfísicas e psicológicas. São necessárias metodologias novas <strong>de</strong> ensino, metodologias que nãosejam as tradicionais, porém que saiam do conforto e promovam o <strong>de</strong>safio e a motivação <strong>de</strong>algo novo.


14556O pedagogo <strong>de</strong>ve pesquisar e estudar constant<strong>em</strong>ente sobre os conteúdos e asestratégias <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong> a ser<strong>em</strong> utilizado com os escolares hospitalizados. Deve havertambém a humanização <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste <strong>ambiente</strong>, um atendimento integral do sujeito através doscuidados da escuta <strong>pedagógica</strong>, saú<strong>de</strong> mental e saú<strong>de</strong> física. O trabalho do pedagogo nohospital, não somente é <strong>para</strong> apresentar e trabalhar os conteúdos que o escolar hospitalizadoestaria vendo se estivesse <strong>em</strong> uma escola formal, mas também t<strong>em</strong> a missão <strong>de</strong> passarconfiança <strong>para</strong> o indivíduo que chega ao <strong>ambiente</strong> hospitalar com medos, receios e <strong>de</strong>sânimo.Apren<strong>de</strong>ndo por meio da prática.A pesquisa <strong>de</strong> campo, realizada <strong>em</strong> quatro locais diferentes, não apenas possibilitouque fosse confirmado o que estava sendo estudado na pesquisa teórica, como também,permitiu a aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma nova atuação <strong>pedagógica</strong> <strong>em</strong> um novo contexto.É <strong>de</strong> suma importância que haja um estudo prévio a respeito do que é a educação <strong>em</strong>contexto hospitalar e a atuação <strong>de</strong> profissionais da educação neste meio antes <strong>de</strong> realizarqualquer ativida<strong>de</strong> na pesquisa <strong>de</strong> campo, seja esta ativida<strong>de</strong> a observação, análise <strong>de</strong> dados,questionário, entrevista, ou até mesmo ativida<strong>de</strong>s <strong>pedagógica</strong>s com os educandoshospitalizados,[...] constitui-se num espaço alternativo que vai além da escola e do hospital, hajavista que se propõe um trabalho não somente <strong>de</strong> oferecer continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> instrução.Ele vai além, quando realiza a integração do escolar doente, prestando ajuda, não sóna escolarida<strong>de</strong> e na doença, mas <strong>em</strong> todos os aspectos <strong>de</strong>correntes do afastamentonecessário do seu cotidiano e do processo, por vezes, traumáticos <strong>de</strong> internação(MATOS & MUGIATTI, 2001, P.40).Além <strong>de</strong> estudos realizados <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta pesquisa, cursando <strong>em</strong> <strong>para</strong>lelo o curso <strong>de</strong>Pedagogia, é possível ter um suporte <strong>para</strong> elaborar ativida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> aplicar com pedagogos <strong>em</strong><strong>formação</strong>, pedagogos que já atuam <strong>em</strong> contexto hospitalares e escolares hospitalizados.Em 50% dos locais visitados, o acesso <strong>para</strong> realizar ativida<strong>de</strong>s com ascrianças/adolescentes era restrito, on<strong>de</strong> apenas era permitido realizar entrevistas e aplicarquestionários com a professora, s<strong>em</strong> ter muito contato direto com os educandos. Por outrolado, nos <strong>de</strong>mais locais visitados, houve uma gran<strong>de</strong> abertura <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a realização <strong>de</strong> perguntas


14557e entrevista sobre a trajetória acadêmica da professora, até a realização e diálogo feito com oseducandos. A realida<strong>de</strong> das crianças que frequentam a classe hospitalares, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre secom<strong>para</strong> com o tratamento que as mesmas receb<strong>em</strong> no hospital. Em um dos locais <strong>de</strong> pesquisa<strong>de</strong> campo, uma criança chorava ao saber que iria <strong>em</strong>bora do hospital (receberia alta), poisgostava das ativida<strong>de</strong>s <strong>pedagógica</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas pela professora e da atenção, cuidado etodo o tratamento afetivo que recebia naquele <strong>ambiente</strong>, e o que realmente fez com que estacriança gostasse da classe hospitalar, foi o fato <strong>de</strong> nunca ter frequentado a escola, e nummomento <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> ela começou a apren<strong>de</strong>r coisas nunca antes vistas e receber respostasàs suas perguntas.Em outro <strong>ambiente</strong> hospitalar, houve outro acontecimento, um aluno estava dormindo,enquanto a professora aplicava a prova a outro aluno. Certa hora, o aluno que estavadormindo acordou, e não vendo a sua mãe na ca<strong>de</strong>ira ao lado da cama (e não percebendo queela estava do outro lado da cama) ficou nervoso e começou a chorar. Ao ver sua mãe, disseque estava com fome, logo, a mãe pergunta se ele gostaria da vitamina, ou da sopa oferecidano hospital, mas o aluno nega. Ela pergunta se o aluno t<strong>em</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir ao banheiro, se quercolocar a calça ou se quer passear pelo corredos da pediatria, novamente ele nega e estandonum estado extr<strong>em</strong>amente nervoso, começa a urinar na cama. A mãe entra <strong>em</strong> <strong>de</strong>sespero, ecomeça a dizer que não compreen<strong>de</strong> o que o filho quer, e neste momento, a pedagoga vira-se<strong>para</strong> a criança e pergunta: “Você quer ir comigo lá pra cima pra brincar um pouco?” Logo, eleparou <strong>de</strong> chorar e respon<strong>de</strong>u que gostaria <strong>de</strong> subir até a brinquedoteca <strong>para</strong> brincar.Levando estes fatos <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração, é perceptível que a pedagogia hospitalar t<strong>em</strong>acrescentado e auxiliado a muitas crianças e adolescentes <strong>em</strong> período <strong>de</strong> hospitalização. Aatenção que estas receb<strong>em</strong> pela professora permite que os educandos sintam-se maisconfortados e conformados com sua situação atual e com o <strong>ambiente</strong> hospitalar, que pormuitas vezes é assustados <strong>para</strong> muitas crianças e adolescentes. A convivência da professoracom os educandos nos hospitais, faz com que os mesmos sintam uma confiança maior,sabendo que <strong>de</strong>ntro daquele <strong>ambiente</strong> frio e monótono e repleto <strong>de</strong> pessoas doentes, há umapessoa com qu<strong>em</strong> elas po<strong>de</strong>m contar suas maiores <strong>de</strong>scobertas, suas dores, suas alegrias, seus<strong>de</strong>sejos e suas dúvidas.Diferentes modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atendimentos pedagógicos no hospital


14558Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba, nos diferentes hospitais utilizados como campo <strong>de</strong> pesquisa, foipossível observar as quatro modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho pedagógico com os educandos que ali seencontram. O que faz o trabalho ser diferenciado, são as condições do estabelecimentohospitalar e da patologia da criança/adolescente que encontra neste <strong>ambiente</strong>: po<strong>de</strong>ndo selocomover até a classe hospitalar, na área <strong>de</strong> isolamento ou impossibilitado <strong>de</strong> locomover-se eficando no leito. Segundo CASTRO (p.40, 2009), as quatro modalida<strong>de</strong>s são <strong>de</strong>scritas, tendocomo base um dos maiores hospitais universitários da capital Paranaense, são elas:a) Multisseriada – aplicada na cirurgia pediátrica, on<strong>de</strong> o professor utiliza umespaço na própria unida<strong>de</strong> como sala <strong>de</strong> aula, os alunos são organizados <strong>em</strong>grupos por série; as aulas são simultâneas da Educação Infantil ao EnsinoFundamental.b) Individual ou leito – aplicada na clínica pediátrica e serviço <strong>em</strong>ergência clínica.Nestes <strong>ambiente</strong>s a estrutura física não comporta espaço <strong>para</strong> a sala <strong>de</strong> aula. Osatendimentos são realizados na própria enfermaria, utilizando-se <strong>de</strong> pranchetasadaptadas <strong>para</strong> o trabalho no leito.c) Isolamento – este atendimento é realizado na infecto pediatria (meningite, HIV,tuberculose...) e no transplante <strong>de</strong> medula óssea. Nestes <strong>ambiente</strong>s é necessáriaa <strong>para</strong>mentação do professor (máscaras, luvas e avental) e há <strong>de</strong>sinfecção a cadatroca <strong>de</strong> quarto. É permitida a entrada somente <strong>de</strong> materiais escolares virgens,que após alta do aluno, <strong>de</strong>verão ser levados por ele ou <strong>de</strong>scartados. Os materiais<strong>de</strong> apoio só po<strong>de</strong>rão ser utilizados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a matéria-prima permita a<strong>de</strong>sinfecção por álcool 70%. Na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transplante <strong>de</strong> medula óssea, além<strong>de</strong>stes cuidados, os livros didáticos e <strong>de</strong> leitura têm suas páginas plastificadas eapós cada utilização <strong>de</strong>verão passar pelo processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfecção <strong>para</strong> ser<strong>em</strong>reutilizados.d) Classe Hospitalar – Ambulatório <strong>de</strong> H<strong>em</strong>ato/Onco Pediatria e Ambulatório <strong>de</strong>Transplante <strong>de</strong> Medula Óssea. Ambos localizados <strong>em</strong> imóveis externos aoprédio central do Hospital. Nestes são atendidas as crianças que se encontramimpossibilitadas <strong>de</strong> frequentares a escola <strong>de</strong>vido à queda da imunida<strong>de</strong>, causadapelo pós-transplante ou longo tratamento quimioterápico. As aulas são diárias, aturma é relativamente fixa, o que torna o <strong>ambiente</strong> idêntico à sala <strong>de</strong> aula. Sãoadotadas rotinas <strong>de</strong> horário <strong>de</strong> chegada, saída e hora do recreio, as salaspossu<strong>em</strong> quadros negros e as ativida<strong>de</strong>s são expostas <strong>em</strong> murais. (...)A utilização das Mesas Educacionais como recurso alternativo no processo <strong>de</strong>aprendizag<strong>em</strong>.


14559As Mesas Educacionais analisadas <strong>em</strong> alguns campos <strong>de</strong> pesquisa foram vistas comorecurso tecnológico alternativo no processo <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong>ntro do contextohospitalar. A Mesa Educacional é uma tecnologia <strong>de</strong>senvolvida pela Positivo Informática,on<strong>de</strong> esta é composta <strong>de</strong> um computador completo, imbutido <strong>em</strong> uma estrutura <strong>de</strong> mesa eca<strong>de</strong>iras, na qual é acrescido <strong>de</strong> um leitor óptico com blocos interativos que, quandoencaixados no leitor, são mostrados na tela do computador mostrando o que a criançaescreveu, se a palavra está com as letras na or<strong>de</strong>m correta, e assim, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do jogo queestá sendo utilizado no software que v<strong>em</strong> com a Mesa Educacional.Depois <strong>de</strong> realizadas capacitações juntamente com as professoras da re<strong>de</strong> municipal eestadual na Positivo Informática, foi perceptível a melhora nas tarefas aplicadas nos hospitais,e uma utilização das Mesa com maior frequência e maior conhecimento do software <strong>para</strong>trabalhar assuntos diversos como alfabetização, cores, formas e números com os alunos. Além<strong>de</strong> possibilitar uma diversificação nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas com os alunos, possibilita queo aluno tenha um contato maior com as novas tecnologias <strong>de</strong> in<strong>formação</strong> e comunicação. Emmuitos casos, os alunos que receb<strong>em</strong> a escolarização hospitalar, não possu<strong>em</strong> conhecimentosobre algumas tecnologias, como o computador, pois não exist<strong>em</strong> essas tecnologias <strong>em</strong> suasescolas <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>.Apartir da investigação do uso da Mesa Educacional <strong>em</strong> um dos locais pesquisados,foi perceptível uma melhora <strong>de</strong> comportamento <strong>em</strong> alguns educandos. A Mesa Educacionalpermite com que os alunos estejam interagindo entre si constant<strong>em</strong>ente, trabalhando a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>cooperação quando é sugerido um trabalho <strong>em</strong> grupo e auxílio na superação <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>sdos colegas quando eles sab<strong>em</strong> resolver o probl<strong>em</strong>a apresentado.Consi<strong>de</strong>rações finaisDepois <strong>de</strong> diversas pesquisas, s<strong>em</strong>inários e capacitações <strong>de</strong> diversas tecnologiasutilizadas na educação po<strong>de</strong>m-se perceber que a pedagogia <strong>de</strong>ntro do <strong>ambiente</strong> hospitalar já éum avanço e um gran<strong>de</strong> passo <strong>para</strong> a humanização <strong>de</strong>ste processo on<strong>de</strong> envolve a vida social,a saú<strong>de</strong> mental e física <strong>de</strong> um indivíduo. O papel do professor como um profissional quecompreen<strong>de</strong> a infância <strong>em</strong> todos os sentidos <strong>em</strong>ocionais, cognitivos e motores é fundamental<strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento integral do ser humano. Dentro <strong>de</strong> um hospital, um aluno queencontra-se enfrentando uma enfermida<strong>de</strong>, com medo do <strong>de</strong>sconhecido, da cirurgia, dasaparelhagens, agulhas, faixas, r<strong>em</strong>édios, do resultado <strong>de</strong> um exame, e uma linguag<strong>em</strong> técnica


14560e rebuscada, utilizada pelos profissionais da saú<strong>de</strong>, o professor continua tomando aquele lugarprivilegiado, on<strong>de</strong> muitas vezes é o único a convencer <strong>de</strong> que tudo ocorrerá b<strong>em</strong>, eprovavelmente único que po<strong>de</strong> acalmar a criança ou adolescente com um único sorrisosincero, uma história, ou até mesmo uma brinca<strong>de</strong>ira ou jogo.A capacitação das Mesas Educacionais foi importante <strong>para</strong> ampliar o conhecimentotecnológico na área da educação, e <strong>para</strong> po<strong>de</strong>r obter um olhar mais crítico e inovador arespeito do uso <strong>de</strong> tecnologias pelos <strong>professores</strong> <strong>em</strong> contexto hospitalar. As MesasEducacionais não apenas contribuíram <strong>para</strong> o aprendizado das professoras, ao ampliar<strong>em</strong> seusconhecimentos na área da informática, como também fizeram com que os alunos conhecec<strong>em</strong>e apren<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> um pouco mais. Através das mesas educacionais, os escolares hospitalizadosque t<strong>em</strong> algum tipo <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>para</strong> frequentar uma classe hospitalar, ou que tenha algumtipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência visual ou auditiva po<strong>de</strong>m ter também um ensino <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, pois a mesapossui modos alternativos <strong>para</strong> estes tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. Também é uma ferramenta <strong>de</strong>ensino que encanta os escolares, pois é algo diferente, nunca visto antes, e que promove acuriosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber como funciona e o que po<strong>de</strong> ser feito com esta mesa.Vale l<strong>em</strong>brar que a <strong>formação</strong> <strong>de</strong>ste professor que atua <strong>em</strong> contexto hospitalar não éfeita apenas com o curso <strong>de</strong> graduação <strong>em</strong> pedagogia, mas que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma pre<strong>para</strong>çãoespecial, e a convicção <strong>de</strong> que está fazendo algo que admira e gosta. A participação <strong>em</strong> cursos<strong>de</strong> especialização, <strong>em</strong> s<strong>em</strong>inários, capacitações neste contexto forma pedagogos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>,prontos <strong>para</strong> <strong>atuar</strong><strong>em</strong> no <strong>ambiente</strong> hospitalar, certo <strong>de</strong> que estarão capacitados não apenas<strong>para</strong> ensinar<strong>em</strong> os conteúdos previstos nos planos <strong>de</strong> aula, mas formar cidadões do mundo,prontos a enfrentar as dificulda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> qualquer situação.REFERÊNCIASASSMANN, Hugo. Reencantar a educação: rumo à socieda<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>nte. Petrópolis, RJ:Vozes, 2007.BRASIL. Ministério da Educação. Disponível <strong>em</strong>: - acesso <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2011.CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001.FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. SãoPaulo: Paz e Terra, 1996.


14561HEALY, Alfred; MCAREAVEY, Paul; HIPPEL, Caren Saaz von; JONES, Sherry Harris.Children with Health Impairments: a gui<strong>de</strong> for teachers, parents, and others who workwith health impaired preschoolers. Washington, D.C.: U.S. Department of HealthEducation and Welfare, 1979CASTRO, Marleisa Z. Escolarização Hospitalar: Desafios e perspectivas In :MATOS, ElizeteLúcia Moreira (organizadora). Escolarização Hospitalar: educação e saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> mãos dadas<strong>para</strong> humanizar. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.MATOS, Elizete Lúcia Moreira; MUGIATTI, Margarida Maria Teixeira <strong>de</strong> Freitas.Pedagogia Hospitalar. Curitiba, PR: Champagnat, 2001.MATOS, Elizete Lúcia Moreira; Mugiatti, Margarida Maria Teixeira <strong>de</strong> Freitas. Pedagogiahospitalar: a humanização integrando educação e saú<strong>de</strong>, 2 ed. Petrópolis, RJ: Vozes,2007PLANK, Emma. El Cuidado Psicológico Del Niño Enfermo en el Hospital. Buenos Aires,AR: Paidós, 1966PARANÁ. Secretaria do Estado da Educação. Disponível <strong>em</strong>: -acesso <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2011.

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